definido, cujas características são condições para a expressão prática da actividade profissional (GIMENO SACRISTAN, 1995, p. 66).



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Transcrição:

A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES PROFISSIONAIS DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA Rita de Cássia de Alcântara Braúna UFV/MG - rbrauna@ufv.br Agência Financiadora: FAPEMIG e CNPq Introdução Pesquisas na área da formação de professores têm se preocupado com o tema das identidades e professores, procurando elucidar como se constituem suas identidades e o que pode explicá-las. Afinal, numa época de profundas mudanças nos campos profissionais e educacionais, em variados contextos e práticas formativas, cabe questionar quais identidades estão sendo produzidas. Como se constituem? De quais significados são portadoras? É nesse contexto teórico que o presente estudo, desenvolvido no âmbito do nosso grupo de pesquisa, propõe como objetivo geral identificar e analisar elementos que subsidiam a constituição das identidades profissionais de estudantes do Curso de Pedagogia de uma instituição federal de ensino superior de Minas Gerais na qual atuamos. Até o momento, traçamos o perfil sóciocultural dos estudantes do curso e apreendemos os significados iniciais atribuídos por alunos formandos do curso à sua identidade profissional. Em contraposição a uma abordagem de investigação que enfatiza aspectos estritamente acadêmicos na constituição do trabalho do professor, reduzindo-o a um conjunto de competências e de capacidades, adotamos uma perspectiva teórica mais centrada sobre os professores, sobre as suas vidas e os seus projetos, sobre as suas crenças e atitudes. Assim, e em consonância com diversos autores (NÓVOA, 1995; GUIMARÃES, 2004; PIMENTA, 2002), afirmamos o relevante papel da formação inicial na constituição das identidades profissionais dos professores, destacando, no entanto, os processos de socialização vivenciados pelos diferentes grupos de professores, como elementos que compõem essas identidades. Nesse sentido, destacamse a importância do levantamento do perfil sócio-cultural dos estudantes do curso assim como a apreensão dos significados iniciais atribuídos pelos sujeitos da pesquisa à sua identidade profissional, uma vez que a prática docente é realizada por um grupo

2 definido, cujas características são condições para a expressão prática da actividade profissional (GIMENO SACRISTAN, 1995, p. 66). Perfil dos Estudantes do Curso de Pedagogia Visando traçar o perfil sócio-cultural dos estudantes do curso de Pedagogia, ao longo dos dez últimos anos, analisamos dados extraídos de questionários sócio-culturais aplicados aos estudantes matriculados no referido curso, dos anos de 1998 a 2007. Todos esses dados foram obtidos através da Comissão Permanente do Vestibular e Exames; estavam organizados sob forma de tabela e, em seguida, foram transformados em gráficos de porcentagem, a fim de facilitar a análise e a obtenção de resultados significativos como os relatados a seguir. O curso de Pedagogia possui em sua história a característica de ser um curso basicamente freqüentado por mulheres. Na referida pesquisa, esses dados se confirmam, uma vez que, de 1998 a 2007, as estudantes do sexo feminino são a grande maioria no curso. No entanto, vale ressaltar que a porcentagem de estudantes do sexo masculino no curso de Pedagogia cresce a cada ano (em 1998, a porcentagem de estudantes do sexo masculino era de 4%, enquanto em 2007 essa porcentagem chega a 17%). A média de idade dos estudantes que estão iniciando o curso é de 20 a 24 anos, uma média que perdura de 1998 a 2007. Contudo, é importante ressaltar que com o passar desses anos o número de estudantes no curso de Pedagogia, com 17 e 18 anos de idade, vem aumentando. A partir do ano 2000, os estudantes que concluíram o Ensino Médio profissionalizante, deixaram de ser a maioria no curso de Pedagogia. No fim da década de 90, é possível notar o grande número de alunos provenientes de cursos profissionalizantes, como o Magistério. Em 1998, a porcentagem de alunos que concluíram o ensino médio profissionalizante era de 64%; em 2004, essa porcentagem diminui para apenas 13%.

