COMUNICA<;AO COORDENADA



Documentos relacionados
Jogos. Redes Sociais e Econômicas. Prof. André Vignatti

ABCEducatio entrevista Sílvio Bock

Projeção ortográfica de modelos com elementos paralelos e oblíquos

Resgate histórico do processo de construção da Educação Profissional integrada ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)

Análise e Desenvolvimento de Sistemas ADS Programação Orientada a Obejeto POO 3º Semestre AULA 03 - INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A OBJETO (POO)

QUEM LÊ ALFA É O CARA: AS RELAÇÕES ARGUMENTATIVAS ESTABELECIDAS ENTRE ENUNCIADOR E ENUNCIATÁRIO

Disciplina: Didática do Ensino Superior Docentes: Silvana Ferreira e Rina

PROJETO PIBID JOGO DO LUDO. Palavras chave: Jogo do Ludo. Educação Infantil. Matemática na Educação Infantil.

Trabalho submetido ao XVIII Prêmio Expocom 2011, na Categoria Cartaz Avulso, modalidade cartaz avulso.

CENTRO DE MEMÓRIA DO ESPORTE ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROJETO GARIMPANDO MEMÓRIAS.

Formação Profissional em Psicologia Social: Um estudo sobre os interesses dos estudantes pela área.

Marketing. Aula 06. Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho

O conceito de probabilidade

(Re)formulação e diferença: um processo parafrástico discursivo

ORIENTAÇÕES PARA PRODUÇÃO DE TEXTOS DO JORNAL REPORTAGEM RESENHA CRÍTICA TEXTO DE OPINIÃO CARTA DE LEITOR EDITORIAL

SUMÁRIO 1. AULA 6 ENDEREÇAMENTO IP:... 2

FENÔMENOS GRAMATICIAS RELEVANTES PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO MÉDIO PREPARATÓRIO PARA O VESTIBULAR

ATÉ QUANDO ESPERAR: DESLIZAMENTOS DE SENTIDOS ENTRE O RELIGIOSO E O DISCURSO CAPITALISTA

O QUE OS ALUNOS DIZEM SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: VOZES E VISÕES

PROCESSO N. 515/08 PROTOCOLO N.º PARECER N.º 883/08 APROVADO EM 05/12/08 INTERESSADA: SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTES

O método de Monte Carlo: algumas aplicações na Escola Básica

Um forte elemento utilizado para evitar as tendências desagregadoras das sociedades modernas é:

Métodos Matemáticos para Gestão da Informação

FEUSP- SEMINÁRIOS DE ENSINO DE MATEMÁTICA-1º semestre/2008 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA ESCOLA BÁSICA: POSSÍVEL E NECESSÁRIO

Daniele Renata da Silva. Maurício Carlos da Silva

Atividade 4 - Acerte no alvo

AFINAL, O QUE É ESSA TAL OUVIDORIA?

1) TAMANHO DO CONTENCIOSO GERAL:

Revisão de combinatória

Múltiplos Estágios processo com três estágios Inquérito de Satisfação Fase II

difusão de idéias EDUCAÇÃO INFANTIL SEGMENTO QUE DEVE SER VALORIZADO

REGULAMENTO INTERNO DOS CURSOS DA FIPP

FORMANDO AS LIDERANÇAS DO FUTURO

O DESENHO DO PAR EDUCATIVO: UM RECURSO PARA O ESTUDO DOS VINCULOS NA APRENDIZAGEM 1

WEBSITE. Como utilizar um site Assistente de Criação para criar seu próprio site

UVV POST Nº /10 de 2014 UVV POST. Publicação semanal interna Universidade Vila Velha - ES Produto da Comunicação Institucional

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

METODOLOGIA & Hábito de estudos AULA DADA AULA ESTUDADA

Estudo de funções parte 2

TIC Domicílios 2007 Habilidades com o Computador e a Internet

GRÁFICOS Exemplos de jogos 2D (com simulação do 3D)

Conteúdo: Aula 1: As paisagens do mundo. O que é paisagem? A paisagem e as marcas do tempo. Aula 2: A paisagem e as desigualdades sociais.

