TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO 9ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ-AL SENTENÇA PROCESSO Nº0001252-75.2011.5.19.0009



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TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO 9ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ-AL SENTENÇA PROCESSO Nº0001252-75.2011.5.19.0009 Vistos etc. I - RELATÓRIO BRUNO DA SILVA MARTINS PARÍZIO, qualificado na peça vestibular, ajuizou reclamação trabalhista em face de SERTEL - SERVIÇO DE INSTALAÇÃO TÉRMICAS LTDA. nos autos qualificado expondo o constante às f. 02-10. Formulou os seguintes pedidos: 1) horas n itineres com reflexos sobre aviso prévio, férias, 13º salário, adicional de periculosidade e FGTS + 40%; 2) dobras de domingos e feriados com reflexos sobre aviso prévio, férias, 13º salário, adicional de periculosidade e FGTS + 40%; 3) horas de sobreaviso com adicional de 30%; 4) horas extras do período de sobreaviso; 5) multa do art. 467 da CLT; 6) honorários advocatícios. Deu à causa o valor de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Regularmente notificada, a reclamada compareceu à sessão inaugural de audiência e, após ser recusada a primeira tentativa de conciliação, apresentou contestação escrita (f. 64-71) e juntou documentos. Valor da causa fixado na exordial. Na audiência em prosseguimento, o reclamante juntou ata de audiência relativa a outra instrução como prova emprestada (f. 249-252), registrando a reclamada as suas ressalvas. Sem mais provas, encerrou-se a instrução. Razões finais orais. Impossível a conciliação. É o relatório. Passo a decidir. II - FUNDAMENTOS 1 - DA INÉPCIA Mediante atuação ex officio, extingo sem resolução do mérito o pedido de reflexos das horas de sobreaviso "nas demais verbas" haja vista que incumbe ao reclamante indicar, expressamente, sobre quais parcelas pretende perceber os reflexos dos títulos postulados, cabendo ao Poder Judiciária apenas apreciar a procedência ou não de sua pretensão. 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 1 / 10

O pedido formulado pelo trabalhador foi indeterminado e por força do princípio da inércia, esta magistrada está impedida de deferir o que não foi expressamente postulado. 2 - DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL A reclamada requereu o reconhecimento da prescrição quinquenal quanto a todos os pleitos da reclamante relativos ao período que antecede a cinco anos da data da propositura desta ação, no que deve ser atendida, haja vista que houve claro erro material do reclamante ao apontar a data de admissão como sendo do dia 01.09.2008, quando todos os documentos que instruem os autos evidenciam que sua contratação ocorreu em 01.09.2005 (f. 13). Assim, acolhe-se a prescrição quinquenal invocada, para à luz do art. 7º, inciso XXIX da Constituição Federal de 1988, declarar prescrito o direito de agir da reclamante quanto aos créditos postulados e porventura devidos, prescritíveis e exigíveis por via acionária anteriores a 08.09.2006, uma vez que esta reclamatória foi ajuizada em 08.09.2011. Decreta-se, por conseguinte, a extinção do processo com resolução do mérito da parte da postulação atingida nos moldes do art. 269, inciso IV do Código de Processo Civil. 3 - DOS PEDIDOS RELATIVOS À JORNADA Sustenta o reclamante que foi admitido em 01.09.2005, permanecendo na reclamada até 01.04.2010, na função de instrumentista pleno e tendo como último salário a quantia de R$2.219,25. Relata que trabalhava das 7h30min às 17h30min, de segunda à quinta e às sextas até às 16h30min, trabalhando também dois sábados e domingos ao mês. Acrescentou que suas atividades eram realizadas nos Municípios de Pilar (Fazenda Lamarão) e no Município de São Miguel dos Campos (Fazenda Furado), de forma que se deslocava até à base da reclamada, nas proximidades do campo Marituba, no conjunto Salvador Lira e de lá partia para os Municípios citados, quando o tempo de deslocamento, por trecho, era de 1h30min, no primeiro e de 2h, no segundo, sendo o transporte fornecido por seu empregador, postulando horas in itineres. Pediu, também, a condenação da reclamada ao pagamento de 30% de seu salário base em razão do período em que permanecia de sobreaviso, o que correspondia a uma semana por mês, requerendo, inclusive, o pagamento de horas extras aí ocorridas. Inicialmente, cumpre esclarecer que conforme ata de audiência colacionada como prova emprestada (f. 249-252), os trabalhadores da reclamada registravam corretamente seus controles de jornada, todos os dias trabalhados e, inclusive, quando trabalhavam efetivamente no período de sobreaviso, dispondo sempre de uma hora de intervalo. 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 2 / 10

