Potencial e Modelos de Negócio para novos empreendimentos em Software Livre Trabalho de Graduação



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Transcrição:

Universidade Federal de Pernambuco Graduação em Ciência da Computação Centro de Informática Potencial e Modelos de Negócio para novos empreendimentos em Software Livre Trabalho de Graduação Aluno: Rafael de Albuquerque Ribeiro (rar) Orientador: Fábio Queda Bueno da Silva Recife, fevereiro de 2006

Dedicatória Dedico este trabalho aos meus pais, Marcos Antônio Guedes Ribeiro e Maria de Fátima de Albuquerque Ribeiro que me apoiaram ao longo de minha vida, cada um de sua forma, e que se não fosse por eles, eu não teria concluído essa etapa de minha formação.

Agradecimentos Agradeço a todos os envolvidos na elaboração deste trabalho: Meus pais por tudo que tenho e que sou hoje. Minha namorada Juliana por todo incentivo que ela me deu durante o início da graduação. O professor Fábio Queda, grande orientador, que me guiou durante os momentos mais difíceis deste trabalho. A dois amigos que dividem comigo essa confiança no movimento associado ao Software Livre, Rodrigo Araújo e Gerard Toonstra, que tanto me incentivaram e ajudaram a desenvolver este trabalho. Alan Kelom pela grande ajuda no início deste estudo. A meus grandes amigos da graduação: Eduardo Dominoni, Diego Ribeiro, Eduardo Mazza, Leonardo Arcanjo, Luis Eduardo Oliveira e todos os outros que não foram citados. 3

Resumo Empresas que têm modelos de negócio baseados em Software Livre já figuram entre as cem maiores empresas de informática do mundo, confirmando assim, que Software Livre é compatível com modelos de negócio rentáveis e desfazendo a crença de que Software Livre era software não comercial. O maior problema ainda hoje é entender como desenvolver um modelo de negócios que utilize Software Livre uma vez que o código fonte, considerado até então como a matéria prima da empresa de software, está disponível abertamente. O objetivo deste estudo é estabelecer um guia para implantação de novos empreendimentos utilizando Software Livre. Além de apontar as vantagens e desvantagens associadas à utilização de Software Livre, o estudo mostra exemplos de empresas bem sucedidas que têm modelos de negócio baseados em Software Livre. Por último, o estudo tem um guia simplificado com combinações de fontes de renda, estratégias e licenciamento utilizadas por empresas estabelecidas no mercado. Palavras chave: Software Livre, modelos de negócios, formas de licenciamento, estratégias. 4

Abstract Companies that uses Free Software in their business models are already showing up at the top hundred biggest computing companies in the world, confirming in this way, that Free Software is compatible with profitable business models and undoing the belief that Free Software was incompatible with commercial business models. The biggest problem is still figure out how to develop a business model based on Free Software since the source code, considered as the raw material for the software companies, is freely available. The main goal of that study is to establish a guide for the development of new business based on Free Software. Apart from showing the advantages and disadvantages of using Free Software, the study shows examples of successful companines that have business models based on Free Software. At last, the study shows a simplified guide with combinations of revenues source, strategies and licensing used by companies stablished in the market. Keywords: Free Software, business models, licensing, strategies. 5

Sumário 1.Introdução...10 1.1.Motivação...11 1.2.Objetivos...11 1.3.Resultados Esperados...11 1.4.Organização do Trabalho...12 2.Software Livre...13 2.1.Definição...13 2.2.História...13 2.3.O GNU/Linux e o GNU/Hurd...14 2.4.Confusões...15 2.4.1.Software Livre não é Software Grátis...15 2.4.2.Software Livre não é necessariamente de Domínio Público...16 2.4.3.Nem todo Software de Código Aberto é Software Livre...16 2.5.A Free Software Foundation e a Open Source Initiative...16 2.6.Vantagens associadas ao Software Livre...17 2.6.1.Alta revisão do código fonte...17 2.6.2.Alta capacidade de crescimento da base de usuários...17 2.7.Desvantagens associadas ao Software Livre...18 2.7.1.Excesso de formas de licenciamento...18 2.7.2.Problemas com patentes...18 2.8.Motivações para utilização de Software Livre...19 2.8.1.Padronização...19 2.8.2.Software de Código Aberto como Componente de Baixo Custo...19 2.8.3.Motivações Estratégicas...20 2.8.4.Ampliar Compatibilidade...20 2.9.As Empresas Pioneiras do Software Livre...21 3.Variáveis do Modelo de Negócios...22 3.1.Posicionamento na Matriz Produtos x Processos...22 3.1.1.Software em Pacote e Componentes...23 3.1.2.Fábricas de Software e Soluções Corporativas...23 3.1.3.Serviços Profissionais e Serviços de Consultoria...23 3.1.4.Software como Serviço...24 3.2.Estratégias de Negócio...24 3.2.1.Apadrinhamento...24 3.2.2.Otimização...24 3.2.3.Dupla...25 3.2.4.Embarcada...25 3.2.5.Assinatura...25 3.2.6.Consultoria...26 3.2.7.Hospedagem...26 3.3.Formas de Licenciamento...26 3.3.1.GPL...27 3.3.2.LGPL...28 3.3.3.BSD...28 3.3.4.Mozilla...29 3.4.Comparativo Entre as Licenças...29 4.Estudos de Caso...30 4.1.JBoss...30 4.1.1.Posicionamento na Matriz...31 4.1.2.Estratégia...31 4.1.3.Licenciamento...31 4.2.Covalent...31

