REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Documentos relacionados
CONFERÊNCIA DOS MINISTROS DO TRABALHO E SEGURANÇA SOCIAL E DOS ASSUNTOS SOCIAIS DA CPLP

AVALIAÇÃO TEMÁTICA SOBRE A COOPERAÇÃO PORTUGUESA NA ÁREA DA ESTATÍSTICA ( ) Sumário Executivo

D SCUR CU S R O O DE D SUA U A EXCE

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DO TRABALHO, EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL

Portuguese version 1

INTERVENÇÃO DA PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE (FDC), NO III PARLAMENTO INFANTIL NACIONAL

SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO

YOUR LOGO. Investir na mulher pode ser uma etapa importante na prevenção e combate ao HIV/SIDA. Nome do participante: Boaventura Mandlhate

INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES. Eng. Mário Lino. Cerimónia de Abertura do WTPF-09

Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO

MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES Gabinete do Ministro INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS

NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO Convenção (n.º 102) relativa à segurança social (norma mínima), 1952

DECLARAÇÃO DE SUNDSVALL

1. SUMÁRIO EXECUTIVO 2. GERAÇÃO BIZ

Síntese da Conferência

EXPERIÊNCIA DE MOÇAMBIQUE NA IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA

MINISTÉRIO DA HOTELARIA E TURISMO

Gabinete de Apoio à Família

Intervenção do Secretário Regional da Presidência Apresentação do projecto Incube = Incubadora de Empresas + Júnior Empresa.

Declaração tripartida de Yaoundé sobre a instituição de um Pacote de Base de Protecção Social

3 de Julho 2007 Centro Cultural de Belém, Lisboa

ESTUDO STERN: Aspectos Económicos das Alterações Climáticas

REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DE MINISTROS DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR DA COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP)

Senhor Deputado António Almeida Santos; Exma. Senhora Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP);

CONSELHO LOCAL DE ACÇÃO SOCIAL DE OURÉM - CLASO -

1.1. REDE SOCIAL EM PROL DA SOLIDARIEDADE

República de Moçambique

Exmo. Senhor Presidente do Pelouro do Trabalho da Confederação das Associações Económicas de Moçambique,

DECLARAÇÃO DE LUANDA

2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono - 2.º CIHEL

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Seminário Acção Social Produtiva em Moçambique: Que possibilidades e opções?

Empresas Responsáveis Questionário de Sensibilização

PROJECTO DE RELATÓRIO

MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

MINISTÉRIO DA ENERGIA E ÁGUAS

CO SELHO DA U IÃO EUROPEIA. Bruxelas, 3 de Outubro de 2011 (06.10) (OR.en) 14552/11 SOC 804 JEU 53 CULT 66. OTA Secretariado-Geral do Conselho

Lisboa, 8 janeiro 2012 EXMO SENHOR SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO E DOS ASSUNTOS EUROPEUS, DR. MIGUEL MORAIS LEITÃO

1 Ponto de situação sobre o a informação que a Plataforma tem disponível sobre o assunto

Comemorações do 35º Aniversário do Banco de Cabo Verde. Conferência internacional sobre A mobilização de oportunidades no pós-crise

Moçambique. Estratégia da Suécia para a cooperação para o desenvolvimento com MFA

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA

PROJECTO DE LEI N.º 609/XI/2.ª

Plano de Atividades 2014

Gostaria igualmente de felicitar Sua Excelência o Embaixador William John Ashe, pela forma como conduziu os trabalhos da sessão precedente.

Relatório. Paquistão: Cheias Resumo. Apelo Nº. MDRPK006 Título do Apelo: Paquistão, Cheias Monçónicas Pledge Nº. M

ENCONTRO DE PARCEIROS PARA A PERSPECTIVAÇÃO DE UMA PLATAFORMA DE ACÇÃO INTEGRADA PARA A TERCEIRA IDADE. Mindelo, 6 de Outubro de 2009

PROMOÇÃO TURISMO 2020 Protocolo de Cooperação. Turismo de Portugal Confederação do Turismo Português

REGULAMENTO programa de apoio às pessoas colectivas de direito privado sem fins lucrativos do município de santa maria da feira

Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ

GRUPO PARLAMENTAR. É neste contexto mundial e europeu, que se deve abordar, localmente, a problemática da Luta Contra as Dependências.

