Áudio Descrição em Televisão: uma perspetiva de evolução em Portugal

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Transcrição:

Áudio Descrição em Televisão: uma perspetiva de evolução em Portugal Rita Oliveira Resumo Apesar dos avanços efetuados nos serviços de áudio descrição (AD) para televisão em alguns países, estes podem ainda ser alvo de um conjunto de melhorias, com vista a responderem de forma mais eficiente às necessidades dos utilizadores com deficiência visual (UDV). Paralelamente, as atuais infraestruturas de distribuição de televisão apresentam potencialidades tecnológicas que oferecem oportunidades atrativas para a implementação de serviços de áudio descrição com funcionalidades avançadas. Em Portugal, apesar do recente processo de transição para a Televisão Digital Terrestre (TDT) estar concluído, o serviço público de áudio descrição existente é, ainda, analógico e emitido via rádio, pelo que o desenvolvimento de um serviço avançado interativo, acedido diretamente através do televisor, poderá oferecer uma experiência televisiva aos UDV mais completa e adequada às suas especificidades. Neste contexto, este artigo apresenta um levantamento dos serviços de áudio descrição para televisão existentes em vários países que, conjuntamente com um estudo de campo já realizado, nos permite apresentar uma proposta de um serviço interativo de áudio descrição, projetado para o cenário televisivo português, e que vai para além da mera narração do conteúdo televisivo. 1. Introdução Segundo os Censos 2001, 6,1% da população portuguesa (cerca de 650 mil pessoas) possui algum tipo de deficiência, sendo que a maior expressão é a deficiência visual com 1,6% (cerca de 170 mil) (INE, 2002). Para além destes dados, acresce o facto dos cidadãos com necessidades especiais continuarem vulneráveis ao fenómeno da infoexclusão, apesar da crescente democratização das tecnologias de informação e comunicação. Neste cenário, torna-se fundamental criar estratégias que promovam a inclusão e o aumento da literacia digital e das capacidades de participação destes cidadãos em diferentes domínios. No que diz respeito ao domínio da Televisão, esta tem, ao longo dos últimos anos, sido alvo de importantes desenvolvimentos, 1

nomeadamente no que respeita à integração de serviços interativos, que têm potenciado alterações no comportamento dos telespetadores. No entanto, os serviços interativos televisivos (itv) envolvem, geralmente, uma forte componente visual (é necessário ler instruções no ecrã e selecionar opções com o comando televisivo), dificultando a experiência de interação de utilizadores idosos e com deficiência visual. Em resultado, para além dos problemas no acesso ao conteúdo televisivo, estes utilizadores possuem dificuldades acrescidas ou podem mesmo ficar impossibilitados de aceder e utilizar serviços itv. É neste contexto que se desenha a pertinência de investigar princípios de acessibilidade, usabilidade e de design de interação ajustados ao desenvolvimento destes serviços. Atualmente, no que diz respeito à acessibilidade aos conteúdos televisivos, as estações portuguesas são obrigadas, por lei, a assegurar o complemento da emissão de uma parte da programação televisiva através de meios auxiliares de comunicação (áudio descrição, legendagem e interpretação gestual). No que diz respeito à áudio descrição, os serviços de programas generalistas de acesso não condicionado livre deverão garantir uma hora e trinta minutos semanais de programas de ficção ou documentários com áudio descrição (ERC, 2009). A recente transição para a TDT em Portugal mostrava-se como uma importante oportunidade para o aperfeiçoamento destes meios de comunicação, tornando-os digitais e até mesmo interativos. No entanto, essa mudança não ocorreu e o serviço de áudio descrição público continua a ser transmitido via rádio, analogicamente. Neste cenário e considerando que os serviços itv podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida de utilizadores com necessidades especiais, continua a existir uma janela de oportunidade para otimizar o serviço de áudio descrição público português, integrando-o num contexto digital e interativo. Desta modo, o presente artigo apresenta uma investigação ligada ao Design Universal aplicado à itv, sendo o seu principal objetivo a concetualização, prototipagem e validação do modelo de interação de um serviço de áudio descrição com funcionalidades avançadas, que responda às necessidades dos UDV. Na próxima secção é descrita a áudio descrição como meio de comunicação televisivo, dando a conhecer a sua utilização em Portugal e noutros países. De seguida são descritos vários serviços de áudio descrição televisivos digitais que existem, nomeadamente, no Reino Unido e em Espanha. Após esta delineação do estado da arte em relação à áudio descrição, é apresentado o processo de investigação realizado, 2

