15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental



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Transcrição:

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental A AVALIAÇÃO DE RISCOS À SAÚDE HUMANA COMO FERRAMENTA PARA GERENCIAMENTO AMBIENTAL NO BRASIL Eduardo Sanberg 1 ; Sérgio Augustin 2 ; Nara Raquel Alves Göcks 3, Paulo Sérgio de Quadros 4, Roger Tizatto 5 ; Luiz Alberto Vedana 6. Resumo A cultura de uma nação é refletida na forma de gerenciamento ambiental do seu território O presente artigo aborda a Avaliação de Riscos à Saúde Humana como critério para gerenciamento ambiental, especialmente com relação a situações que envolvem áreas suspeitas de contaminação e contaminadas. É objetivo do texto, apresentar a Avaliação de Riscos à Saúde Humana, e as bases legais no Brasil. As informações foram obtidas a partir de levantamentos bibliográficos e documentos oficiais contidos nos websites das Agências Ambientais Brasileiras. Concluiu-se que, dentro do contexto urbano, a Avaliação de Riscos a Saúde Humana padronizada, representa um critério para gerenciamento ambiental eficaz. A adoção de critérios complementares para gerenciamento ambiental está prevista em todos os regramentos ambientais brasileiros. A proteção dos aquíferos, dos rios, da atmosfera e de outros compartimentos geoquímicos deverá estar prevista na Avaliação de Riscos. Caberá à sociedade relevar diferentes aspectos de locais específicos para um gerenciamento ambiental mais restritivo. Abstract The culture of a nation is reflected in environmental management of its territory. The article presents the Human Health Risk Assessment as environmental criteria, especially regarding contaminated and potentially contaminated areas. The aim of the text is to present the Human Health Risk Assessment and its legal bases in Brazil. The information was obtained from scientific literature and Environmental Agencies documents. It was concluded that, within the urban context, the standardized Human Health Risk Assessment, is an effective criteria for environmental management. The adoption of additional criteria is described in Brazilian specific regulations. The protection of aquifers, rivers, atmosphere and different geochemical compartments must be included in the Risk Assessment. In the future, the society should reveal different aspects of specific locations to adopt a more restrictive environmental management. Palavras-Chave Avaliação de Riscos à Saúde Humana; Geologia Ambiental; Direito Ambiental. 1 Doutor em Geociências. Programa Nacional de Pós Doutorado (PNPD CAPES) Universidade de Caxias do Sul (UCS), Fone (54) 3218.2100, Email esanberg@ucs.br 2 Doutor em Direito. Professor no Programa de Mestrado em Direito Ambiental. Universidade de Caxias do Sul (UCS) Fone (54) 3218.2100, Email sergio.augustin@gmail.com. 3 Mestranda em Direito Ambiental Programa de Mestrado em Direito Ambiental. Universidade de Caxias do Sul (UCS) Fone (54) 3218.2100, Email naragocks@gmail.com. 4 Arquiteto e Geólogo. Universidade Luterana do Brasil (ULBRA); Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Diretor Técnico Empresa Solo Ambiental Ltda. Canoas, RS. Fone (51) 3475.7950 Email psquadros@terra.com.br. 5 Engenheiro Químico. Universidade Luterana do Brasil (ULBRA); Diretor Técnico Empresa ST Serviços Técnicos. Porto Alegre, RS. Fone (51) 9117.1890 Email roger@stambiental.com.br. 6 Mestre em Geociências. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Fone (51) 9976.2333. Email: luizvedana@gmail.com. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1

