LITERATURA INFANTIL: UM CAMINHO REPLETO DE POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM Alessandra Tiburski Fink Mestranda da UPF



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Transcrição:

LITERATURA INFANTIL: UM CAMINHO REPLETO DE POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM Alessandra Tiburski Fink Mestranda da UPF RESUMO Neste artigo, serão feitos alguns apontamentos sobre a literatura infantil e a sua importante contribuição para o processo de ensinoaprendizagem e a formação do leitor crítico em linhas interdisciplinares e transversais, que buscam a formação integral do educando, a prevenção de dificuldades de aprendizagem através de uma aprendizagem significativa, bem como uma educação de qualidade, tornando-se assim uma ferramenta indispensável tanto para o campo pedagógico quanto para o campo psicopedagógico pois ela é um elo de ligação entre as áreas do conhecimento, abre espaço para o educando conhecer o mundo, o homem e a si mesmo, e ainda, torna o espaço da sala de aula prazeroso e interessante para o aprender a aprender. Mas para que as possibilidades da literatura infantil se tornem possíveis, acredita-se que a escola precisa de um aprofundamento a cerca do assunto, mudança de postura metodológica e pedagógica e a coragem para ousar fazer diferente e mudar. Palavras-chaves: Literatura infantil Interdisciplinaridade Transversalidade 1 APRESENTAÇÃO A pesquisa: O ensino-aprendizagem e a formação do leitor a partir da literatura infantil deve-se às mudanças que vêm ocorrendo na educação e a grande preocupação que se acentua cada vez mais em formar o aluno integralmente, ou seja, um aluno preparado para a vida, autônomo, crítico, participativo e também realizado e feliz. Sendo assim, surgiu a necessidade de conhecer a literatura infantil e suas inúmeras possibilidades como parte integrante desse processo de formação, que através da sua transversalidade e interdisciplinaridade pode tornar-se lúdico, prazeroso e gratificante, contribuindo diretamente no processo de ensinoaprendizagem e na prevenção de dificuldades de aprendizagem. A referida pesquisa teve como objetivos, conhecer e compreender a literatura infantil, verificar a presença da sua ludicidade, seu vínculo curricular em linhas interdisciplinares e transversais a fim de perceber como essas relações podem

acontecer através dela dando início a formação do leitor crítico, analisar como é vista a literatura infantil na escola hoje e por fim fazer um retorno a uma das escolas envolvidas na pesquisa, visando através de uma orientação psicopedagógica construir junto aos professores um projeto interdisciplinar e transversal acerca da literatura infantil, bem como uma oficina literária com os alunos de pré a 4ª série e educação especial da referida escola que tivesse como fio condutor à aprendizagem significativa. Cabe ressaltar, que os objetivos mencionados foram buscados em fontes bibliográficas e através das observações feitas em sala de aula com alunos da 3ª série do ensino fundamental e também com questionários destinados a professores de 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino fundamental da rede estadual e particular de ensino do município de Frederico Westphalen, RS, perfazendo um total de cinco questionários respondidos. 2 ALGUMAS PALAVRAS SOBRE LITERATURA INFANTIL Sempre que se fala sobre literatura, se remete à extensão da arte, da cultura, da viagem por mundos conhecidos e desconhecidos, cheia de descobertas, e o encontro com o novo, com o belo, com a fantasia, com o prazer, com a emoção e a imaginação. Estes elementos é que ajudarão a criança na compreensão de si mesma, do homem, do meio que a cerca e mais tarde do mundo em que vive de forma prazerosa e gratificante, afirmando-se pessoalmente e construindo conhecimentos. A literatura infantil começa a ganhar espaço, a partir do século XVII, quando se começou a escrever para o público infantil e isto, toma proporções significativas, aparecendo de fato no século XVIII. A magia da literatura infantil começa a superar as resistências da condição mercadológica do livro, e a ganhar espaço através das traduções e adaptações estrangeiras como Cinderela e Chapeuzinho Vermelho de Charles Perrault, João e Maria, Rapunzel dos Irmãos Grimm e tantos outros como Cristian Andersen, Lewis Carrol, Collodi, Frank Baum... que fizeram da literatura infantil um mundo cheio de descobertas, de prazeres, emoções, arte e o começo de uma longa caminhada até o mundo mágico da leitura. No Brasil, entre tantos nomes importantes, a literatura infantil tem como marco principal, um nome, Monteiro Lobato, que dá início à produção literária brasileira