Nota Técnica. 1- Referência:

Instrumento para revisão do Projeto Político Pedagógico

Conceito e Processo do Planejamento Estratégico

Desafios da EJA: flexibilidade, diversidade e profissionalização PNLD 2014

Formação da Sociedade: Ensino Presencial ou à Distância

ESTUDO DE CASO: BRAHMA: NOVA LATA VERMELHA

Perguntas mais frequentes

A UTILIZAÇÃO ADEQUADA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO (PCP), EM UMA INDÚSTRIA.

Orientadora: Profª Drª Telma Ferraz Leal. 1 Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE.

Duração: Aproximadamente um mês. O tempo é flexível diante do perfil de cada turma.

O REAL DO DISCURSO NA REPRESENTAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA NA ESCRITA DA CIÊNCIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS.

Aplicando as pressuposições da PNL com mapas mentais

E GE HARIA SOCIAL: UMA OVA DIME SÃO PARA A FORMAÇÃO DO E GE HEIRO. Santos, D. C.

Pedagogia Estácio FAMAP

Projeção ortográfica da figura plana

Eixo 1 - Autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho, com inclusão social.

25/07 ESBOÇO DE ANÁLISE DE UM TEXTO MIDIÁTICO IMAGÉTICO SOB OS PRESSUPOSTOS DA ANÁLISE DO DISCURSO. Maricília Lopes da Silva (PG-UNIFRAN)

Novas Tecnologias no Ensino de Física: discutindo o processo de elaboração de um blog para divulgação científica

Opinião N15 ANÁLISE DO DESEMPENHO ACADÊMICO DOS COTISTAS DOS CURSOS DE MEDICINA E DIREITO NO BRASIL

Prof. Samuel Henrique Bucke Brito

Sistemas Operacionais

Rafael Vargas Presidente da SBEP.RO Gestor de Projetos Sociais do Instituto Ágora Secretário do Terceiro Setor da UGT.RO

Motivação e Desempenho no Trabalho (Cap. 5)

MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALlZAÇÃO

Consumo feminino de cerveja

O Marketing e suas áreas...

ENTREVISTA. Clara Araújo

BRINCANDO COM GRÁFICOS E MEDINDO A SORTE

PROVA ESCRITA PARTE A e B

Blog NoRascunho 1. Andrew Philip Saldanha de FRANÇA 2 Melissa Cirne de Lucena 3 Universidade Potiguar, Natal, RN

PROJETO RUMOS DA INDÚSTRIA PAULISTA

MONITOR COM HABILIDADE EM MÚSICA VIOLÃO CONHECIMENTOS GERAIS. A Inteligência Animal

A ARTE DE BRINCAR NA ESCOLA

METODOLOGIA DO ENSINO DA ARTE. Número de aulas semanais 4ª 2. Apresentação da Disciplina

Modalidade Fotografia Publicitária - Nativa Spa 1

JOGOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Olímpia Terezinha da Silva Henicka e Dariléia Marin

Como organizar o seu Concurso de Fotografia

Investigando números consecutivos no 3º ano do Ensino Fundamental

UM RETRATO DAS MUITAS DIFICULDADES DO COTIDIANO DOS EDUCADORES

CENSO ESCOLAR EDUCACENSO A INFORMAÇÃO DE DISCIPLINAS NO CENSO ESCOLAR

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

2 CLASSIFICAÇÃO / PONTUAÇÃO

O MATERIAL DIDÁTICO PEÇAS RETANGULARES

A transição dos servidores celetistas para o regime estatutário

Como escrever um bom Relato de Experiência em Implantação de Sistema de Informações de Custos no setor público. Profa. Msc. Leila Márcia Elias

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

No final desse período, o discurso por uma sociedade moderna leva a elite a simpatizar com os movimentos da escola nova.

O SUJEITO-PROFESSOR E SUA INSCRIÇÃO APARENTE NO DISCURSO EDUCACIONAL VIGENTE Luzia Alves 1

Situação Financeira Saúde Física

FEDERAÇÃO NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DOS REVENDEDORES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES

Manual de Mídia. Escrevendo notícias. Volume 1. Equipe Regional de Imagem e Comunicação - RS.

