Gestão e Recuperação de FACTORING. Como e porquê recorrer a empresas que lhe recuperam as dívidas



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Transcrição:

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5133 DE 14 DE MARÇO DE 2011 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Gestão e Recuperação de CRÉDITOS e FACTORING Como e porquê recorrer a empresas que lhe recuperam as dívidas Finanças querem contratar empresas de recuperação de créditos Os seis perfis de empresas que falham na hora de pagar Steve Cole /GettyImages O que é o factoring e como tem ajudado as empresas

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IV Diário Económico Segunda-feira 14 Março 2011 GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING O INSTITUTO DE FORMAÇÃO BANCÁRIA vai realizar um novo curso presencial no próximo dia 24 de Março, no Porto, sobre as novas regras do crédito à habitação, que entraram em vigor dia 1 de Novembro de 2010. Esta é uma formação dirigida a profissionais, isto é está orientado para colaboradores dos balcões das instituições bancárias e outras entidades que, no dia-a-dia, trabalhem com operações de crédito à habitação. Finanças querem contratar empresas de cobranças de créditos A medida inscrita no Orçamento do Estado prevê que o Governo possa recorrer aos serviços das empresas deste sector para recuperar capitais. ANA CUNHA ALMEIDA E ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE ana.c.almeida@economico.pt Oministério das Finanças quer contratar empresas de gestão e recuperação de créditos para reaver dívidas de empresas e particulares ao Estado. A medida está inscrita no articulado da proposta de Orçamento do Estado para 2011 que refere expressamente a possibilidade do Estado recorrer à contratação da prestação de serviços no âmbito da recuperação dos créditos do Estado. Uma medida que permitirá, não apenas às sociedades de advocacia no caso dos processos judiciais, mas também às empresas de cobranças de créditos aumentar a sua carteira de clientes. Em causa estão inúmeros tipos de créditos tanto de particulares como de empresas (não se trata de impostos) que são geridos pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, tutelada por Carlos Pina, secretário de Estado do TesouroeFinanças.Em2010,oEstadoconseguiu recuperar créditos no montante de cerca de 19,5 milhões de euros, ou seja mais cerca de 6,4 milhões de euros que em 2009. Esta é a janela de oportunidade que ainda não se revelou. Embora alguns dos nossos associados trabalhem, pontualmente, com o Fundo de Garantia Automóvel, por adjudicação das secretarias de execução judiciais que recorrem ao outsourcing destes serviços, admite António Gaspar, professor universitário e director executivo da APERC Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Recuperação de Créditos. Também Luís Salvaterra, director-geral da Intrum Justitia Portugal e Espanha, uma das empresas fortes neste mercado, garantiu ao Diário Económico que desde que as regras sejam claras e que se desenrole através de concurso público esta medida pode ser interessante para ambas as partes. O mesmo responsável avança que a Intrum Justitia já trabalha com clientes do sector público há muitos anos. Também Luis Sousa, CEO do grupo Logicomer, afirma que o Estado não dispõe dos melhores meios humanos e técnicos capacitados para desempenhar estas tarefas, isto porque as autoridades policiais e judiciais, segundo informações públicas, não têm capacidade de resposta. O mesmo responsável vai 25.000 2.0000 15.000 10.000 5.000 0 20.000.000 15.000.000 10.000.000 5.000.000 12.127 2006 Em causa estão inúmeros tipos de créditos tanto particulares como de empresas que são geridos pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças. Evolução da recuperação de crédito do Estado 19.368 2007 22.559 2008 0 Primeiro trimestre Segundo trimestre Terceiro trimestre Fonte: Direcção-Geral do Tesouro e Finanças Unidadade: Euro. Valores acumulados no final de cada trimestre 13.075 Evolução da recuperação de crédito do Estado ao longo de 2010 2.593.487 9.346.588 10.563.927 2009 19.430.581 Quarto trimestre mais longe e lembra que até na recuperação das dívidas fiscais, estas empresas poderiam trabalhar em parceria com o Estado. Mas se esta medida é vista com naturalidade pelas empresas que trabalham no dia-a-dia na recuperação de créditos, a inexistência de um enquadramento legal próprio continua a estar na origem de muitas críticas. À excepção de Portugal e Espanha todos os países da União Europeia têm o seu regulamento à luz da Lei. Não obstante as nossas consecutivas démarches ainda não conseguimos ver consagradoamaisquelegítimapretensãoqueéa do enquadramento legal do sector, afirma António Gaspar. Associada a esta questão está ainda outra situação bizarra que é urgente rectificar queéofactode qualquerempresa de qualquer país da União Europeia (à excepçãodaespanha),podelivrementeexercera sua actividade em Portugal, sendo que tal é vedado às empresas nacionais, chama a atenção o director executivo da APERC.