dedicada ao público infantil, pois acreditava que para haver mudanças na sociedade, era preciso formar a criança, o futuro desta sociedade, dedicando-se a isso de corpo e alma, dando assim, um novo rumo a literatura infantil brasileira, que precisava de uma linguagem diferenciada do leitor adulto, para que pudesse encantar, ensinar, fazer parte do mundo infantil, tornando-o especial e mais feliz. O que foi mencionado acima leva em consideração o caráter literário do livro infantil, o que é e tem que ser considerado mais importante, mas não se pode deixar de fazer referência ao seu caráter pedagógico, o que faz da literatura infantil um espaço de aprendizagem, pois uma vez que provoca emoções, dá prazer ou diverte, leva o leitor a ver o mundo com novos olhos, a imaginar, a sonhar e ainda como função educativa serve como agente de formação intelectual, cultural e social, contribuindo com a escola na formação integral do ser humano. COELHO, fazendo referência a esses aspectos diz que: Felizmente, para equilibrar a balança, há já uma produção infantil e juvenil de alto ou muito bom nível, que conseguiu, com rara felicidade equacionar os dois termos do problema: literatura pode divertir, dar prazer, emocionar... e que, ao mesmo tempo, ensina modos novos de ver o mundo, de viver, pensar, reagir, criar... (1997, p. 27). 3 ESCOLA X LITERATURA INFANTIL UMA INTERAÇÃO POSITIVA E NECESSÁRIA O termo interação sugere troca, fusão entre o que a escola precisa fazer e o que a literatura infantil pode oferecer para que o espaço da sala de aula se torne prazeroso e interessante. Num primeiro momento, pode-se dizer que a escola e a literatura propiciam um espaço para a criança refletir sobre sua condição pessoal, seus anseios, seus modos, suas emoções, seus conflitos, enfim o que possa fazer parte de seu mundo interior. Em seguida, servirá de suporte para entender o mundo, uma realidade, que para ela é ainda bastante distante e assustadora. A partir desse prisma, a pedagogia contribui com os ensinamentos e os conceitos da vida real e a literatura interage com ela, auxiliando para que a criança compreenda esta realidade, de forma que não precise esquecer o seu mundo particular e possa se dar ao prazer de poder sonhar, imaginar, brincar, sorrir com as

histórias, adquirindo assim o gosto pela leitura e o que esta pode lhe proporcionar, contribuindo diretamente para a sua aprendizagem e formação enquanto leitor crítico. Sendo assim, para GÓES: Educar é preparar para a vida, portanto é importante ajudar o jovem a obter maior clareza de mente e enriquecimento da sensibilidade. Além desse aspecto essencial, o desenvolvimento da leitura entre crianças resultará em um enriquecimento progressivo no campo dos valores morais, no campo racional, no da cultura e da linguagem. (1991, p. 28). É válido ressaltar que sem perder a sua essência estética, a literatura pode e deve ocupar um espaço privilegiado na sala de aula, tanto como componente interdisciplinar, transversal, recreativo, cultural e pedagógico, pois os livros, além de auxiliarem na aprendizagem do mundo, na formação do pensamento do leitor, o formam no gosto pela leitura. O gosto que o leva a querer viajar pelos mundos imaginários e reais das palavras e dos contextos, lhe dando total liberdade para interagir com o texto, fazendo da leitura um momento de descoberta, realização e aprendizagem. 4 SER UM LEITOR CRÍTICO É UM DIREITO DE CIDADANIA Nos dias atuais em que se vive, não é mais possível pensar que ler é meramente decodificar símbolos, o que na grande maioria das vezes, é o que os alunos fazem, lêem palavras, frases, parágrafos inteiros e quando se pergunta o que entenderam, não sabem o que responder, ou respondem algo, que não corresponde ao que está explicitado no texto. O que deve ser levado em conta é que um leitor crítico não nasce do dia para a noite, mas de um longo processo de ensino-aprendizagem que começa muito antes dele ingressar na escola e este aprendizado se estende no ambiente familiar, na relação com as pessoas, com as coisas e com o mundo, e se solidifica na escola. Este processo de formação do leitor crítico, passa por várias etapas, que são: 1- Pré-leitor, que se divide em duas fases: 1ª infância: dos 15/17 meses aos 3 anos aproximadamente. Fase da descoberta, do reconhecimento das coisas, das pessoas, do espaço que a cerca, começa a leitura do seu mundinho. 2ª infância:

