Palavras-chave: medo- criança- desenvolvimento infantil- pesquisa.



Documentos relacionados
O LÚDICO COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ANOS INICIAIS: UMA PERSPECTIVA INTERGERACIONAL

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS DA EJA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

REPRESENTAÇÕES DE AFETIVIDADE DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Deise Vera Ritter 1 ; Sônia Fernandes 2

PROCESSO EDUCATIVO, DA SALA DE AULA À EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE JOGOS EM SALA DE AULA E DE UM OLHAR SENSÍVEL DO PROFESSOR

Profª. Maria Ivone Grilo

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE DE LICENCIANDOS EM MATEMÁTICA

Autor(es) PAULA CRISTINA MARSON. Co-Autor(es) FERNANDA TORQUETTI WINGETER LIMA THAIS MELEGA TOMÉ. Orientador(es) LEDA R.

SEDUC SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO ESCOLA ESTADUAL DOMINGOS BRIANTE ANA GREICY GIL ALFEN A LUDICIDADE EM SALA DE AULA

MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

Objetivo principal: aprender como definir e chamar funções.

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

CURIOSOS E PESQUISADORES: POSSIBILIDADES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCATIVAS NAS SÉRIES INICIAIS SOB A VISÃO DO PROFESSOR.

Módulo 14 Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas Treinamento é investimento

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

Educação Sexual no desenvolvimento infantil. Profª.Teresa Cristina Barbo Siqueira

COMUNIDADE AQUÁTICA: EXTENSÃO EM NATAÇÃO E ATENÇÃO AO DESEMPENHO ESCOLAR EM JATAÍ-GO.

A EDUCAÇAO INFANTIL DA MATEMÁTICA COM A LUDICIDADE EM SALA DE AULA

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

OLIMPIADAS DE MATEMÁTICA E O DESPERTAR PELO PRAZER DE ESTUDAR MATEMÁTICA

HISTÓRIA ORAL NO ENSINO FUNDAMENTAL: O REGIME MILITAR NO EX- TERRITÓRIO DE RORAIMA

JOGOS MATEMÁTICOS RESUMO INTRODUÇÃO

O PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA UMA PRÁTICA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA INOVADORA

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PROFESSORES DE QUÍMICA DO CEIPEV. E CONTRIBUIÇÃO DO PIBID PARA SUPERÁ-LAS.

LUDICIDADE: INTRODUÇÃO, CONCEITO E HISTÓRIA

Atividade Pedagógica Teatro de fantoches. Junho 2013

Palavras-chave: Ambiente de aprendizagem. Sala de aula. Percepção dos acadêmicos.

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO OBSERVATÓRIO DE EDUCAÇÃO CURSO ESCOLA E PESQUISA: UM ENCONTRO POSSÍVEL

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

A escola para todos: uma reflexão necessária

Um currículo de alto nível

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID): UMA AVALIAÇÃO DA ESCOLA SOBRE SUAS CONTRIBUIÇÕES

ISSN PROJETO LUDICIDADE NA ESCOLA DA INFÂNCIA

DOENÇAS VIRAIS: UM DIÁLOGO SOBRE A AIDS NO PROEJA

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DA ESCRITA COMO INSTRUMENTO NORTEADOR PARA O ALFABETIZAR LETRANDO NAS AÇÕES DO PIBID DE PEDAGOGIA DA UFC

JOGOS ELETRÔNICOS CONTRIBUINDO NO ENSINO APRENDIZAGEM DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NAS SÉRIES INICIAIS

Realizado de 25 a 31 de julho de Porto Alegre - RS, ISBN

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

PEDAGOGIA EM AÇÃO: O USO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COMO ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

Projeto em Capacitação ao Atendimento de Educação Especial

A NECESSIDADE DA PESQUISA DO DOCENTE PARA UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA, PRINCIPALMENTE NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NO TRABALHO COM AUTISTAS

A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR OS VALORES NA EDUCAÇÃO

Avaliação e observação

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

QUANTO VALE O MEU DINHEIRO? EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA O CONSUMO.

