A EDUCAÇÃO FÍSICA E SEUS REFLEXOS EM ASPECTOS COMPORTAMENTAIS DE CRIANÇAS DE 2ª E 3ª SÉRIE



Documentos relacionados
AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

A LUDICIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

QUANTO VALE O MEU DINHEIRO? EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA O CONSUMO.

Palavras-chave: Educação Física. Ensino Fundamental. Prática Pedagógica.

Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado

IDENTIFICANDO AS DISCIPLINAS DE BAIXO RENDIMENTO NOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO ENSINO MÉDIO DO IF GOIANO - CÂMPUS URUTAÍ

Informações gerais Colégio Decisão

ISSN PROJETO LUDICIDADE NA ESCOLA DA INFÂNCIA

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS CAICÓ

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

PROJETO MEDIAR Matemática, uma Experiência Divertida com ARte

MODELAGEM MATEMÁTICA: PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO 1

20 Anos de Tradição Carinho, Amor e Educação.

COMUNIDADE AQUÁTICA: EXTENSÃO EM NATAÇÃO E ATENÇÃO AO DESEMPENHO ESCOLAR EM JATAÍ-GO.

O LÚDICO COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

Cartilha do ALUNO EMPREENDEDOR POLITÉCNICA

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

Aprimoramento através da integração

PRÁTICAS LÚDICAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA DO INFANTIL IV E V DA ESCOLA SIMÃO BARBOSA DE MERUOCA-CE

ADMINISTRAÇÃO GERAL MOTIVAÇÃO

Jéssica Victória Viana Alves, Rospyerre Ailton Lima Oliveira, Berenilde Valéria de Oliveira Sousa, Maria de Fatima de Matos Maia

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DE NOVOS CONHECIMENTOS 1

UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA MOODLE PARA O ENSINO DE MATRIZES E DETERMINANTES

PRAZER NA LEITURA: UMA QUESTÃO DE APRESENTAÇÃO / DESPERTANDO O PRAZER NA LEITURA EM JOVENS DO ENSINO MÉDIO

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO. Prof. Msc Milene Silva

JOGOS MATEMÁTICOS RESUMO INTRODUÇÃO

IV EDIPE Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino 2011

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS NO CONTEXTO ESCOLAR

Monitoria como instrumento para a melhoria da qualidade do ensino em Farmacotécnica

ENSINO E APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, COM A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

DOENÇAS VIRAIS: UM DIÁLOGO SOBRE A AIDS NO PROEJA

II MOSTRA CULTURAL E CIENTÍFICA LÉO KOHLER 50 ANOS CONSTRUINDO HISTÓRIA

DEFINIÇÃO DE MOTIVAÇÃO

RESUMO. Palavras-chave: Educação matemática, Matemática financeira, Pedagogia Histórico-Crítica

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E AS DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA

Pedagogia Estácio FAMAP

O ENSINO DA DANÇA E DO RITMO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RELATO DE EXPERIENCIA NA REDE ESTADUAL

FACULDADE ASTORGA FAAST REGULAMENTO ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Matemática versus Estágio Supervisionado

HISTÓRIA ORAL NO ENSINO FUNDAMENTAL: O REGIME MILITAR NO EX- TERRITÓRIO DE RORAIMA

Copos e trava-línguas: materiais sonoros para a composição na aula de música

RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES ENTRE EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

Jogo recurso de motivação, interpretação, concentração e aprendizagem

PROCESSO EDUCATIVO, DA SALA DE AULA À EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Projeto em Capacitação ao Atendimento de Educação Especial

AS RELAÇÕES DO ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO REGULAR INCLUSIVO

MÉTODOS E TÉCNICAS DE AUTOAPRENDIZAGEM

O USO DO TANGRAM EM SALA DE AULA: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO MÉDIO

Módulo 9 A Avaliação de Desempenho faz parte do subsistema de aplicação de recursos humanos.

A MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS EM SALA DE AULA NA DISCIPLINA DE PORTUGUÊS

A PRODUÇÃO DE VÍDEOS COMO RECURSO METODOLÓGICO INTERDISCIPLINAR

Composição dos PCN 1ª a 4ª

O professor que ensina matemática no 5º ano do Ensino Fundamental e a organização do ensino

A IMPORTÂNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NOS PROJETOS SOCIAIS E NA EDUCAÇÃO - UMA BREVE ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO PROJETO DEGRAUS CRIANÇA

Profª. Maria Ivone Grilo

EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

A TUTORIA A DISTÂNCIA NA EaD DA UFGD

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA ORLANDO VENÂNCIO DOS SANTOS DO MUNICÍPIO DE CUITÉ-PB

Um currículo de alto nível

O PIBID NA FORMAÇAO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA RESUMO

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A FORMAÇÃO DE LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS NATURAIS

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

OLIMPIADAS DE MATEMÁTICA E O DESPERTAR PELO PRAZER DE ESTUDAR MATEMÁTICA

12 DE JUNHO, DIA DE COMBATE A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID DE GEOGRAFIA

GEOMETRIA: RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COM A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES MATEMÁTICOS

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO INICIAL DOS GRADUANDOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

OS SABERES PROFISSIONAIS PARA O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

O LÚDICO NA APRENDIZAGEM

Formação da Sociedade: Ensino Presencial ou à Distância

TÍTULO: PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS PROFISSIONAIS FORMANDOS DA ÁREA DE NEGÓCIOS DA FACIAP

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ATRAVÉS DO LUDICO

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: COMPROMISSOS E DESAFIOS

O JOGO CONTRIBUINDO DE FORMA LÚDICA NO ENSINO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo.

AVALIAÇÃO NA PRÉ-ESCOLA UM OLHAR SENSÍVEL E

A escola para todos: uma reflexão necessária

VIVER SUSTENTÁVEL UMA ABORDAGEM ESSENCIAL NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I

ATIVIDADES DESENVOVLIDAS PELO LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA LEM- FOZ

Centro Acadêmico Paulo Freire - CAPed Maceió - Alagoas - Brasil ISSN:

INVESTIGANDO O ENSINO MÉDIO E REFLETINDO SOBRE A INCLUSÃO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA PÚBLICA: AÇÕES DO PROLICEN EM MATEMÁTICA

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

CAMPUS BRUMADO DEPEN / COTEP P L A N O D E E N S I N O-APRENDIZAGEM. Manual de instruções. Prezado Professor e prezada Professora,

INCLUSÃO ESCOLAR: UTOPIA OU REALIDADE? UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

A utilização de jogos no ensino da Matemática no Ensino Médio

TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Maria Teresa Marques Amaral. Introdução

A PRÁTICA DE JOGOS PARA A INTERIORIZAÇÃO DOS NOMES DE CAPITAIS E ESTADOS DO BRASIL NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Transcrição:

A EDUCAÇÃO FÍSICA E SEUS REFLEXOS EM ASPECTOS COMPORTAMENTAIS DE CRIANÇAS DE 2ª E 3ª SÉRIE Resumo KOGUT, Maria Cristina Cristina.k@pucpr.br Área Temática: Teorias Metodologias e Práticas Agência Financiadora: Não contou com financiamento O presente estudo procurou fornecer subsídios para toda comunidade escolar, tendo como objetivo identificar os benefícios que a Educação Física proporciona em relação ao comportamento e seus reflexos dados pela motivação no comprometimento dentro de sala de aula, e a partir dos dados obtidos, analisar as possíveis variações que venham acontecer. A pesquisa utilizou principalmente a tendência Construtivista, usufruindo dela em sua metodologia, bem como nas realizações das atividades, uma vez que esta abordagem é de grande conceito dentro da literatura. A Educação Física Escolar têm como responsabilidade o despertar de novos caminhos, unindo corpo e mente em prol de uma cultura do movimento que não seja discriminatória, e sim, cada vez mais valorizada por todos, principalmente dentro das escolas. Para este estudo optou-se por desenvolver uma pesquisa-ação, que não se limitou somente a alguns aspectos do corpo discente, mas buscou por meio de intervenção/interação possíveis resultados de transformações específicas de direcionamento bastante explicitado por meio de planejamento. Os instrumentos utilizados para a coleta foram em forma de fichas, sendo uma de levantamento sobre o comportamento escolar de cada criança, uma de acompanhamento que foi completada ao longo do processo, e outra de conclusão, preenchida pela professora de classe, a fim de caracterizar as possíveis mudanças. O resultado do estudo foi feito a partir do levantamento, acompanhamento e fechamento da coleta. Para esse resultado foi analisado pela pesquisadora e pela professora de cada classe, o aspecto comportamental, e a partir dessa análise, se obteve o resultado. Palavras-chave: Educação Física Escolar, comportamento, comprometimento, motivação. Introdução Este estudo teve por intuito proporcionar uma maior reflexão sobre a importância da Educação Física, e de como está é capaz de motivar e propiciar aos alunos de 2ª e 3ª série, a compreensão da importância do conhecimento. E de como este conhecimento ocasiona uma maior autonomia, uma vez que este indivíduo se conhece enquanto ser humano, e que este se relaciona com as mais diferentes situações do cotidiano com maior facilidade. A intenção foi de despertar a responsabilidade que a Educação Física têm, tanto quanto as demais áreas do conhecimento, através de estímulo, incentivo e motivação unindo

