A MAQUETE COMO RECURSO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA The model as a resource for teaching of geography



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Transcrição:

A MAQUETE COMO RECURSO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA The model as a resource for teaching of geography Fernanda Maria Follmann Franciele Silva Marilse Beatriz Losekann Simone Marafiga Degrandi Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Naturais e Exatas, Departamento de Geociências, Curso de Geografia ferfollmann@yahoo.com.br francieli17@gmail.com marilosekann@hotmail.com simone5z@yahoo.com.br RESUMO A confecção de maquetes e sua utilização no contexto escolar colaboram e, muitas vezes são indispensáveis na explicação de fenômenos que compõem o espaço geográfico. Assim, o presente trabalho teve como objetivo a confecção de uma maquete da região Sul do Brasil com os alunos do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual Edna May Cardoso, no desenvolver das aulas de geografia. A escolha desta temática pautou-se no ensino-aprendizagem de parte do conteúdo programático do 1º ano do ensino médio como: relevo, hidrografia e cartografia. Neste sentido, destaca-se a construção de maquetes para o auxílio do aprendizado em determinados temas estudados no ano letivo. Teve também como uma das finalidades a interação dos estudantes da UFSM com os estudantes da escola, pois o trabalho desenvolvido contou com o apoio de estudantes de pós-graduação da UFSM juntamente com a professora regente da disciplina de Geografia no colégio. Tendo como princípio de que a maquete, além de representar o espaço geográfico, permite à percepção do abstrato no concreto, contribui assim para a percepção e compreensão dos alunos sobre a região Sul do Brasil. Palavras chave: construção de maquete, ensino de geografia, cartografia na escola. ABSTRACT The making of models and their use in the school context and collaborate, are often indispensable in explaining phenomena that make up the geographical space. Thus, the present work aimed at making a model of the South region of Brazil with students from 1st year of high school in State College Edna May Cardoso, developing the geography lessons. The choice of this theme was based on the teaching-learning part of the syllabus in the 1st year of high school as: relief, hydrography and cartography. In this sense, it highlights the construction of models to aid learning in certain subjects studied in the school year. Also had as one of the purposes of the interaction of students with UFSM school students because the work had the support of students graduate UFSM with Regent Professor of Geography at school. As a principle of the model, in addition to representing the geographic space, allows the perception of the abstract into the concrete, thus contributes to the perception and students' understanding of the South region of Brazil. Keywords: building model, teaching geography, cartography in school. 1. INTRODUÇÃO A utilização de recursos ou materiais didáticos variados é de suma importância para o processo de abstração das informações pelos educandos em sala de aula, visto a importância de se estudar elementos geográficos naturais como vegetação, hidrografia, configuração do relevo entre outros, e abordar, de forma integrada, a discussão ambiental correlacionada com as características socioeconômicas que compõem as paisagens. Dispor de recursos visuais como desenhos, fotografias, maquetes, mapas e imagens de satélite é indispensável para o ensino da Geografia, sendo estas apenas algumas ferramentas que o professor pode utilizar em seus planejamentos de aula. Através da utilização diversificada destes recursos o professor de Geografia assume um importante papel na formação das competências e habilidades necessárias a compreensão do espaço geográfico pelos seus alunos, superando a simples transmissão de informações e memorização de conteúdos. Nesse sentido, a maquete além de representar o espaço geográfico, permite ao aluno à percepção do abstrato no concreto (LUZ; BRISK, 2009).