Segunda-feira 14 Março 2011 Diário Económico V A COMFIRA criou Gabinetes de Apoio aos Cidadãos Endividados para ajudar os portugueses (particulares e empresas) a analisar as suas situações de endividamento. A ideia é definir objectivos rigorosos mas realistas para o curto e médio prazo e procurar as melhores soluções de reestruturação financeira junto dos seus credores. A empresa tem escritório no Porto, em Lisboa e no Funchal. Para saber mais informações visite o site www.comfira.pt DEPOIS DE TER ATINGIDO UMA FACTURAÇÃO superior a 1,622 milhões de euros, mais 3,8% face a 2009, o crescimento da Coface para 2011 está focado no seguro de crédito. O plano de reorientação estratégica da empresa prevê a redução gradual dos serviços de baixo valor acrescentado, a interrupção do projecto da Agência Europeia de Rating, e o enfoque no factoring mais rentável e com sinergias com o seguro de crédito. OPINIÃO:???????????????????????????????????????????????? TRÊS PERGUNTAS A ANTÓNIO GASPAR, PROFESSOR UNIVERSITÁRIO E DIRECTOR EXECUTIV0 DA APERC Associados há muito tempo poderiam estar a ajudar o Estado Sector tem contribuído para a economia real e para aliviar tribunais. ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE antonio.albuquerque@economico.pt Como avalia esta medida do ministério das Finanças? Esta medida acima de tudo é racional e só estranho ser tão tardia. É do conhecimento público os milhões que estão por cobrar nos Impostos, na Segurança Social e noutros capítulos. Também toda a gente sabe, que para se fazer a recuperação de créditos é necessário possuir-se um perfil adequado à função e depois, ao longo do tempo, ir alimentando esse perfil com formação e qualificação profissionais que exponenciem as competências desses colaboradores, para dessa forma optimizarem todo o output gerado. Se a tudo isto juntarmos a falta de sensibilidade, que de uma forma geral, os servidores públicos têm para fazer recuperação de crédito, mais importante setornaamedida.talmedidajádeveriaser tomada há muito tempo. As empresas do sector estão preparadas para prestar estes serviços ao Estado? As empresas de recuperação extrajudicial e amigável de créditos e representadas na APERC (Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Recuperação de Créditos), há muito que estão preparadas para todos os desafios desta natureza, venham eles da esfera privadaoudodomíniopúblico,comoéaquio caso. Aliás, gostaria de referenciar que os nossos associados há muito tempo poderiam estar a ajudar o Estado nos múltiplos incumprimentos que os cidadãos registam, no entanto, não tem sido essa a vontade do Estado. Temos capacidade instalada, know-how e experiência, para desempenhos de excepção nesta área, sempre balizados com elevados padrões éticos, de rigor e excelência. Em entrevista ao Diário Económico, o director executivo da Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Recuperação de Créditos, admite que esta medida, no âmbito do Orçamento, há muito que já devia ter sido tomada pelo Executivo. Mas como mais vale tarde do que nunca, também deixou certezas. Temos capacidade instalada, know-how e experiência, para desempenhos de excepção nesta área, sempre balizados com elevados padrões éticos, de rigor e excelência. Paulo Figueiredo Então as empresas estão também a contribuir para um melhor ambiente para o investimento? As empresas aqui associados, têm vindo ao longo do tempo a contribuir de forma decisiva quer para a economia real quer para o alívio dos tribunais. Em 2009, o sector aqui representado, recuperou 504 milhões de euros, o que possibilitou desde logo, injectar esses montantes no circuito produtivo e conseguimos resolver com sucesso 1,2 milhões de processos, ajudando por esta via os tribunais, já que estes processos a não serem resolvidos pela via extrajudicial, caminhariam para a via judicial, indo entupir os tribunais. Portanto a nossa ajuda tem sido múltipla e meritória.

VI Diário Económico Segunda-feira 14 Março 2011 GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING Eric Gaillard/Reuters Utilities como água e electricidade criam oportunidade de crescimento O sector financeiro continua a ser o que mais recorre aos serviços das empresas de gestão e recuperação de créditos. Mas há novos nichos de mercado que procuram ajuda para reaver dívidas. ANA CUNHA ALMEIDA ana.c.almeida@economico.pt Desemprego, ordenados baixos, redução dos salários actuais, aumento das taxas de juro do crédito à habitação, subida generalizada de preços. E por aí fora. Razões não faltam para que os portugueses caiam no incumprimento das suas obrigações quando falamos de despesas. Particulares ou empresas, há quem não consiga esticar mais a corda dos pagamentos e deixe simplesmente de pagar. É aqui que entram empresas como as de gestão e recuperação de crédito. São tempos difíceis e 2011 não se afigura muito melhor, diz Luís Salvaterra, director-geral da Intrum Justitia Portugal e Espanha, um dos players do sector. Tem havido também muitos cortes no acesso ao crédito e isso asfixia as empresas que ficam com menos capital, acrescenta. O resultado desta crise é que hoje são cada vez mais as entidades e os sectores a procurar auxílio junto das empresas de gestão e recuperação de crédito, como a Intrum Justitia. As chamadas utilities como a água, electricidade e gás, por exemplo, já começaram a externalizar a sua carteira de créditos, assim como actividades industriais e comerciais, afirma Luís Salvaterra. LUÍS SALVATERRA Director-geral da Intrum Justitia Portugal. Em 2010, o volume total de recuperação de crédito da Intrum Justitia foi de 600 milhões de euros. O director-geral da Intrum Justitia reconhece que com a crise foi mais difícil recuperar créditos, embora a empresa tenha tido resultados positivos e registado um crescimento de dois dígitos em 2010. Mas este é um crescimento que se justifica pelo aumento do número de clientes. Com mais de 500 clientes, quando alargamos ao nível de clientes, acabamos por verificar crescimento, concretizou Luís Salvaterra. Em 2010, o volume total de recuperação de crédito da Intrum Justitia foi de 600 milhões de euros. Para este montante contribuiu o sector financeiro que continua a ter um peso muito grande em termos de volume de crédito a recuperar, seguido das telecomunicações, a banca, e os sectores onde até agora ainda não havia esse hábito, como as utilities, e ainda empresas de serviços e comerciais, seguros. Futuro passa pela fusão de empresas O mercado de gestão e recuperação de crédito é composto por cerca de 50 a 60 empresas, embora apenas 27 façam parte da APERC - Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Recuperação de Créditos. António Gaspar, professor universitário e director executivo da APERC acredita que a Associação possa chegar ao final de 2011 com 30 associados, que respeitam os códigos éticos e deontológicos desta classe profissional. Mas a evolução deste sector aponta para o desaparecimento daquelas empresas que são mais pequenas ou cujos métodos de trabalho não vão ao encontro da conduta ética da profissão, concordam Luís Salvaterra e António Gaspar. O futuro deste sector passa invariavelmente por concentração de empresas. Algumas estão já a desaparecer. Em 2012 haverá menos empresas, algumas não aguentam até lá, defende Luís Salvaterra. Comprar carteiras de créditos Outra das áreas que está a crescer não só em Portugal,masemtodaaEuropaéacomprade carteiras de créditos. É que, além da gestão de carteiras de créditos de um cliente, as empresas deste sector podem analisar e propôr a compra desses mesmos créditos. Este é, aliás, um nicho que a Intrum Justitia olha com interesse. Luís Salvaterra acredita que, apesar do mercado em 2010 ter estado um pouco parado, irá reanimar este ano. Trata-se, portanto, de grandes investimentos e António Gaspar lembra que é um cenário que ~ exige um músculo financeiro muito grande que nem todas as empresas com presença em Portugal têm.

