ABRAPP Relatório Social 2010 PARA A

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Transcrição:

75 AGENDA FUTURA PARA A SUSTENTABILIDADE

Como o tema Sustentabilidade pode contribuir para o objetivo último dos Fundos de Pensão, que é o de zelar pela aposentadoria de milhões de trabalhadores? Esta pergunta tem feito com que as entidades participantes deste relatório estejam constantemente tentando compreender melhor o assunto, para estabelecer estratégias para sua incorporação em seus processos de gestão e de investimento. O texto abaixo sugere algumas possibilidades de ação sobre aqueles que poderiam ser os aspectos prioritários para que o setor incorpore ainda mais fortemente a sustentabilidade em seu dia a dia. Uma leitura atenta deste último capítulo indica quais são aqueles temas que merecem atenção e quais aqueles sobre os quais os Fundos de Pensão já estão desenvolvendo boas práticas. Para os fundos de pensão interessados em melhorar suas práticas, este capítulo é um mapa que pode ajudar no sentido de maior incorporação do tema. As filosofias de gestão e modelos organizacionais mudam com o tempo para que as empresas estejam preparadas para atender às novas necessidades. Essas filosofias chegam até as empresas por ciclos de ondas de gestão, verdadeiros modismos organizacionais que funcionam como respostas às alterações nas forças sociais, políticas e econômicas vigentes, que criam um novo contexto no qual a empresa opera e a forçam a buscar novos atributos e ferramentas de atuação de tal forma a manter-se competitiva. Após ter passado o auge dessas ondas de gestão, elas deixam marcas nas empresas, que são conceitos, processos e práticas considerados relevantes que as empresas continuarão aplicando em suas atividades com o passar dos anos. Quanto mais importante ou relevante for a onda de gestão, maior será sua contribuição para o desenvolvimento da gestão empresarial e mais fortemente seus conceitos estarão incorporados na prática e na cultura empresarial. É importante perceber que cada nova onda traz contribuições únicas e específicas para as organizações em um dado momento histórico e que essas contribuições vão se acumulando com o tempo, exigindo das empresas e de seus gestores novas competências e habilidades para poderem atuar no mercado. A primeira visão a preponderar nas empresas foi a Administração Científica que entendia as organizações como máquinas eficientes de produção. A partir dos anos 30 surge a Perspectiva Humanista que valorizava a relação humana no ambiente de trabalho. Após a 2ª Guerra Mundial, como resposta à necessidade humana de reconstrução da economia global, a perspectiva da Gestão como ciência assume um caráter preponderante e começa a utilizar a matemática, a estatística e outras técnicas quantitativas. A partir dos anos 50, a Abordagem Sistêmica começa a ser difundida entre as organizações que passam a se ver como componentes de um sistema no qual há interdependência entre elas e outros componentes desse sistema (como recursos naturais, humanos e financeiros disponíveis no sistema). A partir dos anos 70, as empresas começam a incorporar conceitos de planejamento estratégico em sua gestão, principalmente análise de fatoreschave que podem impactar o negócio. O movimento da Gestão da Qualidade, surgido a partir dos anos 80, trouxe como contribuição uma maior consciência da necessidade de qualidade em todos os processos organizacionais e as empresas começaram a utilizar modelos mais completos, como o Ciclo PDCA (Plan, Do,