4.2.1.Posicionamento na Matriz...32 4.2.2.Estratégia...32 4.2.3.Licenciamento...32 4.3.Wind River...32 4.3.1.Posicionamento na Matriz...33 4.3.2.Estratégia...33 4.3.3.Licenciamento...33 4.4.MySQL AB...33 4.4.1.Posicionamento na Matriz...34 4.4.2.Estratégia...34 4.4.3.Licenciamento...34 4.5.Google...34 4.5.1.Posicionamento na Matriz...34 4.5.2.Estratégia...35 4.5.3.Licenciamento...35 4.6.Cyclades...35 4.6.1.Posicionamento na Matriz...35 4.6.2.Estratégia...35 4.6.3.Licenciamento...35 4.7.Tabela Comparativa das Empresas Analisadas...36 5.Guia...37 5.1.Produtos...37 5.1.1.Software em Pacote e Componentes...38 5.1.2.Fábrica de Software e Soluções Corporativas...39 5.1.3.Software sob Encomenda...39 5.2.Serviços...39 5.2.1.Serviço de Consultoria...40 5.2.2.Software como Serviço...40 5.3.Formas de Licenciamento para cada Estratégia...40 5.3.1.Dupla...40 5.3.2.Embarcada...41 5.3.3.Otimização...41 5.3.4.Apadrinhamento...41 5.3.5.Consultoria...42 5.3.6.Assinatura...42 5.3.7.Hospedagem...42 5.4.Visão Geral do Guia...43 6.Conclusões e Trabalhos Futuros...44 6.1.Conclusões...44 6.2.Trabalhos Futuros...44 7.Referências...45

Índice de ilustrações Categorias de software com relação ao custo...15 Matriz Produtos x Processos...22 Principais formas de licenciamento...27 Visão Geral do Guia...43

Índice de tabelas Comparativo entre as licenças...29 Comparativo das empresas analisadas...36

1. Introdução Após vários exemplos de sucesso de empresas internacionais baseadas em Software Livre, o tema passou a ter um interesse ainda maior. O que de fato motivava alguém a iniciar um empreendimento utilizando o Software Livre como pilar de apoio e quais seriam as vantagens dessa escolha tornaram-se imediatamente interesse do mercado de software. Empresas como Redhat, MySQL, Trolltech(MySQL, 2004) e JBoss(Marson, 2005) já apresentam excelentes resultados além de estarem estabelecidas no mercado. Mas o que exatamente é Software Livre? Software Livre é todo software onde os usuários têm alguns direitos que normalmente não estão presentes nas formas tradicionais de licenciamento de software. Esses direitos, de acordo com a Free Software Foundation (FSF), são, de forma resumida: a liberdade de executar o programa para qualquer propósito, a liberdade de estudar e modificar o programa, a liberdade de redistribuir o programa, e, por último, a liberdade de distribuir as suas modificações. Existem algumas dificuldades para utilização comercial do Software Livre. Dentre as várias dificuldades existentes, duas merecem destaque. A primeira e talvez a mais importante é entender em quais mercados a utilização do Software Livre é viável. A segunda dificuldade, mais comum entre os empreendedores habituados ao modelo tradicional de comercialização de software onde a fonte de renda primária é normalmente proveniente apenas do licenciamento do software e o código fonte do produto nunca é revelado, é entender como obter lucros revelando o que era considerado até então como a matéria prima da empresa. Esta abertura do código tráz algumas vantagens interessantes para a qualidade final do produto, a partir do momento em que o código está disponível para o público, ele passa a sofrer revisões constantes e com isso sofre um ciclo de melhorias contínuo. Um fator muito importante para o sucesso de um projeto de Software Livre é entender como tirar proveito da imensa comunidade de usuários e desenvolvedores que no Software Livre estão mais próximas da empresa. A comunidade é uma excelente fonte de contribuições tanto diretas no desenvolvimento do produto quanto no que diz respeito às experiências do dia-a-dia. Essa interação entre empresa e a 10

comunidade é fortemente regida pela forma de licenciamento adotada para o produto. Além de garantir à comunidade o interesse da empresa com o produto e os direitos de utilização do mesmo, a licença também é um mecanismo que a empresa que lidera o projeto tem de se certificar que as rivais do mercado não utilizarão o software de formas indesejáveis. 1.1. Motivação A motivação deste estudo é identificar os principais modelos de negócio que fazem uso de Software Livre e as vantagens decorrentes da utilização do mesmo Outro fator motivador para o desenvolvimento deste estudo tem um caráter pessoal de confiança nos modelos baseados em Software Livre. Além de acreditar que é possível iniciar um empreendimento que utiliza Software Livre, acredito que o Software Livre permite uma maior inclusão dos países em desenvolvimento no mercado internacional de software. 1.2. Objetivos Este trabalho tem como objetivo elaborar um guia para desenvolvimento de novos empreendimentos baseados em produtos que possam ser caracterizados como Software Livre. 1.3. Resultados Esperados Espera-se com esse estudo que novos empreendedores interessados em iniciar um novo negócio utilizando Software Livre possam utilizar como base, o guia desenvolvido no estudo, que além de indicar as principais aplicações do Software Livre, aponta soluções para as principais dificuldades relacionadas com o desenvolvimento de produtos e serviços baseados em Software Livre. 11

1.4. Organização do Trabalho Este trabalho está organizado, a partir do próximo capítulo, da seguinte forma: No capítulo dois, há uma definição do que é Software Livre e um pouco da história do mesmo. No capítulo três são definidas as variáveis utilizadas na construção do modelo de negócios. No capítulo quatro, algumas empresas que utilizam Software Livre são analisadas. No capítulo cinco é proposto um guia para a utilização de Software Livre. No capítulo seis apresenta as conclusões para o estudo. 12

2. Software Livre Este capítulo tem como objetivo definir de forma precisa o termo Software Livre, apresentar as confusões mais comuns relacionadas ao termo além de mostrar a história e as motivações que levaram a criação do movimento que incentiva o Software Livre. 2.1. Definição Software Livre, de acordo com a Free Software Foundation (FSF), é qualquer software onde o usuário e o desenvolvedor tenham certos direitos garantidos, esses direitos são (Free Software Foundation, O Que é Software Livre?, 2005): A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade no. 0) A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade no. 1). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade. A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade no. 2). A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no. 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade. Estes direitos, na maioria das licenças tradicionais de software, não são concedidos ao usuário. Um problema ainda mais grave das licenças tradicionais é que na maioria delas, o usuário não estar sequer protegido de eventuais danos causados por falhas no software. 2.2. História A origem do Software Livre é marcada pela fundação do projeto GNU por Richard Stallman em janeiro de 1984. A decisão de Stallman foi motivada por inúmeras insatisfações com o modelo de licenciamento tradicional de software onde os direitos do usuário sobre a distribuição, execução e modificação do software eram 13

muito restritos. Para iniciar o projeto GNU, Stallman abandonou seu emprego no Massachusetts Institute of Technology (MIT). A decisão de abandonar o MIT foi motivada pelo fato de que se ele ainda fosse subordinado ao MIT, poderia haver algum tipo de controle sobre o que ele iria produzir para o projeto GNU. Apesar de ter abandonado o MIT, Stallman teve a oportunidade de utilizar os laboratórios onde trabalhou com autorização do diretor do mesmo, o professor Winston. O intuito do projeto GNU era criar um sistema operacional livre, e, sendo assim, Stallman começou com a implementação dos softwares necessários a um sistema operacional como editor de texto, compilador entre outros. Em 1985 ele criou a Free Software Foundation com o intuito de levantar fundos para o projeto GNU. 2.3. O GNU/Linux e o GNU/Hurd O exemplo mais conhecido de Software Livre é certamente o GNU/Linux. Em 1991, quando o desenvolvimento do sistema GNU estava praticamente completo, faltando apenas um dos componentes mais importantes, o cerne do sistema, foi iniciado o desenvolvimento do Hurd, um cerne baseado em uma arquitetura onde há um microcerne servidor e vários cernes clientes. O grande problema do Hurd foi decorrente de sua arquitetura, que era de difícil depuração e baixa performance comparado a um cerne monolítico. Quase que na mesma época, Linus Torvalds começou um projeto de extender o Minix e implementar um cerne monolítico mais completo. O resultado é que Linus utilizou boa parte da estrutura que a GNU havia montado, como compiladores e as ferramentas de apoio como para construção e, com o apoio de uma comunidade de desenvolvedores que ele havia convidado na Internet, completou muito antes que a GNU o cerne que ele batizou de Linux. Com as ferramentas que a GNU desenvolveu e o cerne que Linus criou, foi criado o sistema GNU/Linux. Até hoje, o Hurd não foi completamente desenvolvido, já existem versões com algumas funcionalidades implementadas mas apenas para arquitetura IA32. 14

2.4. Confusões Existem várias confusões em torno do termo Software Livre, talvez a mais comum seja causada em parte pelo termo Free Software que é usado no inglês. A outra bastante comum é achar que todo Software Livre é de domínio público, Software de domínio público é Software Livre mas que não tem todas as garantias defendidas pela Free Software Foundation. 2.4.1. Software Livre não é Software Grátis Em inglês, free pode tanto significar livre como gratuito, daí uma das frases mais conhecidas da FSF que tenta desfazer essa idéia errônea tão comum: ``Free software'' is a matter of liberty, not price. To understand the concept, you should think of ``free'' as in ``free speech,'' not as in ``free beer.'' (Free Software Foundation, The Free Software Definition, 2005) Embora a maioria dos Softwares Livres sejam gratuitos, isso não quer dizer que todo Software Livre tenha de ser grátis. Segue abaixo uma figura que ilustra as categorias de software que estão disponíveis de forma gratuita. Software Livre Licenças GNU (GPL/LGPL) Licenças Mozilla Licenças BSD (BSD/Apache) De Domínio Público (Com Código Fonte) de Código Aberto Software Proprietário Tradicional Shareware Freeware Acesso Restrito ao Código Fonte Legenda Pode ser Grátis Grátis por tempo determinado Grátis Figura 1: Categorias de software com relação ao custo 15

2.4.2. Software Livre não é necessariamente de Domínio Público Também é comum a confusão entre Software Livre e de domínio público, o Software Livre se distingüe do de domínio público por garantir que nenhum indivíduo ou empresa irá privar a comunidade de usuários e desenvolvedores dos direitos citados pela FSF. Isso pode acontecer porque nos de domínio público, por não virem acompanhados de licença alguma, não há nenhum mecanismo legal que impeça uma empresa de utilizar o código em um produto comercial. 2.4.3. Nem todo Software de Código Aberto é Software Livre Outra confusão constante é com os softwares de código aberto, nada impede que um software seja de código aberto e que sua licença não lhe garanta os direitos expressos na definição da FSF. Exemplos de licenças de software com código aberto mas que não são livres não faltam, podemos citar a Sun Solaris Source Code License, que não permite redistribuição nem utilização comercial e pode ser revogada, a utilizada no Microsoft Shared Source, que impõe sérias restrições no uso comercial dos softwares que utilizam a licença. 2.5. A Free Software Foundation e a Open Source Initiative A fundação criada por Richard Stallman para incentivar o desenvolvimento do sistema GNU e a utilização de Software Livre é a responsável também pelas licenças presentes nos softwares da GNU. Além da FSF existe também a Open Source Initiative que tem finalidades semelhantes. A Open Source Initiative (OSI), que também é uma organização sem fins lucrativos e tem como finalidade promover o uso de Software Livre, tem membros como Ian Murdock (fundador do Debian e co-fundador da Progeny), Eric Raymond entre outros. A OSI foi fundada com o intuito de minimizar o receio que as empresas tinham em relação a utilizar e produzir Software Livre, tanto que a primeira medida foi criar um termo que na visão dos responsáveis pela OSI tivesse uma imagem melhor no mundo corporativo, foi assim que eles idealizaram o termo Software de Código Aberto (ou Open Source Software no inglês). Apesar do novo termo, as 16

diferenças entre o que prega a Free Software Foundation e a Open Source Initiative são muito pequenas, a ponto de, na prática os termos serem normalmente utilizados sem distinção. 2.6. Vantagens associadas ao Software Livre Dentre as várias vantagens associadas ao desenvolvimento utilizando Software Livre, citaremos aqui algumas delas que são possíveis graças a visibilidade do código fonte por usuários e desenvolvedores. 2.6.1. Alta revisão do código fonte Em decorrência do código estar disponível para os usuários, é comum os Softwares Livres apresentarem um menor tempo de liberação de uma correção assim que uma falha é descoberta, isso porque além dos desenvolvedores oficiais do projeto, os usuários também podem analisar e desenvolver correções para as falhas encontradas (Taurion, 2004). Essa possibilidade permite que o software tenha ciclos de correções mais curtos como foi comprovado por uma comparação entre o Internet Explorer e o Firefox (Ou, 2005), na comparação, que foi feita utilizando a base de dados da Secunia, uma empresa especializada em compilar relatórios de segurança de vários produtos, é possível ver que o Firefox teve sempre suas correções disponíveis mais rapidamente, e por isso, também, não apresentava na época em que o comparativo foi feito, nenhuma falha não corrigida. 2.6.2. Alta capacidade de crescimento da base de usuários Uma outra grande vantagem do Software Livre para empresas recentes no mercado é a possibilidade de obter uma boa base de usuários em um menor espaço de tempo. Bernard Golden, presidente da Navica Inc, empresa especializada em Software Livre, publicou um artigo (Golden, 2004) que mostra que o simples fato do produto estar disponível sem custo e por vir com o código fonte garante uma melhor credibilidade pois afasta o medo de que a empresa, por ser recente, pode vir a quebrar e com isso o produto ser descontinuado. 17

2.7. Desvantagens associadas ao Software Livre Existem também algumas desvantagens associadas ao Software Livre, uma delas foi a falta de organização no princípio no que diz respeito às formas de licenciamento. A outra é relacionada a falta de um consenso no que diz respeito às patentes de Software. 2.7.1. Excesso de formas de licenciamento Um grande problema que o movimento do Software Livre enfrentou foi a criação indiscriminada de licenças. Esse crescente número de licenças gerou impasses na utilização das mesmas, uma vez que boa parte delas eram incompatíveis e só diminuiam as chances de combinação dos Software Livres. Foi a partir deste problema que a OSI iniciou uma campanha para reduzir o número de licenças e evitar a criação desnecessária de novas licenças. Além do esforço para redução do número de licenças, a OSI oferece um serviço de certificação das licenças. As licenças que apresentam maior incompatibilidade com as outras são atualmente as licenças GNU. A imposição da licença GPL e LGPL de não permitirem a utilização de trechos de código em produtos licenciados sob licenças não copyleft (que permitem que o produto original seja fechado) torna-as incompatíveis com várias outras licenças. O problema de incompatibilidade das licenças GNU deve acabar com a versão três das licenças, que está prevista para ser lançada em 2007. 2.7.2. Problemas com patentes As patentes de software têm um sério impacto no Software Livre, o motivo é que normalmente é dificil saber se algum algoritmo viola alguma patente, e, dessa forma, as grandes empresas de software estão munidas de argumentos legais para dificultar a utilização de Software Livre e até atacar desenvolvedores e usuários. 18

2.8. Motivações para utilização de Software Livre O programa Infonomics da Faculdade de Economia e Negócios da Universidade de Maastricht fez um estudo sobre Software Livre e de Código Aberto (Berlecon Research, 2002). O estudo tinha como objetivo analisar de forma detalhada os impactos do Software Livre/de Código Aberto no mercado de software assim como identificar as motivações que levavam empresas e indivíduos a produzirem Software Livre/de Código Aberto. Após analisar as atividades relacionadas a Software Livre/de Código Aberto das vinte e cinco maiores empresas de software na época em que o estudo foi realizado, foram identificadas quatro motivações chave para uma grande empresa apoiar ou desenvolver um Software Livre que serão expostas a seguir. 2.8.1. Padronização O estudo utilizou como exemplo de esforço pela padronização o problema que foi ocasionado pelo excessivo número de forks que o Unix sofreu logo no princípio de sua existência, o que levou as inúmeras variantes do Unix (AIX, Solaris, HP-UX, etc.) a terem sérios problemas de compatibilidade. Como hoje em dia o Sistema Operacional se tornou um bem comoditizado, e o fator chave para se vender hardware tornou-se o suporte a uma camada mais acima, como suporte a servidores de aplicação, os fabricantes não querem mais ter o custo de desenvolvimento associado ao Sistema Operacional. Além do mais, os consumidores também não desejam arriscar optar por um Sistema Operacional, que funcione em uma única plataforma, e possa vir a ser descontinuado. Dessa forma, é mais vantajoso para os fabricantes de hardware compartilharem os custos de desenvolvimento do Sistema Operacional e garantir aos consumidores que haverá sempre suporte. 2.8.2. Software de Código Aberto como Componente de Baixo Custo Outra razão para utilização de Software Livre/de Código Aberto, em especial o Linux, é a possibilidade de se reduzir o custo de produção de produtos que 19

necessitam de um Sistema Operacional. Com a possibilidade de se obter produtos baseados na arquitetura x86 a preços baixos, torna-se mais vantajoso utilizar a combinação x86 com Linux que uma combinação de software e hardware proprietários, mesmo que a segunda opção tenha uma performance superior, pois o baixo custo da primeira opção resulta em uma melhor razão custo/benefício. O estudo argumenta ainda que esta mudança no mercado é impulsionada pela demanda de mercado, em que os consumidores estão preferindo investir em soluções de alto desempenho que tiram proveito de um aumento de capacidade horizontal, onde mais hardware é utilizado do que investir em soluções verticais, onde hardware mais caro é responsável por prover mais desempenho. A vantagem do Linux nessa solução para aumento de hardware se dá pelo fato de que o custo para utilização do Linux é geralmente menor que o das licenças dos softwares rivais. 2.8.3. Motivações Estratégicas No confronto direto, é comum que algumas empresas liberem produtos que não são diretamente responsáveis pelo faturamento da empresa mas são essenciais para o funcionamento de produtos importantes para a empresa. Além de não serem responsáveis por faturamento, esses produtos são concorrentes dos principais produtos das rivais diretas. Com essa estratégia, quem libera o seu produto visa enfraquecer a rival por diminuir o faturamento decorrente das vendas de licenças. Um bom exemplo de empresa que fez esta estratégia foi a SAP, que liberou o SAP DB para tentar enfraquecer a Oracle, que além do seu SGBD tem também um ERP que é o principal produto da SAP. 2.8.4. Ampliar Compatibilidade Empresas desenvolvedoras de softwares não relacionados ao Sistema Operacional ou empresas fabricantes de hardware podem optar por apoiar Software Livre/de Código Aberto para aumentar as plataformas compatíveis com seus produtos. Exemplos de empresas fabricantes de hardware são a IBM e a HP que desenvolveram produtos para ampliar a capacidade do Linux fazer proveito de 20

recursos especiais dos seus hardwares. 2.9. As Empresas Pioneiras do Software Livre Os modelos de negócio baseados em Software Livre evoluíram bastante com o passar do tempo. As primeiras empresas a desenvolverem modelos comerciais que utilizavam Software Livre apareceram no final dos anos 80. Algumas delas mudaram bastantes seus modelos de negócio desde o início de suas atividades. No documentário Revolution OS (Revolution OS, 2001), que descreve a trajetória do movimento GNU e do Linux, é relatada também a história das primeiras empresas que tentaram desenvolver produtos e serviços que utilizavam Software Livre. O documentário mostra o início da VA Linux assim como o da Redhat. O interessante no documentário é que ele mostra que ambas tiveram um IPO excelente mas logo após passaram por momentos muito difíceis (Shankland, 2001), prova de que os modelos de negócios baseados em Software Livre ainda tinham que amadurecer bastante. Atualmente, tanto a VA Linux, que hoje se chama VA Software, quanto a Redhat já se recuperaram do mal momento e apresentam bons resultados. 21

3. Variáveis do Modelo de Negócios No capítulo anterior, foi definido o que é Software Livre, as motivações que levaram ao desenvolvimento da Free Software Foundation e da Open Source Initiative, duas organizações que tem ideiais bastante parecidos, foram mostradas as vantagens e desvantagens associadas à utilização de Software Livre bem como as principais motivações que levam empresas a adotarem Software Livre em seus modelos de negócios. Neste capítulo, serão analisadas as variáveis que serão utilizadas no modelo de negócios do estudo. 3.1. Posicionamento na Matriz Produtos x Processos A primeira variável a ser analisada no estudo é o posicionamento da empresa na matriz Produtos x Processos, que foi desenvolvida por Hayes e Wheelwright e adaptada para o mercado de informática no estudo de Lins (Lins, 2005). Fluxo Contínuo Software sob encomenda / Serviço de Consultoria Fábrica de Software / Soluções Corporativas Software em Pacotes / Componentes Software como Serviço Fluxo Descontínuo Figura 2: Matriz Produtos x Processos Baixo Volume Baixa Padronização Produtos sob Encomenda Elevado Volume Elevada Padronização Produtos de Baixo Preço Na matriz, o eixo horizontal caracteriza o volume de vendas do produto (ou no caso de serviço, de transações), na esquerda situam-se produtos com baixo volume de vendas e baixa padronização enquanto que na direita estão os produtos com um elevado volume de vendas e uma padronização alta. 22

Já no eixo vertical, encontra-se representado o processo de produção. No limite superior, estão os produtos que tem um fluxo contínuo de desenvolvimento enquanto no limite inferior, estão representados os produtos que apresentam uma produção descontínua. No estudo de Lins, estavam identificados apenas três categorias distintas de desenvolvimento, a única modificação efetuada foi a inclusão da nova categoria Software como Serviço que retrata os softwares que não são vendidos como produtos mas a utilização é que é cobrada por transação. A seguir, cada categoria identificada na matriz acima será analisada. 3.1.1. Software em Pacote e Componentes Produtos de pacote são normalmente softwares comoditizados, softwares que são componentes de um produto maior ou dispositivos que dependem de qualquer software em seu funcionamento. Nesta categorias estão incluídos softwares como SGBDs, sistemas operacionais, servidores de aplicação, roteadores entre outros. 3.1.2. Fábricas de Software e Soluções Corporativas Produtos caracterizados como Soluções Corporativas são produtos que têm normalmente algumas características do software de pacote mas apresentam um alto potencial de personalização. 3.1.3. Serviços Profissionais e Serviços de Consultoria Serviços profissionais têm a característica de apresentar um baixo volume de vendas e serem altamente personalizados, normalmente são feitos sob encomenda. Em alguns casos, são vendidos acompanhados do código fonte. 23

3.1.4. Software como Serviço Uma tendência atual do mercado de software é de vender a utilização do software e não o software em si. Este novo modelo de negócio tem ganhado bastante força em decorrência da Internet, que provê um meio fácil de ofertar e prover os serviços. 3.2. Estratégias de Negócio Um estudo da ITManagers (Koenig, 2004) classificou as principais estratégias de negócio que utilizam Software Livre, essas categorias dizem respeito à forma em que a empresa incentiva e de que forma será o retorno do investimento. O estudo identificou as seguintes categorias: Apadrinhamento (Patronage), Otimização (Optimization), Dupla (Dual), Embarcada (Embedded), Assinatura (Subscription), Consultoria (Consulting) e Hospedagem (Hosted). A seguir, uma análise de cada uma das estratégias identificadas pela ITManagers: 3.2.1. Apadrinhamento Os motivos que levam uma empresa a apadrinhar um projeto de Software Livre são normalmente a tentativa de impor a convergência da comunidade a um padrão de-facto ou então um esforço para comoditizar uma camada de software afim de eliminar a concorrência e tirar lucro de uma camada de valor acima da que foi comoditizada, assim como a IBM oferece serviços de alta disponibilidade ou de computação distribuída para o GNU/Linux. 3.2.2. Otimização A estratégia de otimização consiste em tirar proveito de camadas comoditizadas e sem lucratividade e otimizar o sistema que rodará sobre esta camada para ter o melhor desempenho possível. Em arquiteturas fechadas, essa estratégia é inviável pois modificações na camada de baixo não são possíveis. A otimização tem como fundamento a lei da conservação da modularidade de Clayton Christensen que diz que ou o sistema integrado ou o subsistema tem que ser modular afim de otimizar a performance do outro. 24

3.2.3. Dupla O licenciamento duplo oferece a possibilidade do software ser utilizado em um projeto livre sem qualquer custo mas para a utilização comercial do software é necessária a aquisição de uma licença. Além disso, a empresa que comercializa o produto é detentora da marca e dos direitos relativos a marca. O maior exemplo de uso de duplo licenciamento é a MySQL, que comercializa um servidor de banco de dados sob licença GPL para uso não comercial com software de código aberto e uma licença para uso comercial. Outro exemplo é o da Trolltech que disponibiliza o QT, toolkit gráfico, em duas licenças, uma para uso em Software Livre não comerciais e uma para uso comercial. 3.2.4. Embarcada Por ser um sistema altamente flexível, extensível e portável, o GNU/Linux pode ser encontrado como base de mais da metade dos sistemas embarcados encontrados no mercado. Um bom exemplo de uso é a Neoteris, que produz soluções para criação de VPNs baseadas em SSL utilizando o Linux como plataforma. A vantagem é que o custo de implementação da solução é bem reduzido uma vez que boa parte do produto já foi previamente desenvolvida, só é necessário completar e agregar valor a solução. Além de produtos como o da Neoteris, ultimamente há uma tendência de se usar o Linux em celulares, já que a capacidade computacional dos dispositivos cresceu muito nos últimos anos e tornou-se necessário um sistema operacional para gerenciar os recursos. Com o foco nesse mercado a Wind River migrou parte de seus serviços de sua plataforma com licenciamento tradicional para prover serviços e desenvolver produtos para utilização do Linux em dispositivos móveis. 3.2.5. Assinatura A Redhat oferece um serviço de assinatura onde o assinante tem por um ano direito a suporte de configuração, acesso as atualizações do sistema entre outras vantagens. Isso permite que o usuário final tenha, quer seja uma empresa ou usuário comum, segurança na hora de ter suporte especializado para o sistema bem como uma fonte de atualizações segura. A fonte de receita da Redhat é baseada em 25

serviços uma vez que o sistema operacional da Redhat é distribuído sem qualquer custo, essa distribuição gratuita do sistema serve para incentivar uma maior base instalada do software da Redhat e aumentar o número de clientes em potencial do sistema de assinatura, suporte, atualizações e treinamento. 3.2.6. Consultoria Um estudo da McKinsey de 1999 sugere que a maior parte (70%) do custo de uma solução corporativa é relativo a implantação e o resto para licenciamento. É com foco nesse mercado que a 10X Software, empresa de consultoria, oferece seus serviços. A 10X oferece consultoria para empresas interessadas em migrar de soluções proprietárias para soluções livres, um exemplo é o programa de migração de servidores de aplicação BEA para JBoss. 3.2.7. Hospedagem O último exemplo e talvez o de maior destaque na atualidade é o de hospedagem, onde a empresa oferece um serviço baseado em Software Livre de forma gratuita ou a partir de uma taxa de uso. O maior exemplo talvez seja o Google, que tem seu sistema baseado no Linux e com melhorias próprias que não precisam ser retornadas a comunidade uma vez que ele não tem produto distribuído. O Google libera as APIs (interfaces para programação) de seus produtos na Web e cobra pelo uso de algumas delas. A grande vantagem do Software Livre para o Google foi de não ter a necessidade de re-implementar uma grande parte do sistema operacional e poder implementar apenas suas melhorias sobre o Linux. 3.3. Formas de Licenciamento As licenças de software são o contrato que ditam os direitos dos usuários para a utilização e, se possível, modificação e redistribuição do software. Embora boa parte dos usuários nunca se dê conta da existência de tal contrato e dos termos expressos nele, para uma empresa que pretende utilizar um software é de suma importância o entendimento do mesmo bem como as maneiras de tirar proveito deste contrato. 26

Software Livre Licenças GNU (GPL/LGPL) Licenças Mozilla Licenças BSD (BSD/Apache) De Domínio Público (Com Código Fonte) Software Proprietário Tradicional Shareware Freeware Acesso Restrito ao Código Fonte de Código Aberto Figura 3: Principais formas de licenciamento Dentre as licenças, podemos destacar quatro principais modalidades de licenciamento, a GPL e LGPL da Free Software Foundation, as baseadas na BSD e as baseadas na Mozilla. 3.3.1. GPL A licença presente na maior parte do GNU/Linux e também a mais conhecida das licenças da GNU, seu princípio básico é garantir que qualquer modificação implementada em um software regido por GPL e que seja distribuída tenha que ser acessível a comunidade. Isso impede que produtos comerciais sejam feitos tirando proveito do Software Livre sem colaborar com as melhorias implementadas. Mas há um ponto importante no que diz respeito às condições para que o código seja retornado a comunidade, tem que haver ligação entre seu código e o código GPL para que você seja obrigado a liberar seu código, chamadas de sistema não estão caracterizadas como requisito para liberação do código, é, justamente este critério, que autoriza um software de qualquer outra licença a funcionar no Linux. Outro requisito da GPL para que haja divulgação do código é haver distribuição do software, o que gera possibilidades como as exploradas pelo gigante de busca Google. O Google têm seu serviço completamente baseado no Linux, suas 27

extensões como sistemas de arquivos próprio entre outras modificações não são obrigadas a serem retornadas a comunidade uma vez que não há distribuição do produto derivado do código. 3.3.2. LGPL A obrigação de liberação de qualquer código distribuído seria uma imposição muito grande para que softwares comerciais fossem escritos para o GNU/Linux, levando assim ao desenvolvimento de outra licença, a LGPL. De acordo com Richard Stallman, não faria o menor sentido um sistema operacional que impedisse software comercial com licenças não GPL de coexistirem (GNU Project, About The GNU Project, 2005), motivo esse que as bibliotecas C do GNU/Linux são licenciadas sob a licença LGPL. A principal diferença entre a LGPL e a GPL é que a LGPL protege apenas o código original, que não pode ser fechado mas permite que qualquer código com outra licença faça ligação ao código LGPL. Nos termos da licença está claro que é permitido que um código não GPL ou LGPL faça ligação ao código LGPL mas não é permitido utilizar porções de código LGPL em um código não GPL ou LGPL. 3.3.3. BSD A licença BSD é a licença menos restritiva das licenças analisadas nesse estudo. É muito comum encontrar softwares comerciais que são baseados em softwares licenciados sob a licença BSD. O mais recente exemplo de um software que faz uso de software licenciado sob a licença BSD (Berkeley Software Distribution) é o MacOS X, que incorporou o cerne do FreeBSD. Uma das características da licença BSD é permitir que o código seja fechado, a única restrição existente na licença original era que uma propaganda fosse posta citando os autores do código original na documentação do produto derivado, mas, esta restrição foi removida na licença atual visto que trazia o inconveniente de certos programas como o FreeBSD terem uma lista de aproximadamente 75 proprietários de trechos de código (GNU Project, The BSD License Problem, 2005). Além do problema de enumerar todos os responsáveis pela licença, o termo removido também gerava incompatibilidade com a licença GPL, impossibilitando a criação de 28

softwares que contivessem código GPL e BSD. A origem da licença foi a universidade de Berkeley, onde os softwares produzidos eram licenciados sob a licença BSD. O intuito da licença era facilitar a criação de softwares comerciais a partir das pesquisas desenvolvidas pela universidade. 3.3.4. Mozilla Em 23 de janeiro de 1998, após sofrer uma tremenda pressão da Microsoft, a Netscape anunciou que iria abrir o código fonte do seu navegador e com isso, deu início ao projeto Mozilla. A licença Mozilla Public License, licença que o navegador Mozilla utiliza, é um meio termo entre a GPL e a BSD, ela permite que programas sejam desenvolvidos fazendo uso do código original, obrigando apenas o código original e qualquer modificação feita nele a ser licenciado sob a mesma licença, já os códigos adicionais desenvolvidos para o novo produto não são obrigados a serem licenciados sob a licença MPL (Mozilla Project, Mozilla FAQ). A diferença entre a LGPL e a MPL é que a MPL é menos restritiva no que diz respeito a trabalhos derivados, permitindo que programas derivados sejam sub-licenciados. 3.4. Comparativo Entre as Licenças Obriga Redistribuição dos Fontes do Licença Produto Original Derivado Que faz uso GPL Sim Sim Sim LGPL Sim Sim Não BSD Não Não Não MPL Sim Não Não Tabela 1: Comparativo entre as licenças 29

4. Estudos de Caso No capítulo anterior, as variáveis que serão utilizadas no estudo foram expostas. Nesse capítulo, algumas empresas que utilizam Software Livre serão analisadas afim de confirmar os principais modelos de negócios baseados em Software Livre. Dentre os vários exemplos de aplicação de Software Livre, estudaremos alguns mais a fundo. São eles o projeto JBoss que dentre os produtos o mais conhecido é um servidor de aplicação J2EE, a Covalent que além de oferecer suporte para os produtos da Fundação Apache, vende um produto que é um pacote com servidor Apache, Tomcat, Axis e outras facilidades para plataformas Linux, Solaris, HP-UX, AIX e Windows, a Wind River que oferece consultoria e uma versão do Linux para sistemas embarcados, a MySQL AB que produz o SGBD MySQL, o Google que tem como produto mais conhecido um engenho de busca e a Cyclades, empresa fundada em uma garagem em 1989, especializada em produzir dispositivos para redes baseados em Linux e que hoje tem sede em Freemont, no Vale do Silício. 4.1. JBoss A empresa JBoss, que conta com vários produtos focados no desenvolvimento de aplicações corporativas baseadas em Java, tem como carro chefe o servidor de aplicação JBoss Application Server (também conhecido como JBoss AS). A JBoss tem sua fonte de renda baseada em suporte, consultoria, treinamento e certificação para seus produtos. O licenciamento dos produtos da JBoss é feito utilizando a licença LGPL. Uma das grandes diferenças entre o JBoss e os outros servidores de aplicação J2EE é a presença de algumas extensões desenvolvidas pela equipe da JBoss para facilitar o desenvolvimento de aplicações J2EE. Uma dessas extensões é o Hibernate, padrão de facto para persistência objeto relacional no Java, que mesmo disponível para qualquer servidor de aplicação, no JBoss já encontra-se préconfigurado. 30

4.1.1. Posicionamento na Matriz A JBoss está posicionada na categoria Serviços de Consultoria da matriz, uma vez que sua fonte de renda é decorrente dos serviços de treinamento e consultoria. 4.1.2. Estratégia A estratégia que a JBoss utiliza das identificadas pelo estudo da ITManagers é uma combinação de Consultoria e Assinatura, uma vez que a JBoss apresenta tanto serviços de consultoria e treinamento, que se encaixam na estratégia de Consultoria quanto na de Assinatura para os clientes que contratam o pacote de serviços da JBoss. 4.1.3. Licenciamento Todo o licenciamento dos produtos da JBoss é feito utilizando a licença LGPL, obrigando assim, que toda a renda da JBoss seja decorrente de serviços, visto que a licença LGPL não é uma licença compatível com um modelo de negócio baseado em vendas de licença. 4.2. Covalent O foco da Covalent é oferecer suporte, consultoria e um pacote com servidor HTTP Apache, Jakarta Tomcat e o framework para webservices Apache Axis configurados. A proposta do produto da Covalent, o Enterprise Ready Server (ERS) é facilitar a configuração dos produtos da Fundação Apache. O ERS vêm com o Apache HTTP Server configurado com suporte para Perl, ASP, PHP, JSP entre outras funcionalidades, sem necessitar de qualquer intervenção de baixo nível do administrador. Além do ERS, a Covalent oferece também suporte mediante assinatura, existem atualmente três modelos de suporte: online, no horário comercial e 24x7. O suporte é limitado por número de servidores e de pessoas disponíveis para prestar 31

suporte, pagando uma taxa adicional o cliente pode aumentar tanto o número de servidores cobertos pelo suporte quanto o número disponível de profissionais da Covalent para prestar o suporte. 4.2.1. Posicionamento na Matriz A Covalent apresenta duas categorias das identificadas na matriz, Serviços de Consultoria e Software em Pacote. 4.2.2. Estratégia As estratégias que a Covalent utiliza são as de Otimização e Assinatura. 4.2.3. Licenciamento A forma de licenciamento utilizada pela Covalent para o seu produto, ERS é a tradicional licença comercial que não permite redistribuição nem acesso ao código fonte, mas mesmo utilizando uma licença tradicional para o ERS, a Covalent submete com freqüência algumas de suas melhorias para os produtos da Apache. 4.3. Wind River A líder no mercado de software para dispositivos, Wind River, anunciou em 2003 que iria ter uma linha de serviços baseada em Linux. Os softwares da Wind River são utilizados em dispositivos aeroespaciais, automotivos, PDAs, entre outros. A iniciativa da Wind River de dar suporte ao Linux foi motivada, de acordo com a própria Wind River, pela demanda do mercado que vê no Linux uma excelente alternativa. A inclusão do Linux no seu portfólio de produtos não descontinuou seu produto anterior o VxWorks. Pois, de acordo com o CEO da Wind River, Ken Klein, algumas empresas ainda tem receio em utilizar software licenciado sob a licença GPL. A Wind River oferece tanto o serviço de consultoria quanto o desenvolvimento de drivers para Linux por encomenda. 32

4.3.1. Posicionamento na Matriz A Wind River está localizada na categoria Serviços de Consultoria/Software sob Encomenda da matriz por apresentar tanto consultoria quanto produção de software por encomenda. 4.3.2. Estratégia As estratégias em que a Wind River se enquadra são: consultoria, otimização e embarcada. 4.3.3. Licenciamento A Wind River utiliza a licença GPL em seus produtos uma vez que os softwares desenvolvidos pela Wind River fazem normalmente ligação direta com o cerne do Linux, obrigando assim a utilização da licença GPL. 4.4. MySQL AB A Sueca MySQL AB, proprietária do SGBD MySQL, um dos mais conhecidos SGBDs de código aberto, tem três principais fontes de receita: vendas de licença do MySQL, o serviço de suporte e consultoria para o SGBD e a venda dos direitos de utilização da marca MySQL. O SGBD é licenciado em um esquema de licenciamento duplo, onde há uma licença, sem custo, GPL para uso em software GPL não comercial e uma licença que é vendida para utilização comercial. O resultado final do esquema duplo de licenciamento é que teoricamente existem dois produtos, o MySQL comercial e o para utilização em Softwares Livres, sendo que os dois produtos compartilham o mesmo código fonte. O intuito com a licença GPL é aumentar a base de usuários uma vez que para produtos compatíveis com as licenças da OSI não há custo para utilização do MySQL. 33

4.4.1. Posicionamento na Matriz A MySQL AB está localizada, assim como a Covalent, tanto na categoria Produto quanto Serviços de Consultoria. 4.4.2. Estratégia A MySQL utiliza duas das estratégias identificadas pelo estudo da ITManagers, são elas: Consultoria e Dupla. 4.4.3. Licenciamento O SGBD MySQL é licenciado sob duas licenças, uma comercial e uma GPL. 4.5. Google A Google, cujo o produto mais importante é o engenho de busca que leva o nome da empresa. O Google que entrou em funcionamento em 1998 é hoje o engenho de busca mais utilizado nos Estados Unidos, sendo responsável por 46,3% das buscas (SULLIVAN, 2006). Os servidores do Google são uma versão modificada da distribuição Redhat. O engenho de buscas utiliza uma arquitetura distribuída bastante interessante, tem um sistema de arquivos próprio montado sob o Linux (Google, The Google File System, 2003), o sistema de arquivos é distribuído e tolerante a falhas. O interessante na utilização de Software do Livre do Google, é que como não há distribuição do software, o Google não tem nenhuma obrigação de liberar o código fonte de suas implementações. 4.5.1. Posicionamento na Matriz O Google está posicionado na categoria Software como Serviço da matriz, já que não há distribuição do produto, o engenho de busca, e, a renda é proveniente do serviço de propaganda associado ao engenho de busca. 34

4.5.2. Estratégia O engenho de busca do Google utiliza a estratégia de Hospedagem das identificadas pelo estudo da ITManagers. 4.5.3. Licenciamento O Google utiliza como base de sua implementação o Linux, software que, em sua maioria, é licenciado sob a licença GPL. 4.6. Cyclades A Cyclades é uma empresa especializada na produção de dispositivos de rede como roteadores, soluções KVM (Keyboard-video-monitor) para gerenciamento remoto entre outros. Os produtos da Cyclades são baseados no Linux para reduzir o custo e facilitar o desenvolvimento, de toda forma vale lembrar que os softwares utilizados pela Cyclades são versões personalizadas para executar de forma ótima no hardware limitado utilizado nos dispositivos. Como parte do software utilizado pela Cyclades é licenciado sob a licença GPL, os clientes da Cyclades podem obter o código fonte dos softwares GPL utilizados no produtos mediante o preenchimento de um formulário no site da empresa. 4.6.1. Posicionamento na Matriz A Cyclades está localizada na categoria Componente da matriz Produtos x Processos, por ter a renda decorrente da venda de um produto que tem alto volume de vendas e um fluxo de produção contínuo. 4.6.2. Estratégia Dentre as estratégias identificadas pela ITManagers, a Cyclades utiliza a estratégia conhecida como embarcada. 4.6.3. Licenciamento Os softwares utilizados na Cyclades são licenciados sob diversas licenças, 35

tanto licenças GPL quanto comerciais, mas neste estudo a única de interesse é a GPL. 4.7. Tabela Comparativa das Empresas Analisadas Empresa Posicionamento Estratégia Licenciamento JBoss Serviços de Consultoria Consultoria LGPL Assinatura Covalent Serviços de Consultoria Otimização Tradicional* Software sob Encomenda Assinatura Wind River Serviços de Consultoria Consultoria GPL** Software sob Encomenda Otimização Embarcada MySQL AB Serviços de Consultoria Software de Pacote Consultoria Dupla GPL, Tradicional Google Software como Serviço Hospedagem GPL Cyclades Componente Embarcada GPL, Outras*** Tabela 2: Comparativo das empresas analisadas *Somente para o ERS **Quando desenvolve p/ o cerne do Linux ***Tradicionais, entre outras livres 36

5. Guia No capítulo quatro, foram analisadas algumas empresas que têm modelos de negócio baseados em Software Livre, baseado na análise do capítulo anterior, podemos entender um pouco as áreas que tem potencial para a aplicação de Software Livre. Neste capítulo, será desenvolvido um guia para novos empreendedores que desejam utilizar de alguma forma Software Livre em seus modelo de negócios. O objetivo é que com o guia, os desenvolvedores possam ter uma forma simplificada de escolher a estratégia e a forma de licenciamento baseado no produto ou serviço que ele deseja oferecer. O guia foi baseado nos estudos de caso do capítulo anterior e nas possibilidades de aplicação previstas nas licenças que foram analisadas. A primeira etapa para se identificar o modelo de negócio baseado em Software Livre a ser utilizado é decidir se a fonte de renda primária será decorrente de um serviço, um produto ou em alguns casos, ambos. Escolhida a fonte de renda, a próxima etapa é identificar a localização na matriz Produtos x Processos para que se possa saber as estratégias que podem ser utilizadas. 5.1. Produtos Para modelos com fonte de renda baseada em um produto, é possível o enquadramento na matriz Produtos x Processos nas seguintes categorias: Software em Pacote e Componentes; Fábrica de Software e Soluções Corporativas e Serviços Profissionais. Veremos a seguir, quais estratégias que são compatíveis com cada enquadramento da matriz Produtos x Processos. 37