Segunda-feira 14 Março 2011 Diário Económico VII ENTREVISTA LUIS SOUSA, CEO DO GRUPO LOGICOMER Europa e América Latina são aposta A estratégia está lançada e agora é só começar a trabalhar para continuar a crescer no mercado internacional, diz o CEO do grupo Logicomer que recuperou créditos no valor de 127 milhões de euros em 2010. C om cerca de 120 colaboradores, a Logicomer centra o seu negócio na gestão e recuperação de crédito, sobretudo junto do sector financeiro. Em 2010, as receitas operacionais do grupo Logicomer ascenderam a 10 milhões de euros. A área internacional teve um peso de 10% neste resultado. Como correu o ano de 2010? Em termos absolutos, a Logicomer recuperou mais do que nos anos anteriores, apesar de em termos relativos ter-se registado um ligeiro decréscimo ao nível das percentagens de recuperação. Conseguimos mitigar de forma significativa as dificuldades com que nos fomos deparando ao longo do período com a implementação de novas metodologias e políticas de gestão mais assertivas. Quais os sectores que mais devem? Segundo as estatísticas oficiais do Banco de Portugal, os sectores com maior exposição Só as actividades relacionadas com o imobiliário são responsáveis por 35% do stock de crédito concedido às empresas não financeiras. creditícia são a construção, as actividades imobiliárias,ocomércioporgrossoearetalho, reparação de veículos automóveis e motociclos, as indústrias transformadoras, as SGPS não financeiras e o sector dos transportes e armazenagem. Só as actividades relacionadas com o imobiliário são responsáveis por 35% do stock de crédito concedido às empresas não financeiras e por 49% do stock de crédito de cobrança duvidosa. As actividades referidas atrás representam 78% do stock de crédito concedido e 88% do stock crédito de cobrança duvidosa. Os restantes 22% do crédito concedido são originados, nomeadamente pelas actividades relacionadas com a agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca, indústrias extractivas e com as actividades de informação e de comunicação. Qual a facturação conseguida em 2010? As receitas operacionais do Grupo Logicomer ascenderam a 10 milhões de euros. Estas receitas provêm de dois segmentos de negócio, serviços de gestão e recuperação de créditos para clientes e a gestão de carteiras de crédito próprias.a área internacional contribuiu para esta realidade com 10% do volume de negócios do grupo. E qual o volume total de crédito recuperado no ano passado? Durante o ano de 2010, a Logicomer recuperou cerca de 127 M, o que representa um acréscimo significativo face ao montante recuperadoaolongodoanode2009. Como antecipam este ano? Acreditamos que a envolvente que nos rodeia a todos continuará exigente e rigorosa, mas estamos cá para ultrapassar as metas a que nos propomos. Cremos que vamos continuar a crescer, com os nossos clientes, nos mercados onde estamos e onde queremos estar, isto é, na Europa e na América Latina. As estratégias estão delineadas, agora temos de por mãos à obra e concretiza-las com sustentabilidade, rigor, profissionalismo e inovação. A.C.A. PUB

VIII Diário Económico Segunda-feira 14 Março 2011 GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING OPINIÃO PAULO OLIVEIRA Recofinance Os seis perfis de empresas que falham na hora de pagar A legislação e o estado do mercado São as empresas da região Centro que menos falham na altura de pagar. Já na região de Lisboa estão as empresas menos bem comportadas, diz a Intrum Justitia. IRINA MARCELINO irina.marcelino@economico.pt A actividade de gestão e recuperação de créditos resulta da necessidade do mercado, não surgindo com a grave crise económica, como demonstramos membros da Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Recuperação de Créditos (APERC) pertencentes desde a sua criação. As medidas de gestão correctiva que proporcionam as empresas fazem da nossa actividade um instrumento fulcral para a concentração empresarial no seu core business. Os parceiros da Reconfinance, principalmente banca, são regulamentados pelo Banco de Portugal e possuem códigos deontológicos que abarcam a sua actividade como das empresas que lhe prestam serviços. Os parceiros da Reconfinance, principalmente banca, são regulamentados pelo Banco de Portugal e possuem códigos deontológicos que abarcam a sua actividade como das empresas que lhe prestam serviços. O código de conduta da APERC contém os princípios orientadores que regulamentam a actividade, pressupondo a melhor actuação perante os nossos clientes, os devedores e entre associados. Anossa associação tem dois princípios basilares: - Criação do enquadramento legal da actividade, que apesar do constrangimento do sistema judicial, na acção executiva, urge em aparecer; - Promoção de boas-práticas na actuação dos seus associados, proposição do código deontológico; Concluindo, apesar da lacuna existente, em termos de regulamentação, o próprio mercado tal como na nossa existência tem uma selecção natural, pelo que as instituições apoiam-se nas melhores empresas que actuam no mercado, salvaguardando os princípios éticos e deontológicos mutuamente. Cerca de 1/4 das empresas portuguesas são selectivas com as suas obrigações na hora de pagar as facturas. Esta é uma das conclusões do estudo feito em 2010 pela empresa de gestão e recuperação de créditos Intrum Justitia, e que define e contabiliza o perfil do devedor nacional, de empresas a particulares. 1. Selectivos Cerca de 25% das empresas analisadas as que elegem aprioridadeeaordemcomquefazos pagamentos. A sua estratégia é simples: em primeiro lugar pagará as facturas dos fornecedores estratégicos para a sua actividade. Em segundo lugar presta atenção às facturas que tenham impacto em termos de imagem e reputação. A Intrum Justitia dá um exemplo concrecto: A empresa Z tem um acordo privilegiado com o seu transportador. A sua actividade de exportação exige que a qualidade deste serviço seja constante e excelente, O seu fornecedor de material de escritório é, sem dúvida, menos estratégico e quando reclama uma factura vencida há seis meses, não lhe prestam demasiada atenção. 2. Insolventes Logo a seguir na lista do tipo de empresas que dãoproblemas na hora de pagar estão as insolventes. São 16% e a razão por que não pagam é essa mesmo: não têm capacidade financeira. A sociedade W encontra-se com problemas após uma redução drástica da sua actividade. Esta situação afectou directamente a sua liquidez, de forma que se vê impossibilitada de pagar aos seus fornecedores e fazer face a todasassuasdívidas. 3. Sinceras As empresas sinceras surgem se seguida, sendo 16% das empresas que pior pagam. São empresas que não têm, de facto conhecimento do valor pendente ou que têm um desacordo com a empresa a quem devem sobre o valor a pagar. É o caso das facturas duplicadas quer por vezes de recebe: O departamento de compras da empresa Y recebeu vários pedidos de pagamento do seu fornecedor de matériaprima. O sr. V explicou a esta empresa que a facturafoi paga há três meses. E não tem intenção de a pagar duas vezes, exemplifica a Interum Justitia no estudo já referido. 