1600 todas para um trabalho em conjunto. O corpo privilegiado nas aulas de movimento", é o mesmo que incomoda as "aulas de raciocínio". Por que não fazer uma só escola para os dois: unindo (naturalmente) o que o homem separou (culturalmente) (MATTOS, NEIRA, 2005, p. 35). Para se objetivar uma Educação Física inovadora, tem de se entender que, a realidade atual desta disciplina especializou-se tendo como objeto de estudo o movimento humano, por isso há de buscar a compreensão que não existe o movimento pelo movimento, que todo exercício executado está exercendo uma função expressiva e funcional, e que gestos são sustentados por significados. A escola possui objetivos e metas a serem alcançadas e um dos fatores que mais interferem no resultado do processo educacional, é o fator comportamental. Este muitas vezes deriva de fatores negativos, e como conseqüência atrapalha todo um projeto pedagógico. Algumas causas ocorrem por falta de receptividade e abertura dos alunos para adquirir novos desafios; propostas não personalizadas dependendo da realidade com que o professor convive (não adequação); fatores extra-escolares (convivências externas), e o principal, a falta de motivação, tanto extrínseca como intrínseca. Falta estímulo por parte dos professores em levar diferentes formas de aprendizado, atividades que chamem a atenção do aluno; que sejam inovadoras e principalmente interdisciplinares (uma nova escola), pois um aluno bem ou mal estimulado acarreta em um rendimento satisfatório ou não. São reflexos de trabalhos desenvolvidos em sala de aula por professores que garantem a interferência ou não do comportamento indesejável que, conseqüentemente resulta em um baixo desenvolvimento. A Educação Física poderá trazer essa motivação necessária para o aluno e para professor, que juntos poderão trabalhar com entusiasmo e satisfação, e suas conseqüências podem ser baseadas no mais puro otimismo de resultados benéficos para a educação em geral. Assim, o questionamento que se faz é se a Educação Física desenvolve aspectos motivacionais capazes de realizar mudanças em relação ao comprometimento e comportamento dentro de sala de aula? A contribuição desse estudo é de relevância para a comunidade docente, que em algum momento específico possa se encontrar com algumas dificuldades em relação ao desenvolvimento curricular de alunos críticos, que podem, e muitas vezes são considerados problemas.