ÁGORA, Porto Alegre, Ano 4, Dez ISSN EDUCAR-SE PARA O TRÂNSITO: UMA QUESTÃO DE RESPEITO À VIDA

FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN INTERVENÇÃO EDUCATIVA INSTITUCIONAL PROJETO PSICOPEDAGÓGICO

Centro Acadêmico Paulo Freire - CAPed Maceió - Alagoas - Brasil ISSN:

Palavras-chaves: inclusão escolar, oportunidades, reflexão e ação.

Crenças, emoções e competências de professores de LE em EaD

PLANO DE TRABALHO TÍTULO: PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA DAS CRIANÇAS

EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

AS INQUIETAÇÕES OCASIONADAS NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN NA REDE REGULAR DE ENSINO

MODELAGEM MATEMÁTICA: PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO 1

PALAVRAS-CHAVE economia solidária, ensino fundamental, jogos cooperativos, clube de troca. Introdução

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DE NOVOS CONHECIMENTOS 1

Mão na roda. Projetos temáticos

METODOLOGIA: O FAZER NA EDUCAÇÃO INFANTIL (PLANO E PROCESSO DE PLANEJAMENTO)

ANÁLISE DA DEGRADAÇÃO DO BIOMA CAATINGA NAS IMEDIAÇÕES DA CIDADE DE SANTA CECÍLIA PB

OS SABERES PROFISSIONAIS PARA O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA

A aula de leitura através do olhar do futuro professor de língua portuguesa

A IMPORTÂNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NOS PROJETOS SOCIAIS E NA EDUCAÇÃO - UMA BREVE ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO PROJETO DEGRAUS CRIANÇA

5 Considerações finais

EDUCAÇÃO INFANTIL E LEGISLAÇÃO: UM CONVITE AO DIÁLOGO

PROJETO DE ESTÁGIO CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL CIRCUITO: 9 PERIODO: 5º

TECNOLOGIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

IV EDIPE Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino 2011

A LUDICIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

Copos e trava-línguas: materiais sonoros para a composição na aula de música

PRÁTICAS LÚDICAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA DO INFANTIL IV E V DA ESCOLA SIMÃO BARBOSA DE MERUOCA-CE

A RELAÇÃO DO CUIDAR-EDUCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Carla Ariana Passamani Telles 1 Franciele Clair Moreira Leal 2 Zelma Santos Borges 3.

SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO

ALTERNATIVAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES PARA O TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA

Carla de Carvalho Macedo Silva (CMPDI UFF)

PRATICANDO O RCNEI NO ENSINO DE CIÊNCIAS - A CHUVA EM NOSSA VIDA! RESUMO

JOGO DE BARALHO DOS BIOMAS BRASILEIROS, UMA JOGADA FACILITADORA DA APRENDIZAGEM DOS DISCENTES NA BIOGEOGRAFIA.

EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA POPULAR ATRAVÉS DA DANÇA

PLANTIO DE FLORES Profas Joilza Batista Souza, Isilda Sancho da Costa Ladeira e Andréia Blotta Pejon Sanches

Projeto Pedagógico. por Anésia Gilio

O ESTUDO DE CIÊNCIAS NATURAIS ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA RESUMO

Construindo uma aula significativa passo-a-passo.

ANÁLISE DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DE XINGUARA, PARÁ SOBRE O ENSINO DE FRAÇÕES

MODELANDO O TAMANHO DO LIXO

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NO CONTEXTO TECNOLÓGICO: DESAFIOS VINCULADOS À SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

JOGOS NAS AULAS DE HISTÓRIA ATRAVÉS DO PIBID: UMA POSSIBILIDADE DE CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO E DE INTERAÇÃO

IMPLANTANDO O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NA REDE ESTADUAL DE ENSINO

EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL: PRÁTICAS INCLUSIVAS E ARTICULADORAS NA CONTINUIDADE DO ENSINO EM MEIO AO TRABALHO COLABORATIVO