Além disso, os recibos de salário consignam expressamente, e com frequência, o pagamento de horas extras com adicional de 60% e das dobras de domingos/feriados, com adicional de 100%, motivo rejeito o pedido de diferenças de horas extras, dobras de domingos e feriados bem como os reflexos indicados na exordial. No que se refere às horas de sobreaviso, de acordo com as provas produzidas, as horas trabalhadas durante o sobreaviso eram registradas no controle de jornada e, portanto, remuneradas na forma devida, até mesmo quanto às horas extras, pelo que são indevidas as horas extras aí ocorridas eis que já remuneradas. No que toca às horas de sobreaviso propriamente ditas, ou seja, ao período em que o reclamante permanecia em casa aguardando o chamado de sua empregadora, os documentos de f. 14-15 demonstram que ele realmente não permanecia de sobreaviso uma semana por todos os meses do contrato, mas apenas algumas vezes, como se pode citar nos períodos de 11 a 17.12.2009 (f. 14) e de 05 a 11.02.2010 (f. 15), o que é corroborado, também pelos recibos de salário. Frise-se, porém, que esses mesmos documentos revelam que estas escalas de sobreaviso eram semanais e, portanto, considero que nos meses em que houve prestação de sobreaviso pelo reclamante (situação aferida pelos pagamentos nos contracheques), o obreiro prestou sete dias corridos de sobreaviso. Pondero, contudo, que os controles de jornada apontam para o labor diário do reclamante, não se identificando, períodos sem registros de labor, o que significa, por outro norte, que o reclamante cumpria sua jornada normal de trabalho mais o sobreaviso e, portanto, fixo em 12 horas diárias o período de sobreaviso durante sete dias na semana nos meses de junho, julho, novembro e dezembro de 2007; janeiro, fevereiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro de 2008; janeiro, fevereiro, março, julho, agosto, outubro e dezembro de 2009, período que deverá ser remunerado com valor equivalente a 20% do salário hora do reclamante, deduzindo-se os montantes já indicados nos recibos de salário. Esclareça-se que o percentual de 20% para as horas de sobreaviso foi extraído da do art. 6º, inciso II da Lei 5.811/72, não havendo respaldo para o percentual de 30% postulado, nem mesmo nos instrumentos normativos, que são omissos neste particular. Relativamente às horas in itinere, a reclamada reconheceu que a empresa fornecia transporte aos seus funcionários, admitindo que o reclamante trabalhou em Pilar e São Miguel dos Campos, partindo de Maceió à 6h30min, sendo de 45min o deslocamento para Pilar e de 55min para São Miguel dos Campos, por trecho. A empregadora ressalta que o fornecimento do transporte se constituía em benefício ao empregado, dando-lhe mais conforto e segurança e destacando já que havia transporte 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 3 / 10

público regular partindo de Maceió para os dois citados municípios, juntando os documentos de f. 158-166 como prova de suas alegações. Com razão, em parte, a empregadora. De fato, os documentos de f. 158-166 demonstram cabalmente a existência de transporte público regular no trecho intermunicipal, o que demonstra que o reclamante, caso quisesse, poderia comparecer ao trabalho sem utilizar o transporte fornecido por sua empregadora, inclusive em razão da grande quantidade de horários disponíveis. O que me parece claro é que, da cidade (Pilar ou São Miguel dos Campos) e o local da atuação do reclamante (Fazendas Lamarão e Furado, respectivamente), de fato não havia transporte público, o que deflui do depoimento da testemunha Valdinês dos Santos ao afimar "(...) que não era autorizado a descer no trevo; que o trabalhador tinha que ir até o Pilar e de lá a empresa mandava alguém buscar (...)". No que concerne à distância de 1km apontada pela testemunha, considero que não há precisão em sua informação, porque a referida distância somente poderia ser estabelecida por medição e como já citado pelo ilustre colega Jasiel Ivo na sentença prolatada no processo nº0001602-97.2010.5.19.0009, colacionada à f. 253-259, "(...) pelas regras de experiência comum, sabe-se que as bases da Petrobrás, local de prestação de serviços do reclamante, não se localizam às margens das rodovias. O transporte público, como linha regular de ônibus, de fato, serve a região, mas as Fazendas Lamarão e Furado ficam bastante distantes do local onde param esses ônibus no Pilar e em São Miguel dos Campos. Tanto é assim que a reclamada fornecia transporte de ida para o trabalho e de volta para casa (...)". Desta feita, com a devida vênia ao colega já citado, com fulcro no que dispõe o item IV da Súmula 90 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, entendo o difícil acesso restringe-se ao centro da cidade e as bases da Petrobrás em cada um dos municípios já mencionados, arbitrando em uma hora diária o tempo de percurso, por dia de serviço, incluindo os trechos de ida e volta do serviço. Desta feita, defiro ao reclamante uma hora extra diária por todo o contrato a título de horas in itinere, tudo a ser apurado conforme os controles de jornada do trabalhador, com adicional de 60%, como registrado em seus contracheques relativamente ao labor extraordinário. Face à natureza salarial do título em comento, procedem os reflexos postulados sobre aviso prévio, férias + 1/3, 13 salário e FGTS + 40%. Quanto ao adicional de periculosidade, não é devido qualquer reflexo das horas extras porque esta parcela é calculada a partir do salário base do trabalhador, não tendo o seu montante qualquer 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 4 / 10