4. Especialistas Com 13% da percentagem de empresas estão as chamadas especialistas, tendo mesmo uma estratégia de não-pagamento. A empre- As empresas de gestão e recuperação de créditos querem desmarcar-se de empresas como o Cobrador do Fraque, que não têm regras de ética a seguir. REGIÃO CENTRO No que respeita às empresas que pior pagam por região, o estudo da Intrum Justitia revela que é na região Centro que estão 23% das empresas, mas que apenas 18% pagam com atraso. 18% REGIÃO LISBOA É na região de Lisboa que estão 32% das empresas nacionais. No entanto, é nesta mesma zona que se concentram 39% dos incrupimentos. 39% sa atrasa habitualmente o pagamento das suas facturas e não cumpre as suas promessas de pagamento, esperando sistematicamente até ao final do mês para tratar das facturas. Depois, finge que não recebeu e pede uma cópia do contrato. Estes sucessivos atrasos podem ter como objectivo não pagar aos fornecedores ou alterar as condições de pagamento no último momento. 5. Nómadas Com 13% estão as empresas nómadas, ou seja, aquelas que nunca estão na morada indicada. Estas empresas podem ter mudado a sua morada fiscal ou de corresponência sem informar ninguém voluntariamente, avisando apenas os principais fornecedores para não deixarem de receber a matéria-prima. Quanto aos outros a quem vão deixar de pagar, a Intrum Justitia resume: A poupança irá ajudar a resolver os problemas de liquidez. Mas esta mudança de residência pode ter acontecido também por piores razões: a empresa pode ter, pura e simplesmente, encerrado a sua actividade. 6. Dominantes 6% das empresa são chamadas de dominates. Ou seja, consideram-se superiores face aos outros e pagam aos fornecedores sempre com atraso. É uma estratégia habitual para ganhar liquidez, mantendo assim os seus fornecedores numa situação de dependência. Este cliente representa 80% das suas vendas e não pode por em risco uma relação comercial tão importante para a sua actividade, exemplifica a Intrum. Juan Medina/REuters

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X Diário Económico Segunda-feira 14 Março 2011 GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING OPINIÃO BRUNO CARNEIRO CEO Servdebt Responsabilidade individual É hoje uma evidência que o crédito malparado continuará a subir, resultado da subida previsível da taxa de juro e do desemprego. Esta tendência é ainda ampliada pelo fraco crescimento económico, associado à crise da dívida soberana que Portugal, como outros países europeus atravessa. Mas a verdade é que apesar daquilo que tanto ouvimos dizer sobre a responsabilização dos bancos e instituições financeiras, este é o resultado da iliteracia financeira que temos enquanto sociedade. De facto, basta perguntar à generalidade dos portugueses o que é uma TANB ou uma TANL e a maior parte não sabe responder. Por mais que custe a muitos admitir, os bancos não forçam ninguém a celebrar Não caia em tentação. O consumo desenfreado só leva à acumulação de dívidas. Jason Alden/Bloomberg Mas a verdade é que apesar daquilo que tanto ouvimos dizer sobre a responsabilização dos bancos e instituições financeiras, este é o resultado da iliteracia financeira. O que precisa de saber para não entrar na lista de incumpridores Haverá uma forma quase perfeita de viver o dia-a-dia sem se endividar? Perfeita ou não, é possível seguir um estilo de vida adequado à sua bolsa. ANA CUNHA ALMEIDA ana.c.almeida@economico.pt um contrato de crédito ao consumo, a fazer uma hipoteca ou a ir de férias para as Caraíbas. Somos nós que tomamos essas decisões, baseadas muitas vezes em juízos de prosperidade eterna e facilitismo, querendo acreditar que não há consequências para as nossas decisões. Mas há. Esta realidade obriga-nos a repensar todo o nosso modelo de crescimento, o nosso modo de vida e a forma como lidamos com o endividamento. A solução passa por uma maior informação individual de quem pede créditos, de quem concede e por uma maior consciencialização da sociedade para as responsabilidades individuais. É ainda necessário que quem lida com situações de endividamento seja mais inovador na resolução destes problemas (por exemplo reestruturando dívidas ou aumentando o prazo de amortização), assumindo um papel de agente facilitador da regularização destas questões. Háumaregrabásicaque deve ter sempre presente e quecorrespondeaumditado popular. Quem não tem dinheiro, não tem vícios. E esta frase aplicaseatudo,nãosóatabaco (comoseouveporaí). Crie um documento de excel com todas as despesas mensais, tanto as fixas como as variáveis.porexemplo,seemmarçotemdepagar 200 euros para garantir a inscrição do seu filho no colégio, se calhar mais vale esperar pelo mês seguinte para substituir os dois pneus dianteiros do carro. Estes custos - sendo obrigatórios - poderão ser contornados, se planear a sua contabilidade. Quando se preparar para sair de casa, rumo ao supermercado, certifique-se que leva consigo sempre - mesmo sempre - uma lista de compras. E quando lá estiver, a empurrar o carrinho, não olhe para as prateleiras. Transforme a ida ao supermercado num autêntico desafio. Seja rápido e compre apenas aquilo que precisa, comparando sempre os preços. Outra regra de ouro é não acumular pagamentos. Procure cumprir com os pagamentos em Caso já esteja endividado, a Deco poderá ajudá-lo a delienar um plano de ataque à dívida e, em muitos casos, negociar com as entidades credoras. vez de os acumular... verá que mesmo a curto prazo rapidamente fica endividado. Esqueça cartões de crédito. Pode pensar que é uma forma de resolver o seu problema de dinheiro ao final do mês ou fazer face aquela despesa com que não estava a contar, mas é um engano. Tenha sempre presente que as taxas de juro são mais altas. Poucas são as pessoas que conseguem controlar-se com um cartão de crédito. O melhor é não ter nenhum. E lembrese que deverá alertar sempre o seu banco quando quiser cancelar os seus cartões de crédito. Quanto às taxas de juro associadas ao crédito à habitação poderá sempre informar-se junto do mercado quais os bancos com taxas de juro mais baixas. Tente negociar, de seguida, com o seu banco de forma a ficar com condições mais favoráveis. Caso não consiga, faça as contas a quanto é que teria de pagar por uma transferência de créditos para outra instituição bancária. Poderá compensar essa despesa pontual. Caso já esteja endividado, o melhor é procurar apoio nos gabinetes existentes para o efeito, por exemplo, na Deco. Poderáo ajudá-lo a delienar umplanodeataqueàdívidae,emmuitoscasos, ajudá-lo na negociação junto das entidades com as quais tem créditos por pagar.