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS, ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: ANÁLISES E PERSPECTIVAS

20 Anos de Tradição Carinho, Amor e Educação.

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E AS DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA

RE-ENCONTRANDO COM O ENSINO DA ARTE EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO ENSINO FUNDAMENTAL

Transcrição:

A INFLUÊNCIA DO MEDO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Joelma Rodrigues Patrícia de Andrade Schana Castilho Cercato RESUMO O medo faz parte do desenvolvimento humano e serve como recurso de defesa e proteção. Mas em excesso e sem o tratamento adequado ele pode tornar-se patológico, transformando-se em fobias. É na infância que muitos desses sentimentos são despertados e é a qualidade das experiências vividas que vai determinar o comportamento nas fases mais avançadas na vida da pessoa. Buscando contribuir com educadores, pais e interessados em uma melhor compreensão dos medos infantis realizamos uma pesquisa na Escola Municipal de Educação Infantil Pedacinho do Céu (localizada no município de São Sebastião do Caí- RS),com as turmas de Maternal e Pré I, crianças de três a cinco anos, através do método proposto pelo NEPSO (Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião), a fim de reconhecer e validar esses temores colaborando assim com a superação e aceitação dos mesmos. Consolidando o presente artigo, buscamos aporte teórico em grandes pesquisadores do desenvolvimento infantil, como Jean Piaget, Vigotsky, Freud, entre outros. Analisando as pesquisas realizadas nos é permitido concluir que várias das hipóteses iniciais foram confirmadas e que o diálogo é ferramenta essencial para o desenvolvimento emocional infantil já que a capacidade de exteriorizar sentimentos possibilita a aproximação e a procura conjunta de soluções para os problemas. Palavras-chave: medo- criança- desenvolvimento infantil- pesquisa. Contextualizando o problema... O medo é uma das principais forças motivadoras da conduta humana. Todas as pessoas já enfrentaram situações onde experimentaram este sentimento, com maior ou menor intensidade. À medida que crescemos aumenta a complexidade das emoções, os sentimentos passam a se distinguir baseados nas relações e situações que forem vivenciadas. Muitos dos medos que levamos para a vida adulta têm origem em temores que surgiram na infância. Durante seu desenvolvimento as crianças enfrentam várias situações onde vêem confrontadas com mudanças e conflitos. É comum que tenham receio, dúvidas

e angústias. Daí torna-se indispensável à mediação dos adultos de seu convívio, fornecendo-lhe o suporte e o conforto necessários para superarem os desafios que surgirem. Em ambiente escolar torna-se fundamental a preocupação e verificação dos medos infantis, pois o educador deve sentir-se preparado para que possa intervir de forma positiva e sutil, auxiliando a criança a lidar mais naturalmente com seus temores. Segundo MLYNARDZ (2008), dependendo das experiências vividas de suas relações familiares e outras variáveis a criança poderá apresentar uma evolução patológica do medo, caracterizada por perturbações do comportamento, que podem se manifesta em timidez e vergonha, até crises de ansiedade ou fobias. Considerando a necessidade e relevância de explorar este tema, foi definida a seguinte questão: Do que você tem medo?. Foram a partir daí oportunizadas reflexões e investigações promovendo o uso da pesquisa de opinião como motivadora do aprendizado, através da metodologia do NEPSO (Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião). A função primordial da escola seria, então, a de auxiliar a criança a compreender melhor o mundo por meio da pesquisa, do debate e da solução de problemas, devendo ocorrer uma constante inter-relação entre as atividades escolares e as necessidades e os interesses das crianças e das comunidades. (Maria Carmem Silveira Barbosa e Maria da Graça Souza Horn, Projetos Pedagógicos na Educação Infantil, 2008, p.17) As análises das entrevistas realizadas e a exploração do tema Medo no Desenvolvimento Infantil tiveram como principais objetivos reconhecer os medos infantis e pensar sobre sua função facilitando o desenvolvimento integral da criança, discutir e refletir sobre noções de cuidado e zelo com o próprio corpo, identificando situações onde o medo é um fator de proteção e auto-preservação, além de perceber o medo como emoção natural, já que todos o enfrentam não importando a idade. Realizando conversações foram levantadas diversas hipóteses sobre os medos infantis mais comuns, entre eles os mais citados foram os medos de animais, de seres sobrenaturais e ferimentos. Entre os medos de pessoas adultas nomeadas medos de animais, da solidão, da violência.