seguido da descrição do protótipo, enunciando os seus requisitos funcionais e técnicos, bem como as funcionalidades que o integram. 2. Áudio Descrição em Televisão A áudio descrição, sendo uma técnica flexível, é suscetível de aplicação em vários espaços e contextos, apenas sendo necessário adequar os métodos e as tecnologias às caraterísticas e especificidades desse espaço/contexto. Por esse motivo são várias as modalidades de áudio descrição que existem (para televisão, teatro, cinema, etc.). No âmbito deste trabalho é apenas focada a modalidade de áudio descrição em televisão. Genericamente, a áudio descrição em televisão baseia-se numa faixa de áudio que é adicionada à transmissão televisiva e que descreve verbalmente o que acontece no ecrã (Godinho, 2007). O principal objetivo deste meio auxiliar de comunicação é apoiar os espetadores cegos ou com baixa visão no acompanhamento dos programas televisivos. Na áudio descrição, as cenas e imagens que surgem no ecrã são relatadas por um narrador alternadamente com as falas das personagens, permitindo o acompanhamento total da narrativa audiovisual. A áudio descrição é efetuada entre as falas e em sincronia com outras informações subjacentes à narrativa: expressões faciais, indumentária e ambiente. Desta forma, esta técnica de apoio não se sobrepõe ao conteúdo sonoro, mas opera com este no sentido de propiciar o melhor entendimento de uma cena (Figura 1). Figura 1 Representação da áudio descrição da série de ficção Conta-me como Foi 2.1 Em Portugal Em Portugal, o primeiro programa a ser transmitido por áudio descrição foi o filme Menina da Rádio, emitido pela RTP 1, no final do ano de 2003 (Quico, 2005). 3

Atualmente, e para que seja possível ter acesso ao serviço é necessário sintonizar a Onda Média da Antena 1. Em termos práticos, o modelo subjacente a esta técnica consiste na utilização de uma frequência de rádio que suporta a emissão televisiva. Deste modo, o programa é transmitido normalmente através da televisão e a descrição das cenas e imagens é transmitida, em simultâneo, pela rádio, sendo necessário dispor dos dois equipamentos. Atualmente, os telespetadores cegos ou com deficiências visuais podem acompanhar as emissões de televisão de algumas séries ficcionais portuguesas com áudio descrição através da Onda Média da Antena 1 (RTP, 2012). Em dezembro de 2004, foi lançado o serviço de áudio descrição da ZON, em parceria com os canais Lusomundo (atual TVCine) (Quico, 2005). Este foi o primeiro (e até ao momento, o único) serviço destinado a pessoas com necessidades especiais difundido por um operador de televisão digital a nível nacional. O processo de áudio descrição da ZON consiste numa narração adicional à banda sonora da narrativa audiovisual. Para aceder a este serviço os clientes da ZON devem pressionar a tecla verde do comando da Set-Top Box (STB) e premir OK na opção Áudio descrição (ZON, 2010). Para voltar a ver o programa sem áudio descrição, o utilizador deverá escolher a opção Sem áudio descrição que está presente no ecrã e pressionar OK. Como não é fornecida qualquer informação adicional ou aviso sonoro, a interação com este serviço por UDV fica dificultada. Em 2010, a ZON contava já com mais 180 exibições de filmes com áudio descrição (cerca de 2 a 3 filmes por mês desde 2004). No que diz respeito às soluções IPTV disponíveis em Portugal, nenhuma delas fornece um serviço de áudio descrição. 2.2 A Áudio Descrição Noutros Países 2.2.1 Brasil No Brasil alguns websites disponibilizam séries e pequenos filmes áudio descritos que passam igualmente na televisão. A oferta de programas televisivos com áudio descrição no Brasil ainda é reduzida. Uma das razões para que tal aconteça pode estar relacionada com a regulamentação legal para a áudio descrição na Televisão no Brasil ter acontecido há relativamente pouco tempo (Portal Brasil, 2011). Atualmente, as estações televisivas de sinal aberto são obrigadas a transmitir pelo menos duas horas semanais de programas com áudio descrição. A 4