Segunda-feira 14 Março 2011 Diário Económico XI PERGUNTAS & RESPOSTAS A gestão de créditos em sete passos O que significa crédito malparado? Entende-se por crédito malparado todas as situações onde se verifica a impossibilidade de o devedor cumprir as suas obrigações, e o crédito concedido torna-se incobrável, ou seja, malparado. Quais os créditos em que é mais frequente verificar-se o incumprimento? Na primeira linha do incumprimento contratual está o Crédito Pessoal e os Cartões de Crédito. Por norma, são as facturas que os portuguseses optam por não pagar em caso de dificuldades financeiras. Segue-se o Crédito Automóvel ou o Leasing com a mesma finalidade e, por fim, aparece o Crédito Hipotecário ou à Habitação. Quais os principais clientes das empresas de recuperação de créditos? O sector financeiro, onde se inclui a banca e todas as sociedades financeiras de aquisição a crédito, seguradoras, telecomunicações e grande distribuição são os sectores que mais recorrem a estes serviços. Quais as vantagens de se recorrer ao outsourcing para recuperar créditos? As empresas que fazem a gestão e recuperação de créditos garantem que oferecem a eficácia que os advogados não conseguem. Através da utilização de novas tecnologias os associados da APERC conseguem saber em tempo real o que se passa eenviamainformaçãoaoclientequegostade saber, quase numa base diária, quanto foi recuperado relativamente à carteira enviada. Qual o modo de actuação num processo de recuperação de créditos? Numa primeira fase há o processo de recuperação invisível que não obriga a qualquer tipo de intervenção humana, uma vez que se baseia no envio de cartas, SMS ou e-mail aos clientesparaosalertarparaasituaçãodeincumprimento. Numa fase posterior, há lugar à recuperação interna, em que há intervenção humana com a realização de chamadas telefónicas a partir de call-centers para avisar os clientes incumpridores. Na recuperação externa há contacto directo com os clientes, no sentido de perceber o problemaeapresentaralternativasjáqueoincumprimento pode ter sido gerado por uma situação excepcional, como o desemprego ou doença do cliente.numafaseextremachega-seaoprécontencioso em que o cliente é notificado de que o processo irá seguir os trâmites legais. O contencioso é a fase final do processo e pode ser conduzida por advogados do próprio banco ou externos. Uma empresa de gestão e recuperação de crédito ajusta- -se ao pedido do cliente etrabalhacom base no prazo que tem para recuperar o crédito mal parado. Quanto tempo poderá demorar a recuperação de créditos por uma empresa deste sector? É muito difícil responder a esta pergunta, como disse Luís Salvaterra, director-geral da Intrum Justitia. Tudo depende do devedor, da dívida a resgatar e sobretudo do timing de recuperação que é avançado pela empresa cliente. Pode demorar 30 dias como seis meses. Cada caso é um caso, sujeito às suas próprias características. Uma empresa de gestão e recuperação de crédito ajusta-se ao pedido do cliente e trabalha com base no prazo que tem para recuperar o crédito mal parado. Ultrapassado esse período - definidoàpriori-oclienteterádedecidirse avança imediatamente para o contencioso ou não. Como ganha uma empresa de recuperação de crédito? Por norma, é definido uma comissão, ou seja, uma percentagem sobre o valor total do crédito a recuperar. Empresas contactadas pelo Diário Económico preferiram não avançar com a percentagem, mas admitem que a mesma pode ser variável em função da carteira de créditos a recuperar para o cliente. A.C.A. e D.L. PUB

XII Diário Económico Segunda-feira 14 Março 2011 GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING PUBLIREPORTAGEM O valor dos empréstimos à habitação que ficaram por pagar nunca foi tão alto: 1.989 milhões de euros em Janeiro. O malparado no crédito ao consumo também tem estado sempre a aumentar. Mas o pior mês de sempre em Portugal foi Novembro. JOHN CALVÃO CEO Whitestar As ironias do mercado Uma leitura superficial do mercado indica que o volume de crédito mal parado tem aumentado muito e, implicitamente, o negócio das empresas de gestão de crédito beneficiar desta situação com um exponencial aumento da sua actividade. As razões que assistem ao aumento do negócio das empresas de gestão de crédito não tem uma ligação directa com esta realidade. O que acontece, é que o mercado português recebeu tardiamente esta prestação de serviços a Whitestar é pioneira e está a operar em Portugal desde 2005. O conceito de Special Servicing (diferente de empresas de cobranças), tem já 20 a 30 anos nomeadamente nos Estados Unidos e Norte da Europa. São mercados mais maduros, com tradição de entregarem a especialistas a gestão das suas carteiras, criandolhes valor. Historicamente, em Portugal, a banca, principal protagonista nos NPLs (Non Performing Loans), fazia a gestão dos seus processos internamente, alocando equipas próprias e contratando escritórios de advogados para o contencioso. Ora o core business da banca não é nem gestão de NPLs, nem gestão de activos imobiliários. Para além da não especialização, outro elemento relevante na análise da opção de tratamento dos NPLs, consiste no facto de o sistema judicial estar sobrecarregado e ter prazos muito dilatados entre a apresentação de um processo a contencioso e a decisão final, não beneficiando nenhuma das partes. Para introduzir celeridade nos processos e viabilidade e eficácia nas diferentes etapas da gestão são necessários serviços profissionais de consultoria em gestão de crédito que privilegiem as melhores práticas internacionais, o diálogo e a apresentação de soluções equilibradas para ambas as partes implicadas (credor e devedor). Para dinamizar o mercado português é fundamental investir fortemente num quadro de colaboradores com formação multidisciplinar que acumule expertise em mercado de capitais e titularização, que seja detentor de know-how local e internacional, e apostar em sistemas e tecnologias de informação específicas. Só assim acreditamos ser possível dotar o mercado português de maturidade para oferecer os melhores níveis de servicing e evoluir para novos patamares. Em breve a Whitestar poderá apresentar-se como a única entidade na Península