Qualidade da água e contaminantes em amêijoas da Ria Formosa



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Transcrição:

QUASUS - Qualidade Ambiental e Sustentabilidade dos Recursos da Ria Formosa Qualidade da água e contaminantes em amêijoas da Ria Formosa Carlos Vale, Maria João Botelho, Florbela Soares, Domitília Matias e Miguel Caetano

QUASUS - Qualidade Ambiental e Sustentabilidade dos Recursos da Ria Formosa Questões relacionadas com a Qualidade Após o tratamento dos efluentes urbanos as condições ambientais da Ria Formosa mudaram? Nutrientes e Produção primária Toxinas marinhas em bivalves Contaminantes químicos acumulados na amêijoas

Nutrientes e Produção primária QUASUS - Qualidade Ambiental e Sustentabilidade dos Recursos da Ria Formosa Fontes difusas e efluentes Ria Formosa Trocas com o mar Consumo na coluna de água Trocas com o sedimento

Clorofila (ug/l) DIN (um) Fosfato (um) Variação de nutrientes e clorofila a nos viveiros QUASUS - Qualidade Ambiental e Sustentabilidade dos Recursos da Ria Formosa 25 20 15 Baixa-mar Preia-mar 1.0 0.5 Baixa-mar Preia-mar Variação Sazonal: Nutrientes: decréscimo na Primavera Clorofila a: aumento na Primavera 10 5 0 A B C A B C A B C A B C A B C Novembro Dezembro Março Agosto Outubro 0.0 A B C A B C A B C A B C A B C Novembro Dezembro Março Agosto Outubro Variação com a maré: Nutrientes: aumento na baixa-mar Clorofila a: aumento na baixa-mar 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Baixa-mar Preia-mar A B C A B C A B C A B C A B C Novembro Dezembro Março Agosto Outubro Conclusões: Decréscimo de nutrientes na Primavera pelo consumo do plâncton Escorrências de nutrientes e clorofila do intertidal com a vasante

Razão Azoto:Fósforo (N/P) QUASUS - Qualidade Ambiental e Sustentabilidade dos Recursos da Ria Formosa O que significa a razão Azoto:Fósforo? Alga a crescer precisa 16 partes de Azoto Razão Redfield (dieta ideal para algas) 1 parte de Fósforo

DIN/P ratio (molar) DIN/P ratio (molar) QUASUS - Qualidade Ambiental e Sustentabilidade dos Recursos da Ria Formosa Variação da razão N/P nos viveiros 40 30 excesso de N Variação Sazonal: Inverno excesso de N (em relação a P) Primavera e Verão défice de N 20 10 0 Razão Redfield A B C A B C A B C A B C A B C Novembro Dezembro Março Agosto Outubro Variação com a maré: Razões na baixa-mar superiores à preia-mar Conclusões: Ria Formosa deficiente em N (excepto Inverno) Fontes difusas e escorrências do intertidal mais ricas em N

DIN/P ratio (molar) N/P Ratio molar Mudanças em 25 anos? QUASUS - Qualidade Ambiental e Sustentabilidade dos Recursos da Ria Formosa Comparação da razão N/P no viveiro C (Fortaleza) 25 20 Razão Redfield Resultado: mesmo padrão em 25 anos 15 10 5 Conclusão: défice de N na Primavera e Verão permanece ao fim de 25 anos 0 2010 1992 1986 2010 1992 1986 2011 1993 1987 2011 1993 1987 2011 1993 1987 Novembro Março Dezembro Agosto Outubro

Clorofila a (ug/l) QUASUS - Qualidade Ambiental Mudanças e Sustentabilidade em 25 dos anos? Recursos da Ria Formosa Comparação da clorofila a no viveiro C (Fortaleza) 6.0 5.0 4.0 Resultados: Valores mais elevados no Inverno em 2011 3.0 2.0 máx Conclusão: produção primária sem grande alterações 1.0 min 0.0 2010 1986 2010 1986 2011 1987 2011 1987 2011 1987 Novembro Dezembro Março Agosto Outubro

Conclusão Tratamento dos efluentes urbanos Redução das descargas de nutrientes Manutenção das mesmas proporções de Azoto e Fósforo (dieta para algas) Manutenção da produção fitoplantónica

QUASUS - Qualidade Toxinas Ambiental e marinhas Sustentabilidade em dos bivalves Recursos da Ria Formosa Ria Formosa Registo da ocorrência de bloom de algas tóxicas e toxicidade em bivalves da região do Algarve (Março e Abril 2011) (programa de monitorização do IPIMAR) Densidades elevadas de algas tóxicas (Dinophysis acuminata) na água Concentrações de toxinas lipofílicas (grupo AO e dinofisistoxinas) em bivalves acima Limite Regulamentar Ria Alvor Ria Formosa L7 Portimão-Lagos L8 Olhão-Faro Bloom L9 VRSA-Tavira

QUASUS Períodos - Qualidade Ambiental de interdição e Sustentabilidade da captura dos Recursos de da Ria bivalves Formosa Início em 1 de Abril e prolongou-se por 3 semanas Extensão: Todas as zonas de produção da Ria Formosa Espécies: amêijoa-boa, berbigão e ostra 2000 Ria Formosa DSP (µg AO equiv. Kg -1) 1500 1000 500 Amêijoa-boa Berbigão Ostra LR 160 0 9/Fev 1/Mar 21/Mar 10/Abr 30/Abr 20/Mai

QUASUS - Qualidade Toxinas Ambiental e marinhas Sustentabilidade em dos bivalves Recursos da Ria Formosa Toxina (máximo/limite regulamentar) Bivalves R. Formosa

Conclusão Manutenção de episódios curtos de toxicidade de bivalves (interdição de apanha) devido à presença de toxinas provenientes de algas tóxicas

Zinco (µg g -1 ) Cobre (µg g -1 ) QUASUS Contaminantes - Qualidade Ambiental químicos e Sustentabilidade acumulados Recursos da na Ria amêijoas Formosa Comparação de níveis de metais de 1984 e 2011 120 80 40 1984 1984 2011 2011 Resultados: Valores mais elevados em 1984 Maiores diferenças em viveiro de Faro do que em Olhão 0 12 8 Faro Olhão Conclusão: Redução da descarga de contaminantes químicos para a Ria 4 0 Faro Olhão

Chumbo (µg g -1 ) Cádmio (µg g -1 ) QUASUS Contaminantes - Qualidade Ambiental químicos e Sustentabilidade acumulados Recursos da na Ria amêijoas Formosa Comparação de níveis de metais de 1984 e 2011 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 0.8 2011 Faro 1984 Olhão Resultados: Valores mais elevados em 1984 para as duas zonas de viveiros (Faro e Olhão) Fonte de Cadmio na zona de Olhão foi muito reduzida 0.6 0.4 Conclusão: Redução da descarga de contaminantes químicos para a Ria 0.2 0.0 Faro Olhão

Conclusão Tratamento de efluentes ou melhoria de tecnologias industriais reduziu carga de metais para a Ria Melhor qualidade das amêijoas do ponto de vista químico