77 Check e Action), método essencial da gestão da qualidade que ficou conhecido como Ciclo Deming da Qualidade. A partir da década de 90, os conceitos vinculados às Organizações que Aprendem (Learning Organizations) trouxeram às empresas a proposta de aprendizado, renovação e inovação contínua. Também na década de 90, não obstante os estragos causados, a Reengenharia fortaleceu a percepção de gestão da empresa por processos e a necessidade de questionar a existência de alguns deles. No final dos anos 90, a tecnologia da informação consolidouse como vetor de transformação organizacional, gerando inclusive novos modelos de negócios, como o B2C (Business-to-Consumer) e a venda de produtos diretos ao consumidor, o B2B (Business-to-Business) e as transações entre organizações e, finalmente, as recentes ferramentas de C2C (Consumerto-Consumer) com os mercados eletrônicos criados por intermediários baseados na web. Tomando a gestão empresarial por essa perspectiva evolutiva e que responde às alterações sociais, políticas e econômicas, a sustentabilidade empresarial também pode ser considerada como uma onda de gestão. Ela apresenta às empresas, como resposta às incríveis mudanças de contexto observadas nos últimos anos e que passam a exigir delas novas visões de mundo, comportamentos, valores e estratégias, sem os quais dificilmente poderão manter sua capacidade competitiva. Assim, da mesma forma que não é possível para uma empresa ser competitiva sem trabalhar por processos, aprender com seus erros, incorporar a visão de qualidade em tudo o que faz, perceber-se fazendo parte de um sistema, manter boas relações com seu público interno nem gerenciar bem sua cadeia de fornecedores etc., também não iremos conceber uma empresa competitiva que não trabalhe de forma sustentável. Com o passar do tempo, as empresas foram tendo que desenvolver habilidades gerenciais para poderem manter-se competitivas. A sustentabilidade está se tornando o novo atributo de competitividade. A Teoria dos Dois Fatores, do psicólogo e professor de gestão norte-americano Frederick Herzberg, ilustra bem a idéia do que é ser competitivo. Hoje, sustentabilidade ainda é fator motivacional. No entanto, no futuro próximo será fator higiênico: ou seja, ou a empresa trabalha com esse tema ou, muito provavelmente, perderá competitividade. Parodiando Paulo Freire, se a sustentabilidade sozinha não garante o sucesso da empresa, sem ela tampouco a empresa terá sucesso. Para o caso dos Fundos de Pensão, como pode-se perceber ao longo deste relatório, o tema Sustentabilidade, como atributo da gestão organizacional e como fator de competitividade e, portanto, de lucratividade, tem levado as entidades a observarem com cuidado esse aspecto nas empresas nas quais investem ou desejam investir. Isso porque os Fundos de Pensão têm se conscientizado de forma tão consistente que seus investimentos podem ser seriamente impactados por formas de gestão não sustentáveis, o que se exemplifica claramente por alguns casos empresariais que nos indicam que práticas equivocadas na gestão dos aspectos sociais e ambientais dos negócios podem prejudicar os resultados operacionais, como ocorreu com o recente incidente envolvendo a BP (British Petroleum), em águas caribenhas. Os Fundos de Pensão no Brasil não estão, portanto, alheios a essa discussão e, conforme se pode verificar nos dados apresentados neste relatório, têm paulatinamente incorporado o tema, por meio de diferentes práticas. No entanto, o tema vem se somar à função principal dos Fundos de Pensão, que é administrar com profissionalismo os recursos colocados sob sua responsabilidade, obtendo os melhores resultados dos investimentos que gerenciam. Fruto de exigências legais relacionadas às responsabilidades fiduciárias dos gestores de Fundos de Pensão, a preocupação pela segurança do capital de milhões de trabalhadores brasileiros encontrou na sustentabilidade um forte aliado, na medida em que ela permite diminuir os riscos de investimentos e, portanto, contribuir para resultados de longo prazo. Essa percepção tem sido construída ao longo de um percurso de alguns anos, desde as primeiras ações em 2003 (como a criação dos Princípios para o Investimento Responsável Abrapp/Ethos e o apoio ao ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa) até este ano de 2010, quando lançamos a terceira edição do Relatório Social dos Fundos de Pensão e quando realizamos um evento específico sobre o tema para o setor (em setembro, no Rio de Janeiro). Terminada