Ibérica com um Special Servicer Rating, classificação a atribuir pelas agências de rating. Malparado em máximos Aumento dos preços e corte dos salários levam particulares a deixar de pagar os seus empréstimos. Em Novembro, o valor de malparado atingiu o seu máximo. IRINA MARCELINO irina.marcelino2economico.pt Ocrédito malparado voltou a aumentar em Janeiro em Portugal. De acordo com os mais recentes dados do Banco de Portugal, no primeiro mês do ano ficaram por pagar mais 395 milhões de euros do que no mês de Dezembro. O valor que as famílias e as empresas portuguesas devem - e não pagam - às insituições de crédito ultrapassa assim mais de nove mil milhões de euros. Em Janeiro o volume de crédito malparado de empresas chegou aos 4,9 mil milhões de euros, tendo atingido um rácio de 4,3% face ao volume de crédito a empresas nesse mês. Mas o pior mês de sempre foi Novembro, em que o valor de crédito malparado de empresas atingiu 6,1 mil milhões de euros e um rácio de 5,2%. Também no que respeita ao crédito malparado a particulares Novembro foi muito negativo. Ficaram por pagar aos bancos 4,3 mil milhões deeuros,oquecorrespondeaumráciode 3,04%. Este valor já caiu entretanto, tendo atingido,emjaneiro,umvalornaordemdos 4,1 mil milhões de euros. Curiosamente, e no que ao rácio diz respeito, apenas em 1997 e 1998 este rácio atringiu uma percentagem tão alta. Mas nessa altura, os valores de crédit malparado de particulares eram 1/4 dos actuais. João Rodrigues, economista, tenta explicar as razões por detrás deste incremento das dificuldades das empresas: O crédito malparado em Portugal é um indicador das dificuldades crescentes que muitas famílias e empresas estão a ter num contexto de políticas de austeridade que quebram os rendimentos e diminuem a procura. Julgo que este é um dos efeitos perversos, num contexto de elevado endividamento, de uma estratégia económica regressiva que teve demasiados apoios no sector financeiro à escala nacional e europeia, conclui. São vários os motivos para que uma empresa Como resolver um sobreendividamento O que aconselha a Deco aos sobreendividados que não conseguem pagar: >>Ir ao banco renegociar os seus créditos >>No caso de não consguirem renegociar,, ir a tribunal e recorrer pela insolvência pessoal >>No caso de não terem capacidade económica para recorrer a um advogado, recorrer a apoio judicial através da Segurança Social. ou um particular deixe de pagar os seus empréstimos à banca. E no que respeita aos particulares, são muitas as pessoas que acabam por recorrer a entidades como a associação de defesa do consumidor Deco. 17 mil famílias pediram ajuda à Deco Em 2010 foram 17 mil as famílias que recorreram à ajuda desta associação, mas esta só abriu 2.837 processos, porque não podem fazer nada aos que estão na via judicial, como explica Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco, ao Diário Económico. Praticamente 90% das pessoas que recorrem à Deco em busca de ajuda já estão em situação de incumprimento, Estes processos, afirma a Deco, dizem respeito a pessoas singulares que estão de boa fé e com manifesta impossibilidade de fazer face ao conjunto das suas dívidas, que normalmente dizem respeito aos compromissos assumidos junto das instituições de crédito ou de credor es como empresas de fornecimento de electricidade, gás ou água. O que notamos, principalmente em Lisboa, são mais pedidos de ajuda devido ao aumento dos preços e ao corte nos salários, afirma. A maioria dos pedidos vem de famílias de três pessoas, com idades compreendidas entre os 35 e os 45 anos de idade, rendimentos mensais superiores a 1.500 euros, e que têm uma média de cinco créditos em mãos - alguns deles feitos com o objectivo de pagar prestações. Na altura de ajudar estas pessoas, a Deco tenta, primeiro, renegociar os seus empréstimos com as entidades financeiras. E, até agora, a receptividade tem sido bastante boa, de acordo com Natália Nunes. No entanto, afirma a responsável, quando estas dívidas estão com empresas de gestão e recuperação de créditos, nemsempreareceptividadeéamelhor. Algumas empresas são receptivas, mas outras são intrasigentes, sem abertura a negociações, revela. João Paulo Dias

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XIV Diário Económico Segunda-feira 14 Março 2011 GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING EM TODO O MUNDO, existem actualmente quase mil empresas que oferecem serviços de factoring, das quais 435 estão na Europa. A fonte é da Factor Chain International. as empresas que operam neste mercado, são geralmente filiais ou departamentos de grupos bancários, instituições financeiras, companhias de seguros ou grandes empresas industriais e raramente empresas independentes. OPINIÃO NUNO FRANCISCO Director Comercial e de Marketing da Eurofactor Portugal Um apoio flexível ao financiamento das vendas Factoring cresceu 13% nos últimos cinco anos Em 2010, o factorig registou um total de créditos tomados no valor de 28,22 mil milhões de euros, um aumento de 19,8% comparativamente a 2009. RAQUEL CARVALHO iraquel.carvalho@economico.pt Quando em qualquer ocasião, um de nós sofre uma dor de cabeça, procuramos de imediato o alívio dessa dor através de um medicamento, que desejamos, ser a solução ideal e rápida. Ao fim de algum tempo, os líderes das PME portuguesas começam a perceber que o medicamento que os pode ajudar a eliminar algumas dores de cabeça que têm vindo a sentir ultimamente é o factoring, como se pode verificar pelo crescimento do número de empresas que têm procurado esta solução. Um produto financeiro de gestão de tesouraria que muitas vezes era colocado em segundo plano, revela-se agora como a escolha certa no momento certo, para quem necessita de um apoio flexível ao financiamento das suas vendas, numa altura em que os apoios tradicionais junto dos bancos, são cada vez mais difíceis de obter e com custos muito elevados. A esta dificuldade no acesso ao crédito, podemos acrescentar outras a que o Factoring pode dar uma reposta eficiente, como as crescentes dificuldades que as empresas têm em receber dos clientes em tempo razoável e que o Factoring ao disponibilizar um serviço de cobranças desenvolvido por equipas especializadas