entre 2 e 3 anos aproximadamente. Fase em que as imagens começam a dar significado às palavras, é capaz de contar através delas a sua história, adora ouvir histórias e tende a gostar da repetição. 2 Leitor-iniciante: 6/7 anos aproximadamente. Fase de idade escolar, onde a criança começa a ter contato com o código escrito e a iniciação à leitura. Gosta de livros com início, meio e fim e com gravuras, do lúdico e do que estimula a sua imaginação. 3 Leitor-em-processo: 8/9 anos aproximadamente. Fase voltada ao interesse pelo humor, pela fantasia, pela presença de imagem. Aqui, a criança começa a desenvolver operações mentais, levantar hipóteses e questionamentos frente ao texto lido, sendo importante à orientação do professor. 4 Leitor-fluente: 10/11 anos aproximadamente. Nesta fase o leitor apresenta total domínio da leitura, capaz de compreender e refletir sobre o texto, tem total confiança em si, dispensando a ajuda do adulto. 5 Leitor-crítico: 12/13 anos aproximadamente. Fase em que o leitor tem capacidade reflexiva e crítica, leitura seguida de posicionamento frente ao texto e total autonomia do ato de ler, fazendo relações com a realidade, sendo capaz de interagir com o texto. O esquema sugerido aqui mostra os passos da descoberta da leitura até o leitor crítico: 1. Conhecimento de si mesmo e dos outros. 7. Reflexão sobre o mundo apresentado no livro, seguido de posicionamento e atribuição de significado. 2. Conhecimento do mundo a sua volta. 3. Através do mundo imaginário contido na literatura contada p/ele. LEITURA 6. Reconhecimento do seu mundo através do mundo contido nos livros. 5. Associação das palavras com a imagem. 4. Motivação do ato de ler através do manuseio de livros e da magia contida neles.

5 INTERDISCIPLINARIDADE E SUA RELAÇÃO COM A LITERATURA A interdisciplinaridade possibilita a interação de saberes, a dialogicidade entre as áreas do conhecimento e leva ao exercício do pensar, relacionar e construir conhecimentos, contribuindo diretamente na formação integral do educando. Sendo assim, a literatura infantil é por natureza interdisciplinar porque conta à história dos homens, do mundo, abre as asas da imaginação e das descobertas, possibilita a reflexão sobre os valores, sobre o próprio pensar e a compreensão das coisas e dos novos conhecimentos, sem perder seu caráter estético enquanto manifestação da beleza e da arte. O esquema abaixo mostra as possibilidades da interdisciplinaridade: INTERDISCIPLINARIDADE Um meio ELO DE LIGAÇÃO Um incentivo Formação geral e profissional Para a pesquisa e a COMPREENDER investigação. Inter-relação de múltiplas e variadas experiências HOMEM Para o diálogo e a educação permanente. Novas descobertas e novos CONHECIMENTO conhecimentos Para a troca de vivências e conhecimentos. MUNDO

