Educação Infantil em São Carlos: diagnóstico e pesquisa



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Transcrição:

Educação Infantil em São Carlos: diagnóstico e pesquisa Afonso Canella Henriques 1 Profa. Dra. Anete Abramowicz 2 PPGE UFSCar/CAPES Eixo 4: Pesquisa, Políticas Públicas e Direito à Educação Categoria: Pôster RESUMO O presente trabalho constitui parte integrante do Programa Observatório da Educação, por meio do projeto: Políticas Públicas Municipais de Educação Infantil: diagnóstico e pesquisa 3. Como tal, pretende produzir e disponibilizar indicadores a partir da realização de um diagnóstico da Educação Infantil do município de São Carlos SP, mediante a comparação dos dados obtidos nessa pesquisa com aqueles provenientes dos grandes censos governamentais, tais como: Censo Escolar, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, entre outros. Para tanto, está em andamento a realização de uma pesquisa amostral dos alunos matriculados na rede municipal do município investigado com o intuito de conhecer quem são as crianças que utilizam esse espaço dentro da cidade, seus pais e/ou responsáveis, por meio da obtenção de informações como: cor/raça, idade, sexo, escolaridade, nível socioeconômico, entre outros aspectos. Ou seja, a coleta dos dados encontra-se em percurso, por meio da aplicação de um questionário aos pais/responsáveis pelas crianças; partindo em um segundo momento para os/as profissionais da educação, em especial, os/as professores/as que trabalham nas unidades escolares que compõem o contexto estudado. Palavras-chave: Educação Infantil. Diagnóstico. Indicadores. 1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos. 2 Docente Titular do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas da Universidade Federal de São Carlos. 3 Sob processo número 23038.002526/2013-25 financiado pela CAPES/INEP.

INTRODUÇÃO Com o advento da Constituição de 1988, a Constituição Cidadã, a Educação Infantil atingiu patamar constitucional e passou a ser dever do Estado. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; A partir deste momento, o atendimento das crianças deixa a esfera puramente assistencialista 4 e inicia seu percurso para ser incorporado ao âmbito educacional e das políticas públicas educacionais, tendência confirmada com a publicação da Lei Federal nº 9394/96 5 que fixa prazo para incorporação das creches e das pré-escolas para o sistema de ensino. Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino. De acordo com Didonet (2001) citado por Andrade (2010, p. 91), neste novo cenário, as creches e pré-escolas passam a ser instituições educacionais, direito das crianças e consequentemente de suas famílias, assumindo função educacional, social e política. Para Victor (2011), o campo da Educação Infantil passa então a ser foco cada vez maior de um número crescente de pessoas, instituições e do governo que creditam a aprendizagem inicial, efeitos positivos sobre a vida acadêmica posterior, afirmando com bastante segurança uma alta taxa de retorno econômico, no viés econômico que passou também a disputar espaço com a educação na análise dos indicadores educacionais. Tem-se reconhecido, cada vez mais, a importância da aprendizagem inicial, tanto como um direito quanto por que muitos acreditam que ela possa melhorar subsequente desempenho acadêmico. A intervenção precoce passou a ser vista como um meio de prevenir ou diminuir problemas em famílias com crianças pequenas ou que estejam na infância tardia, e de proteger as crianças consideradas em risco. Os serviços de prestação de cuidados à primeira infância são discutidos como uma condição para o desenvolvimento urbano e rural e como parte da infraestrutura social e econômica de comunidades saudáveis e prósperas (DAHLBERG; MOSS; PENCE, 2003, p. 9). 4 A Legião Brasileira de Assistência (LBA) cumpria papel assistencialista por meio de convênios com Municípios e instituições no período de 1977 a 1995, data de sua extinção. 5 Lei Federal nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Seguindo esta linha, a avaliação e a qualidade na e da Educação Infantil estão em debate sendo objeto de diversos documentos oficiais 6 e parte integrante da Lei 12.796 de 2013 que inclui no texto legal a prática avaliativa nesta etapa da Educação Básica. Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Entretanto, de acordo com Fúlvia Rosemberg (2013) citada por Bhering e Abuchaim (2013, p. 19) é destacada a importância de se relacionar a avaliação da e na Educação Infantil à avaliação das políticas para Educação Infantil, levando em consideração indicadores sociais e dados referentes a creches e pré-escola. Enfim, uma das potencialidades que esse estudo promove a partir da realização do diagnóstico de uma rede municipal de ensino na Educação Infantil, é fornecer subsídios para futuros debates acerca da avaliação como promoção da qualidade nesse nível de ensino. Uma vez que o referido diagnóstico pode ser concebido como o marco zero para o debate sobre a avaliação da qualidade na e da Educação Infantil. Diante do exposto, algumas questões podem e deverão ser permeadas nessa discussão, tais como: que crianças são atendidas _ (do ponto de vista dos descritores de classe social, gênero, raça, etc.) nas escolas municipais de Educação Infantil do munícipio investigado? Quem são os professores, do ponto de vista do recorte social, responsáveis pelo atendimento dessas crianças nessas escolas? Quais são as perspectivas a respeito da qualidade na Educação Infantil por parte dos diferentes sujeitos envolvidos: clientela atendida e profissionais? Entre outras questões. OBJETIVOS Como objetivo geral propõe-se mapear e disponibilizar um diagnóstico da Educação Infantil da rede municipal de ensino da cidade de São Carlos SP. Como objetivos específicos apresentam-se: Elaborar um banco de dados que capte e sistematize as informações obtidas por ocasião da coleta; 6 Parâmetros de Qualidade para a Educação Infantil (2006), Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006), Critérios para o Atendimento em Creches que Respeitem os Direitos Fundamentais da Criança (2009) e Indicadores de Qualidade na Educação Infantil (2009).