transmissão destes programas é suportada por um canal secundário que necessita de ser ativado pelo telespetador (Portal Brasil, 2011). 2.2.2 Espanha Em Espanha, a indústria de radiodifusão ainda não produz e emite de forma regular e com um compromisso de continuidade programas com áudio descrição. Inicialmente desenvolveram-se experiências através da transmissão televisiva de filmes e em simultâneo da transmissão via rádio de uma faixa de áudio descrição; no entanto, a existência de problemas de cobertura e sincronização fez com que esta solução fosse abandonada. Assim, a solução atualmente adotada é a emissão de programas áudio descritos através de um canal áudio secundário analógico (Aristia, 2012); ou seja, no canal áudio regular transmite-se a banda sonora do programa e num canal secundário transmite-se a faixa de áudio descrição. Pese embora a existência de motivos de ordem técnica para o impedimento da transmissão digital deste serviço, a RTVE emitiu no ano de 2004 cerca de 224 horas de conteúdos áudio descritos e existe um guia de boas práticas aprovado legalmente para a elaboração e a implementação da áudio descrição (SETSI, 2005). 2.2.3 Dinamarca A Dinamarca efetuou o switch-off da transmissão televisiva analógica em 2009, possuindo, atualmente, apenas o sistema de transmissão digital. A estação televisiva DR (Danmarks Radio) fornece o serviço de áudio descrição desde 2008. A áudio descrição das narrativas audiovisuais é disponibilizada num canal temporário exclusivo (o DR synstolkning) (DR, 2012). O canal só está disponível durante a transmissão do programa com áudio descrição, tanto via TDT como via cabo (através da operadora YouSee). De sublinhar que este país possui também um canal exclusivo para a interpretação gestual da programação noticiosa dos canais DR e TV2. 2.2.4 Reino Unido O Reino Unido é o país com o mercado de áudio descrição mais desenvolvido e regulamentado. Para além disso, todas as estações de televisão são legalmente obrigadas a transmitir uma percentagem da sua programação com recurso à áudio descrição. Apesar de não existirem normas legalmente estabelecidas para a criação e implementação de áudio descrição no Reino Unido, existem algumas orientações 5

fornecidas pela entidade reguladora da Comunicação do país, a Ofcom (The Office of Communications), que são geralmente cumpridas pelas estações televisivas. Atualmente, no Reino Unido, existem cerca de quarenta modelos de televisores (com conversor de sinal digital integrado), bem como várias STB e gravadores compatíveis com áudio descrição, os quais são direcionados para as três plataformas de televisão digital: terrestre, cabo e satélite (Ricability, 2010). Nas operadoras Sky (satélite) e Virgin Media (cabo), a áudio descrição é combinada com a narrativa através de um canal de áudio, sendo apenas necessário alterar algumas configurações no televisor. 2.2.5 E.U.A. Nos E.U.A., a áudio descrição foi inicialmente fornecida através de um serviço na televisão analógica chamado Second Audio Program (SAP) (ADP, 2010). Ao ativar o SAP, a partir do telecomando, o telespetador poderia receber um canal áudio secundário que substituía o canal áudio por defeito. Com a introdução da Televisão Digital por cabo e satélite foi designado um canal áudio para o fornecimento do serviço de áudio descrição; no entanto eram raros os fornecedores de Televisão Digital que disponibilizavam programas com áudio descrição. Com a transição para a Televisão Digital Terrestre, e consequente switch off do sinal analógico, em junho de 2009, a receção do serviço de áudio descrição foi significativamente afetada, devido à falta de iniciativa por parte da indústria televisiva (estações de televisão, fabricantes de STB, etc.) em criar condições de acesso ao canal áudio designado pela FCC (Federal Communications Commission) para a transmissão da áudio descrição (ADP, 2010). Deste modo, apesar do sistema digital permitir oito canais de áudio em simultâneo, e um deles estar especificamente dirigido para a áudio descrição, a industria televisiva não concordou com a sua utilização. Devido a estas razões, as estações não disponibilizam programas com áudio descrição e não estão à venda equipamentos com a capacidade de difusão do canal. 3. Serviços de Áudio Descrição Televisivos Digitais Apesar de existir uma aposta forte, especialmente por parte do Reino Unido, em tornar a Televisão acessível a UDV, ainda são poucos os serviços de áudio descrição digitais. Nesta secção são abordados alguns desses serviços, nomeadamente soluções existentes no Reino Unido e em Espanha. De notar que estes serviços foram usados como uma 6