Prática dialógica (Esquema baseado no livro de FAZENDA, pg.32). Analisando o esquema apresentado acima, pode-se perceber que a interdisciplinaridade, não é algo que acontece separado do processo de ensinoaprendizagem, mas como um elo de ligação entre as áreas do conhecimento e a realidade, e contribui para que o homem compreenda-se e construa conhecimento, conseguindo assim compreender o mundo e interagir na realidade que o cerca. E dessa forma, ela se torna um meio e um incentivo: um meio para a formação geral e profissional, o que vai propiciar a inter-relação de múltiplas e variadas experiências e a abertura de caminhos para novas descobertas e novos conhecimentos; um incentivo para a pesquisa e a investigação, para o diálogo e a educação permanente, pois a interdisciplinaridade comprova que a aprendizagem se dá em todos os lugares e em todos os momentos da vida e com o diálogo referido, promove a troca de vivências e conhecimentos entre os pares, cumprindo assim, o seu papel enquanto prática dialógica. 6 UM OLHAR PARA A TRANSVERSALIDADE E SUAS POSSIBILIDADES ATRAVÉS DA LITERATURA INFANTIL A transversalidade referida nos PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais, visa contribuir para a formação integral do educando, para o debate de questões sociais e valores e para a construção do conhecimento e da cidadania, fazendo da leitura o seu foco central, vista como prática diária, acontecendo interdisciplinarmente entre as áreas do conhecimento e abrindo espaço para a discussão dos temas transversais presentes nos textos e obras, fazendo da literatura infantil uma aliada à prática pedagógica do educador. A interdisciplinaridade e a transversalidade andam juntas porque fazem acontecer à integração, a dialogicidade, a reflexão e a construção do conhecimento, fazendo da sala de aula um espaço para aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Espaço este que se torna mais completo e gratificante com a literatura infantil, pois a mesma propicia o conhecimento de si mesmo, dos homens e do mundo, de forma mágica e prazerosa, abrindo espaço para vivenciar descobertas, emoções, mundos diferentes, valores e ensinamentos

que ajudarão o educando a centrar-se no mundo e na sua realidade, sendo capaz de refletir com olhar crítico sobre as coisas e fatos, participar ativamente dos acontecimentos que o rodeia e perceber a ligação existente entre as áreas do conhecimento e com sua própria vida. 7 PRINCIPAIS RESULTADOS Dentre os resultados coletados através dos questionários destinados aos professores, a fim de verificar como a literatura infantil é vista na escola hoje, percebe-se que a escola reconhece a sua importante função em formar leitores críticos, que o processo desta formação é lento e precisa de atividades que envolvam questionamentos, posicionamentos, reflexões, confronto de idéias e opiniões frente ao texto lido, porém relatam que o trabalho com a leitura se dá em momentos especiais em sala de aula e na biblioteca, enquanto leitura individual. Acreditam também, que o gosto pela leitura se dá através da literatura infantil e começa muito antes da criança ingressar na escola e que a literatura infantil contribui no processo de ensino-aprendizagem e pode ser um componente interdisciplinar e transversal do currículo, mas em contrapartida colocam que a leitura continua sendo responsabilidade da área da linguagem. Desse modo, percebe-se que a escola reconhece as inúmeras possibilidades que a literatura oferece para o processo de ensino-aprendizagem e tem consciência da sua relevante função dialética, enquanto elo de ligação e propulsora dos conhecimentos ligados as outras áreas do conhecimento, bem como momento de reflexão dos valores, das questões éticas, culturais e sociais, no entanto o trabalho realizado na escola ainda é bastante tradicional, voltado à leitura livre e solitária, o que é importante também, mas só ela impede que a interdisciplinaridade e a transversalidade aconteçam, bem como o pleno desenvolvimento do leitor crítico e a construção do conhecimento, o que é ressaltado por FRANTZ:... Há, na verdade, grande distância entre o que a escola pensa e o que de fato ela faz ou consegue fazer a respeito da leitura e da formação do leitor. Muitas vezes o professor tem consciência disso tudo, mas se sente impotente, despreparado, sem recursos para fazer esse trabalho. (1998, p. 14 e 15).

