DENGUE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO RESIDENCIAL PALACE SÃO FRANCISCO, SENADOR CANEDO (GO).



Documentos relacionados
TÍTULO:A NECESSIDADE DE CONSCIENTIZAÇÃO NA LUTA CONTRA A DENGUE.

E. E. DR. JOÃO PONCE DE ARRUDA DENGUE: RESPONSABILIDADE DE TODOS RIBAS DO RIO PARDO/MS

OBSERVAÇÃO DOS CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DA POPULAÇÃO, DE UMA MICROÁREA DE UM BAIRRO DO RECIFE-PE SOBRE DENGUE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMEÇA NA ESCOLA: COMO O LIXO VIRA BRINQUEDO NA REDE PÚBLICA EM JUAZEIRO DO NORTE, NO SEMIÁRIDO CEARENSE

PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES DENGUE

UMA PROPOSTA DE DRAMATIZAÇÃO PARA ABORDAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO ENSINO MÉDIO

Palavras- chave: Vigilância epidemiológica, Dengue, Enfermagem

Apresentação. O que é Dengue Clássica?

TÍTULO: PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS

PROJETO DE REDUÇÃO DOS RESÍDUOS INFECTANTES NAS UTI S DO HOSPITAL ESTADUAL DE DIADEMA

ESCOLA MUNICIPAL DE PERÍODO INTEGRAL IRMÃ MARIA TAMBOSI

UMA CAMPANHA EDUCATIVA CONTRA A DENGUE REALIZADA NO RESIDENCIAL PALACE SÃO FRANCISCO DE SENADOR CANEDO (GO).

Taxa de incidência da dengue, Brasil e regiões,

Viva Rio lança trabalho socioambiental que contempla Nova Friburgo

Moradores denunciam demora no combate à dengue no ABC

Dengue uma grande ameaça. Mudanças climáticas, chuvas e lixo fazem doença avançar.

DE SUSTENTABILIDADE ÁGUA/LIXO ÁGUA/LIXO E CONSUMO E CONSUMO CONSCIENTE CONSCIENTE

INFORME SEMANAL DE DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA

Para impedir a propagação da dengue, você deve primeiramente impedir a reprodução de seu transmissor, o mosquito Aedes aegypti.

Aqui o Mosquito da Dengue não entra!

Prof.ª Rosana Chagas. Elaboração da Situação de Aprendizagem MGME- CIÊNCIAS

Faculdade de Direito Ipatinga Núcleo de Investigação Científica e Extensão NICE Coordenadoria de Extensão. Identificação da Ação Proposta

TERCEIRA IDADE - CONSTRUINDO SABERES SOBRE SEUS DIREITOS PARA UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Mostra de Projetos Coleta Seletiva Capacitação de Gestores Escolares

Comemoração da 1ª semana de Meio Ambiente do Município de Chuvisca/RS

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA DENGUE NO MUNICÍPIO DE TAMBOARA - PR, PERÍODO DE 2012 A 2014

CONCEITOS E MÉTODOS PARA GESTÃO DE SAÚDE POPULACIONAL

RESÍDUOS COMO ALTERNATIVA DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL

IMPLANTAÇÃO DE HORTAS SUSPENSAS DE GARRAFAS PET COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA MUNICIPAL ROBERTO SIMOSEN-PB

FACEMA SUSTENTÁVEL: Incorporação de educação ambiental na IES: Pedro Augusto da Silva Soares

PRODUTO FINAL ASSOCIADA A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Jardim Escola Aladdin

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

SMSA divulga resultado do LIRAa de Outubro de 2015

QUALIFICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DE PROFESSORES DAS UNIDADES DE ENSINO NA ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS FORMAIS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE NAS UNIDADES DE SAÚDE

NUPE NÚCLEO DE PESQUISA E EXTENSÃO PROJETO DE EXTENÇÃO UNIVERSITÁRIA FEUC SOLIDÁRIA 2008 COMBATE À AIDS: UM DEVER DE TODOS

Plano de Ação do Agente Comunitário de Saúde para combate ao Aedes aegypti

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL COM ESTUDANTES ORIUNDOS DA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE PELOTAS

ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM GONÇALVES LEDO

Projeto Barro Preto em Ação

PALAVRAS-CHAVE: Mortalidade Infantil. Epidemiologia dos Serviços de Saúde. Causas de Morte.