Através das entrevistas e das intervenções proporcionadas ao longo do projeto buscamos aprofundar a compreensão sobre os próprios temores e inquietações visando encontrar melhores formas de lidar com os mesmos. 1 Primeiros Passos: observando e descobrindo um tema O assunto escolhido surgiu a partir de observações na própria rotina das crianças das turmas de Maternal e Pré I, entre 3 e 5 anos, quando as brincadeiras muitas vezes acontecem através do jogo simbólico, e são nessas situações que percebem-se diversas emoções, incluindo medo e ansiedade. Assim, estabelecendo critérios para distinguir uma brincadeira de outras formas de atividade, concluímos que ao brincar a criança cria uma situação imaginária. Esta não é uma idéia nova, no sentido de que as situações imaginárias no brincar sempre foram reconhecidas; mas eram vistas, anteriormente, apenas como um exemplo de atividades do brincar. A situação imaginária não era considerada a característica definidora do brincar em geral, mas era tratada como um atributo de subcategorias específicas do brincar. (VIGOTSKY,1978,p.93-94) 2 Iniciando o processo de pesquisa Os medos na infância nem sempre são previsíveis se levarmos em conta as diferenças individuais. O mesmo estímulo pode ser ameaçador para uma criança e ser indiferente para outra. Por isso foram realizadas diversas atividades para explorar o tema, oportunizando rodas de conversa, contação de histórias, apresentação do baú do Medo onde foram colocados objetos que representam algumas das figuras dos medos anteriormente verificados. Brincando de Repórter Durante as conversações em sala de aula surgiram várias curiosidades relacionadas ao tema Medo. Então selecionamos as principais para elaborar um questionário, onde cada um responderia do que tem medo, o que faz quando sente medo e quem a ajuda quando está com medo.

Analisando as respostas percebemos que as hipóteses foram confirmadas e acabaram se enquadrando em estudos realizados anteriormente sobre o medo infantil conforme a faixa etária. Também os adultos têm medo e muitos mantêm apreensões que tem origem nos seus temores da infância. Assim as crianças foram convidadas a refletir sobre o medo das pessoas adultas. Será que o pai e a mãe também têm medo? Do quê será que eles têm medo? Do que será que tinham medo quando eram do tamanho de vocês? Elaboramos questionários para serem respondidos por um adulto da família de cada criança da escola. Utilizamos pra isso as dúvidas das próprias crianças além de proporcionar uma reflexão sobre se é correto assustar os filhos. Crianças abaixo de seis ou sete anos não deveriam ser amedrontadas por conselhos para não confiar em estranhos, ou serem advertidas de perigo e abuso. Entretanto a orientação costrutiva positiva- Sempre segure a mão da mamãe no shopping. -pode ser útil tão logo as crianças sejam suficientemente verbais para entender as razões da preocupação. Essa orientação deveria ser gradualmente combinada com a capacidade da criança de discutir essas questões. Na idade adequada, essas ameaças precisam ser ensinadas gradualmente e com reafirmação tranqüila. (Brazelton e Greenspan, As Necessidades Essenciais das Crianças, 2002, p.86) Depois de familiarizados com o assunto e com as perguntas dos questionários foi proposto aos próprios alunos que entrevistassem crianças da comunidade. O questionário era similar ao respondido pelos alunos, porém com mais opções de resposta. As perguntas foram feitas oralmente pelo repórter e o entrevistado assinalava a resposta escolhida. 4 Comparando Respostas e Fazendo Descobertas Utilizando os dados coletados nas entrevistas realizadas com os alunos, partimos para a análise e comparação das respostas obtidas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais ressaltam o valor formativo que a matemática deve ter no âmbito escolar, sobrepondo-se à mera memorização de fórmulas e vinculando-se ao domínio do saber fazer matemática e saber pensar matemática. (LIMA, Ana Lúcia D Império; ARAÚJO, Marilse. A pesquisa que ensina. São Paulo: IBOPE,2006).