1601 A relevância deste estudo é buscar a motivação necessária para as mudanças em relação ao comportamento e ao comprometimento, e da melhor forma possível, pois a prática da Educação Física é a principal arma para que aconteça um amadurecimento de pensamento no qual o aluno inicia o processo de questionamento sobre seu posicionamento perante: as pessoas (família), os ambientes (escola) e a sociedade em geral. Desta forma o objetivo primordial deste estudo é identificar os benefícios que a Educação Física proporciona em relação ao comportamento e seus reflexos dados pela motivação no comprometimento dentro de sala de aula. Desenvolvimento EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Algumas das tendências metodológicas que a Educação Física tem em seu quadro atual nasceram em vertentes das primeiras metodologias da prática educacional, são essas Higienista, Militaristas, Tecnicista, Esportiva e Biologicista, todas contraditórias no sentido de ver a Educação Física como uma área do conhecimento, que também é dotada de conhecimentos próprios, históricos, úteis e de grande valia para a formação integral do indivíduo. As concepções que buscam desenvolver o papel transformador da atividade educacional são: Desenvolvimentista, Construtivista, Crítico-Superadora, Crítico- Emancipatória, Saúde Renovada, Jogos Cooperativos, Psicomotricista, e PCN s, que se relacionam em muitas finalidades. Todas em busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano. Dentro de todas as tendências metodológicas apresentadas, o papel do professor é fundamental, assim como a consideração com o conhecimento historicamente produzido e o conhecimento vivenciado pelos participantes do processo. Os conteúdos e as ações metodológicas são interdependentes, necessitam-se mutuamente e exigem competência e responsabilidade de todos os que se envolvem no processo ensino-aprendizagem (OLIVEIRA, 1997, p. 88). Dentro de todas essas abordagens podemos definir que a mais cabível nesse estudo é a Construtivista-Interacionista, onde a intenção é a construção do conhecimento a partir da

1602 interação do sujeito com o mundo, respeitando os universos culturais do aluno, explorando as diversas possibilidades educativas de atividades lúdicas espontâneas. (AZEVEDO e SHIGUNOV, 2000). Não raramente as aulas de Educação Física acontecem como uma rotina já conhecida: o professor busca os alunos na sala, realiza a chamada e fornece a bola para a aula. Esta ação que pode ser compreendida pelos alunos como um abandono do professor, ou uma sensação de liberdade, restringe toda a interação aluno-professor. O posicionamento adquirido pelos alunos pode ser de falta de comprometimento, e este, uma vez deixado para trás possivelmente resultará em falta de compromisso, de vontade e envolvimento nas aulas. Logo ocasiona-se mudanças que afetarão no comportamento, trazendo a indisciplina, a agressividade e a dispersão; formas que o aluno tem de se expressar. Vale lembrar que algumas atitudes são realmente dos alunos, outras são posições incorporadas no decorrer do processo educacional. Portanto para que toda aprendizagem seja válida é necessário que ela se construa pelo conhecimento, seja ele, previamente fornecido ou no qual o aluno é instigado a busca por si só. Essas interações de colaboração enriquecem e aprimoram o processo. MOVIMENTO PARA O COMPORTAMENTO Entende-se que Os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as diversas formas de ginástica estão presentes na nossa cultura, influenciando o comportamento, transmitindo valores, fazendo parte do dia-a-dia das pessoas, seja como prática nos momentos de lazer, seja como possibilidade para a atuação profissional ou de apreciação na mídia. Na escola, o ensino da Educação Física pode e deve incluir a vivência dessas modalidades como conteúdos, ampliando as possibilidades de os alunos compreenderem, participarem e transformarem a realidade. (TV ESCOLA, 2001 p. 1). Sendo assim, a pergunta que se faz é: será que o profissional da Educação Física faz isso em suas aulas. O movimento pode trazer benefícios para dentro da sala de aula? Pode-se afirmar que a Educação do Movimento contribui para aprimorar e reeducar as habilidades básicas, o desenvolvimento das potencialidades e a construção em relação com o mundo. (GONÇALVEZ, 1997). Segundo Dantas (1994), deve-se estimular cada vez mais a comunidade docente a