1ª CONFERÊNCIA SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL ANGOLA

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Bruxelas, 30 de Novembro de 2000 (13.10) (OR. fr) 14110/00 LIMITE SOC 470

Perguntas e Respostas: O Pacote ODM (Objectivos de Desenvolvimento do Milénio) da Comissão

Prioridades da presidência portuguesa na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

A sustentabilidade da economia requer em grande medida, a criação duma. capacidade própria de produção e fornecimento de bens e equipamentos,

Seminário Ibero-americano e Lusófono de Jovens Líderes Inovação, Emprego e Empreendedorismo

PROPOSTA DE REVISÃO CURRICULAR APRESENTADA PELO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA POSIÇÃO DA AMNISTIA INTERNACIONAL PORTUGAL

O DIREITO À SEGURANÇA SOCIAL

COMISSÃO DE DIREITO DO TRABALHO

Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT

Mensagem de Natal do Primeiro-Ministro António Costa. 25 de dezembro de 2015

Referenciais da Qualidade

Díli, Timor-Leste. 14 a 17 de abril de 2015 SEMINÁRIO. «Plano Estratégico de Cooperação Multilateral no Domínio da Educação da CPLP ( )»

Serviços de Acção Social do IPVC. Normas de funcionamento da Bolsa de Colaboradores

RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

Resolução de Vilnius: melhores escolas, escolas mais saudáveis - 17 de Junho de 2009

RECONHECIDA PELO GOVERNO DE CABO-VERDE, CONFORME O BOLETIM OFICIAL N.º 40 I SERIE, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2001

Seminário Energia e Cidadania 23 de Abril de 2009 Auditório CIUL

PROJECTO DE RELATÓRIO

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SEÇÃO IV. MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO CAPÍTULO 33

NERSANT Torres Novas. Apresentação e assinatura do contrato e-pme. Tópicos de intervenção

O Marco de Ação de Dakar Educação Para Todos: Atingindo nossos Compromissos Coletivos

PROPOSTA DE LEI N.º 233/XII

Regulamento do Fundo de Responsabilidade Social do Hospital Vila Franca de Xira

Avaliação do Instrumento de Apoio a Políticas Económicas (PSI)

Vencendo os desafios da Educação nos PALOP

Consulta pública. Sistema de Cobertura do Risco de Fenómenos Sísmicos

PROJETO DE LEI N.º 178/XIII/1.ª SALVAGUARDA A PENSÃO DE ALIMENTOS ENQUANTO DIREITO DA CRIANÇA NO CÁLCULO DE RENDIMENTOS

Conferência sobre a Nova Lei das Finanças Locais

Jornal Oficial nº L 018 de 21/01/1997 p

Nossa Declaração de Missão:

1. Garantir a educação de qualidade

Divisão de Assuntos Sociais

RUMO AO FUTURO QUE QUEREMOS. Acabar com a fome e fazer a transição para sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis

DIÁLOGOS PARA A SUPERAÇÃO DA POBREZA

GOVERNO. Orçamento Cidadão 2015

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE PARLAMENTO NACIONAL. LEI N. 4 /2005 de 7 de Julho Lei do Investimento Nacional

XIII REUNIÃO DOS MINISTROS DO TRABALHO E DOS ASSUNTOS SOCIAIS DA CPLP 30 de abril a 1 de maio, Timor-Leste

Deste regime constam entre outras as seguintes prestações:

PLANO ESTRATÉGICO (REVISTO) VALORIZAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA, ATRAVÉS DE UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL

Agrupamento de Escolas de Arronches. Metas Estratégicas para a Promoção da Cidadania ACTIVA e do Sucesso Escolar

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009

CÓDIGO DE CONDUTA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL ENTRE O GRUPO PORTUGAL TELECOM, A UNI (UNION NETWORK INTERNATIONAL), SINTTAV, STPT E SINDETELCO

REGULAMENTO INTERNO CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. Better regulation do sector financeiro

PAUTA DE DEMANDAS 2012

Transcrição:

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA, IOLANDA CINTURA SEUANE, MINISTRA DA MULHER E DA ACÇÃO SOCIAL DE MOÇAMBIQUE SOBRE O TEMA DESAFIOS DA PROTECÇÃO SOCIAL PARA ALCANÇAR A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL MAPUTO, 25 DE ABRIL 2013