1. INTRODUÇÃO O grau evolutivo de uma civilização pode ser correlacionado à sua condição de sustentabilidade. Sociedades que prosperam alterando negativamente seu próprio meio estão expostas a crises ambientais (LEFF, 2012). Inicialmente, se pensava que os avanços tecnológicos poderiam solucionar a maior parte dos problemas modernos, com destaque para água, alimentação e energia. Nas últimas décadas verificou-se que a saída para os problemas modernos está intimamente relacionada aos aspectos culturais e não somente à tecnologia. Países com valores vinculados ao consumo e crescimento deliberado, tendem a simplificar as decisões capazes de causar impactos ambientais. Países que relevam os interesses econômicos de curto prazo, em detrimento da aceitação de riscos de contaminação e outros impactos, têm facilidade em incorporar o fraturamento hidráulico7 nas respectivas matrizes energéticas (SANBERG ET AL., 2014A). A cultura de uma nação é refletida na forma de gerenciamento ambiental do seu território. Em escala internacional, as atividades capazes de gerar impactos são regulamentadas por leis, acordos e normas. Cabe a cada país, soberano dentro dos seus limites, respeitar os acordos e as normas. Durante estudos na Floresta Amazônica, BARBOSA (2005), destaca que o efetivo monitoramento ambiental do planeta vem sendo aprimorado conforme avanços tecnológicos na área do sensoriamento-remoto. Em âmbito nacional, em um país de proporções continentais como o Brasil, a regulamentação ambiental aborda e restringe situações que conflitam com interesses de diversos segmentos. É o caso de ocupação de áreas de preservação ou indevidas (ex. áreas úmidas, áreas de risco, topos de morros, zonas ribeirinhas entre outros) e de outras situações, geralmente vinculadas à relação da atividade pretendida com a posição geográfica (CETESB, 2001). As cidades se formaram a partir de pontos de encontro, troca e convivência de pessoas. Em termos ambientais, uma metrópole dos dias de hoje, pode ser descrita como uma área, representativamente impermeabilizada, densamente construída e povoada, que importa praticamente todos os seus recursos e exporta seus resíduos. Salienta-se ainda, a capacidade poluidora de certos empreendimentos, capazes inclusive, de tornar áreas inviáveis a certas ocupações (AVOGADRO & RAGAINI, 1993). As cidades atuais mantiveram o propósito inicial, servir de cenário às facilidades modernas. O desenvolvimento das cidades e regiões metropolitanas vem trazendo novas situações, até então não previstas, de forma específica, na Legislação Ambiental Brasileira. É o caso das Áreas Suspeitas de Contaminação, cada vez mais comuns nas áreas urbanas (INEA, 2013). Trata-se de terrenos que abrigam, ou abrigaram, atividades potencialmente poluidoras, ou poluidoras por natureza, tais como indústrias, comércio de combustíveis, aterros de resíduos entre outros. CONAMA, 2009, define como Área Suspeita de Contaminação, aquela em que, após a realização de uma avaliação preliminar8, forem observados indícios da presença de contaminação ou identificadas condições que possam representar perigo. A partir da maior frequência de identificação de áreas suspeitas (e contaminadas), a Avaliação de Riscos à Saúde Humana foi acoplada na estratégia de gerenciamento ambiental dos municípios. Esta ferramenta vincula a qualidade ambiental de um terreno com a sua forma de ocupação (EPA, 1998). As discussões referentes ao tema vêm se intensificando no Brasil conforme são enfrentadas novas situações. Áreas de lixões e terrenos industriais desativados vêm sendo invadidos para fins 7 Fraturamento Hidráulico, ou Fracking: método de prospecção de gás não-convencional (gás de folhehlo, gás de xisto, shale gas). O método é considerado controverso e foi proibido em diversos países, especialmente, em virtude dos riscos ambientais e impactos sociais relacionados. 8 Segundo ABNT NBR 15.515-1/2011 Definição de Avaliação Ambiental Preliminar: É a etapa inicial da Avaliação de Passivo Ambiental em solo e água subterrânea, que objetiva encontrar indícios de uma possível contaminação nestes meios, realizada com base nas informações disponíveis, como levantamento histórico, entrevistas, imagens e fotos, e inspeções em campo, visando fundamentar a suspeita de contaminação em uma área. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 2