Dando início a análise da observação feita com os alunos da 3ª série, percebe-se que eles apresentavam leitura mecânica, pouco reflexiva, não conseguiam demonstrar sua opinião e às vezes nem sintetizar as idéias principais do que foi lido. A escolha dos livros a serem lidos se dava através da ilustração, do tamanho e por último o assunto, mas apresentavam motivação e interesse pelo ato de ler. Ao dar início ao trabalho interdisciplinar com a literatura infantil, pode-se observar que as crianças apresentaram maior interesse e motivação pelas aulas, e as mesmas tornaram-se mais dinâmicas e alegres. Os alunos começaram a perceber a ligação da leitura com as outras áreas do conhecimento, vendo assim, maior importância e significado na leitura, que no decorrer do trabalho passou a ser mais reflexiva e os pontos de vistas começaram a aparecer. O relacionamento entre colegas e a professora melhorou, pois através da literatura infantil pode-se explorar valores e situações vivenciadas por eles no dia-a-dia e os livros escolhidos para leitura, passaram a ser aqueles com questões sociais, valores, temas transversais. 8 VIVÊNCIAS PSICOPEDAGÓGICAS: UM RETORNO À ESCOLA Pensar no processo ensino-aprendizagem hoje, que venha de encontro a uma educação transformadora, é imprescindível que se faça uma análise da instituição educativa como agente ativo deste processo. Esta análise sugere a pesquisa da realidade da escola, pesquisa esta, que não fique só no papel, nas entrelinhas das palavras escritas, mas que contribua para a reflexão e para o direcionamento de algumas ações pedagógicas em busca da melhoria do ensino. A partir deste ponto de vista, é que após a pesquisa realizada em torno da literatura infantil e sua contribuição para a formação do leitor e para o processo de ensino-aprendizagem, e dos conhecimentos adquiridos a esse respeito, bem como a certificação de suas reais possibilidades interdisciplinares e transversais neste processo e haja vista a necessidade levantada de preparar e orientar os professores para que estes se sintam capazes de lançar um olhar diferenciado para estas possibilidades, é que se fez a escolha de uma das escolas envolvidas no universo desta pesquisa, para que se desse um retorno dos resultados e conclusões obtidas sob um olhar e uma assessoria psicopedagógica, direcionando algumas práticas em prol de uma aprendizagem significativa e interessante, prevenindo o não surgimento

de dificuldades de aprendizagem, utilizando-se do lúdico e do vínculo curricular da literatura infantil. Neste sentido, considera-se relevante fazer alguns apontamentos sobre a psicopedagogia na instituição escolar e sua real contribuição para o processo de ensino-aprendizagem, a qual atua a partir de dois enfoques: um deles diz respeito à atuação psicopedagógica com grupos de alunos que manifestem dificuldades na escola, procurando por meio de ações e estratégias diferenciadas daquelas realizadas no espaço da sala de aula, reintegrá-los e readaptá-los ao ritmo escolar, respeitando suas necessidades e ritmos próprios, descobrindo e valorizando suas potencialidades, o que é referido por FERNÁNDEZ: A postura psicopedagógica que sustento é uma aposta para propiciar modalidades de aprendizagem que potencializem possibilidades singulares de cada pessoa, oferecendo-lhe espaços em que possa realizar experiências com ensinantes que favoreçam esse processo. (2001, p. 22). O outro enfoque, enquadrando-se neste o trabalho em questão, é a atuação psicopedagógica junto ao grupo de docentes da escola (professores, direção, orientadores, coordenadores...), prestando assessoria e trabalhando questões pertinentes ao planejamento de suas práticas, a fim de torná-las mais significativas, às relações vinculares entre professor-aluno e professor-professor, aos anseios e dúvidas do professor em relação às dificuldades de aprendizagem que seus alunos possam vir a apresentar, esclarecendo-as e motivando-os a refletir, questionar e ousar fazer diferente em suas práticas e até redefinir procedimentos pedagógicos, pois o psicopedagogo é um mediador entre aspectos estritamente relacionados à educação e à aprendizagem humana em seus contextos situacionais(souza 2002, p.03). A área da psicopedagogia vê a aprendizagem como um todo e como um processo e valendo-se do contexto interdisciplinar da psicopedagogia e das possibilidades de se realizar um trabalho interdisciplinar através da literatura infantil, iniciou-se as atividades psicopedagógicas de prevenção na escola, sendo esta uma escola estadual de ensino fundamental e médio, com uma palestra para professores de séries iniciais, apresentando todo o aporte teórico, bem como os resultados e conclusões da pesquisa, na qual a escola estava envolvida, a fim de orientá-los