O ENSINO DA GEOGRAFIA NA INTERFACE DA PEDAGOGIA DE PROJETOS SOCIOAMBIENTAIS E DO MACROCAMPO INTEGRAÇÃO CURRICULAR.

CONCURSO SOCIOAMBIENTAL FENABB2011 RECURSOS SÓLIDOS RECICLAR E PRECISO. Baturité-CECidade-UF

ENSINO DE QUÍMICA: VIVÊNCIA DOCENTE E ESTUDO DA RECICLAGEM COMO TEMA TRANSVERSAL

TÍTULO: ALUNOS DE MEDICINA CAPACITAM AGENTES COMUNITÁRIOS NO OBAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESPAÇOS PÚBLICOS: PRESERVAÇÃO DE PRAÇAS

Clipping Eletrônico Domingo dia 26/10/2014

III - PERCEPÇÃO DA LIMPEZA PÚBLICA PELA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DO NATAL

Mostra de Projetos Projeto do LIXO ao LUXO

O TEMIDO MOSQUITO Aedes aegypti.

Secretaria Municipal de meio Ambiente

Trabalhos selecionados

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E B A U R U E s t a d o d e S ã o P a u l o S E C R E T A R I A D A E D U C A Ç Ã O

Revisão Participativa dos Instrumentos de Planejamento e Gestão da Cidade de São Paulo Volume 1

Programa de Desenvolvimento Local PRODEL. Programa de Extensão Institucional

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

CURSO: GESTÃO AMBIENTAL

Art. 3º - Para fins de coletas, fica definido por região as seguintes. I Região do Picerno, primeira semana do mês de Outubro;

APRESENTAÇÃO. Foto 1: Imagem aérea da Ilha de Santa Catarina

11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ANOS INICIAIS: UMA PERSPECTIVA INTERGERACIONAL

Plano da Intervenção

2014: ANO ESTADUAL DA ÁGUA NO AMAPÁ

Curso sobre a Gestão de resíduos sólidos urbanos

Prevenção e conscientização é a solução. Ciências e Biologia

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo.

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS.

ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS

DESENVOLVIMENTO DE GRUPO TERAPÊUTICO SOBRE RECICLAGEM DE MATERIAL DESCARTÁVEL NO CAPS CAMINHAR COMO ESTRATÉGIA EDUCATIVA EM SAÚDE MENTAL

SITUAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO DO BAIRRO KIDÉ, JUAZEIRO/BA: UM ESTUDO DE CASO NO ÂMBITO DO PET CONEXÕES DE SABERES SANEAMENTO AMBIENTAL

Secretaria de Estado da Saúde

IV EDIPE Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino 2011 A IMPORTÂNCIA DAS ARTES NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

Trabalho em Equipe e Educação Permanente para o SUS: A Experiência do CDG-SUS-MT. Fátima Ticianel CDG-SUS/UFMT/ISC-NDS

NÚCLEO DE TECNOLOGIA MUNICIPAL DE MARECHAL CANDIDO RONDON. Curso: Introdução à Educação Digital. Cursista: Kátia Janaína Frichs cotica

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS - FAN CEUNSP SALTO /SP CURSO DE TECNOLOGIA EM MARKETING TRABALHO INTERDISCIPLINAR

TODOS CONTRA O A PREVENÇÃO É A MELHOR SOLUÇÃO

Programa de Educação e Valorização da Água

DENGUE e DENGUE HEMORRÁGICO

Ser humano e saúde / vida e ambiente. Voltadas para procedimentos e atitudes. Voltadas para os conteúdos

CONSIDERAÇÕES SOBRE A EXPERIMENTAÇÃO DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO

Jacqueline Rogéria Bringhenti Patricia Dornelas Bassani Manuela Mantovanelli da Mota

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Ensino ativo para uma aprendizagem ativa: Eu quero saber fazer. Karina Grace Ferreira de Oliveira CREFITO F FADBA

ESCOLA MUNICIPAL MARIA DO CARMO ORECHIO

PROJETO IMPACTO AMBIENTAL ZERO APRESENTAÇÃO

Daniela Campioto Cyrilo Lima*, Emanuela Matos Granja*, Fabio Giordano **

Meio Ambiente PROJETOS CULTURAIS. 4 0 a O - fu dame tal. Cuidar da vida também é coisa de criança. Justificativa

MINISTÉRIO PÚBLICO PELA EDUCAÇÃO - MPEDUC ESCOLA COM PARTICIPAÇÃO

Meio ambiente conforme o Dicionário Aurélio é aquilo que cerca ou envolve os seres vivos ou as coisas.

Estudo de caso: Projeto Reciclart

PUBLICO ESCOLAR QUE VISITA OS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE MANAUS DURANTE A SEMANA DO MEIO AMBIENTE

Relatório de Sustentabilidade 2014

PEDAGOGIA EM AÇÃO: O USO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COMO ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

Mostra de Projetos Projeto Coleta de Materiais Recicláveis - 8 Jeitos de Mudar o Mundo - Nós podemos Rancho Alegre!

CONTROLE DA DENGUE EM BANDEIRANTES, PARANÁ: IMPORTÂNCIA DA CONTINUIDADE

Transcrição:

Goiânia/GO 19 a 22/11/2012 DENGUE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO RESIDENCIAL PALACE SÃO FRANCISCO, SENADOR CANEDO (GO). Kássia Bispo Pereira Bogado Graduanda em Gestão Ambiental pela Faculdade de Tecnologia Senac Goiás Julio Heber de Oliveira, Ana Beatriz Teixeira Email do Autor Principal: kassiabispopereira@hotmail.com RESUMO A criação deste artigo se deu após a criação e execução do projeto que buscou a conscientização da população sobre os perigos da dengue no Residencial Palace São Francisco. O bem estar e a saúde são um direito de toda sociedade, e com esse projeto de educação ambiental, buscamos valorizar o meio ambiente, a saúde, propondo pequenas mudanças ao longo de processo educativo com a implantação da educação ambiental envolvendo as crianças e adultos do Residencial. Buscou-se trabalhar a área do conhecimento, entendimento e percepção das crianças, de forma que o aprendizado seja ampliado e contínuo. Abordou-se a reciclagem de produtos, que podem ser possíveis criadouros para a proliferação do vetor, como meios de brinquedos, entretenimento, aprendizado para a população que ali reside. Buscou-se proporcionar pequenas mudanças de hábitos ao longo desse projeto, tornando-se hábito saudável ao seu dia a dia, utilizando o reaproveitamento, reciclagem e a redução de materiais utilizados. As principais atividades desenvolvidas dentro da comunidade foram a de envolver o trabalho de educação ambiental, conhecimento, informações, esclarecimentos e prevenção. A reciclagem de resíduos foi outra maneira encontrada para desenvolver no residencial o artesanato manual e oficinas de reciclagem. Como resultados desta proposta desenvolvida no Residencial Palace São Francisco obtivemos a perspectiva de mudanças de hábitos da população. PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental, Dengue, Reciclagem. INTRODUÇÃO Os problemas ambientais se tornam cada vez mais visíveis, afetando a saúde do homem e do meio ambiente. No entanto, observa-se a escassez de programas e campanhas de educação ambiental abordem de forma contínua, o caso da dengue. Acredita-se que para se ter uma boa repercussão com a sensibilização das pessoas deve-se intensificar campanhas preventivas contra a dengue através dos meios de comunicações. Isso porque se entende que a solução para amenizar-se desta crise, que as sociedades vivem a conscientização da população para o combate à doença. Este artigo relata os resultados da proposta de educação ambiental realizada no Residencial Palace São Francisco em Senador Canedo (GO), que faz parte de um projeto maior, que teve o intuito promover mudanças de hábitos e de atitudes sobre o combate a dengue e seu vetor, o mosquito Aedes aegypti, aplicada sob a temática Dengue e Educação Ambiental. Como as pessoas que vivem do residencial são de baixa renda e tem pouca informação sobre o combate da doença, o objetivo principal deste estudo foi levar informações à população para o combate ao vetor e a prevenção, promovendo a conscientização dos moradores do residencial e do seu entorno a desenvolver hábitos e ações preventivas e educativas no combate aos focos do vetor transmissor da doença. Entende-se que este projeto foi de grande importância tanto para a comunidade quanto para os acadêmicos, pois pode colocar em prática a teoria aprendida no curso de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia SENAC Goiás. Este artigo é apresentado em cinco partes além desta introdução. A primeira é a caracterização e localização da área de estudo; na segunda parte é realizada uma breve revisão da literatura; na terceira parte são detalhados os procedimentos metodológicos; na quarta parte são descritos e discutidos os resultados da proposta educativa implantada, enquanto na quinta e última parte são apresentadas as considerações finais deste estudo. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