Suas Excelências Senhores Ministros de Trabalho e dos Assuntos Sociais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa; Excelentíssimo Senhor Representante do Secretário Executivo da CPLP; Excelentíssimo Senhor Representante do Director Geral da Organização Internacional do Trabalho; Caros Parceiros Sociais; Minhas Senhoras; e Meus Senhores; A temática sobre a segurança alimentar e nutricional sempre mereceu a atenção do Homem, facto que levou a que a Organização Internacional do Trabalho, na Declaração de Filadélfia, de 1944, apelasse para uma protecção social adequada a todos. Quatro anos mais tarde, em 1948, a Organização das Nações Unidas declarou a alimentação como um direito fundamental. Os esforços dos países visando assegurar a alimentação adequada a milhões de cidadãos traduziram-se em várias iniciativas internacionais como a Conferência Mundial de Alimentação realizada em 1996, onde os Estados e Governos comprometeram-se em reduzir para 50% a proporção de pessoas 2

que sofrem de fome e malnutrição até 2015 e reafirmaram o compromisso de adoptar políticas e estratégias nacionais para reforçar a coordenação institucional. A realização da Conferência Mundial dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, em 2000, é outro marco igualmente importante ao nível internacional que se enquadra nos esforços colectivos para a erradicação da pobreza e da fome no mundo até 2015. Segundo os dados da FAO (2010-2012), o número de pessoas em situação de insegurança alimentar tem vindo a reduzir, contudo, estima-se que no mundo cerca de 870 milhões de pessoas têm carência alimentar. No que concerne a nutrição, o número de pessoas com desnutrição crónica é de cerca de 868 milhões de pessoas, o equivalente a 12% da população mundial. Moçambique não ficou alheio aos desafios existentes a nível mundial e as propostas de soluções para ultrapassá-los. É assim, que desde a proclamação da independência nacional em 1975, a segurança alimentar e nutricional tem merecido uma particular atenção o que se traduziu na implementação de programas que visam intensificar a produção agro-pecuária, o aumento da cobertura de água para o consumo humano, programas de protecção social para os grupos populacionais mais vulneráveis, dentre outros, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar das nossas populações. 3

Dados de finais de 2012 revelam que em Moçambique uma média de 270.300 pessoas sofriam de insegurança alimentar e nutricional necessitando de ajuda alimentar imediata, e com o impacto das últimas calamidades naturais ocorridas no corrente ano, estima-se que cerca de 375.000 pessoas correm riscos de ser afectados pela insegurança alimentar e nutricional no nosso País. A erradicação da fome e da malnutrição constitui uma preocupação constante do nosso Governo como indica a Estratégia e Plano de Acção de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN II) aprovada pelo Conselho de Ministros através da Resolução Nº 56/2007. A ESAN II adopta a abordagem do Direito Humano à Alimentação Adequada, reforça a inter-sectoriedade, integra metas e indicadores de monitoria da situação alimentar e nutricional até 2015 e integra a tipificação dos grupos mais vulneráveis. É também importante referir que foi feito um esforço considerável visando integrar a Segurança Alimentar e Nutricional e o Direito Humano à Alimentação Adequada nos instrumentos chave que orientam a nossa governação, tais como: o Programa Quinquenal do Governo, o Plano de Acção para a Redução da Pobreza, a Estratégia Nacional de Segurança Social Básica, o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário, o Plano Multissectorial de Redução da Desnutrição Crónica 4

Outros documentos importantes incluem a relevância que deve ser dada a Segurança Social Obrigatória, como fundamental para cobrir a eventual queda de rendimento dos trabalhadores. Cada um dos sectores e aos actores das instituições governamentais e não-governamentais implementam as intervenções de forma coordenada e criam sinergias para fortalecer o acesso à alimentação adequada, contribuindo para o alcance da segurança alimentar e nutricional global, e assegurar a expansão da segurança social básica de forma a permitir a inclusão das populações mais pobres no processo de desenvolvimento social e económico; potenciar a redução da vulnerabilidade social e da insegurança alimentar e promover a resiliência social, particularmente da mulher, as crianças menores de 05 anos e dos jovens. Excelências Moçambique adoptou a protecção social como um dos mecanismos para o alcance da segurança alimentar e nutricional, tendo em vista atingir o piso da protecção social, ajustando-se assim ao plasmado na Declaração da OIT de Filadélfia que pugna pela extensão das medidas de segurança social com vista a assegurar um rendimento de base a todos os que precisem de protecção, assim como uma assistência, de um nível adequado de alimentação, entre outras medidas de protecção social. É assim que, em 2004, Moçambique teve a honra de acolher o lançamento da campanha mundial da OIT sobre a extensão da segurança social nos PALOP, e, desde então, o país vem 5