acerca da contribuição da literatura infantil, estabelecendo pontes entre a teoria e a prática pesquisada. Após a palestra, se propôs a construção de um projeto interdisciplinar e transversal através da literatura infantil, que visasse preparar os professores de séries iniciais a trabalhar com a mesma e com a metodologia de projetos, explorando todas as áreas do conhecimento, tornando o aprender e o ensinar mais prazeroso e interessante tanto para o educando quanto para o educador, bem como proporcionar espaços concretos de construção do conhecimento, prevenindo possíveis dificuldades de aprendizagem ao longo do processo. Fez parte também das práticas psicopedagógicas na escola, a realização de uma oficina literária envolvendo os alunos da pré-escola à 4ª série do ensino fundamental, bem como a turma de educação especial, num total de 374 alunos, que puderam desfrutar momentos de alegria, prazer e fantasia, brincando e interagindo com as histórias, poesias, cantigas, adivinhas, quadrinhas e brincadeiras da boneca Emília, personagem de Monteiro Lobato, na qual a psicopedagoga estava caracterizada. Procurou-se através das práticas aqui explicitadas e realizadas durante o retorno à escola, auxiliar, orientar e motivar os professores a fazer da literatura infantil uma aliada ao seu trabalho e encorajá-los a abrirem as asas para a imaginação e desfrutarem do prazer que a magia da literatura pode proporcionar e se dar o direito de ser um eterno e feliz aprendente/ensinante, pois como vislumbra muito bem a canção de Gonzaguinha: Viver e não ter a vergonha de ser feliz cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita É bonita, é bonita e é bonita. 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando-se que atualmente, as reflexões, os debates e a busca por mudanças na área da educação vêm de encontro com a necessidade da escola formar cidadãos autônomos, críticos, participativos e responsáveis, que sejam capazes de atuar na sociedade em que vivem, contribuindo para que ela seja um

espaço de oportunidades para todos, bem como, um espaço justo e democrático, encontrou-se através desta pesquisa, um caminho: a literatura infantil como parte integrante de um processo de ensino-aprendizagem significativo e da formação do leitor crítico, pois se percebeu que a função primeira da escola para o verdadeiro exercício da cidadania, bem como a contribuição para a melhoria da qualidade do ensino e da vida dos educandos, perpassa pelo caminho da leitura, pois segundo FRANTZ (1998, pg.14): no mundo letrado em que vivemos a leitura é condição primeira, indispensável para o exercício da cidadania. Nesse sentido, tornou-se relevante verificar a relação existente entre a escola e a literatura infantil, permitindo concluir que ela ocupa um espaço privilegiado na sala de aula, pois trata de questões afetivas, psicológicas, sociais e culturais, oferecendo inúmeras possibilidades interdisciplinares e transversais, pois a literatura infantil, com todo seu ludismo, sua magia, aborda temas em suas obras que possibilitam a ligação com as outras áreas do conhecimento, levando a criança a conhecer através das personagens e dos mundos imaginários, o seu mundo, a ciência, as pessoas, os valores, os ensinamentos que vão nortear o seu desenvolvimento enquanto pessoa que pensa, que reflete e que interage com o seu tempo, fazendo do processo de ensino-aprendizagem um espaço para um aprender contextualizado e contínuo, e não fragmentos isolados, como se as áreas do conhecimento não tivessem ligação e comunicação, o que pode ser justificado por GADOTTI:... a integração do saber e a busca da sua totalidade são sempre uma totalização em construção, daí a necessidade do diálogo permanente. A perspectiva da interdisciplinaridade casa-se muito bem com a pedagogia do diálogo de Paulo Freire. ( 2000, p. 223). Porém, nem tudo são flores, pois ao longo da pesquisa através dos depoimentos dos professores questionados, percebeu-se que a escola ainda não está preparada para fazer da literatura infantil um componente curricular, ela reconhece as suas inúmeras possibilidades interdisciplinares e transversais, bem como a sua importante contribuição na formação de leitores críticos, mas ainda, privilegia a literatura infantil como leitura livre, leitura na biblioteca e responsabilidade da área de linguagem, raras são às vezes que promovem atividades artísticas com