referência no processo de desenvolvimento de algumas das funcionalidades do protótipo proposto. 3.1 Sky Audio Description Os assinantes da solução de TV comercial por satélite Sky podem aceder às listagens de todos os programas com áudio descrição para os 7 dias seguintes no website da Sky ou, em alternativa, podem contactar a empresa via correio postal ou via e-mail para requer essas mesmas listagens. Outra forma para saber que programas utilizam áudio descrição é através do serviço Audio Narrative Beep que permite aos utilizadores invisuais identificarem claramente quando uma faixa de áudio descrição se encontra disponível para o programa que está a ser transmitido no momento (Sky, 2009). Os utilizadores do serviço TV Sky podem ainda configurar a áudio descrição para uso permanente ou temporário; no entanto, para efetuar esta ação os utilizadores necessitam de lidar com uma grande quantidade de informação visual em diferentes ecrãs e os passos que são necessários seguir diferem de STB para STB. 3.2 Smart Talks A Smart talks é uma STB que lê ao utilizador todas as informações presentes no ecrã, incluindo guias de programação e menus, através de um sistema de síntese de discurso 1. Esta STB foi concetualizada e desenvolvida em conjunto com o RNIB (Royal National Institute of Blind People) para fornecer às pessoas, com deficiência visual, o acesso sem condicionamentos aos canais Freeview (empresa britânica que fornece canais free-to-air na Televisão Digital) (RNIB, 2010a). Como é sabido, a áudio descrição não se encontra disponível em todos os programas e por esse motivo com a Smart Talks os utilizadores podem perceber se ela se encontra disponível através da barra de programação, onde a palavra AD é mostrada. Para além disso, os utilizadores podem ouvir a informação acerca do programa que estão a ver pressionando apenas a tecla info do comando TV. Outra forma de aceder à informação de um determinado programa é através da barra de programação: para tal é necessário pressionar a tecla info no canal pretendido. Este serviço de áudio descrição não está ligado por defeito, sendo necessário configurar a sua ativação/desativação: para isso os utilizadores devem pressionar a tecla AD no 1 Estes sistemas envolvem a conversão de texto em voz humana artificial, através de motores Text-To-Speech (TTS). 7

comando TV (RNIB, 2010b). Para além desta opção, os utilizadores podem também aceder a preferências relacionadas com a ativação da áudio descrição (Figura2). Figura 2 Primeiro ecrã do menu de opções da STB Smart Talks 3.3 Sky Talker A set-top box Sky Talker (Sky, 2011) é direcionada para a transmissão TV por satélite e, tal como acontece com a Smart Talks, efetua a leitura automática da informação textual que se encontra no ecrã. A Sky Talker vocaliza a área de pesquisa, as sinopses dos programes e as funcionalidades de controlo da emissão (início, pausa, para à frente e para trás). O equipamento é compatível com as boxes Sky+ e Sky Digi, para que os clientes possam continuar a utilizar os serviços existentes sem ter que aprender a usar uma nova interface. 3.4 IDTVOS A STB IDTVOS (Granadino e Cendón, 2012), projetada e desenvolvida em Espanha, foi concebida tendo em conta as necessidades dos UDV; no entanto não foi ainda lançada no mercado. Todo o equipamento pode ser controlado por voz e no sistema estão incluídos menus e um EPG que minimizam as dificuldades visuais através de um maior contraste e maior tamanho do texto. O equipamento está disponível em duas versões (SD e HD) e ambas contam com funções de gravação e serviços de acesso condicionado. Para além disso, no equipamento HD, está disponível o acesso a áudio descrição e a um comando TV virtual acedido através da Internet, o que se torna vantajoso no caso de deficiências físicas. 8

3.5 iplayer A estação televisiva BBC disponibiliza o serviço iplayer para o fornecimento de programas televisivos e de rádio através de streaming (BBC, 2012). Esse serviço pode ser acedido através de diferentes dispositivos (PC, smartphone, etc). Os programas ficam geralmente disponíveis no serviço durante sete dias após a transmissão na TV ou na rádio. Além disso, o serviço inclui vídeos de programas com áudio descrição, legendas e língua gestual, no entanto, apenas acedidos através do PC. Para ter acesso a estes conteúdos o utilizador necessita de navegar até ao website do iplayer (http://www.bbc.co.uk/iplayer/) e escolher uma de duas opções: i) visualizar os conteúdos diretamente no website ou ii) fazer download da aplicação iplayer Desktop para que possa transferir os conteúdos para o seu computador pessoal (onde ficam disponíveis durante mais tempo, 30 dias). 4. Processo de Investigação A investigação do trabalho aqui descrito dividiu-se em três etapas. Na primeira etapa foram identificadas as dificuldades e necessidades dos UDV enquanto consumidores de conteúdos televisivos e serviços de áudio descrição. Na etapa intermédia foi concetualizado e prototipado um sistema de áudio descrição interativo. Relativamente à terceira etapa, esta contempla o teste e a avaliação do modelo de interação prototipado, por parte de um grupo de UDV. Na primeira etapa o processo de investigação baseou-se na Teoria Fundamentada nos Dados (Glaser e Strauss, 1967) para que na sua conclusão se obtivessem dados expressivos e suficientes para determinar as dificuldades e necessidades dos UDV enquanto consumidores de conteúdos televisivos (numa primeira fase) e de serviços de áudio descrição (numa segunda fase). Nas próximas secções é descrito o processo de investigação que guiou esta primeira etapa. 4.1 Primeira Etapa (fase 1) Na primeira fase foram aplicados inquéritos por entrevista a um grupo de UDV. Esta amostra foi selecionada aleatoriamente a partir de utentes da consulta de baixa visão do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa, com o auxílio de um médico oftalmologista. No total, 20 sujeitos com deficiência visual aceitaram ser entrevistados; 10 deles eram cegos e os restantes 10 tinham baixa visão (desde utentes quase cegos a utentes que fazem uso de óculos para aumentar a sua acuidade visual). 9

O inquérito por entrevista foi de tipo semiestruturado e tinha como principal objetivo recolher as opiniões dos sujeitos acerca das suas práticas de visionamento televisivo, nomeadamente no que respeita a potenciais problemas e à sua experiência televisiva em termos de acesso e uso. Este tipo de entrevista foi escolhida não só para facilitar o processamento dos dados, como também para dar aos entrevistados alguma liberdade nas suas respostas. O guião da entrevista era composto por 31 questões organizadas em quatro partes: Parte 1 Dados Gerais; Parte 2 Padrões de Consumo Televisivos e Áudio Descrição; Parte 3 Problemas de Acesso Televisivo; Parte 4 Televisão Digital Terrestre e Televisão Interativa. Os principais resultados desta entrevista foram obtidos quando os participantes referiram as suas dificuldades enquanto consumidores televisivos e como estes problemas poderiam ser resolvidos. Em resultado, foi solicitado a cada entrevistado que sugerisse soluções para esses problemas, sendo apontadas as seguintes soluções (Gráfico 1): i) implementação de programas com áudio descrição; ii) possibilidade de alterar a velocidade com que a informação áudio é transmitida; iii) ampliação das legendas; iv) possibilidade de modificar o contraste da emissão TV e das legendas; e, por fim, v) dobragem de programas. Gráfico 1 Soluções referidas pelos entrevistados para os problemas que experienciam 4.2 Primeira Etapa (fase2) quando assistem TV Na segunda fase da primeira etapa de investigação foram selecionados 6 sujeitos com deficiência visual para serem entrevistados, com o objetivo de avaliar o serviço público português de áudio descrição. Visto que na fase anterior se despendeu bastante tempo 10

nas entrevistas face a face (devido à imprevisibilidade do número de consultas em cada dia e da aceitação dos utentes em efetuar a entrevista), optou-se por realizar estas entrevistas por telefone. Em relação à caracterização da amostra, 4 participantes eram cegos e os restantes 2 tinham baixa visão. De referir que todos eles já tinham integrado a amostra da fase anterior. Em termos práticos o contacto com os participantes dividia-se em duas fases. Numa primeira fase era solicitado a cada um que, no Domingo seguinte ao contacto, assistisse a um episódio da série Conta-me como foi da RTP 1, através de áudio descrição. Depois da aceitação do participante, a investigadora explicava resumidamente os passos que deveriam seguir para aceder a este serviço. Na segunda-feira seguinte foram colocadas ao participante questões relacionadas com a sua experiência de interação com o serviço de áudio descrição da RTP 1. O guião da entrevista era composto por 12 questões, sendo organizadas em 3 partes: Parte1 Dados Gerais; Parte II Influência da Entrevista Anterior; Parte III Experiência de Interação. Os principais resultados desta fase foram obtidos quando foi perguntado aos participantes quais eram as suas maiores dificuldades ao interagir com o serviço de áudio descrição. Por conseguinte, foi proposto a cada sujeito que fornecesse sugestões para melhorar e aperfeiçoar o sistema. Os participantes referiram 3 grandes soluções (Gráfico2): i) melhoramento da qualidade do sinal rádio; ii) uso da onda FM regular em vez da onda AM, evitando a necessidade de mudar de banda no rádio; e iii) transmissão da áudio descrição através do televisor, anulando o uso do rádio. Gráfico 2 Sugestões referidas pelos entrevistados para melhorar o serviço público português de áudio descrição 11

5. Protótipo Os resultados obtidos na primeira etapa de investigação, bem como a realização de uma entrevista a um perito responsável pelo processo de transição para a TDT em Portugal e a revisão da literatura que foi efetuada sobre princípios de design no desenvolvimento de interfaces para aplicações itv dirigidos a UDV, permitiram a concetualização de um serviço de áudio descrição IPTV e a sua prototipagem baseada num conjunto de requisitos funcionais e técnicos previamente identificados. 5.1 Requisitos funcionais Áudio Descrição: Deverá ser possível a disponibilização de áudio descrições de narrativas audiovisuais, sincronizadas com o conteúdo televisivo. Parametrização da Áudio Descrição: O utilizador poderá escolher a voz do narrador da áudio descrição (p. ex.: feminina ou masculina) e o seu idioma. Para além disso, o utilizador poderá ajustar o balanço entre a áudio descrição e o som original, bem como ajustar a sua velocidade. Personalização do EPG: O sistema deverá conseguir identificar e filtrar os programas com áudio descrição no EPG, oferecendo ao utilizador a possibilidade de formar os seus favoritos. Adaptabilidade Visual: O sistema deverá permitir ao utilizador o ajuste do aspeto dos menus e do conteúdo televisivo, nomeadamente através da modificação do tamanho da fonte, da área, do brilho e do contraste dos menus e da dimensão do conteúdo televisivo. Ajuda Sonora à Interação: A ajuda sonora deverá estar presente sempre que o utilizador aceda aos menus e consulta o EPG. Deverá também existir um alerta sonoro quando um programa com áudio descrição comece ou em programas do seu interesse. Para além disso, é importante que, em qualquer lugar, o utilizador possa aceder a uma ajuda contextual, que permita receber informação sobre onde está, o que pode fazer e como sair. 12

Identificação Automática do Utilizador: O sistema deverá ser capaz de identificar o utilizador automaticamente. Consequentemente, quando o utilizador é identificado, as suas preferências deverão ser carregadas e o sistema deverá ajustar-se a elas. 5.2 Requisitos técnicos e funcionalidades Em relação aos requisitos técnicos, o protótipo desenvolvido corre sobre a principal infraestrutura comercial IPTV em Portugal, que se baseia na framework Microsoft Mediaroom Presentation. O protótipo foi desenvolvido com recurso à linguagem de programação C#, compilado no software Microsoft Visual Studio através da framework.net e, por fim, executado a partir de um servidor, permitindo que a aplicação fosse acedida através de uma STB IPTV (Figura 3). Figura 3 Arquitetura de Sistema do Protótipo As funcionalidades do protótipo vão para além de um serviço regular de áudio descrição, já que se pretende otimizar a interface do utilizador e melhorar a sua experiência de utilização, facilitando a sua interação com o serviço. Devido a questões temporais e técnicas, não foi possível implementar na totalidade todas as 13

funcionalidades. Apesar desse facto essas funcionalidades estarão simuladas no protótipo, para que o utilizador tenha uma ideia geral do conceito. Funcionalidades Implementadas: Áudio Descrição (AD) (suportada por uma faixa áudio adicional) Avisos sonoros de AD (para que o utilizador saiba quando um programa com áudio descrição se inicia) Ajuste do volume da AD (independente do som do programa televisivo) Feedback auditivo (quando o utilizador: i) acede às diferentes opções através do menu; ii) acede ao painel de instruções; e iii) muda de canal) Ajuda Contextual (sempre presente e acessível através de uma tecla específica) Ajuste do tamanho de letra dos menus (possibilidade de aumentar ou diminuir através de tamanhos preestabelecidos) Seleção do esquema de cores (possibilidade de escolha entre diferentes modos) (Figura 4) Figura 4 Ilustração dos Passos para Aceder à Funcionalidade para a Mudança do Esquema de Cores Funcionalidades Simuladas: Guia de programação com a indicação textual da existência de programas com AD Seleção da voz da AD (masculina ou feminina) 14