O que é número primo? Série O que é?

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO GABRIEL

Política de Comunicação do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) - PCS

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Prova de Aferição de Matemática

Entrevista da Professora Rosa Trombetta à rádio Jovem Pan.

Transcrição:

COMUNICA<;AO COORDENADA Rosangela FRANCISCHINI (Doutoranda - Linglifstica - IEUUNICAMP) ABSTRACT: This paper has as its theoretical background certain considerations of Bakhtin (1992). The study well analyze a commercial advertisement for Bubbaloo chewing gum. The figurative language and linguistic resources make explicit the "target" audience and make transparent the image which the author has of that audience: persons who consider competition and success to be bases values. Thus, the reaction-response expected is the consumption of chewing gum as a object which leads to the realization of those values. KEY WORDS: inter-discourse - discourse formation - commercial advertisements Este trabalho teve por objeto de analise uma propaganda do chicle de bolas Bubbaloo (sem trad~iio, de acordo com 0 dicionano Michaelis) veiculada em cartazes, com as seguintes caracterfsticas: urn retangulo de 34cm de largura X 59cm de altura; na parte superior, ocupando aproximadamente 1/3 desse retilngulo, M 3 criancas - urn rapaz e duas meninas - com idade aparente de 8 anos, sendo que a crianca posicionada ao meio esta com uma bola de chicletes na boca. Abaixo, em fundo amarelo, M 0 seguinte texto, em cor preta: "REVOLTA As AULAS", ocupando, igualmente, 1/3 do cartaz. Abaixo desse texto e em letras men ores segue 0 texto: "JA QUE NAo TEM JEITO, VOLTE COM A BOLA TODA. VOLTE As AULAS COM BUBBALOO". Abaixo e posicionado de forma centralizada esta escrito Bubbaloo, ern rosa, com sombreado preto. Essa propaganda passou a ser veiculada atraves de cartazes, em estabelecirnentos comerciais (padarias, lanchonetes, superrnercados, etc...) no final do mes de julho/95. Este perfodo caracteriza, no sistema educacional brasileiro, 0 final das ferias escolares que acontecem entre os dois semestres de um mesmo ano letivo. Trata-se de urn cartaz de aproxirnadamente 34cm de largura X 59 de altura. A referida publicidade explicit a, no nfvel lingtifstico, a questao acima citada - 0 termino das ferias escolares - e, no nivel figurativo - a fotografia - a quem ela se dirige:

as crian~as, especificamente aquelas pertencentes a uma camada da popula~ilo que tern acesso a escola. Mais ainda: a sintonia perfeita observavel entre texto e desenho. em que este e aquele silo marc ados socialrnente, deixa transparecer a percep~ao e irnagern que 0 autor da propaganda tern de seu publico destinatario. Este aspecto sera retornado posteriormente. quando da anaiise especifica dos enunciados. REVOLTA As AULAS REVOLT A - REVOLTA Dois rnodos de interpreta~ao nos sao colocados diante da expressao destaque da propaganda. 0 primeiro refere-se a leitura do item lexical revolta tendo por significado repulsa e averslio. Assim, a ideia de que aulas e algo que causa repulsa e aversao esta, portanto, marcada explicitamente atraves desse item lexical. Resta-nos, portanto, indagar porque as aulas podem nao ser agradaveis aos alunos e precisar as multiplas formas que estes manifestam seu desagrado. No que diz respeito ao primeiro aspecto. observa-se que a propaganda 0 ignora. 0 mesmo nao ocorre com a questao das forrnas de manifesta~ao da revolta. Nessa propaganda, as crian~as as explicitam de varias maneiras: 1.) vestindo-se de forma bastante diferenciada, diriamos, ate, contraria as expectativas estabelecidas socialmente - crian~as vao para a escola uniformizadas; 2.) comportando-se de forma rebelde - mascando chicletes - (a propaganda propoe essa atitude), conduta essa que confronta-se com uma norma socialmente estabelecida. E certo, porem, que outras crian~as revoltam-se e express am sua insatisf~ao de formas diferenciadas daquela proposta pelo autor da propaganda. Os altos fndices de evasao e de repetencia presentes em qualquer estatistica que procure tra~ar urn perfil do aproveitamento dos alunos das escolas da rede publica de ensino atestam essa afirma~ao. A segunda leitura possivel do lexico revolta e a que nos remete a volta de novo, permitida porque, ap6s 0 mes de julho, M um 2 'retorno as aulas, sendo, 0 1 ', no inicio do ano letivo, ap6s as ferias de [mal de ano. Consideramos essa leitura menos importante que a 1", porem nao menos necessaria. Se assim 0 fosse, estariamos desconsiderando palavra revolta, 0 poder do jogo com as Palavras e, nesse caso, com a ambigiiidade da tlio caro a linguagem da propaganda. JA QUE NAO TEM JEITO, VOLTE COM A BOLA TODA. VOLTE As AULAS COM BUBBALOO. JA QUE NAO TEM JEITO '" Aqui, a condi~ao explicitada por Bakhtin de que "todo enunciado C..) responde de uma forma ou de outra, a enunciados do outro anteriores." (Bakhtin, 1992:319) e possivel ser observada atraves das marcas lingiiisticas explfcitas e do que nos e permitido pressupor a partir delas. o efeito de sentido produzido pelo enunciado como urn todo, com enfase no emprego da conjun~ao ja que e de que M uma condi~ao definitiva, em que nao M alternativas: as crian~as tern Que voltar as aulas ap6s 0 periodo estabelecido como