diversos, inclusive residenciais, colocando em risco a saúde pública, demandando atenção de toda a sociedade. 2. OBJETIVOS O Grupo de Pesquisas responsável pelo texto é formado por integrantes do Programa de Pós Graduação Stricto Senso em Direito Ambiental da Universidade de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. O grupo tem foco no levantamento, sistematização e discussão de dados técnicos capazes de suportar decisões jurídicas. O grupo de pesquisas busca estabelecer uma relação de esclarecimento interdisciplinar para qualificação da comunidade acadêmica. O presente artigo aborda a Avaliação de Riscos à Saúde Humana como critério para gerenciamento ambiental, especialmente com relação a situações que envolvem Áreas Suspeitas de contaminação em grandes cidades. O tema consiste num ponto de convergência entre as ciências da Terra e o Direito Ambiental (YOUNG, 1987; SANBERG ET AL., 2014B). O texto trás informações atualizadas sobre o tema dentro da realidade brasileira. Os dados foram levantados a partir da literatura científica e técnica, e de documentos oficiais de Agências Ambientais. Por fim, são expostas as bases culturais relacionadas à adoção de diferentes critérios de gerenciamento. 3. CRITÉRIOS PARA GERENCIAMENTO AMBIENTAL Os critérios para gerenciamento ambiental podem ser definidos como os princípios norteadores das ações e refletem, de forma conciliada, as obrigações, os interesses e as possibilidades dos gestores. Atualmente, situações idealizadas remetem para o desenvolvimento sustentável como critério de gerenciamento, entretanto, na prática, as prioridades de cada circunstância repercutem de forma direta nas ações (LEFF, 2012). Por vezes, aspectos econômicos inviabilizam medidas de controle, cabendo a sociedade aprender a conviver com passivos ambientais de naturezas variadas. Em termos práticos, os gestores, quando deparados com situações que envolvem gerenciamento ambiental, necessitam relevar as peculiaridades de cada situação, considerando fatores diversos que extrapolam a igualdade de valores para o tripé da sustentabilidade9. Órgãos Ambientais Brasileiros vêm gerenciando o meio ambiente através de mecanismos diversos. Em metrópoles, áreas consideradas como suspeitas de contaminação, foram descobertas, repercutindo, inclusive, na saúde pública (STEIGLEDER, 2012). A Resolução n 420/2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente que dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas (CONAMA, 2009), determina que a Avaliação de Riscos à Saúde Humana deve abranger os bens a proteger, determinados em etapas anteriores (Avaliação Ambiental Preliminar, Confirmatória10 e Detalhada11). Segundo CONAMA (2009) são denominados bens a proteger: a saúde e o bem-estar da população; a fauna e a flora; a qualidade do solo, das águas e do ar; os interesses de proteção à natureza/paisagem; a infraestrutura da ordenação territorial e planejamento regional e urbano; a segurança e ordem pública. 9 Sociedade, economia e meio ambiente (LEFF, 2012). 10 Realizada com o objetivo de confirmar a existência de passivos ambientais em solos e águas subterrâneas de uma área definida como suspeita de contaminação. CONAMA (2009) define Investigação confirmatória: etapa do processo de identificação de áreas contaminadas que tem como objetivo principal confirmar ou não a existência de substâncias de origem antrópica nas áreas suspeitas, no solo ou nas águas subterrâneas, em concentrações acima dos valores de investigação; 11 Investigação detalhada: etapa do processo de gerenciamento de áreas contaminadas, que consiste na aquisição e interpretação de dados em área contaminada sob investigação, a fim de entender a dinâmica da contaminação nos meios físicos afetados e a identificação dos cenários específicos de uso e ocupação do solo, dos receptores de risco existentes, dos caminhos de exposição e das vias de ingresso (CONAMA, 2009). 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 3