ela, não possibilitando a exploração das outras áreas do conhecimento através de suas obras, perdendo a oportunidade de fazer de sua sala de aula um espaço agradável, prazeroso e gratificante, que possibilite a construção do conhecimento. Diante deste quadro, a necessidade de retornar a escola e auxiliar os professores frente à necessidade de ajudá-los a trabalhar e explorar as possibilidades da literatura infantil, fez-se relevante neste momento. O auxílio à necessidade levantada é oriundo de ações e estratégias psicopedagógicas, pois acredita-se que a literatura infantil é também um importante suporte para a atuação psicopedagógica no que diz respeito ao aprender a aprender, a prevenção e tratamento de dificuldades de aprendizagem e a re-significação das práticas pedagógicas, buscando os caminhos entre o desejo e o não desejo de aprender, articulando a teoria e a prática a fim de encontrar novas possibilidades para tornar o processo de ensino-aprendizagem significativo e interessante, tanto para o educando como para o educador, procurando estabelecer vínculos positivos de aprendizagem. Portanto, a atuação psicopedagógica aliada a grande contribuição da literatura infantil, toma sentido na criação de condições, juntamente com os professores envolvidos na construção do projeto, para que a aprendizagem da leitura, da escrita, bem como das outras áreas do conhecimento aconteça de maneira eficaz, prazerosa e significativa. Esta se deu a partir da busca da melhoria do processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo um trabalho integrado professor-psicopedagogo-escola no sentido de contribuir para a prática educativa, apresentando bons resultados e progressos que vieram de encontro com os anseios dos professores e ao mesmo tempo despertou neles a necessidade de um trabalho integrado e em equipe, que garanta o desenvolvimento do aluno como agente ativo e não apenas como um mero receptor. Também foi possível comprovar durante o trabalho na Instituição Escolar, através da oficina literária com a boneca Emília, que a escola tem muitos caminhos a serem descobertos e trilhados, mas que para isso, é preciso parar, refletir, lançar um olhar atento para as possibilidades de aprendizagem, que às vezes estão em segredo, escondidas nas entrelinhas de uma poesia, de uma história ou até mesmo de uma palavra. Para que este olhar e uma mudança aconteçam é preciso que o professor esteja preparado e comprometido, para que a partir de seus conhecimentos e de sua concepção teórica, consiga articular a prática e a teoria com

as mensagens presentes nas obras infantis e fazer delas a porta do mundo mágico da leitura e do aprender a aprender, motivando a todos, a serem eternos e felizes aprendentes/ensinantes.... quem um dia não ouviu histórias como Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, Cinderela e não se maravilhou com sua magia, sentiu medo, sonhou com a princesa ou com o príncipe encantado? Sonhar, sentir medo, alegrias, emoções, faz parte da vida de cada um de nós. Portanto, a literatura infantil auxilia a criança a lidar com seus medos, emoções, ajudando-a a compreender a si mesma, ao outro e o mundo em que vive, desenvolvendo sua imaginação e pensamento a partir de um mundo que é só dela, o mundo das histórias. Desta forma, a literatura infantil convida a todo educador a vê-la e a sentí-la como um dos caminhos para o processo de construção do conhecimento, que precisa ser aventurado, trilhado e descoberto, pois são inúmeras as possibilidades do seu percurso. (ALESSANDRA TIBURSKI FINK, 2003). 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Apresentação dos temas transversais, ética/secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. COELHO, Nelly Novaes. A literatura infantil: história, teoria, análise. 4ª ed. São Paulo: Quíron, 1987. FAZENDA, Ivani Catarina A. Interdisciplinaridade Um projeto em parceria. São Paulo: Edições Loyola, 1991. FERNÀNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. FRANTZ, Maria Helena Zancan. O ensino da literatura nas séries iniciais. 2ª ed. Ijuí: Editora Unijuí, 1998. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. GÓES, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura infantil e juvenil. 2ª ed. São Paulo: Pioneira, 1991. SILVA, Cecília Almeida e. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. SOUZA, Antônio Vital Menezes de Souza. Pensar/agir/intervir numa abordagem complexa: atuação profissional em psicopedagogia. Capturado em 07 de mar de 2003. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 2ª ed. São Paulo: Global Editora, 1982.