Goiânia/GO - 19 a 22/11/2012 CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O Residencial Palace São Francisco está localizado na zona urbana de Senador Canedo, GO entre os setores Vila Bom Sucesso, Jardim Todos os Santos, Vila Santa Rosa, Chácara Vale das Brisas, Setor Paraíso (Figura 1). O local é servido de iluminação pública, linha de transporte coletivo próximo, pavimentação asfáltica, água tratada, rede telefônica e coleta de lixo três vezes por semana (SEINFRA, SENADOR CANEDO, 2012). Figura 1: Localização do Residencial Palace São Francisco. Fonte: Google Earth ; Autores do Trabalho. O Residencial Palace São Francisco foi construído para a população de baixa renda com 282 residências populares e possui cerca de 1250 residentes (SEINFRA, 2012). O residencial é todo cercado por alambrado, portanto os lotes não podem ser fechados com muros na frente, somente nos fundos, conforme a figura 2. Isso ajuda no desenvolvimento da educação ambiental porque sendo abertas as frentes das residências, os próprios moradores e vizinhos colaboram uns com os outros no controle de focos da dengue recolhendo tampinhas jogadas nas portas, garrafas pet, vasos de plantas e os lixos domésticos dispostos irregularmente para a coleta. Figura 2 Rua interna do Residencial Palace São Francisco. Fonte: Autores do Trabalho. 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Goiânia/GO 19 a 22/11/2012 REFERENCIAL TEÓRICO Será descrito nesta parte uma breve revisão da literatura sobre a educação ambiental e o combate e prevenção da Dengue, temas que apoiam este estudo. A trajetória da educação ambiental na legislação brasileira apresenta a necessidade de generalizar essa prática educativa por toda a sociedade. A Constituição Federal de 1988 elevou o status do direito a educação ambiental, essencial para a qualidade de vida ambiental, cabe ao estado o dever de incentivar e instigar a educação ambiental a todos os níveis de estudo e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (Art. 225, inciso VI). A definição de educação ambiental está evidenciada no artigo 1 da Lei n 9.795/99 como processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem como uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida, deixando como responsável individual, o ser humano. A educação ambiental é uma ferramenta para o desafio dos problemas ambientais, capaz de contribuir com as mudanças e transformações sociais e incluir os diversos sistemas sociais, como consta no Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), (BRASIL, 1999). Para que as mudanças culturais aconteçam é necessário promover mudanças nos desejos e na forma das pessoas de ver a realidade a fim de promover a conscientização das pessoas, como espera prover o PRONEA (BRASIL, 1999) e neste projeto de Educação Ambiental de combate e prevenção da dengue no Residencial São Francisco. Dengue é uma doença febril aguda caracterizada, em sua forma clássica, por dores musculares, fortes dores na cabeça e articulares intensas e em, sua forma mais perigosa a hemorrágica, sangramento na boca e gengivas, confusão mental, vômito intenso, conforme a figura 3, que demonstra com mais detalhes os sintomas de cada uma em particular. Figura 3: Sintomas da Dengue. Fonte: dengue.org.br. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