78 a terceira edição do Relatório, a Abrapp acredita que o processo tem auxiliado os Fundos de Pensão na incorporação do tema Sustentabilidade na análise de investimentos em empresas participadas, no conhecimento de suas práticas no tema e no fortalecimento do tema internamente à sua gestão, principalmente pela ampla difusão interna no processo de respostas (que demandou pessoas de diferentes departamentos), e pela participação ativa da Comissão Técnica Nacional de Sustentabilidade da Abrapp. Um dos resultados importantes deste relatório é a percepção, por parte dos Fundos de Pensão, de que as escolhas econômicas tomadas podem resultar em elevados impactos sociais e ambientais, seja junto a seu público interno, seja sobre fornecedores, parceiros de negócios, patrocinadoras, instituidoras e participadas 1, o que os consolida como vetores importantes do desenvolvimento econômico. Essa consciência fez com que houvesse uma evolução na participação dos Fundos de Pensão nos Relatórios Sociais desde 2007, partindo-se de 60 entidades participantes para 93 no total das três edições, representando 34,3% dos associados à Abrapp. Assim, vale apontar que houve significativa renovação na base de Entidades participantes, uma vez que 18 Fundos de Pensão participaram em 2007, 2008 e 2010, e o restante da amostra foi renovado. Apesar dos avanços que o setor tem conquistado em termos de incorporação de aspectos do tema Sustentabilidade, é inegável que ele é ainda um desafio para o segmento, principalmente quanto a uma maior compreensão de como o aplicar à gestão das Entidades e como utilizá-lo para melhorar a saúde dos investimentos, diminuindo os riscos que uma gestão não preocupada com aspectos sociais e ambientais pode gerar. Em suma: como o tema Sustentabilidade pode contribuir para o objetivo último dos Fundos de Pensão, que é o de cuidar da aposentadoria de milhões de trabalhadores. Essas perspectivas certamente continuarão a se desenvolver no futuro e irão ocupar espaços cada vez maiores nas discussões do setor. Juntamente a esses aspectos mais específicos, há um tema que é relevante e que o setor poderá conduzir dada a sua natureza: como alterar aspectos estruturantes da teoria econômica de forma a permitir que se construa uma sociedade verdadeiramente sustentável. Este tema é relevante, pois a sustentabilidade tem se tornado, infelizmente, refém dos interesses de mercado e se adaptado a eles, diminuindo a força transformadora de suas propostas. Por tudo isso, há um profundo interesse dos Fundos de Pensão em conhecer em detalhes o tema, e o Relatório Social tem servido de ferramenta para esse autodiagnóstico setorial. Assim, se é certo que o processo de desenvolvimento deste Relatório permite uma visão panorâmica do setor a respeito do tema, a avaliação dos resultados nele contidos nos permite indicar alguns caminhos para uma possível agenda futura para de discussão. Ainda que não abranjam todas as dimensões do setor, visto que ele é bastante complexo, apresentamos abaixo algumas sugestões de quais poderiam ser os assuntos prioritários para que o setor incorpore ainda mais o tema. Diferentemente dos anos anteriores, os temas que poderão compor a agenda dos Fundos de Pensão são apresentados de forma gráfica, com a indicação de sua tendência de 2008 a 2010 (evolução, involução ou estagnação, e se é um ponto de atenção pelo baixo uso da prática) e com indicador quantitativo que justifica essa análise. Dessa maneira, uma rápida leitura pode mostrar quais são aqueles temas que merecem atenção e quais aqueles sobre os quais os Fundos de Pensão estão desenvolvendo boas práticas. Além disso, a apreciação da planilha pode também trazer boas ideias para os Fundos de Pensão interessados em melhorar suas práticas em sustentabilidade. 1 Participadas ou investidas são termos do jargão utilizado no setor para descrever as empresas nas quais os Fundos de Pensão investem.

79 Tendência de evolução desta Tendência de involução desta Ponto de atenção Ponto positivo Tendência de estagnação desta Tema: Governança Corporativa e Transparência Aspecto Tendência Indicador Comitês de Investimentos 87,5% Comitê de Ética De 43,8% para 46,9% Código de Ética ou Conduta De 77,4% para 96,9% Comitê de Sustentabilidade ou equivalente 13,3% dos Fundos de Pensão possuem Divulgação externa do Código de Ética ou Conduta 3,6% dos Fundos de Pensão desenvolvem essa prática. Balanço Social ou Relatório Anual que contemplem aspectos De 67,2% para 53,1% econômicos, sociais e ambientais Políticas de Avaliação de Gestores adotadas e divulgadas 64,3% Utilização de critérios de Sustentabilidade na gestão de ativos 30,4% Uso de balanços sociais ou de relatórios de sustentabilidade na análise dos investimentos 25% dos Fundos de Pensão utilizam. Presença de canais de divulgação próprios e periódicos ao 96,4% alcance de patrocinadores, instituidores e participantes para a divulgação de suas atividades, investimentos, recursos e situação financeira Comprometimento com iniciativas voluntárias Global, CDP, PRI etc.) Ainda que se considere o CDP (Pacto (com 43% de adesão entre os Fundos), não há evolução significativa entre o setor na adesão a iniciativas voluntárias

80 ABRAPP Relatório Social 2010 Tendência de evolução desta Tendência de involução desta Ponto de atenção Ponto positivo Tendência de estagnação desta Tema: Contribuições Previdenciárias e Econômicas Aspecto Tendência Indicador Trabalhadores das empresas patrocinadoras de um fundo de pensão 74% já participam do mesmo Participantes ativos e assistidos 2,6 milhões Dependentes de Participantes 3,4 milhões Ativos dos Fundos de Pensão R$ 515,4 bilhões Percentual sobre o PIB Brasileiro 16,4% Valor adicional à sua previdência pública que R$ 3.174,00 um trabalhador receberia ao se aposentar.