ferias. B-nos possivel, no entanto, pressupor a existencia de outras situacoes cujas vozes contrapoem-se a essa, ou seja, ha situacoes diferenciadas em que outros jeitos alternativos se colocam. Nesses casos, a escolha lexical, com certeza, teria que ser igualmente diferenciada. Em sintese, dizer que em uma determinada situacao "nao tern jeito", pressupoe a existencia de situacoes em que essa condicao nao e verificada. Dois aspectos, parece-nos, merecem atencao: 1.) 0 que deterrnina a obrigatoriedade da educacao formal, e, 2.) a alterniincia periodo de aulas - perfodo de fecias escolares, definida como 0 e em nossa sociedade. No que se refere ao primeiro aspecto, a Constituiciio Brasileira atribui ao Estado 0 ~ de oferecer educacao ba.~icapublica e gratuita a todos. A famnia impoe-se 0 dever de encarninhar as criancas a escola. Ocorre, porem, que 0 dever de alguem (no caso, 0 do Estado) pressupoe 0 direito de urn outro, que, na propaganda em anatise, se traduz no direito de todos a escolarizacao formal. Em que formacao ideologica surge, no entanto, essa necessidade que se imp6s ao Estado de propiciar 0 acesso a educacao, indiscrirninadamente? Segundo Cunha (1985) "houve urn momento hist6rico em que princfpios como igualdade de direitos e de oportunidades, destruiciio de privilegios hereditarios, respeito as capacidades e iniciativas individuais e educacao universal para todos constitutram-se nas diretrizes fundamentais de uma doutrina: 0 liberalismo." (p. 27). B no interior dessa doutrina que, no Brasil, a educaciio passou a ser atribufdo 0 papel de ser instrumento propiciador de igualdade entre os homens. A ordem econ6mica capitalista que (re) produz asdesigualdades sociais e a qual 0 proprio sistema educacional esta vinculado, nao e posta em questao; a burguesia nao interessa faze-lo. Em relacao ao 2 0 aspecto apontado anteriormente observamos, apenas, que e a propria instituicao escolar que, por determinacao dos orgiios competentes a que ela esta diretamente vinculada, estabelece 0 calendario escolar tal como ele se nos apresenta.... VOLTE COM A BOLA TODA Essa expressao e comumente empregada, na giria, para referir-se a situacoes em que 0 sujeito (pessoa(s), equipe(de esportes, poi ex.), partidos polfticos, OIganizacoes, etc...) encontram-se em algurna situaciio privilegiada. Besse 0 efeito de sentido produzido pela expressao em anatise, quando considerada tiio-somente como continuidade do enunciado que imediatamente a antecede. Ocorre, no entanto, que 0 enunciado subsequente VOLTE As AULAS COM BUBBALOO redefine esse efeito de sentido. A partir dele, 0 grupo nominal a bola passa a fazer referencia a bola feita com 0 chiclete Bubbaloo. Ha, ainda, uma terceira possibilidade que, de alguma forma, condensa as duas leituras propostas anteriormente, qual seja, quem faz bolas com Bubbaloo esta com a bola toda.