Goiânia/GO - 19 a 22/11/2012 Tem como agente um arbovírus do gênero Flavivírus da família Flaviviridae. Trata-se, caracteristicamente, de enfermidade de áreas tropicais e subtropicais, onde as condições do ambiente favorecem o desenvolvimento dos vetores. Várias espécies de mosquitos do gênero Aedes podem servir como transmissores do vírus do dengue. No Brasil, duas delas estão hoje instaladas: Aedes aegypti e Aedes albopictus (FUNASA, 2001). No Brasil, há referências de epidemias por dengue desde 1923, em Niterói (RJ), sem confirmação laboratorial. A primeira epidemia com confirmação laboratorial foi em 1982, em Boa Vista (RR), sendo isolados os vírus DEN-1 e DEN-4. A partir de 1986, em vários Estados da Federação, epidemias de dengue clássico têm ocorrido, com isolamento de vírus DEN-1 e DEN-2 (FUNASA, 2001). A aprendizagem na escola sobre o combate e a prevenção da doença e seu vetor, ainda assim não é o suficiente, mas já é um excelente aprendizado para o ganho do conhecimento, para que, fora da escola se passe para a fase de tornar um multiplicador desse conhecimento, como nos colegas da rua onde mora e em sua casa, servindo de instrutor e exemplo para a família. Desde 1998 foi detectada a resistência do mosquito ao inseticida organofosfato (OP), em grandes cidades como Rio de Janeiro e Fortaleza. Portanto, esta estratégia não é sustentável e, em longo prazo, irá prejudicar o meio ambiente (AUGUSTO, 1998; 2000). Assim, novas abordagens devem ser identificadas. O controle do vetor está relacionado com a gerência do meio ambiente e deve abranger não somente o setor saúde, mas também, outros setores públicos e da sociedade (PENNA, 2003). PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os principais sintomas da dengue, independente da classe e tipo da dengue são febre, cefaléia e dores pelo corpo. O tratamento para a dengue é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sem custo algum para a população, mesmo que a pessoa infectada procure uma rede de saúde particular em busca de tratamento, a mesma deve procurar a rede pública de saúde, para que seja feita uma triagem para dados estatísticos para os órgãos públicos de saúde fazerem o monitoramento e o controle da doença e do vetor. O projeto envolveu pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo para coleta de dados para a elaboração de diagnóstico e, posteriormente, a construção da proposta educativa. Para tanto foram realizadas duas visitas in loco para observação e aplicação de entrevistas com os adultos. Pelo fato do bairro ser novo e ter um alto índice de pessoas contaminadas pelo mosquito da dengue, decidiu-se por fazer uma entrevista individual, em cada residência, sobre a dengue, os tipos de dengue, os sintomas e se alguém da família já tinha adquirido a dengue (Figura 4). Figura 4: Aplicação do Questionário no Residencial São Francisco. Fonte: Autores do Trabalho. 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Goiânia/GO 19 a 22/11/2012 Isso permitiu a identificação da temática a ser tratada na proposta, bem como decidir as estratégias a serem utilizadas de acordo com as necessidades da comunidade. Foram entrevistadas 95 pessoas, uma de cada residência, onde o foco foi a entrevista para os adultos. Após a entrevista individual, os dados foram tratados e gerados gráficos mostrando os resultados da entrevista e, assim, decidiu-se fazer a oficina para as crianças e a oficina de produtos reciclados para adultos e crianças. Planejou-se executar a proposta em duas partes, a primeira no dia 19 de maio de 2012, quando se realizou a entrevista e foram entregues os folders sobre como combater a dengue e, posteriormente, fazer uma dramatização sobre o assunto e, ainda, convidar os moradores a participar da oficina de recicláveis no dia posterior às 10:00 horas. Optou-se por fazer uma oficina, com as crianças, de produtos reciclados pelo fato do residencial estar num bairro carente e por ter muitas crianças que ficam sozinhas em casa por muito tempo. Sem opção de lazer durante o dia, pensou-se em aliar o intuito de promover a conscientização com a realização da oficina de produtos recicláveis para ocupar o tempo dessas crianças. Na oficina, as crianças poderiam recolher os lixos que acumulam água, como a garrafa pet, pneus, entre outros, e transformá-los em brinquedos para poder brincar. Pelo fato do residencial ser um bairro muito carente e por ter muitas crianças que permanecem por muito tempo sozinhas em casa, decidiu-se que nesta atividade elas poderiam recolher os lixos que acumulam água e transformar em brinquedos para brincar, exercer sua criatividade, trabalho em grupo e se divertir. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por se tratar de um projeto extenso, o mesmo foi executado em duas partes: sendo a primeira, no sábado, com a distribuição de cartilhas fornecidas pelo Ministério da Saúde, panfletos sobre a dengue abordando prevenções e combate ao vetor, doados pela Secretaria Municipal de Saúde de Senador Canedo. Os moradores puderam fazer perguntas e tirar dúvidas sobre a dengue com os pesquisadores. Foram feitas entregas de panfletos sobre como combater o vetor e a prevenção da dengue e, posteriormente, o convite para a população participar no domingo da oficina de recicláveis. O teatro e a entrega de informações impressas são o foco deste artigo (primeira fase) e a segunda fase terá outro artigo que vem a ser juntado ao mesmo, da oficina de recicláveis (segunda fase). Começamos o roteiro de entrevistas, perguntando aos 95 moradores se tiveram alguma informação sobre a dengue, 68% dos entrevistados disseram que haviam tido algum tipo de informação. Detectou-se que parte das informações obtidas, pelos moradores foram por meio dos agentes de saúde e de outras fontes. No figura 5, observa-se que 59% dos moradores entrevistados disseram ter algum conhecido que já teve dengue. Figura 5: Índice sobre algum conhecido teve Dengue. Fonte: Autores do Trabalho. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5