Conforme destacam Luz e Brisk (2009) ao construir um modelo, o aluno também passa a ter noções práticas de proporção, orientação, localização, relação dos fenômenos físicos e humanos na modificação do espaço geográfico. Mas, cabe ressaltar que o recurso didático, por sua vez, não tem a capacidade de garantir inteiramente a aprendizagem do aluno, entretanto, desperta nesse, um interesse maior na aula, pois oferece ao educando a oportunidade de trabalhar com elementos que o permitam ser protagonista na construção do conhecimento. Nesta perspectiva, o trabalho teve como objetivo geral a confecção de uma maquete da região Sul do Brasil. A escolha dessa temática teve como foco o ensino-aprendizagem de parte do conteúdo programático do 1º ano do Ensino Médio, que tem entre os conteúdos o estudo da cartografia, hidrografia, revelo e formação do Planeta Terra. Mas, no estudo destes conteúdos sempre levando em consideração o enfoque tanto de aspectos socioeconômicos como físicos das diferentes paisagens mundiais. Nesse sentido, destaca-se que a construção de maquetes compreende uma abordagem de interação entre diversos temas da Geografia, especialmente da Geografia Física, abordada com maior ênfase durante no 1º ano do Ensino Médio. 2. MAQUETE COMO RECURSO DIDÁTICO Os materiais gráficos e cartográficos, entre outras linguagens, quando associados à construção de conceitos e conteúdos empregados no ensino-aprendizagem da Geografia ampliam as oportunidades de compreensão do espaço geográfico e da realidade em que os alunos se situam. Tanto os mapas murais como os atlas, na condição de instrumentos pedagógicos deveriam ser presença obrigatória na sala de aula de Geografia. Apesar da disseminação dos mapas pela mídia e pela internet, esse material, na escola, precisa ser utilizado no desenvolvimento de um raciocínio geográfico e geopolítico. (PONTUSCHKA 2007, p. 326) Dessa forma, a grande vantagem da utilização de uma maquete é fornecer ao aluno a possibilidade de visualizar, em modelo reduzido e simplificado, os principais elementos do relevo vistos em seu conjunto. Pois, de acordo com Simielli (1991, p. 06): A noção de altitude nem sempre é apreendida nos mapas onde o relevo é apresentado pela hipsometria e/ou curvas de nível, em decorrência do fato de que nas séries iniciais do ensino fundamental os alunos ainda apresentam-se com um nível de abstração em desenvolvimento, insipientes para compreender a representação de elementos tridimensionais em superfícies planas (mapas). A maquete aparece então como o processo de restituição do concreto (relevo) a partir de uma abstração (curvas de nível), centrando-se ai sua real utilidade, complementada com os diversos usos a partir deste modelo concreto trabalhado pelos alunos. A construção de conceitos relativos à representação do espaço (como o de curvas de nível) é possível observando a maquete, uma vez que esta possibilita a visão de um conjunto espacial, criando condições para estabelecer comparações e definir relações entre áreas mais elevadas e mais baixas e escoamento das águas (MIRANDA, 2001). Além disso, por meio de maquetes é possível ter o domínio visual de todo o conjunto espacial através da representação tridimensional do terreno. Similelli (1991) afirma ainda que o trabalho com maquetes não é apenas a sua confecção, mas a possibilidade de utilização de uma ferramenta para a correlação. Quando se trabalha com a maquete, se torna mais fácil o entendimento de correlações entre espaço físico, as ações antrópicas e a própria dinâmica da paisagem, além dos conceitos cartográficos aplicados a um plano tridimensional. 3. METODOLOGIA O desenvolvimento da maquete ocorreu no Colégio Estadual Edna May Cardoso, localizado na cidade de Santa Maria/RS, Bairro Camobi, com os estudantes do 1ª ano A, nos períodos normais de aula de Geografia e Seminário Integrado, no período de três semanas entre os meses de março e abril de 2013. O desenvolvimento da maquete da região Sul do Brasil foi realizada com a participação das estudantes de Pós-Graduação de Geografia da UFSM, Franciele Silva, Marilse Beatriz Losekann e Simone Marafiga Degrandi, com a coordenação da professora da turma Fernanda Maria Follmann. Teve-se como escolha esta escola para o desenvolvimento da atividade de construção de maquete porque a escola procura promover atividades diversificadas permitindo o desenvolvimento de projetos didático-pedagógicos relacionados ao ensino das diferentes áreas do conhecimento. Outro fator pela escolha desta escola e turma foi o interesse do alunos no desenvolvimento desta maquete. Assim, após a escolha da escola e da explicação inicial sobre o conteúdo programático de cartografia, na qual englobou os conceitos de mapa, carta e seus respectivos símbolos, destinou-se as seguintes três semanas para o desenvolvimento de uma maquete da região Sul do Brasil. A escolha desta região para o desenvolvimento de uma maquete junto aos alunos ocorreu devido ao entendimento do relevo local e da hidrografia ao qual os estudantes pertencem. Outro fator pela escolha da região Sul brasileira como representação em maquete foi o melhor entendimento por parte dos

estudantes dos próximos conteúdos a serem abordados no decorrer do ano letivo, como por exemplo, a formação do Planeta Terra. 4. DESENVOLVIMENTO DA MAQUETE E RESULTADOS Considerando que nos mapas o relevo é geralmente representado por curvas de nível, no desenvolvimento deste projeto, foi elaborado a terceira dimensão a partir do plano (mapa), para que o aluno tivesse uma melhor visualização das formas topográficas, hidrografia e outras características como a noção de escala. Portanto, o principal objetivo do trabalho desenvolvido foi levar aos alunos a compreensão do modelado do relevo, utilizando o recurso didático da construção de maquete da região Sul do Brasil, que permite uma visualização geral da configuração física do território Sul do Brasil e de suas principais características. A construção de um material didático específico pelos alunos, através das diferentes etapas da construção da maquete, permitiu a abordagem e discussão da paisagem regional. Assim, a primeira etapa realizada se referiu a escolha do mapa base, utilizando como fonte os mapas físicos do Atlas Nacional do Brasil Regional do IBGE (1970/1972) e Simielli Geoatlas (1990) (Figura 1). A maquete foi construída a fim de visualizar a configuração de seu relevo, o recorte regional e algumas principais bacias hidrográficas e rios, as diferenças de altitudes entre diferentes pontos, entre outras características. Figura 1: Modelo para recorte das curvas de nível e montagem da maquete.