Tivemos oportunidade de rever as entrevistas, compartilhar respostas, promover comparações e interpretar os resultados. A partir daí construímos gráficos com a participação de todos, que quando concluídos foram analisados coletivamente. 1. 2. 3.

Após analisarmos as respostas concluímos que, no gráfico 1, que apontava respostas a questão Do que você tem medo?, nove alunos responderam que tinham medo de animais (cobras e aranhas), oito responderam que tinham medo de seres sobrenaturais (bruxas e fantasmas) e três responderam que tinham medo de ferimentos (injeção e cortes). Já no gráfico 2, apresentamos a questão O que você faz quando sente medo?, um aluno respondeu que corre, seis que gritam e treze que choram. No gráfico 3, mostra as resposta da pergunta Quem te ajuda quando você sente medo?, onze alunos responderam a mãe, sete o pai e dois responderam a prô. As hipóteses inicialmente apontadas, tanto para os medos infantis quanto para os medos dos adultos foram em sua maioria confirmadas, e a partir de uma análise mais profunda e individualizada percebemos que de adéquam a resultados de estudos sobre a evolução do medo durante o desenvolvimento humano. Do nascimento aos 18 meses os bebês têm medo de objetos reais, ruídos inesperados, situações ou pessoas estranhas, quedas ou perigos de quedas, luzes fortes. Dos três aos cinco anos as crianças podem se tornar vítimas de sua própria imaginação. Elas já aprenderam que algumas coisas poderão realmente machucá-las, mas ainda não têm certeza sobre quais são. Conseqüentemente, assustam-se com perigos sobrenaturais e imaginários, monstros e fantasmas. Nessa idade aumenta muito o medo da escuridão. (Mlynarz, 2008). Com base nos resultados das pesquisas realizadas com os alunos, puderam ser desenvolvidos diversos trabalhos direcionados a exploração do assunto medo. Uma colaboração especial Através de várias atividades desenvolvidas ao decorrer do período em que focamos o tema Medo, buscamos explorar o assunto de forma lúdica, promovendo o diálogo, instigando a curiosidade e lançando questionamentos, procurando sempre colaborar no desenvolvimento emocional saudável, na construção da autonomia e identidade pessoal. A partir dos resultados obtidos com as pesquisas realizadas com as crianças e adultos, foi possível identificar certas inquietações decorrentes especialmente da

realidade social em que vivemos nos dias atuais, onde nos vemos expostos a situações que podem trazer ameaças a integridade física e segurança das pessoas. Surgiu então uma necessidade que nos trouxe a reflexão: Como poderíamos colaborar com os pais para que eles conseguissem ajudar seus filhos a administrar os medos infantis? Contamos na etapa final de nosso trabalho com a colaboração muito significativa da psicóloga Sandra Maria Schirmer Ferrão que realizou uma palestra para as famílias na escola, esclarecendo dúvidas, oportunizando debate e ainda reforçando a necessidade de uma postura segura e tranqüila por parte dos cuidadores da criança que é assegurada por uma boa conduta e uma boa conversa. Dessa forma os adultos aprendem a lidar com as defesas da criança e proporcionála maior estabilidade em relações pessoais. A identidade, o autoconceito e as atitudes de uma pessoa são questões individuais, fazem parte do eu interno da criança. Outro aspecto central do eu interno é a emoção. Os termos sentimento, emoção e afeto são todos usados para descrever um domínio da experiência humana que é subjetivamente claro e vívido para a maioria dos adultos. No entanto, os psicólogos não acham a emoção fácil de entender. As conversas diárias das crianças nos deixam claro que a alegria, a tristeza, o medo e muito as outras emoções são centrais para as experiências e suas relações com os outros. (Mussen, Conger, Huston, Desenvolvimento e Personalidade da Criança, 2001, p.367). Apesar de poucas famílias terem comparecido a palestra, percebemos um efeito positivo, já que além de conversar sobre os medos das crianças, as mães também puderam expor seus próprios medos. Considerações Finais Analisando a realidade encontrada por meio da pesquisa de opinião pudemos constatar a importância de dar atenção devida ao desenvolvimento emocional de nossas crianças, já que é na infância que se constroem as bases que formarão o indivíduo e sua personalidade. Tanto educadores, como pais e cuidadores devem estar preparados para lidar com as diversas situações conflitantes que as crianças enfrentarão ao decorrer de seu crescimento e que muitas vezes podem ocasionar-lhe angústias e preocupações.