interferência face ao número de horas trabalhadas ou à disposição do empregador. 4 - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS O reclamante encontra-se assistido por advogado particular, não se enquadrando em nenhuma das hipóteses em que é possível a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais. Pedido improcedente. x II - FUNDAMENTOS 1 - DA INÉPCIA Mediante atuação ex officio, extingo sem resolução do mérito o pedido de reflexos das horas de sobreaviso "nas demais verbas" haja vista que incumbe ao reclamante indicar, expressamente, sobre quais parcelas pretende perceber os reflexos dos títulos postulados, cabendo ao Poder Judiciária apenas apreciar a procedência ou não de sua pretensão. O pedido formulado pelo trabalhador foi indeterminado e por força do princípio da inércia, esta magistrada está impedida de deferir o que não foi expressamente postulado. 2 - DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL A reclamada requereu o reconhecimento da prescrição quinquenal quanto a todos os pleitos da reclamante relativos ao período que antecede a cinco anos da data da propositura desta ação, no que deve ser atendida, haja vista que houve claro erro material do reclamante ao apontar a data de admissão como sendo do dia 01.09.2008, quando todos os documentos que instruem os autos evidenciam que sua contratação ocorreu em 01.09.2005 (f. 13). Assim, acolhe-se a prescrição quinquenal invocada, para à luz do art. 7º, inciso XXIX da Constituição Federal de 1988, declarar prescrito o direito de agir da reclamante quanto aos créditos postulados e porventura devidos, prescritíveis e exigíveis por via acionária anteriores a 08.09.2006, uma vez que esta reclamatória foi ajuizada em 08.09.2011. Decreta-se, por conseguinte, a extinção do processo com resolução do mérito da parte da postulação atingida nos moldes do art. 269, inciso IV do Código de Processo Civil. 3 - DOS PEDIDOS RELATIVOS À JORNADA Sustenta o reclamante que foi admitido em 01.09.2005, permanecendo na reclamada até 01.04.2010, na função de instrumentista pleno e tendo como último salário a quantia de R$2.219,25. Relata que trabalhava das 7h30min às 17h30min, de segunda à quinta e às sextas até às 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 5 / 10

16h30min, trabalhando também dois sábados e domingos ao mês. Acrescentou que suas atividades eram realizadas nos Municípios de Pilar (Fazenda Lamarão) e no Município de São Miguel dos Campos (Fazenda Furado), de forma que se deslocava até à base da reclamada, nas proximidades do campo Marituba, no conjunto Salvador Lira e de lá partia para os Municípios citados, quando o tempo de deslocamento, por trecho, era de 1h30min, no primeiro e de 2h, no segundo, sendo o transporte fornecido por seu empregador, postulando horas in itineres. Pediu, também, a condenação da reclamada ao pagamento de 30% de seu salário base em razão do período em que permanecia de sobreaviso, o que correspondia a uma semana por mês, requerendo, inclusive, o pagamento de horas extras aí ocorridas. Inicialmente, cumpre esclarecer que conforme ata de audiência colacionada como prova emprestada (f. 249-252), os trabalhadores da reclamada registravam corretamente seus controles de jornada, todos os dias trabalhados e, inclusive, quando trabalhavam efetivamente no período de sobreaviso, dispondo sempre de uma hora de intervalo. Além disso, os recibos de salário consignam expressamente, e com frequência, o pagamento de horas extras com adicional de 60% e das dobras de domingos/feriados, com adicional de 100%, motivo rejeito o pedido de diferenças de horas extras, dobras de domingos e feriados bem como os reflexos indicados na exordial. No que se refere às horas de sobreaviso, de acordo com as provas produzidas, as horas trabalhadas durante o sobreaviso eram registradas no controle de jornada e, portanto, remuneradas na forma devida, até mesmo quanto às horas extras, pelo que são indevidas as horas extras aí ocorridas eis que já remuneradas. No que toca às horas de sobreaviso propriamente ditas, ou seja, ao período em que o reclamante permanecia em casa aguardando o chamado de sua empregadora, os documentos de f. 14-15 demonstram que ele realmente não permanecia de sobreaviso uma semana por todos os meses do contrato, mas apenas algumas vezes, como se pode citar nos períodos de 11 a 17.12.2009 (f. 14) e de 05 a 11.02.2010 (f. 15), o que é corroborado, também pelos recibos de salário. Frise-se, porém, que esses mesmos documentos revelam que estas escalas de sobreaviso eram semanais e, portanto, considero que nos meses em que houve prestação de sobreaviso pelo reclamante (situação aferida pelos pagamentos nos contracheques), o obreiro prestou sete dias corridos de sobreaviso. Pondero, contudo, que os controles de jornada apontam para o labor diário do reclamante, não se identificando, períodos sem registros de labor, o que significa, por outro norte, que o reclamante cumpria sua jornada normal de trabalho mais o sobreaviso e, portanto, fixo em 12 horas diárias o período de sobreaviso durante sete dias na semana 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 6 / 10