Após a escolha das escalas e do exagero vertical, retiramos do mapa os dados sobre a altitude. Para isso utilizamos a hipsometria, que tem por base as curvas de nível. O princípio do processo de obtenção das curvas de nível é a projeção de linhas verticais sobre a carta, que resultam da intersecção de planos horizontais que cortam o relevo terrestre em altitudes equidistantes, isto é, de mesma distância (SIMIELLI et al, 1991). Para iniciar a confecção da maquete foi necessário identificar na base do mapa físico do Atlas Nacional do Brasil a curva de nível de cota mais baixa e, a partir dela, estabeleceu-se os intervalos das curvas a serem copiadas, mantendo a equidistância, isto é, o mesmo desnível entre uma curva e outra que foi de 200m. As curvas foram copiadas em folha de papel vegetal, e após passadas para a folha de isopor 5mm, através de papel carbono e alfinete, perfurando o traçado da curva de maneira que se produziu um pontilhado no isopor. Também foram transferidos alguns rios para servirem de elementos de amarração entre as diferentes altitudes. Na sequência, as folhas de isopor foram cortadas de acordo com as curvas de nível marcadas. Para este procedimento utilizou-se alfinetes presos a palitos de madeira e aquecidos em chamas de velas, para evitar o contato do alfinete aquecido com mão dos integrantes. Para montagem da maquete, as folhas de isopor cortadas conforme as curvas de nível foram coladas uma sobre a outra em ordem crescente de altitude. Após, iniciou-se a cobertura com massa corrida para recuperar o modelado do relevo. Quando a massa corrida secou utilizou-se lixa para elaborar o contorno adequado do relevo. A finalização da confecção da maquete foi realizada com a pintura conforme as correspondentes altitudes de cada ponto específico (Figura 2). Figura 2: Maquete da região Sul do Brasil. Após a confecção da maquete, avaliou-se como os alunos conseguiam visualizar alguns conceitos geográficos e se conseguiam identificar os elementos cartográficos representados na maquete.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se com o desenvolvimento da maquete com os alunos do 1º ano A do Ensino Médio do Colégio Estadual Edna May Cardoso, uma atividade instigadora e motivadora para abordar temas relacionados à Geografia, principalmente pela possibilidade de trabalhar com algo construído pelos próprios alunos e que é concreto e palpável. Este dado pode ser percebido principalmente através dos questionamentos e curiosidades que instigavam os alunos durante a fase de construção da maquete. Verificou-se que a aprendizagem do conteúdo sobre a formação e transformação das formas do relevo, exige não só do aluno como também de qualquer outro ser humano alto grau de imaginação para visualizar o modelado e os processos de transformação da superfície terrestre. Para tanto, o desenvolvimento da maquete da região Sul do Brasil auxiliou na compreensão sobre os assuntos como relevo, hidrografia e cartografia. Nesta perspectiva, pode-se destacar que as maquetes colaboram e são indispensáveis para a explicação de fenômenos que estão essencialmente presentes no espaço geográfico e que muitas vezes são de difícil compreensão, quando analisados em mapas ou apenas abordados teoricamente nas aulas de Geografia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, R. D. A interpretação da área de estudo por meio de um modelo tridimensional. 37 45p. In: SCHIEL, D.; MASCARENHAS, S.; VALEIRAS, N. et al. O estudo de bacias hidrográficas: uma estratégia para educação ambiental. 2 ed, São Carlos: Rima, 2003. LUZ, R. M. D.; BRISK, S. J. Aplicação didática para o ensino de Geografia Física através da construção e utilização de maquetes interativas. Anais..10º Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia. Porto Alegre, agosto/setembro, 2009. Disponível em: <http://www.agb.org.br/xenpeg/artigos/gt/gt4/tc4%20(27).pdf>. Acesso em: junho de 2013. MIRANDA, S. L. A noção da curva de nível no modelo tridimensional. Dissertação de Mestrado. IGCE. UNESP/ Rio Claro, 2001. PONTUSCHKA, Nídia Nacib; TOMOKO, Iyda Paganelli, CACETE, Núria Hanglei. Representações cartográficas: plantas, mapas e maquete. In:. Para ensinar e aprender a Geografia. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2007. SCHIEL, D.; MASCARENHAS, S.; VALEIRAS, N. et al. (org). O estudo de bacias hidrográficas: uma estratégia para educação ambiental. 2 ed, São Carlos: Rima, 2003. SIMIELLI, M. H. et al. Do Plano Tridimensional: a Maquete como Recurso Didático. Boletim Paulista de Geografia, Nº. 70. São Paulo: AGB, AGB, 1991.