desenvolvendo diversas acções com vista a uma maior cobertura da protecção social, no quadro da cooperação com a OIT e com outros países. Dentre os marcos importantes visando consolidar o sistema de protecção social no nosso país e visando integrar a questão da segurança alimentar e nutricional destacamos: A aprovação em 2007, foi aprovada a Lei sobre a protecção social (Lei 4/2007 de 07 de Fevereiro) que inclui três principais pilares de actuação, nomeadamente: Segurança Social Básica, Obrigatória e Complementar. Aprovação de normas orientadoras de todos os subsistemas de protecção social; A aprovação da Estratégia Nacional de Segurança Social Básica para o período 2010 a 2014, que estabelece dentre os objectivos fundamentais o aumento da cobertura e do impacto das intervenções da protecção social básica assim como a harmonização e coordenação dos diferentes programas neste domínio. A aprovação em 2011 de novos programas de segurança social básica que dentre outros objectivos o alcance das crianças e das populações em situação de insegurança alimentar através das transferências sociais e monetárias e da assistência social. A introdução do Programa Acção Social Produtiva e as suas normas orientadoras de modo a providenciar o apoio monetário as pessoas mais pobres e vulneráveis vivendo 6

nas zonas áridas e semiáridas cronicamente sujeitas à insegurança alimentar, em troca do seu envolvimento em actividades produtivas de interesse público. A implementação de outras iniciativas com destaque para o Programa Apoio Social Directo que atende situações de insegurança alimentar e nutricional através de fornecimento de um cabaz alimentar com componentes nutritivas para crianças recém nascidas malnutridas vivendo em famílias pobres e sem condições para o seu auto sustento e para doentes crónicos e de HIV e SIDA em tratamento antiretroviral. No presente ano, o programa de transferências sociais monetárias que também contribui para atenuar situações de insegurança alimentar nas pessoas pobres e vulneráveis sem capacidade para o trabalho com destaque para as pessoas idosas e pessoas com deficiências, alcançou em valor monetário de cerca de um terço do valor da linha da pobreza. Como resultados destas acções, em 2012 foram assistidas em todo o país através dos programas de protecção social básica um universo de 325.000 agregados familiares com membros vulneráveis e vivendo em situação de pobreza. 7

Minhas Senhoras; e Meus Senhores; No âmbito da segurança social obrigatória institui-se uma contribuição dos trabalhadores e comparticipação dos empregadores que consiste numa poupança obrigatória proveniente das remunerações. Destas contribuições, que no caso de Moçambique correspondem a 7%, o Estado contribui no alívio à pobreza, conferindo aos trabalhadores várias prestações como: Os subsídios por doença, por maternidade, as pensões por velhice e por invalidez. No apoio familiar visando responder às carências que assolariam os trabalhadores e suas famílias nos casos de perda ou diminuição da renda são concedidos os subsídios por morte e de funeral e ainda, a título vitalício, a pensão de sobrevivência para o cônjuge sobrevivo, esta última, que é concedida aos órfãos menores e acompanhando o crescimento até o máximo de 25 anos quando se encontrem a frequentar os níveis de ensino do sistema nacional de educação até o ensino superior. A segurança social obrigatória confere ainda apoios a instituições públicas e privadas, bem como directamente aos trabalhadores e pensionistas, prestações de natureza financeira ou material em programas de natureza comunitária integradas nos Planos de Acção Sanitária e Social que, directa ou indirectamente contribuem para a segurança alimentar, contando que famílias usarão a sua 8