1603 unir o corpo que atrapalha nas aulas de matemática e de português por sua inquietude, excitando-o a solucionar problemas com movimentos corporais, desenvolvendo assim, a criatividade dos professores, desejo de melhora do ensino com os alunos que são os grandes aliados para essa mudança. A MOTIVAÇÃO NA ESCOLA A motivação segundo Murray (1967, p. 56), é constituída pelos desejos, carências, necessidades, ambições, apetites, amores, ódios e medos. O interesse na motivação não se limita aos psicólogos, todos nós possuímos idéias particulares sobre o que faz as pessoas pulsarem e, de fato uma noção dessa natureza é necessária para progredir na vida e em parte compreendê-la. Para obter-se uma base concreta do que é a motivação, o estudo proporciona vários conceitos para que assim possa-se definir conseqüentemente que tipo de incentivo deve-se fornecer e a partir desses ter como resposta a verdadeira motivação durante as atividades. PAIM (2001), relata que na relação ensino-aprendizagem, em qualquer ambiente, conteúdo ou momento, a motivação constitui-se como um dos elementos centrais para a sua execução bem-sucedida. Por outro lado, existem também pesquisadores que definem os motivos, como sendo construções hipotéticas, que são aprendidas ao longo do desenvolvimento humano e servem para explicar comportamentos (WINTERSTEIN, 2002). As explicações para as ações baseiam-se na suposição de que a ação é determinada pelas expectativas e pelas avaliações de seus resultados e pelas suas conseqüências (WINTERSTEIN, 1992). O processo motivacional também é uma função dinamizadora da aprendizagem, e os motivos irão canalizar as informações percebidas na direção do comportamento (TRESCA, DE ROSE JR, 2000). E nessa proposta a motivação dirige o comportamento para um determinado incentivo que produz prazer ou alivia um estado desagradável. Alguns dos conceitos motivacionais estão interligados em muitas das nossas áreas sociais, mas o efeito que a motivação tem para a aprendizagem vem sendo estudado a fundo, e a pergunta que mais se faz é se a incremento de um impulso conduz ou não a um aumento nas reações da finalidade apropriada a este impulso. Segundo Murray (1967), uma questão de maior significado teórico é apurar se o

1604 incremento de um estímulo facilita ou não a aprendizagem de uma nova reação para obter a recompensa apropriada. ANÁLISE SOBRE O DESENVOLVIMENTO PSICO-SOCIAL E MOTOR DOS ALUNOS DE 2ª E 3ª SÉRIE Encontram-se como público alvo da pesquisa, alunos de em média 8 a 10 anos. Crianças de 8 anos têm características de: compreensão, de tempo e de outros aspectos como uso de dinheiro e de trabalho em grupo, mas principalmente com o mesmo sexo. São menos egocêntricos, encontram-se dispostos a fazer todas as atividades, principalmente as que fogem do seu contexto. (FAGALI, 2007). Crianças nessa idade devem conhecer melhor o mundo em que vivem. Oferecer oportunidades para que se sintam mais seguras e confiantes, a fim de levá-las a autoconfiança. Segundo Fagali (2007), as crianças de 9 anos são responsáveis, de confiança, muito críticas, perdem tempo discutindo, perfeccionistas, altamente interessados executam tarefas duradouras, sozinhas e em grupos. Já as de 10 anos, que se encontram na fase da infância-escolar, tendem a começar a formar as turmas, meninos são mais leais que as meninas, conflitos de interesses começam a aparecer e quando é trabalhada a competição se mostram grandes competidores. A análise psicológica está muito relacionada com a social, pois os valores que transmitem são reflexos das atitudes psicológicas, as crianças de 8 anos são descuidadas, ainda acreditam que essa questão depende exclusivamente dos responsáveis, as de 9 anos entram em grande conflito com os adultos e fica muito complicado o diálogo entre ambos. (TANSLEY,1993). Com 10 anos as crianças já são autocríticas, compreendem mudanças físicas e emocionais e possuem alta capacidade de reflexão. A necessidade de conhecer o processo de desenvolvimento está ligada a educação, quer seja na sala de aula ou no ginásio. Sem um conhecimento adequado do desenvolvimento dos vários aspectos psicológicos, do comportamento da criança, torna-se impossível conduzir com propriedade o processo de aquisição e desenvolvimento das mais variadas habilidades. (FAGALI, 2007).

