O processo de COACHING aplicado nos pólos de crescimento econômico do País: uma abordagem sistêmica com foco na qualificação profissional e na sustentabilidade social das regiões. Por Wagner Duarte Nunca no Brasil tivemos uma perspectiva tão positiva em termos de desenvolvimento econômico. As reservas de óleo e gás na camada pré-sal, a organização da Copa do Mundo em 2014 e a dos Jogos Olímpicos em 2016 colocam definitivamente o País na rota dos negócios internacionais. Em complemento, os programas Minha Casa, Minha Vida e de Aceleração do Crescimento (PAC) consolidam a imagem de uma nação capaz de enfrentar desafios internos e entrar no grupo das economias mais desenvolvidas no mundo. Por outro lado, a precariedade da mão de obra é um dos principais desafios a serem superados, seja para que a indústria do petróleo local (em processo de desenvolvimento acelerado pela descoberta e pelo início da produção do pré-sal) torne-se competitiva em relação à concorrência externa, seja para que os programas de crescimento atinjam os seus propósitos sociais. Além dos efeitos da difícil situação educacional de base no país, em âmbito local, o cenário é desagregador e dificilmente atingirá o seu propósito social de forma concreta e plena. Piquet e E. L.de Oliveira (autores de Petróleo e Região no Brasil o desafio da abundância. Rio de Janeiro: Garamond, 2007), ao entrevistarem executivos de diferentes tipos de empresas instaladas nestes locais parecem corroborar esta falta de dimensão mais concreta: as petroleiras consideram as administrações locais (prefeituras) pouco eficientes. Há um clima de animosidade e desconfiança mútuas. As fornecedoras e as não-vinculadas acham que cumprem seu papel ao gerar empregos e pagar impostos e percebem os programas sociais como atribuições do setor público. Piquet e Oliveira, concluem que nenhuma das empresas demonstrou preocupação com o território que lhes dá sustentação (p. 279). Os municípios
também padecem de preocupações de curto prazo; construção de um consenso falso; desinformação; lógicas oligárquicas; particularismos. Todas estas atenuantes são elementos propulsores para efetivação de um ciclo vicioso de caos social nestas regiões, que na ausência de uma política nacional de desenvolvimento estrutural e integrado com os municípios (pensar global com ações locais), desencadeiam uma série de efeitos nocivos e impactantes como: migrações, com consequente estrutura demográfica atípica, composta por elevado coeficiente de homens jovens; favelização, prostituição e criminalidade; espaços urbanos não equipados; despreparo do poder público local, que faz concessões que enfraquecem os cofres municipais e que assiste à ocupação não planejada das beiras de estradas, rios, canais e encostas de morros e à consequente sobrecarga no uso dos equipamentos coletivos, sem cuidar de sua ampliação e modernização (PIQUET, 2007). Nossa pergunta: poderia ser diferente? O que fazer para superar essa dinâmica trágica? Nossa reflexão está direcionada a uma proposição de desenvolvimento sistêmico com foco na qualificação profissional e na sustentabilidade social destas regiões. O horizonte de qualificação é amplo e envolve profissionais do nível básico ao superior. Contudo, há uma crescente preocupação do governo e das empresas diante de uma demanda que vai ficar cada vez maior e estima-se que se não houver um incremento expressivo na qualificação da mão de obra, as empresas e a cadeia produtiva do petróleo poderão chegar a 2015 com um déficit de cerca de 200 mil profissionais. Corremos um grande risco de não ter gente qualificada para trabalhar nos próximos anos, já sendo percebido nos dias atuais no qual, para minimizar o caos, as empresas atuam com a importação desta mão de obra qualificada, extirpando as oportunidades de desenvolvimento social e profissional da população local e propiciando desigualdades e o mencionado antagonismo do desenvolvimento econômico.