Dessa forma, mesmo que denominada Avaliação de Riscos à Saúde Humana, a ferramenta inclui outros aspectos ambientais, como a preservação da atmosfera, de rios dos aquíferos e de outros bens a proteger. A NBR, ABNT 16.209/2013, que estabelece os procedimentos de avaliação de risco à saúde humana para fins de gerenciamento de áreas contaminadas em decorrência da exposição a substâncias químicas presentes no meio físico, denomina Avaliação de Riscos a etapa do processo de gerenciamento de áreas contaminadas por meio da qual determina-se qualitativa e/ou quantitativamente as chances de ocorrência de efeitos adversos à saúde, decorrentes da exposição humana a áreas contaminadas por substâncias perigosas. Mesmo que concebida para viabilizar um equilíbrio entre a forma ocupação e qualidade ambiental dos terrenos, a Avaliação de Riscos à Saúde Humana deve promover um ordenamento de prioridades para gerenciamento. O ordenamento deve ser elaborado em consideração aos riscos verificados nas etapas anteriores e na própria Avaliação de Riscos à Saúde Humana, e ainda contemplar a preservação da funcionalidade da área dentro do sistema natural (EPA, 1989). Entretanto, no que se trata de gerenciar passivos ambientais em áreas industriais, ou intensamente urbanizadas, os critérios relacionados à saúde humana ganham importância em detrimento daqueles critérios de cunho preservacionista. Nestas áreas, a degradação do meio é culturalmente consagrada em virtude da própria natureza da ocupação, remanescendo como critério de gestão ambiental a saúde humana e a administração dos resíduos. Para estes casos, os valores orientadores12 e as eventuais metas de remediação13, são determinados, com base em estudos toxicológicos, para proteção dos indivíduos dentro dos cenários de exposição padronizados14. (CETESB, 2001) 4. REGRAMENTOS BRASILEIROS APLICADOS Poucos regramentos brasileiros versam diretamente sobre critérios específicos para gerenciamento ambiental de áreas suspeitas ou com passivos de diferentes origens, tipos e magnitudes. Esta situação ocorre devido à falta de integração entre o setor Legislativo e os técnicos ambientais, capazes de identificar as peculiaridades técnicas de cada situação, e suas repercuções na administração dos casos. Uma série de regramentos técnicos recentes, posteriores ao ano 2009, foram publicados. através de Resoluções, Decretos ou Normas. As origens dos documentos são vinculadas aos Estados brasileiros onde os efeitos dos passivos ambientais foram identificados antes, como em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (IBAMA, 2015). Nestes Estados, ocupações irregulares de indústrias desativadas e antigos lixões trouxeram o tema à tona. Em 28 de dezembro de 2009, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou a Resolução n 420/2009. A Resolução oficializou diretrizes para gerenciamento ambiental por priorização, conforme procedimento que havia sido desenvolvido para o Estado de São Paulo, baseado no modelo de gerenciamento ambiental norte-americano (ASTM, 1995). As diretrizes preveem Avaliações Ambientais (Preliminar Confirmatória e Detalhada15) seguidas de uma Avaliação de Riscos à Saúde Humana. Os resultados da Avaliação de Riscos subsidiam a tomada de decisão quanto a ações futuras, que podem variar desde medidas institucionais até intervenções por remoção e encerramento da atividade. A Resolução CONAMA 420/2009 foi publicada com três anexos. O Anexo I apresenta um procedimento para estabelecer de valores de referência de qualidade de solos (VRQ16). A Resolução determina ainda, que até 2014, todos os Estados deveriam apresentar seus 12 Valores orientadores: são concentrações de substâncias químicas que fornecem orientação sobre a qualidade e as alterações do solo e da água subterrânea (CONAMA 2009). 13Metas de remediação são as concentrações dos contaminantes nos meios impactados, determinadas em decorrência da avaliação de risco, que devem ser atingidas por meio da execução das medidas de remediação, para que a área seja considerada reabilitada para o uso declarado, tendo em vista os cenários de exposição relacionados a esse uso, bem como para a preservação dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos (CETESB, 2007). 14 Padronização do conjunto de variáveis relativas à liberação das substâncias químicas de interesse, a partir de uma fonte primária ou secundária de contaminação; aos caminhos de exposição e às vias de ingresso no receptor considerado, para derivar os valores de investigação, em função dos diferentes usos do solo. 15 Normatizadas no Brasil através das NBRs ABNT 15.515-1, 2 e 3 respectivamente. 16 Valor de referência de Qualidade é a concentração de determinada substância que define a qualidade natural do solo, sendo determinado com base em interpretação estatística de análises físico-químicas de amostras de diversos tipos de solos; 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 4