1605 As crianças das idades citadas já devem, e respectivamente na ordem cronológica, serem capacitadas nas habilidades fundamentais como: atividades que exercitem os grandes e pequenos grupos musculares, também atividades com objetivos de auto-expressão, oportunizando muitas atividades físicas, que trabalhem consciência corporal, consciência espaço-temporal, exploração do ambiente para representações corpóreas. (TANSLEY, 1993). Durante a 2ª e 3ª série são trabalhadas e desenvolvidas as competências de padrões inatos que formam base para a destreza de movimentos complexos e especializados. Incluindo também os movimentos locomotores, manipulativos (preensão e rapidez), esquema corporal, lateralidade, etc. Pode-se dizer que os níveis de aprendizagem correspondem as crianças, aos professores, e a vários outros fatores influenciadores. No que condiz ao acervo motor, existe a necessidade de expressar-se, considerando que um aluno não se encontra no estágio de um mau comportamento e sim sua inquietes que é incessante e sua vontade de se expressar acontece quase que sempre de forma errônea. Podemos classificar esse como sendo a necessidade de se fazer entender e de conseguir mostrar seus sentimentos e emoções. Metodologia Para este estudo optou-se por desenvolver uma pesquisa-ação, por necessidades maiores do que simplesmente uma descrição ou uma avaliação. Essa pesquisa buscou por meio de intervenção/interação possíveis resultados de transformações específicas de direcionamento bastante explicitado por meio de planejamento. Participaram do presente estudo, crianças de ambos os sexos, na idade entre 8 e 10 anos, em média 25 participantes, todos estudantes de Escola Pública da Rede Municipal de Ensino, que apresentavam alguns sinais de dificuldades em aspectos comportamentais e de comprometimento no aprendizado em sala de aula. Sendo as crianças que participaram do estudo alunos de seis salas de aula do 1º e do 2º ciclo, indicadas pelas professoras regentes. A intervenção aconteceu através de aulas organizadas buscando atingir aos objetivos do estudo. Para isso foi necessária a confecção de um planejamento escolar. A ação ocorreu em crianças, cujo comportamento interferia e/ou prejudicava a sociabilização, o desenvolvimento escolar, e o desenvolvimento no ambiente de estudo. Teve como principais

1606 características os alunos com notas mais baixas, de atitudes agressivas e sarcásticas, que muitas vezes se excluem do grupo como forma de autodefesa. O instrumento utilizado para a coleta foi em forma de ficha, entregue para ser preenchida pela professora regente, e outra ficha, de acompanhamento que foi completada ao longo do processo de coleta. Houve também a ficha de conclusão que foi preenchida pela professora de classe, a fim de caracterizar as possíveis mudanças. As análises das informações foram feitas com base nas fichas, as iniciais, as de acompanhamento e nas fichas finais, que foram comparadas e deu-se o resultado final. RESULTADOS E DISCUSSÕES Inicialmente foi possível perceber que todos os alunos participantes apresentavam restrições comportamentais nas aulas de sala. Sendo esse um dos motivos principais que levaram esse grupo a ser escolhido para participar das atividades. A identificação foi feita por suas devidas professoras de classe, do mau comportamento, seja em sala, com o professor de Educação Física ou com os colegas. Isso afetava sua cooperação, rendimento e execução de tarefas. O grupo apresentava inicialmente inquietação excessiva bem como uma agressividade muito grande com os próprios colegas. Foi necessário mais diálogo durante as atividades iniciais para lembrar o compromisso que tinham assumido ao realizar as atividades e o quanto era importante a melhora deles, em todos os aspectos, fosse em sala de aula, nas aulas de Educação Física ou em casa. Era mais do que visível à necessidade dessas crianças de serem ouvidas, e a atenção afetiva que receberam durante a prática, com pesquisadora, possibilitou que se estabelecesse um laço afetivo, que foi muito importante. Foi um estímulo para obter a resposta positiva em forma de motivação, e essa se transformou em resultado. O resultado do estudo foi feito a partir do Levantamento, Acompanhamento e Fechamento da coleta. Para obter esse resultado foi analisado pela pesquisadora e pela professora de cada classe, o aspecto de comportamento, e a partir dessa análise, se obteve o resultado pela contribuição dos participantes em suas respectivas salas. Obtendo assim a resposta do estudo por sua melhora ou piora dos componentes analisados no grupo escolar. Conclusão