Os medos que não são tratados de forma adequada podem se transformar em fobias e distúrbios, e é necessário ter um olhar sensível frente às atitudes, brincadeiras, desenhos e conversas das crianças procurando reconhecer seus reais temores pois talvez seja esse o melhor caminho para enfrentá-los e tentar resolvêlos. É importante reafirmar também que o medo funciona como um sinalizador de perigo e temos o papel de ajudar as crianças a reconhecer situações de risco e determinar quando realmente devem ter medo. É preciso ensinar a criança a avaliar a realidade fornecendo-lhe informações necessárias com segurança e autoridade. Durante momentos estressantes é essencial fornecer apoio e conforto. Atitudes como essas desenvolvem gradativamente a confiança e fazem com que as crianças sintam-se mais seguras ao deparar-se com situações ameaçadoras. Conclui-se também aqui que é desafiante, mas motivador desenvolver uma proposta de construção coletiva do conhecimento, articulando vivências, experiências e interesses das crianças e da comunidade em que estão inseridas. O método de pesquisa de opinião do NEPSO proporciona essa interação e aproximação da realidade vivenciada. Como foi a primeira vez que participamos da proposta NEPSO, tivemos inseguranças e encontramos algumas dificuldades iniciais, especialmente por tratarse de um trabalho com crianças pequenas que tem várias curiosidades e interesses, além disso, precisam ter supridas algumas necessidades para que seu desenvolvimento seja completo. Nosso trabalho foi direcionado a área da Educação Infantil, tornando-se necessário elaborar formas diversificadas de entrevistas e gráficos (ilustrados), já que as crianças ainda não são alfabetizadas. Foi desafiador mais percebemos que nossas expectativas foram superadas, pois a grande maioria compreendeu e demonstrou interesse na realização das atividades propostas. Nas oportunidades que tivemos, expomos o andamento do projeto desenvolvido e obtivemos retorno das famílias que participaram das entrevistas e atividades relacionadas. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil. Editora, 2008 BRAZELTON; GREENSPAN. As necessidades essenciais das crianças. 2002. HOLANDA, Aurélio Buarque de. Minidicionário da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. LIMA, Ana Lúcia D Império; ARAÙJO, Marilse. A pesquisa que ensina. São Paulo: IBOPE, 2006. MLYNARZ, Mônica. Medos infantis. Disponível em http://www.alobebe.com.br/site/revista/reportagem.asp?texto=115. Acesso em 25/04/12. MONTENEGRO, Fábio; RIBEIRO, Vera Masagão. Nossa escola pesquisa sua opinião: manual do professor. São Paulo: Global, 2002. MUSSEN; CONGER; HUSTON. Desenvolvimento e Personalidade da Criança. 2001. PAPALIA, Diane E. & OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. STECANELA, Nilda. Roteiro para elaboração de artigo. In: Anais do X Seminário Escola e pesquisa: um encontro possível. Caxias do Sul, 2010. VIGOTSKY,