respectivos VRQs, considerando assim, as características naturais dos solos de cada local. O Anexo II apresenta valores orientadores17 para substâncias diversas, calculados através de ensaios toxicológicos, para diferentes cenários de ocupação (residencial, agrícola e industrial). O Anexo III apresenta um fluxograma das etapas de gerenciamento. A mesma Resolução determina que toda a fase livre18 diagnosticada durante as Avaliações Ambientais seja removida, antes mesmo da Avaliação de Riscos à Saúde Humana. Em outras palavras, caso seja diagnosticado na natureza, produto perigoso imiscível com água ou mesmo impregnado no solo, esta substância deverá ser prontamente removida. Com relação ao Estado de São Paulo, onde os efeitos da falta legislação específica para gerenciar áreas suspeitas foram sentidos com maior intensidade, em 5 de junho de 2013 foi assinado o Decreto Estadual n 59.263, que Regulamenta a Lei Estadual nº 13.577 (de 8 de julho de 2009), que dispõe sobre diretrizes e procedimentos para a proteção da qualidade do solo e gerenciamento de áreas contaminadas, e dá providências correlatas. Em linhas gerais, o Decreto paulista corrobora as diretrizes apresentadas na Resolução CONAMA 420/2009 (com ressalvas de nomenclatura) e estabelece o Cadastro Estadual de Áreas Contaminadas, como ferramenta de controle e gestão ambiental para o Estado de São Paulo. Conforme colocado em seu Artigo Primeiro: Este decreto regulamenta a Lei nº 13.577, de 8 de julho de 2009, que trata da proteção da qualidade do solo contra alterações nocivas por contaminação, da definição de responsabilidades, da identificação e do cadastramento de áreas contaminadas e da remediação dessas áreas de forma a tornar seguros seus usos atual e futuro. O Cadastro de Áreas Contaminadas 19 do Estado de São Paulo pode ser consultado online através do website da Agência Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) 20. No cadastro, além das informações geográficas, constam informações sobre a caracterização da contaminação, datas, enquadramento das áreas e as medidas de controle adotadas. Atualmente, as Avaliações de Risco à Saúde Humana realizadas no Estado de São Paulo são elaboradas através das planilhas de programa Excel, elaboradas e disponibilizadas pela CETESB 21. Estas planilhas servem para calcular os riscos relacionados à presença de substâncias potencialmente perigosas em solos e águas subterrâneas e estabelecer metas de remediação específicas para cada local, de forma que os riscos sejam aceitáveis, conforme decisão estadual. À exceção da Agência Ambiental de Minas Gerais, que desde 2013, vem desenvolvendo planilhas de cálculos próprias, todos os outros Órgãos Ambientais brasileiros aceitam as planilhas da CETESB para gerenciamento de suas áreas contaminadas. Em Minas Gerais, a Deliberação Normativa Conjunta n 02 de 8 de setembro de 2010, elaborada pelo Conselho Estadual Ambiental e pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos viabilizou a padronização das atividades de gerenciamento ambiental neste Estado. A Deliberação Normativa mineira possui dois anexos. O Anexo I consiste numa lista de valores orientadores, calculados com base em estudos toxicológicos. O Anexo II apresenta um modelo de Declaração de Inexistência de Áreas Suspeitas de Contaminação ou Contaminadas para Renovação de Autorização Ambiental de Funcionamento. A Deliberação Normativa mineira abriu as portas para o Programa Estadual de Áreas Contaminadas de Minas Gerais, que entre outras atividades, disponibilizou planilhas de Avaliação de Riscos próprias e formulou o Inventário Estadual de Áreas Suspeitas de Contaminação e Contaminadas. O inventário fornece informações compiladas sobre a existência, tipologia e localização dessas áreas. O documento final, atualizado anualmente, pode ser acessado no website da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais (FEAM-MG) 22. 17 Valores Orientadores: são concentrações de substâncias químicas que fornecem orientação sobre a qualidade e as alterações do solo e da água subterrânea. 18 Conforme CONAMA, 2009. Fase livre: ocorrência de substância ou produto imiscível, em fase separada da água. 19 Cadastro de Áreas Contaminadas: conjunto de informações referentes aos empreendimentos e atividades que apresentam potencial de contaminação e às áreas suspeitas de contaminação e contaminadas, distribuídas em classes de acordo com a etapa do processo de identificação e remediação da contaminação em que se encontram; 20 http://www.cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/relacoes-de-areas-contaminadas/15-publicacoes 21 Conforme website da CETESB. Os cálculos têm como base o procedimento descrito no RAGS - Risk Assessment Guidance for Superfund - Volume I - Human Health Evaluation Manual (Part A) (US.EPA, 1989) para quantificação da exposição e do risco. 22 http://www.feam.br/declaracoes-ambientais/gestao-de-areas-contaminadas 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 5

No Estado do Rio de Janeiro, o gerenciamento de áreas suspeitas de contaminação vem sendo realizado conforme diretrizes da Resolução CONAMA 420/2009 (com alterações de nomenclatura). O Decreto Estadual n 42.159/2009 que define licenças especificas para o Gerenciamento de Áreas Contaminadas e a Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONEMA) nº 44/2012, que dispõe sobre a obrigatoriedade da identificação de eventual contaminação ambiental do solo e das águas subterrâneas por agentes químicos, no processo de licenciamento ambiental auxiliam as solicitações por parte dos técnicos da Agência Ambiental. No Estado do Rio de Janeiro, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) disponibiliza em seu website o Cadastro Estadual de Áreas Contaminadas e Reabilitadas 23. 5. MEDIDAS DE CONTROLE E CONTENÇÃO AOS RISCOS As medidas de controle e contenção aos riscos são as ações efetivas para gerenciamento ambiental, implementadas com o objetivo de eliminar os efeitos negativos das substâncias perigosas. Normalmente, são adotadas ações institucionais, obras de engenharia, remoções de solo com fase livre e remediações de fase dissolvida ou vapor. Independente das medidas, o monitoramento periódico dos compartimentos geoquímicos é realizado, para manter a Avaliação de Riscos à Saúde Humana atualizada. As demandas de monitoramento ambiental são oficializadas através de condicionantes em licenças ambientais, notificações administrativas, autos de infração ou Termos de Ajustamento de Conduta. Como medidas institucionais mais comuns, menciona-se a restrição do acesso a áreas contaminadas; restrição ao uso de água subterrânea; restrição do uso da área para agricultura, medidas de controle a riscos de explosão e incêndio e cobertura provisória para evitar a infiltração de chuvas. Com relação à remediação, as variações tecnológicas para acesso a diferentes meios, contaminados por diferentes compostos, são inúmeras (BERAUD in AVOGADRO & RAGAINI, 1993). As abordagens de remediação podem ter como objetivo remover, degradar ou conter a contaminação. Para remoção, entre outras técnicas, pode-se aplicar a simples remoção (de resíduos ou solo com fase livre impregnada) ou o bombeamento de águas contaminadas. Para degradar os contaminantes, são injetados sob pressão, produtos aceleradores de degradação, como compostos químicos oxidantes (ex. permanganato de potássio, peróxido de hidrogênio). Para fixar os compostos (especialmente metais), podem ser empregados produtos capazes de alterar o ph do meio. Certos minerais se precipitam sob condições mais alcalinas (AVOGADRO & RAGAINI, 1993) Há ainda, situações onde, de forma comprovada, não há riscos à saúde humana e o empreendedor opta, com ciência da Agência Ambiental, por monitorar o deslocamento e a degradação da fase dissolvida de contaminação. Estas atividades são realizadas através de amostragens em poços de monitoramento 24 de águas subterrâneas. Esta técnica é comum para situações brandas de baixo risco, entretanto vem sendo verificada com menor frequência em virtude das preocupações ambientais despertadas pela crise hídrica de certas partes do País. Produtos e equipamentos para fins ambientais, assim como serviços de consultoria ambiental, representam um setor de mercado mundial em expansão (REVISTA EXAME 15 de janeiro de 2015 25 ). A valorização dos técnicos do setor ambiental representa um passo à frente na viabilização de um gerenciamento ambiental mais esclarecido e eficiente. 