As iniciativas individuais e as ações sociais parecem insuficientes para alcançar os resultados esperados, trazendo sentimentos de frustração e a percepção de um distanciamento crescente entre o planejamento e as primeiras avaliações sobre o assunto: instituições educacionais e ONGs que não qualificam tecnicamente a população para a necessidade do mercado, organizações sem políticas internas que atentem especificamente para o território que lhes dá sustentação e para a enculturação e ambientação de colaboradores qualificados provindo destas comunidades, e, sobretudo, a questão sócio educacional de base que restringe a potencialidade local para superar estes novos desafios. Ampliando a análise para contextos sociais mais abrangentes, percebemos algumas ideias, tendências e iniciativas externas: A cooperação envolvendo o interior e o exterior da organização. Há um crescente desejo e necessidade de inclusão, de conciliar diferenças. O crescimento individual como condição da evolução organizacional. Ambos devem crescer paralelamente à satisfação conjunta. O uso cada vez mais frequente e competente de projetos organizacionais, projetos de vida, aprendizagem por projetos e outros. Se há projetos, há sonhos; se há sonhos, evocam-se potenciais. A educação continuada e inovadora preparando estudantes para verem o mundo, cada vez mais complexo, diferente da educação tradicional. A educação mediada por tecnologia via internet e via satélite participa, de modo a cada dia mais intenso, da vida acadêmica. Pensamentos que agrupam as propostas de capital social, de economia solidária e popular, de voluntariado, empreendedorismo, microiniciativas, parceria públicoprivada, cooperativa, governança, responsabilidade social empresarial, etc.
Difusão de ideias com os conceitos de desenvolvimento sustentável e de responsabilidade socioambiental das empresas. Na emergência dos cenários descritos, percebe-se que programas de Coaching vêm ao encontro dessa realidade em transição, estimulando a reciprocidade e integração entre os agentes de transformação destes microambientes (em situações presenciais, semipresenciais e a distância), materializando as ideias e os interesses de desenvolvimento socioeconômico. A palavra Coaching tem origem francesa. Coach significa carruagem, um veículo para transportar pessoas de um lugar para outro. Por extensão, tem o sentido de guiar pessoas, grupos ou empresas nas suas trajetórias ao encontro das metas estabelecidas. A base metodológica do Coaching (Behavioral Coaching) se utiliza de modelos estruturados e princípios científicos comportamentais para a obtenção de mudanças duráveis e mensuráveis em indivíduos e organizações. Tais elementos são largamente reconhecidos pelo mercado e utilizados em serviços de Coaching Executivo, isto é, serviços executados por profissionais certificados em empresas ou projetos organizacionais para aumento de desempenho e mudança organizacional. O Coaching como técnica, prática e serviço, exercido de maneira sistematizada, tem adquirido uma demanda crescente por pessoas, grupos e empresas devido à eficiência e efetividade dos resultados comprovadamente alcançados. Desta forma, esta metodologia poderá contribuir com uma série benefícios tais como apoiar processos, transições, melhorias de desempenho, mudança positivas no comportamento e na cultura institucional, aumento do nível de consciência e desempenho individual e coletivo, identificação de visão, missão, valores e crenças pessoais e organizacionais, definições e alcances de metas, objetivos e propósitos mensuráveis, concretizar ideias e tendências impulsionadoras, acelerar aprendizagens e promover eficiência na qualificação com foco nas demandas emergenciais, enfim gerar decisões mais acertadas na vida e no trabalho de maneira sistematizada.
Desta forma, compreendemos que o Coaching pode contribuir significativamente, especificamente no que se refere ao gargalo de mão de obra qualificada para o pleno atendimento da demanda de trabalho nos polos de desenvolvimento regional, apresentando soluções por meio de mecanismos e metodologias inovadoras com foco nas pessoas (população local), instituições de ensino, empresas participantes e governo, que propiciem a aceleração da aprendizagem e a eficiência do processo de qualificação profissional destas regiões e, consequentemente, em sua sustentabilidade social. Fontes de pesquisa: Gustavo Paul - O Globo, 16/08 Fernando Scheller - http://blogs.estadao.com.br/sua-chance/2011/02/02/o-primeirogargalo-de-mao-de-obra-portugues-e-raciocinio-logico/ Jornal do Commercio - http://escadaedesenvolvimento.wordpress.com/tag/prominp/ Márcio Zenker - Melhores práticas de Coaching em instituições educacionais: Perspectiva da tecnologia educacional. BCI - http://www.behavioral-coaching-institute.com/ Certified Executive Coach (Sociedade Brasileira de Coaching) Partes I e II Impactos sociais, ambientais e urbanos das atividades petrolíferas: o caso de Macaé Cap. 1-2: Selene Herculano