Ainda em relacao ao enunciado "volte com a bola toda", e necessario acrescentar as observacoes anteriores que ele reflete uma formacao ideol6gica bastante presente em nossa sociedade: e precise estar sempre em vantagem em relacao aos pares. Nessa perspectiva, 0 efeito de sentido seria: ja que seus pares e voce tern que voltar as aulas, diferencie-se deles, volte em posicao de destaque, volte fazendo bolas com Bubbaloo. Nesse aspecto e que retomamos a questlio colocada no inicio desse trabalho, qual seja, a de que 0 autor da propaganda tem, de seu publico destinatario, uma percepcao e imagem peculiares. Segundo Bakhtin, "0 enunciado, desde 0 inicio, elabora-se em funcao da eventual reacao-resposta (do destinatiirio), a qual e 0 objetivo precise de sua elaboracao." (Bakhtin, 1992: 320). No caso da propaganda em analise, a percepcao que o autor tern de seu publico e a de pessoas que, dada uma formacao ideol6gica especifica, colocam a competicao e a necessidade de ser 0 melbor como valores a serem cultivados. Sendo assim, a reacao-resposta diante dela e exatamente 0 consumo (ele pr6prio tamoom pertencente a formacao ideol6gica da sociedade capitalista) de seu objeto - 0 chiclete Bubbaloo, como objeto que propicia 0 alcance daqueles valores. Os apontamentos anteriores permitem-nos observar que essa propaganda aponta para varios aspectos que. caracteristicamente, encontram-se presentes em textos cujo objetivo Ultimo e vender urn produto (em sentido bastante amplo), persuadindo, assim, o destinatario de que esse produto e algo necessario para ele. qualquer que seja a razao dessa necessidade, uma vez que ha varia\;oes determinadas pelas caracterlsticas do produto. A escolba. por parte do locutor, dos fatores lingilisticos e figurativos que a compoem possibilitaram-nos identificar seu publico destinatario, a imagem que dele tem 0 locutor e a resposta que esse locutor espera do destinatario., As forma\;oes discursivas que tornam daros esses aspectos refletem uma formacao ideol6gica que perpassa as sociedades cuja ordem economica e capitalista: 0 consumo e a competicao como seus ingredientes e a necessidade de estar en! destaque ~omo valor a ser preservado para que 0 produto final esteja de acordo com 0 estabelecido por aquela ordem, qual seja, a sua manutencao. RESUMO: Este trabalho tem por referencial teorico bdsico as considera~{jes apontadas por Bakhtin(l992). Trata-se da analise de uma propaganda do chiclete~, Bubbaloo. Os recursos lingii(sticos e figurativos explicitam 0 publico alvo e deixam transparecer a imagem que seu autor tem desse publico: pessoas que colocam a competi~iio e a necessidade de estar em vantagem como valores bdsicos. Assim, a rea~iio-resposta esperada e 0 consumo do chicletes, como objeto que propicia 0 alcance daqueles valores. PALA VRAS-CHA VE: interdiscurso - forma\;ao discursiva - propaganda.

BARROS, Diana Luz Pessoa de e FIORIN, Jose Luiz (orgs.) (1994) - DiDlogismo. Polifcmia InlertextualidDde. Sio Paulo, EDUSP CUNHA, Luiz Antonio. (1985) - EduCaf'20 e Desenvolvimenlo Social no Brasil. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 8a. Ed. GADET, Fran~oise e HAl{, Tony. (1993) -Por uma Analise Automdlica da UNICAMP, 2a. Ed. cwdiscurso. Campinu-SP, Editora MAlNGUENEAU, Dominique (1989) -Novas Tendlncias em Analise cw Discurso. Campinu: Editora da UNICAMPlPontcs.