Traçar um perfil racial, de classe e de gênero do profissional que atua na Educação Infantil, bem como da clientela atendida e, Comparar os indicadores obtidos nessa pesquisa com aqueles provenientes dos grandes censos governamentais e de estudos 7 realizados no município de São Carlos nos anos de 2000 e 2007. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, com a finalidade de colaborar para a compreensão do universo da Educação Infantil sob a ótica da clientela atendida e dos profissionais de uma rede municipal de ensino. Cenário da pesquisa A pesquisa encontra-se em realização na rede municipal de ensino da cidade de São Carlos SP, com foco nos Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEI). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, a população do referido município é de 221.950 habitantes. De acordo com levantamento educacional do município de São Carlos encomendado pela Secretaria Municipal de Educação (SME) no ano de 2010 à empresa Soluções Estatísticas e Pesquisa de Mercado S/S LTDA (Statsol), a população de 0 a 3 anos era de 12.310 crianças e de 4 e 5 anos era de 6.313, compondo um universo de 18.623 crianças, público-alvo da Educação Infantil, que por sua vez não necessariamente se encontravam em sua totalidade matriculadas nas unidades escolares municipais e/ou conveniadas e particulares da cidade. No que se refere à quantidade de crianças em idade da Educação Infantil efetivamente matriculadas nos CEMEIs no ano de 2010, finalizaram o referido ano letivo 7.527 crianças, somadas a 827 matrículas nas instituições conveniadas, totalizando 8.354 atendimentos/matrículas, ou seja, 44,85% do total das crianças entre 0 e 5 anos de acordo com o estudo supra citado. Ressalta-se que em 2014, a Educação Infantil municipal é ofertada em 44 Centros Municipais de Educação Infantil, que totalizam 8.108 atendimentos e, em 09 instituições filantrópicas conveniadas com a SME, que por sua vez perfaz o total de 810 atendimentos. Ou seja, conjuntamente, o município atende 8.918 crianças de 0 a 7 ABRAMOWICZ, A; BASSO, A; BASSO, I; MELLO, M. A. Relatório de pesquisa: Diagnóstico da Rede Municipal de Creches de São Carlos. FAPESP: Programa de Pesquisa em Políticas Públicas, 2004.

5 anos, distribuídas em: 4.806 crianças em idade de creche 8 e 4.112 em idade de préescola. Participantes Para realização da pesquisa na rede municipal de educação, foi realizada uma reunião entre a Coordenadora do Projeto do Observatório da Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integrantes da equipe da Secretaria Municipal de Educação de São Carlos, com o intuito de explicitar o objetivo do estudo, bem como obter autorização para realização do mesmo na rede de ensino. Houve ainda, a formalização do pedido via ofício encaminhado ao Secretário Municipal de Educação. Após anuência, via ofício encaminhado à Coordenadora do Projeto por parte do Secretário Municipal de Educação autorizando a realização da pesquisa na rede, definiu-se que seriam participantes desse estudo as famílias das crianças (clientela atendida) matriculadas nos CEMEIs, bem como os profissionais da educação, em especial, os professores, que compõem o quadro de funcionários das unidades escolares de Educação Infantil da referida rede municipal de ensino. Para delimitação da clientela atendida, foi realizada a seleção de uma amostra aleatória de 1300 crianças matriculadas nos CEMEIs, ou 16,03% do total de matrículas da rede de ensino, por meio do seguinte procedimento: realização de um sorteio tendo como base o sistema informatizado da SME, que gerou uma base de dados contendo os nomes das crianças e as unidades escolares as quais estas se encontravam matriculadas. A partir desta base de dados, um software foi criado para atribuir a cada criança um código sequencial que a identificava, assim como a unidade escolar a qual ela pertencia. Com base nestes códigos, os sorteios foram realizados de maneira aleatória, levando-se em conta a proporcionalidade do total de crianças por série de cada unidade escolar com o percentual de crianças por série da rede municipal. Com o uso deste instrumento tecnológico, foi possível a seleção das 1300 crianças de forma rápida evitando a repetição de uma seleção já efetuada. No que concerne à categoria dos professores, optou-se por realizar um censo, por meio de aplicação de questionário, contemplando a totalidade dos professores da 8 De acordo com a LDB nº 9394/96, em seu artigo 30, inciso I, II, o atendimento de creche fica definido para crianças de até 3 anos de idade e pré-escola para crianças de 4 a 5 anos de idade.

rede, em torno de 890 docentes que atuam nas unidades escolares de Educação Infantil da rede municipal investigada, divididos nas seguintes categorias: Professor I Professores de Educação Infantil; Professor III Professores de Educação Física e de Educação Especial; Educador de Creche que recebiam a antiga denominação de pajem e que foram enquadradas no Estatuto do Magistério 9 da rede municipal; Pajem Funcionárias não enquadradas no Estatuto do Magistério da rede municipal. O instrumento de coleta Para realização da coleta dos dados, dois instrumentos foram confeccionados: um para ser aplicado com a clientela atendida (no caso, com os familiares/responsáveis pelas crianças) e outro para ser respondido pelos profissionais da Educação Infantil das escolas municipais da rede investigada. O instrumento de coleta utilizado nas entrevistas com os pais/responsáveis pelas crianças conta com 130 questões estruturadas em um cabeçalho e quatro blocos. O cabeçalho conta com 28 questões, entre elas: informações gerais sobre a escola, os respondentes e informações básicas sobre a criança como nome, data de nascimento, série e turno de atendimento. O Bloco I, intitulado Informações sobre a criança possui nove questões e busca identificar: local de nascimento; pertencimento racial por meio de questão aberta e então considerando as classificações do IBGE; deficiência ou necessidades especiais, entre outras. O Bloco II - Informações sobre os responsáveis totaliza 39 questões e entre elas busca informações sobre: data e local de nascimento; estado civil; pertencimento racial por meio de questão aberta e então considerando as classificações do IBGE; escolaridade; situação de trabalho atual; profissão e religião para até três responsáveis, na tentativa de contemplar as mais diferentes composições familiares. O Bloco III Informações sobre o domicílio da criança conta com 38 questões, entre elas: localização e situação do imóvel; quantidade de cômodos; tempo de residência; grau de parentesco dos moradores; beneficiário do bolsa família; 9 Instituído por meio da Lei nº 13.889 de 18 de outubro de 2006 que estrutura e organiza a educação pública municipal de São Carlos, institui o Plano de Carreira e Remuneração para os profissionais da educação, e dá outras providências.

existência de livros, revistas e jornais; bens em funcionamento (geladeira, televisão, rádio, etc.); bem como a renda total do domicílio. O Bloco IV Rotina do Aluno conta com 16 questões e busca identificar a maneira como a criança vai e volta da escola; a rotina de algumas atividades desenvolvidas semanalmente pelos pais/responsáveis junto a criança; a relação da família com a unidade escolar nos últimos seis meses; motivos para a criança frequentar a escola; expectativa dos pais em relação ao futuro acadêmico do filho e é finalizado com duas questões abertas, uma sobre o que a instituição precisa melhorar e outra sobre o que a escola possui de melhor. No que tange ao instrumento utilizado para coleta de dados junto aos profissionais da Educação Infantil, o questionário que será utilizado é composto por quatro blocos totalizando 66 questões. O Bloco A Perfil conta com 32 questões e busca informações sobre: data e local de nascimento; estado civil; pertencimento racial com as categorias do IBGE e a possibilidade do respondente especificar outra caso entenda que não se encaixa naquelas pré-definidas; nível de escolaridade do respondente, de seus pais e de seu cônjuge; informações sobre curso superior e pós-graduação do respondente e religião. O Bloco B Perfil Profissional conta com 13 questões, entre elas: tempo de magistério na Educação Infantil; quantidade de locais de trabalho; cargo; tipo de contrato; grau de satisfação na carreira; atividades rotineiras e concordância e pertencimento com realidades do ambiente escolar. O Bloco C Perfil Domiciliar totaliza 13 questões e busca informações sobre: quantidade de residentes no domicílio; quantidade de filhos do respondente; situação da moradia; quantidade de cômodos; renda mensal do domicílio, entre outras. O Bloco D Percepções da Creche/Pré-Escola traz cinco questões com o intuito de identificar: a visão dos professores sobre o motivo dos pais de seus alunos colocarem seus filhos na escola; os principais objetivos da Educação Infantil; o que tem de bom e de ruim na unidade em que trabalham e, o que eles entendem como uma Educação Infantil de qualidade. Aplicação do questionário As entrevistas com os pais/responsáveis pelas crianças (clientela atendida) são realizadas por professoras de Educação Infantil da rede municipal de ensino investigada, que por sua vez caracterizam-se como bolsistas do Observatório da Educação. Esta coleta é realizada na unidade escolar na qual a criança está

matriculada por meio de agendamento prévio com os pais/responsáveis realizado pelas referidas professoras. Esta etapa encontra-se em andamento. A coleta com os funcionários das unidades escolares será realizada por meio de preenchimento de questionário pelos próprios professores, garantido o anonimato e acontecerá durante os Horários de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) nas unidades escolares. Para tanto, será realizado um agendamento prévio com a direção das escolas em que as profissionais atuam. Por sua vez, integrantes da equipe do presente projeto se dirigirão às unidades escolares, explicitarão ao grupo de professores o objetivo da visita na escola, distribuirão os questionários e ficarão à disposição para sanar dúvidas durante o período de preenchimento do questionário. Esta etapa tem previsão de início de realização para o mês de maio do ano corrente. Criação de banco de dados Um dos objetivos específicos desse trabalho apresenta-se a construção de um sistema informatizado para gerenciamento de um banco de dados com intuito de apoiar a entrada das informações coletadas, geração de relatórios, disponibilização de acesso a pesquisadores interessados em aprofundar os estudos, assim como a oferta para outros municípios/pesquisadores que tenham interesse em utilizá-lo como instrumento de suporte a coleta de dados e gestão da informação. Na tentativa de atender este propósito, está sendo desenvolvido um software baseado no conceito de software livre de acordo com a Free Software Foundation (FSF), que o concebe como aquele software que contempla quatro liberdades para seus usuários, são essas: Liberdade de execução do software para qualquer finalidade; Liberdade de estudar o software; Liberdade de redistribuição de cópias do software e, Liberdade de modificar o software e redistribuí-lo beneficiando toda a comunidade. Entende-se que esta filosofia tem potencial inovador, uma vez que o referido software poderá ser usado por outros municípios ou pesquisadores que queiram desenvolver estudos semelhantes e até mesmo servir de base para o desenvolvimento de outros softwares voltados para a gestão da educação.

REFERÊNCIAS ABRAMOWICZ, A; BASSO, A; BASSO, I; MELLO, M. A. Relatório de pesquisa: Diagnóstico da Rede Municipal de Creches de São Carlos. FAPESP: Programa de Pesquisa em Políticas Públicas, 2004. ANDRADE, L. B. P. de. Educação infantil: discurso, legislação e práticas institucionais. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. BHERING, E; ABUCHAIM, B. Avaliação da Qualidade da Educação Infantil. Cadernos de Pesquisa, v. 43, n. 148, p. 16-21, jan./abr. 2013. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federal do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1998. BRASIL, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L9394.htm>. Acesso em: 05/05/2014. BRASIL, Lei nº 12.796, de 04 de abril de 2013. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Disponível em: <http://www.oneesp.ufscar.br/decreto-12796-2013-pdf>. Acesso em: 04/05/2014. CAMINHOS e perspectivas para a educação de São Carlos: processo de construção do primeiro Plano Decenal de Educação do município / Prefeitura Municipal de São Carlos. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2013. DAHLBERG, G; MOSS, P; PENCE, A. Qualidade na Educação Infantil da Primeira Infância: perspectivas pós-modernas. Porto Alegre: Artmed, 2003. SÃO CARLOS, Lei Municipal nº 13.889 de 18 de outubro de 2006. Estrutura e organiza a educação pública municipal de São Carlos, institui o Plano de Carreira e Remuneração para os profissionais da educação, e dá outras providências. Disponível em:< http://www.saocarlos.sp.gov.br/images/stories/portal_servidor/legislacao_portal_ servidor/lei13889.pdf>. Acesso em: 05/05/2014. VICTOR, R. A. de. Judicialização de Políticas Públicas para educação infantil. São Paulo: Saraiva, 2011.