nos meses de junho, julho, novembro e dezembro de 2007; janeiro, fevereiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro de 2008; janeiro, fevereiro, março, julho, agosto, outubro e dezembro de 2009, período que deverá ser remunerado com valor equivalente a 20% do salário hora do reclamante, deduzindo-se os montantes já indicados nos recibos de salário. Esclareça-se que o percentual de 20% para as horas de sobreaviso foi extraído da do art. 6º, inciso II da Lei 5.811/72, não havendo respaldo para o percentual de 30% postulado, nem mesmo nos instrumentos normativos, que são omissos neste particular. Relativamente às horas in itinere, a reclamada reconheceu que a empresa fornecia transporte aos seus funcionários, admitindo que o reclamante trabalhou em Pilar e São Miguel dos Campos, partindo de Maceió à 6h30min, sendo de 45min o deslocamento para Pilar e de 55min para São Miguel dos Campos, por trecho. A empregadora ressalta que o fornecimento do transporte se constituía em benefício ao empregado, dando-lhe mais conforto e segurança e destacando já que havia transporte público regular partindo de Maceió para os dois citados municípios, juntando os documentos de f. 158-166 como prova de suas alegações. Com razão, em parte, a empregadora. De fato, os documentos de f. 158-166 demonstram cabalmente a existência de transporte público regular no trecho intermunicipal, o que demonstra que o reclamante, caso quisesse, poderia comparecer ao trabalho sem utilizar o transporte fornecido por sua empregadora, inclusive em razão da grande quantidade de horários disponíveis. O que me parece claro é que, da cidade (Pilar ou São Miguel dos Campos) e o local da atuação do reclamante (Fazendas Lamarão e Furado, respectivamente), de fato não havia transporte público, o que deflui do depoimento da testemunha Valdinês dos Santos ao afimar "(...) que não era autorizado a descer no trevo; que o trabalhador tinha que ir até o Pilar e de lá a empresa mandava alguém buscar (...)". No que concerne à distância de 1km apontada pela testemunha, considero que não há precisão em sua informação, porque a referida distância somente poderia ser estabelecida por medição e como já citado pelo ilustre colega Jasiel Ivo na sentença prolatada no processo nº0001602-97.2010.5.19.0009, colacionada à f. 253-259, "(...) pelas regras de experiência comum, sabe-se que as bases da Petrobrás, local de prestação de serviços do reclamante, não se localizam às margens das rodovias. O transporte público, como linha regular de ônibus, de fato, serve a região, mas as Fazendas Lamarão e Furado ficam bastante distantes do local onde param esses ônibus no Pilar e em São Miguel dos Campos. Tanto é assim que a reclamada fornecia transporte de ida para o trabalho e de volta para 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 7 / 10