Goiânia/GO - 19 a 22/11/2012 Sobre o mosquito transmissor, os moradores responderam várias perguntas de grande importância para o reconhecimento e hábitos do mosquito. Na figura 6, apenas 5% dos entrevistados não reconhecem o mosquito, em contra partida, 76% reconhecem o vetor pelas cores. De acordo com a figura 7, a maior parte dos entrevistados, 48% disseram que somente a fêmea (que transmite o vírus) pica as pessoas. Quase 50% dos entrevistados disseram que o mosquito somente pica durante o dia (raramente pica a noite) e 2% não souberam responder. Figura 6: Como reconhecer o mosquito. Fonte: Autores. Figura 7: Índice sobre hábitos do mosquito. Segundo os dados levantados, para a maioria (47%), o mosquito, vetor da doença, tem sua vida inteira, entre 30 e 45 dias. Sabe-se que neste tempo, o mosquito pode contaminar até 300 pessoas (CIVES, 2007) (Figura 8). De acordo com a pergunta Uma pessoa com dengue deve buscar tratamento? 65% dos moradores responderam que devem buscar tratamento médico e o restante disse que não era preciso buscar tratamento. Quanto tempo vive o Aedes Aegypti? Não sabe 14% 30 a 45 dias 47% 15 a 20 dias 39% Figura 8: Índice de tempo de vida do Mosquito Foi perguntado onde uma pessoa com suspeita de dengue deve buscar tratamento? Na figura 9, observa-se que em 40% das respostas a população respondeu que deveria procurar tratamento no Pronto Socorro (PS) mais próximo de sua residência, já que o PS funciona 24 horas e 37% responderam buscar tratamento no PSF, pois, funciona somente durante o dia. E 22% disseram que vão ao Hospital de Doenças Tropicais (HDT), depois de passar pelo PS e serem encaminhados de acordo com a gravidade da doença. A resposta da população sobre os principais sintomas foram: 95% responderam febre, dor de cabeça e vômito e 5% disseram tontura, confusão e ataque cardíaco (Figura 10). 6 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Goiânia/GO 19 a 22/11/2012 Onde uma pessoa com suspeita de dengue deve procurar tratamento? HDT 22% Pronto Socorro 40% Outros 1% PSF 37% Você sabe quais os principais sintomas? Tontura, confusão e ataque cardíaco 5% Outros 0% Febre, dor de cabeça e vômito 95% Figura 9: Índice de busca do local de tratamento. Figura 10: Índice dos principais sintomas da dengue. Sobre prevenção, perguntou-se: Você sabe como o mosquito se desenvolve? Com lixo acumulado no quintal a responderam 25%; 73% responderam água parada e 2% responderam em outros lugares, como mostra a figura 11. Você sabe como o mosquito da dengue se desenvolve? Outros 2% Com água parada 73% Com lixo acumulado no quintal 25% Figura 11: Índice de como o mosquito se desenvolve. Fonte: Autores do Trabalho. Perguntou a população se faziam algum tipo de prevenção para não criar o mosquito da dengue, de acordo com a figura12, 57%, dos entrevistados disseram que faziam alguma prevenção e 43% responderam que não faziam nenhuma prevenção(figura 12). E quando abordados se era importante se prevenir contra a dengue, 95% dos entrevistados disseram que prevenir contra a dengue era importante. (Figura 13) Você faz alguma prevenção para não criar o mosquito da dengue? Não 43% Sim 57% Você acha importante se prevenir contra a dengue? Não 5% Sim 95% Figura 12: Índice de prevenção contra a dengue. Figura 13: Índice de importância da prevenção. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 7