81 Tema: Contribuições Sociais dos Fundos de Pensão Aspecto Tendência Indicador Contratação de trabalhadores próprios 3.570 (2008) para 4.233 (2010) Faixa Etária acima dos 50 anos 14,1% Programas de preparação para aposentadoria 12,5% dos Fundos de Pensão oferecem este benefício Nível de escolaridade 18,2% apenas com nível médio Empregados acima de 10 anos de casa 35,3% Turn-over De 13,18% para cerca de 12,67% no período compreendido entre 2008 e 2010 Política explícita de valorização da diversidade 8,9% Diversidade: presença de mulheres 61% Presença de mulheres em cargos de gestão 3,3% Diferença salarial entre homens e mulheres 2,2% de crescimento do salário de mulheres contra 6,2% do salário de homens Presença de trabalhadores negros Presença de negros em cargos de gestão 21,3% contra 49,5% de negros na População Economicamente Ativa (PEA) no Brasil Entre 2008 e 2010, houve um aumento no percentual de negros em nível gerencial nos Fundos de Pensão (de 7,6% para 10,1%) e em cargos de chefia e coordenação (de 11,8% para 15,6%). No entanto, esses percentuais são bem inferiores aos dos brancos nas mesmas funções. Diferença salarial entre negros e brancos Salário dos negros aumentou 5,7% entre 2008 e 2010, enquanto que o salário de brancos aumentou 9,9% Contratação de portadores de deficiência Utilização de critérios sociais e ambientais na contratação de terceiros Programas de voluntariado próprio ou em aliança com patrocinadoras Avaliação de risco social nas operações com participadas Programas de Saúde e Segurança no Trabalho 14,1% dos Fundos de Pensão contratam 41,1% dos Fundos possuem 26,8% dos Fundos de Pensão possuem esta prática. Apenas 14,3% dos Fundos de Pensão avaliam a ocorrência de trabalho forçado ou análogo e 19,6% avaliam a ocorrência de trabalho infantil. 58% possuem.

82 ABRAPP Relatório Social 2010 Tendência de evolução desta Tendência de involução desta Ponto de atenção Ponto positivo Tendência de estagnação desta Tema: Contribuições Ambientais Aspecto Tendência Indicador Investimento em melhorias para redução do consumo de água De 40,6% em 2008 para 53,1% em 2010 Diminuição do consumo de energia De 43,8% em 2008 para 65,6% em 2010 Realização de campanha para consumo consciente 96,9% 2 dos fundos realizam algum tipo de campanha Promoção de discussões internas sobre os impactos ambientais que envolvem suas atividades Doação de material para reciclagem 31,3% 3 das Entidades já discutiram internamente 18,8% 4 delas doam o material para instituições, tais como creches, associações, asilos, ou para cooperativas de catadores A Abrapp, por intermédio da publicação da 3ª edição do Relatório Social das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, acredita ter conseguido cumprir seu papel de impulsionador do setor no Brasil e de mobilizador dos Fundos de Pensão para a sua contribuição para o desenvolvimento sustentado do país. Com a incorporação desse tema em sua cultura organizacional, o setor acredita que poderá gerir de forma constantemente mais ética, transparente e rentável os recursos dos trabalhadores brasileiros que acreditam nessa forma de previdência. Por fim, convida-se a todos os setores econômicos para a construção de um país mais humano e ambientalmente saudável, onde a economia seja uma ferramenta para esse objetivo, e não um fim em si mesma. 2 Errata: no Sumário Executivo deste Relatório, o percentual apresentado para Realização de campanhas para Consumo Consciente foi de 73,3%. Favor considerar o percentual de 96,9% - aqui indicado como sendo o correto. 3 Errata: no Sumário Executivo deste Relatório, o percentual apresentado para Discussões internas sobre impactos ambientais das entidades foi de 33,3%. Favor considerar o percentual de 31,3% - aqui indicado como sendo o correto. 4 Errata: no Sumário Executivo deste Relatório, o percentual apresentado para Doação de material para reciclagem foi de 26,7%. Favor considerar o percentual de 18,8% - aqui indicado como sendo o correto.