renda para outras necessidades, enquanto estas são cobertas pela segurança social obrigatória. Outra componente que merece ser mencionada é a da assistência social e sanitária, através da qual o nosso Instituto Nacional de Segurança Social presta apoio material, fundamentalmente em géneros alimentícios e material escolar e de higiene e a camadas vulneráveis da população, independentemente da sua condição de voluntário, assegurando um mínimo para a sua sobrevivência e escolarização. O sector informal em Moçambique destaca-se por integrar grande parte da população economicamente activa que busca como alternativa para aumento dos seus rendimentos o autoemprego. O actual sistema de segurança social cobre esta categoria visando reduzir situações de vulnerabilidade e de diferentes riscos que podem estar sujeitos. Na mesma perspectiva, já é uma realidade a articulação dos sistemas de segurança social dos trabalhadores do sector privado com o dos funcionários públicos que representa um ganho para os trabalhadores decorrentes da portabilidade dos direitos adquiridos. Minhas Senhoras Meus Senhores O estado nutricional é uma referência importante de medição da qualidade de vida da população no seu todo ou de um 9

determinado segmento populacional pelo que, as estatísticas apresentadas mostram um quadro preocupante ao nível da CPLP. Por isso, face aos desafios enfrentados pelo nosso país, e pela realidade partilhada pelos demais países da nossa Comunidade, consideramos prioritário: Aprovar e com solidar os programas de protecção social estruturados em prol dos grupos mais vulneráveis considerando estes grupos como um potencial do capital humano dos nossos países; Definir ou fortalecer as estratégias integradas de protecção social que respondam, em particular, os problemas da insegurança alimentar e nutricional nos grupos alvo mais propensos; Definir medidas preventivas nas zonas mais afectadas pela insegurança alimentar e nutricional de implantar medidas de combate a fome e a pobreza; Fortalecer a formação profissional do nosso capital humano como ferramenta para acesso ao emprego e desenvolvimento de iniciativas sustentáveis de geração de rendimento; Estabelecer plataformas para a partilha de experiências das boas práticas na área de protecção social, em especial as 10

medidas que de forma sustentável tem contribuído para a inclusão social dos grupos mais vulneráveis; Melhorar a capacidade de intervenção da administração do trabalho e do empenho dos trabalhadores e empregadores, nossos parceiros, na superação das dívidas contributivas e na promoção do diálogo social que é nosso apanágio. Na materialização destes desafios, todos somos chamados a consolidar os laços de cooperação e coordenação entre os nossos países em todos os domínios, reforçando os mecanismos que assegurem um maior envolvimento de todos os actores de desenvolvimento, referimo-nos, a sociedade civil, ao sector privado e aos parceiros de cooperação para a prossecução os objectivos da CPLP. Ao nível de Moçambique, foram realizadas diversas acções sendo de destacar: que, no corrente mês, Sua Excelência o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, presidiu a Conferência de Doadores cujo momento mais alto foi o lançamento do Plano Nacional de Investimento do Sector Agrário que atrair investimentos para garantir que, a agricultura tenha aumentos anuais de cerca de 7% da produção de comida, de modo a aumentar a disponibilidade e a diversificação de alimentos nutricionalmente ricos com vista a contribuir para a erradicação da fome e da pobreza. Está em curso a descentralização da implementação do Plano Multissectorial de Desnutrição Crónica em todas as 11

províncias do país e a Produção do Lanche Escolar. Estas iniciativas visam acelerar a redução da desnutrição crónica de 44% até 30% em 2014, bem como assegurar a retenção das crianças nas escolas por forma a contribuir na melhoria da nutrição de futuras gerações em Moçambique. Excelências, A XIIª Reunião dos Ministros de Trabalho e Assuntos Sociais da CPLP constitui uma oportunidade ímpar para estreitarmos os nossos laços de cooperação, partilhar as nossas estratégias de intervenção e desafios enfrentados pelos nossos países. Estamos cientes que todos acolheremos e materializaremos as recomendações saídas deste fórum de modo a garantir o bem estar económico e social das nossas populações. Para terminar, como país anfitrião, temos a elevada honra de desejar que a sessão de hoje represente uma viragem na garantia do alcance da Segurança Alimentar e Nutricional e da realização progressiva do Direito Humano a uma Alimentação Adequada, através do fortalecimento dos nossos sistemas de segurança social e da contínua expansão da cobertura da protecção social para todos na nossa Comunidade. Pela cultura do Trabalho Digno, o meu Muito Obrigada! Maputo, 25 de Abril de 2013 12