1607 Este estudo serviu para identificar a necessidade de se investir mais na motivação. Essa motivação será a resposta ao estímulo que o professor escolher, seja para melhor rendimento curricular, motor, etc. Fica visível a importância de se dar continuidade a novos estudos com o mesmo propósito. Pelo fato de não existir muitos materiais, fica o pedido para os professores de Educação Física, que não desistam da área escolar, usando ela como uma aliada para o resgate de nossos alunos. A proposta oferecida aos participantes foi essencial para que esses fornecessem as respostas. O ideal seria que todos os alunos pudessem receber esta atenção, atenção que é de extrema necessidade, que todos os dias em todas as aulas deveria existir, pois assim os alunos não seriam classificados como problemas. Pode-se citar como exemplo a mudança ocorrida no quesito Comprometimento e Execução de tarefas, onde o ponto positivo foi a resposta do trabalho dentro da sala de aula, o trabalho do movimento corporal, da Cultura Corporal e sua transformação na ação das crianças, esse ponto foi o mais satisfatório. Em contra partida pode-se citar o quesito que necessitaria de mais tempo a ser trabalhado, sendo assim o mesmo não atingiu os padrões da pesquisa. O Rendimento em sala de aula, este foi atropelado por toda a ansiedade, que se transformou em ponto negativo sendo ele apresentado durante as aulas curriculares, a excitação para a execução das atividades veio e muito a atrapalhar momentos importantes da aula em classe. Sendo assim considerado pela pesquisadora que aqui esse objetivo não foi alcançado. Durante as atividades todos respondiam de forma muito boa para com as práticas, participação, vontade e a motivação, esses foram os pontos positivos. Alguns alunos oscilavam em suas respostas motoras, às vezes condizentes com o perfil motor, e em outras nem tanto. Porém todos foram estimulados a perceber o que acontecia, nas atividades quando a resposta não era satisfatória, incentivava-se sempre a melhora, fazendo sempre um paralelo da quadra com a sala de aula. Se a procura de um resultado melhor pode acontecer em um jogo, pode ocorrer no dia-a-dia dentro das classes. A escola onde foi realizada a pesquisa ficou satisfeita, e têm a lucrar com o estudo, mesmo que um só aluno continue com o mesmo desempenho do fechamento será positivo o resultado final. Durante toda a pesquisa houve oscilações muito fortes entre os objetivos, mais ao fim conclui-se que foram alcançados, e que se espera uma futura continuidade do presente estudo.

1608 REFERÊNCIAS AZEVEDO, Edson Souza e SHIGUNOV, Viktor. Reflexões sobre as Abordagens Pedagógicas em Educação Física. Mestrado em Educação Física CDS/UFSC, 2000. DANTAS, Estélio H. M. Pensando o corpo e o movimento. Rio de Janeiro: Shape, 1994. ESCOLA, TV. Salto para o Futuro, série "Educação Física na escola". 2001. GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. 2. ed. Campinas: Papirus, 1997. 195 p. (Coleção corpo e motricidade) MATTOS, Mauro Gomes, NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física Infantil: "Construindo o movimento na escola. Guarulhos, Editora Phorte 5ª edição, 2005. MURRAY, Edward James. Motivação e emoção. Rio de janeiro, Editora ZAHAR, 1967. OLIVEIRA, Amauri A. Bassoli. Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Vol. 8, nº 1, 1997. PAIM, M.C.C. Fatores motivacionais e desempenho no futebol. Revista de Educação Física/UEM. v.12, n.2, 2001. TRESCA, R.P.; DE ROSE JR, D. Estudo comparativo de motivação intrínseca em escolares praticantes e não praticantes de dança. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v.8, n.1, 2000. WINTERSTEIN, P.J. A motivação para a atividade física e para o esporte. DE ROSE JR et al (Org.). Esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed. 2002.. Motivação, educação e esporte. Revista Paulista de Educação Física. v.6, n.1, 1992.