3 Concomitantemente, observa-se que o número de estudantes que ingressavam no curso exercendo alguma função remunerada era maior em 1998 52% divididos em atividades eventuais, trabalhos com horários parciais e integrais, que em 2007 apenas 22% divididos nos mesmos tipos de atividades. Relacionando, então, esses estudantes com a participação deles na vida econômica familiar, foi possível perceber que o número de pessoas que são sustentadas pelas famílias aumenta com o passar dos anos. Em 1998, era grande a porcentagem de estudantes que trabalhava para se sustentar e ainda contribuía em casa 50%. Todavia, esses números diminuíram de maneira significativa em 2007 20%. Com relação à renda mensal dos grupos familiares dos estudantes de Pedagogia, mantêm-se, entre os anos de 1998 a 2007, uma renda bruta de 2 a 5 salários mínimos e a maioria das famílias dos graduandos é composta por 4 ou 5 integrantes que vivem dessa renda mensal. Desta maneira, percebe-se uma maior freqüência de estudantes considerados de classe baixa a média no curso. As profissões dos pais estabelecidas no questionário aplicado aos estudantes foram divididas em agrupamentos caracterizados por aspectos como o tipo de atividade exercida, a escolaridade necessária para exercer a profissão, a remuneração etc. A principal ocupação exercida pelos pais se estabelece na maioria dos anos com a maior porcentagem nos agrupamentos 3, 4 e 5, nos quais se encontram profissões como bancário e professor primário e secundário; recepcionista e comerciário; e operário (não-qualificado) e pedreiro, respectivamente. Os dados referentes às profissões das mães dos estudantes de Pedagogia do curso em questão mostram características semelhantes em todos os anos analisados pelos questionários. A ocupação de dona de casa é a que mais aparece de 1998 a 2007. No entanto, é importante ressaltar que o agrupamento 3 também aparece com significativa porcentagem na pesquisa, indicando a existência de muitas mães em profissões como a de professora. Do mesmo modo, foi possível detectar que ainda é baixo o nível de escolaridade dos pais dos alunos de Pedagogia do curso em questão. De acordo com os dados coletados a partir dos questionários analisados, foi possível notar também que a grande maioria de estudantes que ingressou no curso de Pedagogia cursou integralmente, ou em sua maior parte, o Ensino Médio em escolas públicas estaduais. Além disso, a maior parte dos alunos que ingressou no curso de 1998 a 2007, concluiu o 2º grau de 1 a 4 anos antes de conseguir entrar para a

4 universidade. Todavia, vale lembrar que a partir do ano 2005 foi significativo o aumento do número de estudantes que ingressou no curso de Pedagogia no ano em que concluiu o ensino médio. Em 1998, nenhum aluno iniciou o curso de Pedagogia no ano em que concluiu o Ensino Médio, entretanto em 2005, 18% dos estudantes concluíram o Ensino Médio no ano em que passaram no vestibular. Significados iniciais atribuídos à identidade profissional por estudantes formandos Foi aplicado um questionário aos 42 estudantes do 6º período do curso de Pedagogia, pelo fato dessa turma se encontrar próxima ao final do curso, visando apreender significados iniciais atribuídos à sua identidade profissional e, ainda, verificar possíveis mudanças no perfil desses estudantes ao longo do curso, em relação ao perfil apresentado no ano de entrada (2005). Analisando os dados obtidos foi possível chegar aos seguintes resultados: Perguntados sobre o motivo da escolha do curso de Pedagogia, a maioria dos estudantes (55%) respondeu que essa escolha se deu pelo fato de se identificar com o curso. As áreas de atuação do pedagogo são muitas, mas a preferência (36%) se dá pelas áreas emergentes do campo educacional (pedagogia empresarial, pedagogia hospitalar, educação do campo etc.), seguida da área da administração e coordenação escolar (23%). Ao serem perguntados, antes mesmo de iniciar o curso, se exerciam algum tipo de atividade remunerada, 80% dos inscritos responderam que não. Entretanto, atualmente, apenas 39% continuam não exercendo funções com remuneração. O restante se divide em atividades remuneradas como iniciação científica, projetos de extensão, trabalhos diretamente ligados à área de educação e até mesmo atividades em outras áreas.