6. CONCLUSÕES Tomando por base as informações levantadas, conclui-se que a Avaliação de Riscos à Saúde Humana consiste numa ferramenta de gerenciamento ambiental adequada para áreas urbanas. O cuidado na aplicação da Avaliação de Riscos à Saúde Humana está na extrapolação 23http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/documents/document/zwew/mdy4/~edisp/inea0068530.pdf 24 ABNT NBR 15495-1/2007 e -2/2008 25 Expansion of environmental industry into global market http://eng.me.go.kr/eng/web/index.do?menuid=171 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 6

do método para áreas fora dos domínios urbanos e no descuido com a funcionalidade dos terrenos dentro do sistema natural. Caso ocorram sucessivos casos onde, a saúde humana seja o único critério para gerenciamento, será desenvolvida uma cultura de convivência e tolerância com passivos ambientais ao invés de evitá-los. Um efeito favorável, esperado para as próximas décadas, é uma estabilização do quadro estatístico das novas áreas suspeitas e contaminadas. Cadastros de áreas contaminadas, avanços tecnológicos e o desenvolvimento de uma cultura de preservação auxiliarão neste processo. Acredita-se que empresas novas possuam estruturas superiores àquelas instaladas no século anterior. Instalações recentes possuem maior controle sobre insumos e resíduos, além de empregar materiais menos e agressivos ao meio ambiente. Devido a situações de crise ambiental, as comunidades se adequarão às novas realidades. As prioridades futuras estarão menos ligadas aos indivíduos e, culturalmente, direcionadas ao conforto das futuras gerações. 7. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a CAPES pelo fomento à pesquisa e ao Programa de Mestrado em Direito Ambiental da Universidade de Caxias do Sul pelo suporte oferecido. 8. REFERÊNCIAS ABNT NBR 15492/2007 Associação Brasileira de Normas Técnicas. Sondagem de Reconhecimento para Fins de Qualidade Ambiental - Procedimento. 31p. ABNT NBR 15495-1/2007 Associação Brasileira de Normas Técnicas. Poços de Monitoramento de Águas Subterrâneas em Aquíferos Granulares Parte 1: Projeto e Construção. 25p. ABNT NBR 15495-2/2008 Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2008. NBR 15495-2 Poços de Monitoramento de Águas Subterrâneas em Aquíferos Granulares Parte 2: Desenvolvimento. 24p. ABNT NBR 15.515-1/2011 Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2011. Passivo Ambiental em Solo e Água Subterrânea Parte 1: Avaliação preliminar. 68p. ABNT NBR 15.515-2/2011 Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2011. Passivo Ambiental em Solo e Água Subterrânea Parte 2: Investigação Confirmatória. 19p. ABNT NBR 16.209/2013 Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2013. Avaliação de Risco a Saúde Humana para Fins de Gerenciamento de Áreas Contaminadas. 40p. ASTM, 1998. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIAL Standard Provisional Guide for Risk-Based Corrective Action. EUA, ASTM Designation ASTM, 2001. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIAL ASTM 204-01 Guide for Risk Based Corrective Action at Chemical Release Sites. AVOGADRO & RAGAINI, 1993. Technologies for Environmental Cleanup: Soil and Groundwater. Editora Eurocourses: Environmental Management. 463 p. BARBOSA, 2005. Sensoriamento Remoto da dinâmica da circulação da água do Sistema Planície de Curuai/Rio Amazonas. Tese de Doutorado de Cláudio Clemente Faria Barbosa. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). BERAUD, 1993. BERAUD, J.F., Review of Operative soil and groudwater cleanup Technologies in AVOGADRO & RAGAINI, 1993 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 7

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