Goiânia/GO - 19 a 22/11/2012 IMPLANTAÇÃO DA PROPOSTA Neste artigo são relatadas apenas as ações do primeiro dia, ou seja, da primeira fase da proposta, no sábado dia 19 de maio de 2012, realizada das 15:00 às 18:30 horas, quando aconteceram as visitas de casa em casa para conhecer o local por meio da observação sistemática. Chegando à residência para fazer a encenação teatral (Figura 14, 15, 16, 17 e 18) o personagem do mosquito perguntava se havia água parada, lixo acumulado, vaso de plantas para ele poder entrar e acomodar-se ali. Esta foi a estratégia para mostrar para a população a roupa do personagem do mosquito, suas cores e o modelo. Outros membros da equipe de pesquisadores distribuíram informações sobre a dengue, entregando cartilhas e panfletos com informações sobre o combate ao vetor, prevenção da dengue e convidando as crianças a participar da oficina de arte com produtos recicláveis no domingo dia 20 de maio às 10:00 horas, onde estariam presente o personagem do mosquito e a criança para abordar sobre o assunto. Figura 14: Encenação do teatro sobre a Dengue. Figura 15: Encenação do mosquito nas casas. A população recebeu a equipe de educadores com muita atenção, mostrando-se disposta a participar das ações. Demonstraram estar satisfeitos pela escolha do residencial para implantação da proposta, pedindo que fossem oferecidas mais atividades, tanto para os adultos como para as crianças. Figura 16: Encenação do teatro. Figura 17: Entrega de cartilha e panfletos. 8 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Goiânia/GO 19 a 22/11/2012 Figura18: Encenação do teatro, convite para as oficinas e entrega de cartilhas e folders. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através deste estudo ficou clara a importância de explorar temas ligados à educação ambiental e saúde, uma vez que a comunidade do residencial é de baixa renda, porém contam com o agente de saúde do bairro. Este artigo contribui no desenvolvimento da educação ambiental no residencial, pois os próprios moradores e vizinhos colaboram uns com os outros no controle de focos da dengue, recolhendo garrafas pet, copos descartáveis jogados nas portas de suas residências, dentre outras atitudes. Nos dias que foram feitos o teatro e a oficina, observou-se que as crianças puderam ter mais informações de forma mais divertida e educativa, transformando garrafas pet em peças de decoração para elas mesmas ou decorar a casa. Os resultados e objetivos traçados foram positivos, pois trabalhar com crianças permite um grande aproveitamento, pois as mesmas se entregam ao conhecimento e se interessam em procurar mais informações. As oficinas proporcionaram maior reaproveitamento daquilo que iria para o lixo. Para os pesquisadores, houve uma grande expectativa e aprendizado para a continuidade do projeto das oficinas com as crianças. Levando-se em conta o uso de materiais que podem acumular água, o desenvolvimento do projeto foi importante, pois valoriza o meio ambiente e proporciona a todos mais conhecimento e modifica comportamentos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta realizada teve sucesso porque conseguiu-se ter atenção da população, e o ambiente foi favorável ao desenvolvimento oportuno na aplicação de conceito de Educação Ambiental. Através da pesquisa desenvolvida foi possível observar que os problemas ambientais e sociais contribuem de forma considerável para o aparecimento da doença. O melhor método para se combater essa doença é evitando a procriação do vetor. Dessa forma, ainda se faz necessário o desenvolvimento de campanhas de conscientização, com divulgação dos índices de contaminação e mortes em decorrência da doença para ver se as pessoas mudam de atitude e deixam de lado os hábitos que contribuem para a degradação ambiental e o consequente aparecimento de doenças, como a dengue. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 9