5 Atualmente, apenas 2% dos estudantes do 6º período de Pedagogia não possuem e nem utilizam computador, ao contrário do início do curso quando 52% responderam que não possuíam e nem utilizavam o computador. Assim, percebe-se a importância da utilização dessa tecnologia durante o curso. No entanto, uma característica dos estudantes não modificou: a freqüência em que os alunos do curso lêem jornais ou revistas de informação. Sessenta e cinco por cento lêem apenas eventualmente. E, finalmente, ao serem perguntados sobre a freqüência em que lêem livros, não considerando livros acadêmicos, o 6º período de Pedagogia obteve a maioria (57%) dos estudantes respondendo que lêem eventualmente. Análises e Considerações Finais Chama atenção nos dados do perfil dos estudantes o fato de, a partir dos anos 2000, a maioria deles não ter cursado o ensino médio profissionalizante magistério. Adicionalmente, se considerarmos que, em 2007, apenas 20% dos alunos exerciam alguma atividade remunerada, podemos inferir que a maioria dos estudantes está chegando ao curso de pedagogia sem experiência profissional prévia no magistério, o que, frente às exigências hoje postas pelas Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia, nos coloca o desafio permanente de não perder de vista o diálogo necessário entre a teoria e a prática profissional, visando a constituição da identidade profissional do pedagogo. Outro aspecto com relação ao perfil que pode ser destacado se refere ao fato dos estudantes do curso serem provenientes das classes média e baixa, o que configura a predominância de determinadas práticas culturais. Com relação ao uso do computador, por exemplo, observamos uma significativa utilização dessa ferramenta pelos estudantes ao longo do curso, o que não ocorre, no entanto, com relação às práticas de leitura

6 desses alunos, que continuam sendo insuficientes frente às exigências colocadas pela profissão docente. É interessante observar que 55% dos estudantes afirmaram ter escolhido o curso de pedagogia por se identificarem com ele, no entanto, ao serem indagados sobre a área onde pretendem atuar indicaram majoritariamente sua inserção futura nas áreas emergentes do campo educacional, o que, a princípio, parece contraditório uma vez que o Curso de Pedagogia em questão pontuou no seu Projeto Político Pedagógico a opção pela docência nas séries iniciais e na educação infantil. Com relação à ocupação das mães, a pesquisa indicou que houve uma significativa porcentagem das mães exercendo a profissão docente. Vale a pena, na continuidade desta investigação, verificar se há uma relação da profissão da mãe com a escolha da profissão por parte dos estudantes do curso, o que poderia indicar modos de integração no trabalho docente pela história de vida e pela socialização primária dos estudantes (TARDIF, 2002). Para o prosseguimento deste trabalho, cabe investigar os caminhos que os alunos formandos percorrem ao longo do curso, haja vista que 61% deles se engajaram em atividades de iniciação científica, projetos de extensão e trabalhos diretamente ligados à educação, que poderiam desempenhar um papel importante na constituição das suas identidades profissionais.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GIMENO SACRISTÁN, J. Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional dos professores. In: NÓVOA, A (Org). Profissão professor. 2 ed. Lisboa: Porto Editora, 1995. p. 64 91. GUIMARÃES, V. S. Formação de professores: saberes, identidade e profissão. Campinas, SP: Papirus, 2004, p. 25-60. NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In:. Os professores e a sua formação. Lisboa: Porto Editora, 1995, p. 11-33. PIMENTA, S. G. Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2002. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.