Ajuste do tamanho de letra das legendas (possibilidade de aumentar ou diminuir) Leitura das legendas (através de um motor text-to-speech) Acesso a programas favoritos áudio descritos e legendados (através de uma lista pessoal criada pelo utilizador) Identificação automática do utilizador (o sistema ajusta-se às preferências do utilizador - tamanho de letra dos menus, esquema de cores, etc - previamente estabelecidas) Para além das funcionalidades propostas, foram igualmente considerados alguns melhoramentos ao nível do serviço IPTV que poderiam otimizar a experiência de uso deste tipo de utilizadores, sendo descritos de seguida. Aplicação de feedback auditivo quando o utilizador: acede à descrição do programa que está a ver no momento e/ou o seguinte (pressionando as teclas direita/esquerda do comando); efetua uma pausa do conteúdo TV; efetua uma gravação. Criação de versões adaptadas dos serviços de: Gravações; Videoclube (programas áudio descritos e legendados); Rádios. 6. Conclusões e Trabalho Futuro A infoinclusão de pessoas com deficiência é cada vez mais uma realidade. No entanto, é necessário criar mais mecanismos e ferramentas para igualar as oportunidades de participação deste tipo de cidadãos na sociedade. Ao longo dos últimos anos, são vários os projetos de investigação que se focalizam no design orientado para a produção de sistemas de acesso universal, os quais partilham o mesmo objetivo, a consideração das necessidades especiais e a variedade de contextos de utilização de diferentes grupos de utilizadores. Com esta investigação pretendemos apresentar um contributo para esta área, pois pretende-se desenvolver um sistema de acesso universal que tem como principais objetivos: i) contribuir para o desenvolvimento de estratégias de design 15

universal nos modelos de interação para itv; e ii) promover a inclusão digital dos consumidores televisivos com deficiência visual num contexto de IPTV. No que diz respeito ao trabalho futuro, serão efetuados os testes e a avaliação do protótipo com a ajuda de um grupo de UDV, com o objetivo de perceber se este serviço vai ao encontro das necessidades deste tipo de utilizadores. Para isso, serão realizados testes de usabilidade e de acessibilidade através de observação direta, sendo complementados com entrevistas semiestruturadas. 7. Referências Aristia (2012): Audiodescripcion.com Tecnologias aplicadas, Aristia Website, [url]: http://www.audiodescripcion.com/tecnologias.html (28-07-2012). BBC (2012): BBC iplayer TV Audio Described, BBC Website, [url]: http://www.bbc.co.uk/iplayer/tv/categories/audiodescribed (28-07-2012). Danmarks Radio (DR) (2012): Synstolkning, Danmarks Radio Hjemmeside, [url]: http://www.dr.dk/omdr/tilgaengelighed/synstolkning/synstolkning.htm (28-07- 2012). Digital TV Consumer Test Reports (Ricability) (2010): Audio Description, Ricability Website, [url]: http://www.ricability-digitaltv.org.uk/pages/going-digital/audiodescription.htm (28-07-2012). ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) (2009): Deliberação 5/OUT- TV/2009, Portal ERC, [url]: http://www.erc.pt/download/ytoyontzojg6imzpy2hlaxjvijtzojm5oijtzwrpys9kz WNpc29lcy9vYmplY3RvX29mZmxpbmUvMTM3Ni5wZGYiO3M6NjoidGl0dWxvIjt zojizoijkzwxpymvyywnhby01b3v0lxr2mjawosi7fq==/deliberacao-5outtv2009 (28-07-2012). Glaser, B. e Strauss, A. (1967): The discovery of Grounded Theory: strategies for qualitative research, Aldine: Chicago. Godinho, F. (2007): Acessibilidade para cidadãos com necessidades especiais nos regulamentos da televisão digital terrestre em Portugal, CERTIC: UTAD. 16

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