Goiânia/GO - 19 a 22/11/2012 Enquanto a população achar que as questões ambientais são de responsabilidade dos outros e não mudar seu comportamento, as doenças provenientes de problemas ambientais continuarão a aparecer e, a cada ano, mais pessoas serão infectadas pelo mosquito da dengue, podendo até mesmo perder suas vidas, sendo que pequenos hábitos poderiam reverter essa situação. Diante dos resultados obtidos na aplicação deste projeto entende-se que ao apresentar as informações sobre Educação Ambiental voltada para o combate ao vetor e prevenção da doença, buscou-se auxiliar na instrução instigando a sensibilidade do público alvo. Com isso ficou notório para os componentes da equipe de pesquisadores da Faculdade SENAC a importância da interação entre pesquisadores e comunidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Augusto, L.G.S.; Novaes, T.C.P.; Abrahão, C.E.C.; Pavão, C.A. Souza, A.C. Avaliação crítica do programa de erradicação do Aedes aegypti: contribuições técnicas para medidas de controle. Revista IMIP, v.14, n. 1, p. 90-97, 2000. 2. Augusto, L.G.S.; Novaes, T.C.P.; Torres, J.P.M.; Costa, A.M.; Pontes, C.A. Programa de erradicação do Aedes aegypti: inócuo e perigoso (e ainda perdulário). Cadernos de Saúde Pública, v.14, n. 4, p. 876-877, 1998. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: manual de enfermagem adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 48 p. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Dengue: Instrução para pessoal de combate ao vetor: manual de normas técnicas. - 3. Ed. rev. - Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), 2001. 6. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Controle da Dengue (PCND), instituído em 24 de Julho de 2002. Brasília, julho de 2002. 7. LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm >. Acesso em: 11 jun. 2012. 8. Penna, M.L.F. Um desafio para a saúde pública brasileira: o controle da dengue. Cadernos de Saúde Pública, v.19, n. 1, p. 305-309, jan-fev. 2003. 9. SITE DA DENGUE. Tudo que você precisa saber sobre a dengue. Brasília, 05 abr. 2011. Disponível em: <http://www.dengue.org.br/index.html>. Acessado em: 02 jun. 2012. 10. Ministério da Saúde. CIVES: Centro de Informação dos viajantes UFRJ. Manual OPAS 1978 Informe Oficial. Disponível em: http://www.combateadengue.com.br/dengue-hemorragica-precaucoes-com-omosquito/#ixzz1yz5ul2ez> Acessado em: 22 jun. 2012. 10 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais