Gestão de Choque. José Roberto R. Afonso. 3 Forum de Economia da FGV - Painel Reforma Administrativa São Paulo, 31/07/2006



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Transcrição:

Gestão de Choque José Roberto R. Afonso 3 Forum de Economia da FGV - Painel Reforma Administrativa São Paulo, 31/07/2006 1

Questões para o debate... Por que políticas e práticas fiscais no Brasil ficam presas apenas a uma gestão de choque ótica imediatista, reagindo a problemas, soluções provisórias? Como mudá-las para um choque de gestão que planeje longo prazo, antecipe questões e promova equacionamento completo e definitivo? Quando findará o ajuste e o sistema fiscal voltará à normalidade? Como e por que o ajuste se revelar ineficiente? Será que forma peculiar de ajuste brasileiro, especialmente combinando carga tributária elevada com investimentos públicos irrisórios, não engendra a própria debilidade das contas públicas? 2

Um ajuste fiscal que está desajustando... Ações emergenciais nunca acabam... desde 1993: emendas constitucionais sucessivas para duas regras provisórias - desvinculação orçamentária e tributo movimento financeiro desde 1998: estabilização fiscal via aumentos de carga tributária, cortes de investimentos e crescentes superávit primário, juros e déficit nominal Reformas institucionais incompletas... importantes mudanças constitucionais e leis complementares mas insuficientes (previdenciária), esquecidas (administrativa), parciais (LRF), quando não inexistentes (tributária) 3

Ajustando contas e encolhendo a demanda... contas nacionais= mais governo e menos mercado interno mais receita do governo = menos renda privada menos demanda governamental = mais transferências Em % do PIB Variação 03/95 1995 2003 % do PIB Distribuição Pelo lado da receita (A) 34,43 42,35 7,92 100,0% Carga Tributária 28,44 34,01 5,57 70,3% Outras receitas Correntes 1/ 5,99 8,34 2,35 29,7% Pelo lado da despesa (B) 36,15 38,08 1,93 24,4% Demanda por bens e serviços (consumo + investimento) 22,13 21,59-0,54-6,8% Gastos Previdenciários e Assistenciais 2/ 13,15 15,89 2,74 34,6% Outras Transferências de Renda ao Setor Privado 3/ 0,86 0,59-0,27-3,4% Margem Fiscal (A - B) -1,71 4,28 5,99 75,6% Elaboração: (Afonso & Araújo, 2005). Fontes Primárias: SCN/IBGE 4

Recarga via tributos desvinculados.. Aumento de carga pós-constituinte: +16,5% do PIB 80% no período de DRU, 80% fora de impostos e 63% concentrado na arrecadação federal... Demais; 4,50; 26% POR PRINCIPAIS TRIBUTOS Impostos; 3,49; 20% CSLL; 1,29; 7% COFINS; 3,69; 21% CPMF; 1,50; 9% Previdência; 2,04; 12% PIS; 0,51; 3% CIDE; 0,40; 2% 5

Aumento de carga tributária na desaceleração da economia Elasticidade tributo/renda: rompido padrão histórico pós-88 Carga tributária global em 2005: 38,9% do PIB CRESCIMENTO NO PÓS-GUERRA DO PIB E DA RECEITA TRIBUTÁRIA GLOBAL - 1952 a 2005e: média móvel últimos 5 anos da taxa real anual 18% 16% 14% % a.a. (média das taxas anuais) 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% -2% 1952 1954 1956 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 Ano PIB Receita Tributária Global 6

Aumento de carga profundamente regressivo Carga indireta supera a direta e foi crescente... Quanto menor a renda, maior foi o aumento da carga Renda Mensal Familiar Tributação Direta Em % da Renda Familiar Tributação Indireta Carga Tributária Total 1996 2004 1996 2004 1996 2004 Acréscimo de Carga Tributária (em pontos percentuais) Até 2 SM 1,7 3,1 26,5 45,8 28,2 48,9 20,6 2 a 3 2,6 3,5 20,0 34,5 22,6 38,0 15,4 3 a 5 3,1 3,7 16,3 30,2 19,4 33,9 14,5 5 a 6 4,0 4,1 14,0 27,9 18,0 32,0 14,0 6 a 8 4,2 5,2 13,8 26,5 18,0 31,7 13,7 8 a 10 4,1 5,9 12,0 25,7 16,1 31,6 15,6 10 a 15 4,6 6,8 10,5 23,7 15,1 30,5 15,4 15 a 20 5,5 6,9 9,4 21,6 14,9 28,5 13,5 20 a 30 5,7 8,6 9,1 20,1 14,8 28,7 13,9 mais de 30 10,6 9,9 7,3 16,4 17,9 26,3 8,4 Elaboração: (Zockun, 2006). Fontes Primárias: POF/IBGE; Viana et. Alii (2000) 7

Divisão federativa da receita tributária: crise latente Municípios crescem e Estados perdem importância histórica União já recuperou muita posição relativa (melhor que 1965) Ano CARGA % do PIB União Estados Municípios Soma 1965 18.99 54.8 35.1 10.1 100.0 1983 26.97 69.8 21.3 8.9 100.0 1988 22.43 60.1 26.6 13.3 100.0 1991 25.24 54.7 29.6 15.7 100.0 1994 29.75 59.3 25.1 15.6 100.0 1998 29.64 56.2 26.6 17.2 100.0 2005 38.94 57.6 25.2 17.2 100.0 2005-LK 38.94 58.2 24.8 17.0 100.0 2005-LK: sem transferências federais ref. Lei Kandir DIVISÃO FEDERATIVA 8

Bom superávit primário com má formação... Contas nacionais pós-real: mais tributo, mais gasto Menos investimentos, sobretudo infra-estrutura Em % do PIB 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Receitas Correntes 34,43% 34,25% 34,10% 35,90% 37,78% 38,64% 40,28% 42,37% 42,35% Despesas Correntes 39,91% 37,31% 36,35% 41,65% 42,79% 41,24% 41,64% 44,07% 45,31% Consumo 19,60% 18,49% 18,20% 19,13% 19,08% 19,06% 19,25% 19,93% 19,72% Juros 6,30% 5,10% 4,60% 7,31% 8,39% 6,76% 6,84% 7,74% 9,11% Outras Transferências e Subsídios 14,01% 13,72% 13,55% 15,22% 15,32% 15,42% 15,56% 16,39% 16,48% Superávit Bruto -5,48% -3,07% -2,25% -5,75% -5,01% -2,60% -1,36% -1,70% -2,96% Despesas de Capital 2,92% 2,25% 1,94% 1,93% 1,32% 1,69% 1,89% 2,00% 1,50% Formação Bruta de Capital Fixo 2,54% 2,31% 1,98% 2,80% 1,73% 1,90% 2,20% 2,20% 1,70% da qual: investimento em infraestrutura 0,93% 1,08% 0,84% 1,09% 0,52% 0,61% 0,68% 0,52% 0,43% Aquisição Líquida de Ativos Não-Financeiros 0,00% 0,00% -0,17% -1,02% -0,47% -0,47% -0,36% -0,14% -0,05% Transferências Líquidas 0,38% -0,06% 0,14% 0,16% 0,07% 0,27% 0,05% -0,06% -0,14% Erros e Omissões 2,51% 0,01% -1,45% 0,74% 0,48% -0,06% -0,89% -0,88% -1,27% Superávit Primário 0,41% -0,20% -1,04% 0,36% 2,54% 2,41% 2,70% 3,16% 3,38% Superávit Nominal (NFAP) -5,89% -5,30% -5,64% -6,95% -5,85% -4,35% -4,14% -4,58% -5,73% Elaboração: (Afonso, Biasotto & Araujo, 2005). Fontes Primárias: SCN/IBGE, BCB 9

Reformas interrompidas... reforma administrativa Exemplo: Contrato de Gestão EC 19/1998 art. 37 da Constituição A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: I - o prazo de duração do contrato; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal... 10

Reformas insuficientes... reforma previdenciária Exemplos: Novo regime para (novos) servidores EC 41/2003 art. 15, 15, da Constituição O regime de previdência complementar... será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado..., no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida. EC 20/1998 art. 249, da Constituição Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento de proventos de aposentadoria... concedidas aos respectivos servidores..., em adição aos recursos dos respectivos tesouros, a União, os Estados,... poderão constituir fundos integrados pelos recursos provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e administração desses fundos. 11