pode atenuar. O risco de incobráveis, que tanto pode afectar a actividade das empresas tem vindo a aumentar e também aqui através do recurso ao factoring pode eliminar este risco, beneficiando de uma análise sobre a real capacidade dos seus clientes e uma cobertura de risco de crédito que garante uma maior segurança no recebimento das vendas realizadas. A grande flexibilidade deste produto comprova-se pelo facto de estas vantagens também se poderem aplicar a empresas que têm nas exportações o seu principal mercado de destino, constituindo o factoring de exportação uma maisvalia na eliminação dos obstáculos existentes em vender para países tão diferentes do nosso. Nos últimos cinco anos, o factoring assistiu a um aumento do volume de créditos tomados, em média, de 13% ao ano.massetivermosemconta a evolução de 2009 para 2010, os resultados alcançados pelo factoring no final de 2010 representaram um aumento de 19,8%, com um total de créditos tomados a atingir os 28,22 mil milhões de euros, o que em relação ao PIB, equivale a cerca de 17%. Os números são da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting - ALF, e explicam-se pelo facto deste produto financeiro, atingir maior procura em períodos de maiores dificuldades económicas, explica fonte oficial da associação, que informa ainda que o rácio de penetração do factoring em PortugaléosegundomaiordaEuropa. Assim, não é de estranhar que os valores já existentes em Janeiro de 2011 revelem uma tendência para se manter o crescimento desta actividade. É que segundo a ALF, a utilização deste produto aumentou cerca de 30% quando comparado com o período homólogo de 2010. Uma performance que, diz fonte da ALF, demonstra bem as vantagens que o factoring tem aportado às empresas nacionais e a preocupação que estas têm tido em procurar alternativas ao crédito tradicional. Aliás, de acordo com a mesma fonte, em tempos de crise, o factoring é um apoio muito seguro para as tesourarias das empresas, apresentando mais vantagens que os créditos bancários habituais, ajudando a colmatar os atrasos nos pagamentos, quer da Administração Central, quer da Local, quer, ainda, das empresas privadas, refere, assegurando que o factoring é um sector em contínua modernização e crescimento, com um elevado know-how do mercado e da realidade empresarial, que cada vez mais tem sido escolhido pelas empresas para financiar a sua tesouraria. Este aumento da procura é, diz a ALF um grande indicador que a estabilidade financeira das nossas empresas tem sido cada vez mais abaladapelacrise,eacrescentaqueaeste problema alia-se uma forte dificuldade das empresas em obterem financiamento junto do sistema bancário tradicional. É importante referir que o factoring trabalha em triângulo, explica fonte da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting. É que existe a factor (empresa de factoring ), os aderentes (empresas clientes da factor ) e devedores (clientes da empresa aderente), Perguntas >>O que é o factoring? É a aquisição de créditos a curto prazo que resultaram da venda de produtos ou da prestação de serviços nos mercados interno e externo. São três as intervenientes necessárias à prática de factoring : a sociedade de factoring habitualmente ligada à banca, a empresa cliente do factor e o devedor (que se encontra em dívida paracomocliente). >>Que serviços estão associados? Quem oferece produtos de factoring financia e faz adiantamento sobre facturas, faz serviços de cobrança, serviços de informações, apoio jurídico, estudos de riscos de crédito e atribuição de limites de crédito ao devedor. >>Quais as vantagens? Uma das principais maisvalias deste produto éofactodeeste permitir às empresas antecipar uma parte, ou a totalidade, dos créditos que têm a receber dos seus clientes. Sendo certo que na conjuntura actual, torna-se ainda mais importante ter a certeza de que se vai receber em determinada data. esclarece. Daí que seja necessário fazer uma distinção entre factoring de exportação e de importação. Segundo a ALF, o factoring de exportação trabalha com aderentes nacionais e devedores estrangeiros, ou seja, quem exportaéumaempresanacionalequemdeve,é uma entidade estrangeira. Já o factoring de importação funciona com devedores nacionais e aderentes estrangeiros, explica. Outro ponto sublinhado pela associação é o facto das empresas de factoring trabalharem em rede à escala global, o que se torna essencial quando estamos a falar de cobranças no estrangeiro, diz fonte da ALF que explica que as factors portuguesas têm sempre maior facilidade em fazer cobranças a nível interno que uma factor francesa, tem em Portugal. Assim, a factor portuguesa contacta a sua congénere, que irá actuar no seu país. Quanto a resultados, o factoring de importação atingiu, em 2010, os 405 milhões de euros, um aumento de 33% comparativamente a 2009. Já o factoring de exportação alcançou os 1.551 milhões de euros em 2010, mais 23% quenoanoanterior. É igualmente importante referir que a actividade de factoring pode ser doméstica ou internacional, sendo que o doméstico é o que tem claramente mais representatividade em Portugal, refere fonte da ALF, que informa que a actividade internacional representou somente 6,9% do total do negócio do sector em 2010, apesar de ter vindo a crescer. A mesma fonte acredita que à medida que mais empresas passam a aderir ao factoring, maior é a sua propensão a utilizá-lo nas suas relações comerciais com o exterior. Fonte da ALF explica que o factoring internacional funciona através de instituições internacionais de cross-border que fazem a ponte entre a factor portuguesa e uma factor no país para o qual a empresa estiver a exportar ou do qual esteja a importar. Elucida ainda que a factor, conhecedora por excelência do risco e dos mercados locais, com muito mais facilidade gere a cobrança ou o pagamento, o que permite transmitir uma importante componente de confiança. De frisar ainda ser o sector público e em especial as autarquias e sector hospitalar, bem como os sectores da construção e comércio grossistas, enquanto devedores, os que mais recorrem ao factoring. No final de 2010, 36,7% do crédito adiantado reportava-se a dívidas do sector público administrativo.