casa (...)". Desta feita, com a devida vênia ao colega já citado, com fulcro no que dispõe o item IV da Súmula 90 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, entendo o difícil acesso restringe-se ao centro da cidade e as bases da Petrobrás em cada um dos municípios já mencionados, arbitrando em uma hora diária o tempo de percurso, por dia de serviço, incluindo os trechos de ida e volta do serviço. Desta feita, defiro ao reclamante uma hora extra diária por todo o contrato a título de horas in itinere, tudo a ser apurado conforme os controles de jornada do trabalhador, com adicional de 60%, como registrado em seus contracheques relativamente ao labor extraordinário. Face à natureza salarial do título em comento, procedem os reflexos postulados sobre aviso prévio, férias + 1/3, 13 salário e FGTS + 40%. Quanto ao adicional de periculosidade, não é devido qualquer reflexo das horas extras porque esta parcela é calculada a partir do salário base do trabalhador, não tendo o seu montante qualquer interferência face ao número de horas trabalhadas ou à disposição do empregador. 4 - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS O reclamante encontra-se assistido por advogado particular, não se enquadrando em nenhuma das hipóteses em que é possível a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais. Pedido improcedente. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, e considerando o mais que dos autos consta, decide este Juízo o seguinte: 1 - extinguir, sem resolução do mérito e mediante atuação ex officio, o pedido de repercussão das horas de sobreaviso nas demais verbas em razão da inépcia por falta de determinação do pleito e do óbice gerado pelo princípio da inércia da jurisdição; 2 - extinguir, com resolução do mérito os pleitos que antecedem a 008.09.2006 por força da prescrição quinquenal operada, acolhendo a prejudicial de mérito suscitada pela reclamada; 3 - julgar PROCEDENTE EM PARTE a postulação de BRUNO SILVA MARTINS PARÍZIO em face de SERTEL - SERVIÇOS DE INSTAÇÕES TÉRMICAS LTDA. para condenar a reclamada a pagar ao reclamante, no prazo de 48h após o trânsito em julgado desta ação, os valores equivalentes aos seguintes títulos: a) 12 horas de sobreaviso durante sete dias na semana em valor equivalente a 20% do salário hora do reclamante, nos meses de a.1) junho, julho, novembro e dezembro de 2007; 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 8 / 10

a.2) janeiro, fevereiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro de 2008; a.3) janeiro, fevereiro, março, julho, agosto, outubro e dezembro de 2009. b) 01 hora in itinere com adicional de 60%, por cada dia de serviço efetivo, apurado de acordo com os controles de jornada, por todo o período imprescrito; c) reflexos das horas in itineres sobre aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário e FGTS + 40%; Inexistem compensações a serem deferidas. Autoriza-se a dedução dos valores pagos a idêntico título. Tudo em fiel observância à fundamentação supra e à planilha anexa, que passam a integrar o presente dispositivo, como se nele estivessem transcritas. Sentença líquida, com QUANTUM DEBEATUR apurado com incidência de juros de 1% ao mês a contar do ajuizamento da ação e correção monetária, na forma da lei, correspondente ao mês subseqüente ao da prestação dos serviços, observando-se a evolução salarial do reclamante e que a base de cálculo das parcelas aqui deferidas deverá computar as parcelas de natureza salarial que compõem sua remuneração, notadamente o adicional de periculosidade. No caso de ausência de alguma folha de ponto, observe-se à do mês anterior. Considerem-se indenizatórios os reflexos das horas in itineres sobre FGTS + 40% e férias indenizadas. Demais parcelas sujeitas ao recolhimento de contribuições de índole tributária. No ato de ciência desta decisão, por se tratar de sentença é líquida, considero a parte devedora CITADA para cumprir o que aqui foi decidido, no prazo de 48h a contar do trânsito em julgado, na forma do art. 880 da CLT. Esgotado esse prazo e verificando-se a inércia da parte, este Juízo adotará, de imediato, as medidas executórias pertinentes, utilizando-se de todos os meios e ferramentas processuais de constrição, inclusive através dos sistemas BACEN-JUD, RENAJUD e INFOJUD, dispensando-se a expedição de nova comunicação judicial para este mesmo fim. As partes deverão manter seus endereços atualizados nos autos, presumindo-se válidas as intimações realizadas naqueles constantes do processo, tudo nos moldes do art. 238, parágrafo único do Código de Processo Civil. Custas processuais, pela reclamada, no montante de R$ 485,08 (quatrocentos e oitenta e cinco reais e oito centavos), calculadas sobre R$ 24.254,11 (vinte e quatro mil, duzentos e cinquenta e quatro reais e onze centavos), valor do crédito da reclamante, sendo o total da condenação de R$ 30.131,77 (trinta mil, cento e trinta e um reais e setenta e sete centavos) na conformidade da planilha em anexo. Cientes as partes (Súmula 197 do TST). 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 9 / 10

Maceió-AL, 29 de fevereiro de 2012. Bianca Tenório Calaça de Pádua Carvalho Juíza do Trabalho E para constar, foi lavrada a presente ata, que vai assinada na forma da lei. BIANCA T. CALAÇA DE P.CARVALHO - Juiz(a) do Trabalho KARLA NOLASCO SANTOS UCHOA- Diretor(a) de Secretaria 29/02/2012 18:13:46 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 10 / 10