Reformas inexistentes... reforma tributária Exemplos: Integração fiscos, avaliação sistema, micros EC 42/2003 arts. 37, XXII, 52, XV, 146, da Constituição (compete exclusivamente ao Senado) avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias... as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,... atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. A lei complementar... definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas... também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,... o recolhimento será unificado e centralizado... adotado cadastro nacional único de contribuintes. 12

Reformas incompletas... responsabilidade fiscal Normas não-regulamentadas: Endividamento federal sem limite: tanto para dívida d consolida (projeto parado no Senado), quando mobiliária (parado na Câmara) Só dívida subnacional é limitada e sem avaliação anual Conselho de gestão fiscal (acompanhamento e avaliação, harmonização federativa, consolidação de contas, membros de cada governo e cada poder): projeto parado na Câmara Contadoria federal normatiza até Conselho: conflitos com Lei n. 4320 e práticas e classificações diferenciadas União não fixa meta para déficit d nominal na LDO 13

Reformas evitadas... deterioração fiscal Retrocessos na transparência fiscal: Receitas: renúncia ncia de receita com tratamento flexível fundos extraorçament amentários estaduais (anti-rolagem) arrecadação de tributo parcelado inadequada (anti-partilha) Despesas: gastos permanentes novos sem necessária compensação gastos com pessoal escamoteados (IRF, inativos, custeio) empenho federal com liquidação virtual (infla investimentos) restos cancelados com gasto feito em fim de mandato local Demonstrativos: governo federal abandona Lei 4320/1964: sem atualização da lei, padrões e classificações diferenciadas por governo 14

Déficit de informações e superávit de opacidade Exemplos Contas da União de 2005: arrecadação impostos parcelados e partilhado: R$ 5,7 bi de 2003/04 (TCU, p.103) déficit do regime geral: R$ 30,9 ou 31,7 bi? (TCU, p.102) arrecadação contribuição previdenciária: ria: R$ 109 ou 111,6 bi? (TCU, p.103) gasto contribuição patronal (servidores): R$ 98 mi x 4,1 bi 2004 (TCU, p.80) restos a pagar: R$ 34 bi não-processados, +95% x 2,9 bi processados (TCU,p.88) investimento anunciado: R$ 17,1 bi x 11 bi obras não iniciadas (MINIFAZ,jul06) relatórios rios de gestão LRF: assinado ministros x chefe Executivo (STN,abr06) Estados em 2005: arrecadação ICMS subestimada (já líquida para FUNDEF): 4 UFs despesas com inativo: custeio ao invés s de pessoal: 6 UFs sem relatórios rios LRF na internet: 3 UFs Municípios em 2004: despesa realizada e cancelada: sós em S.Paulo, R$ 5,8 bi vencido e não pago 15

Proposta: travar ao invés de facilitar... Restringir re-carga tributária... restringir uso de medida provisória tratar contribuição como se imposto fosse regra de desembarque para DRU e CPMF Exigir compensação para novos gastos regra de ouro para conter gasto: compensação não falta lei: inovação constitucional para seguridade; LRF até para renúncia rever operacionalidade e melhorar controle: concentrar na LDO, vetar medida provisória e mais publicidade do espaço fiscal aberto e usado 16

Compensação mais que desvincular Constituição, art. 195... 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. Lei de Responsabilidade Fiscal, seção da geração da despesa Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. Art. 16. A... ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício... e nos dois subseqüentes;... Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. 1º Os atos... deverão ser instruídos com a estimativa... e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. 2º.. o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais..., devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.... 17

Proposta: novo ciclo de reformas Agenda fiscal mínima: esforço para regulamentar leis fixar limites para dívida federal e déficit nominal regular e implantar Conselho de Gestão desoneração tributária de investimentos e micros exclusão de estatais e receitas próprias Reformas criar novo sistema tributário e, ao mesmo tempo, repensar federação e seguridade social, criar novos instrumentos e processo orçamentário, reformar administração pública e sistema financeiro 18

Mais trabalhos no site do autor : www.joserobertoafonso.ecn.br e-mail: ze.afonso@terra.com.br 19