Segunda-feira 14 Março 2011 Diário Económico XV O MERCADO de factoring europeu apresentou pela primeira vez na sua história uma quebra de 8,4% em 2009, devido ao abrandamento económico. Os dados são da Eurofactor, que compilou a produção das empresas de factoring. O estudo concluiu que o peso da Europa no mercado de factoring global tem vindo a abrandar ligeiramente, passando de uma contribuição de 68% para 67,5%. O FACTORING INTERNACIONAL apresentau na Europa, um crescimento de 2% em 2009, embora mais lento do que em 2008, em que registou os 21%. Já a sua contribuição na produção global, 13,1%, o que representa 116 mil milhões de euros, é mesmo assim maior do que a dos EUA (7%), mas menor do que a que se verifica na Ásia (19%). Os dados são da Eurofactor. OPINIÃO JOÃO CALDAS Product Manager da Glintt O bom rebelde O factoring apresenta operações de crédito, que dentro dos traços legais, permite um alto grau de especificidade no envolvimento dos participantes, e em condições nos quais, inúmeros factores comerciais podem exercer influência. A complexidade na determinação de regras que se estabelecem, provoca uma especialização do conhecimento de negócio em comparação com os modelos de crédito tradicionais. Esta sensação mantém-se marcada por pormenores, como por exemplo nas amortizações, quando dependem de participantes indirectos no negócio e ocorrem em datas variáveis ou imprevisíveis. O factoring acaba por se distinguir positivamente por se gerir com enorme proximidade aos intervenientes, rápida reacção ao mercado e orientando-se na busca de modelos ágeis, que permitam a satisfação de todos os participantes. Os sistemas de informação deverão estar aptos não só a reagir com extrema flexibilidade e rapidez, como também a acompanhar e prever a evolução do negócio. Esta especialização gera inevitáveis necessidades ao nível dos sistemas de informação, que podem ser responsáveis por impulsionar ou retrair o negócio. Os sistemas de informação deverão estar aptos não só a reagir com extrema flexibilidade e rapidez, como também a acompanhar e prever a evolução do negócio, tal como o negócio para com os seus clientes. O espírito do negócio embebido nos sistemas de informação que o apoiam, obrigariam a quebrar com as tradicionais metodologias e ferramentas, abordando, tal como o factoring, métodos ágeis e flexíveis de satisfação das necessidades. É o sector público, em especial as autarquias e os hospitais, o que mais recorre ao factoring. Bruno Barbosa

XVI Diário Económico Segunda-feira 14 Março 2011 GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING OPINIÃO ALEXANDRINA FREITAS Servesco Parceiras de negócio Tecnovia garantiu liquidez e estabilidade financeira Os atrasos nos pagamentos de clientes, levaram a Tecnovia a recorrer ao factoring, permitindo assim ultrapassar dificuldades na tesouraria. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt É essencial que as empresas invistam em duas áreas fundamentais: novas tecnologias de gestão/comunicação e no capital humano. No cenário económico-social actual em que nos deparamos com o aumento de crédito malparado, o papel das empresas de recuperação de crédito enquanto parceiros das entidades credoras, é fundamental. A implementação de planos de actuação na gestão do crédito mal parado deve estar bem estruturado e segmentado, contando com uma boa sintonia entre o credor e o parceiro, de forma a permitir uma gestão rápida no tempo que sem dúvida vai incrementar o êxito na cobrança de dívidas. Uma gestão rápida no tempo, significa que o credor, cada vez mais deverá anteciparse na cobrança dos seus créditos, evitando as situações de incumprimento por acumulação de prestações e mesmo anteciparem-se a outros credores. A par disto, é essencial que as empresas invistam em duas áreas fundamentais: novas tecnologias de gestão/comunicação, de forma a simplificar e optimizar a capacidade operativa e de produção; por outro lado, o investimento no capital humano. A formação dos recursos humanos das empresas de recuperação de crédito é um imperativo. O mercado actual é um mercado muito competitivo, mas nele só se distinguem empresas que se preocuparem em investir nestas duas áreas. O credor está cada vez mais exigente a nível de resultados e eficácias, conjugados a um trabalho de excelência. Estabilidade financeira e liquidez na tesouraria são duas das garantias que o factoring traz às empresas que recorrem a esta solução. E a Tecnovia não é excepção. Sendo uma Empresa de Obras Públicas, o que levou a Tecnovia a recorrer ao factoring foi o atraso sistemático registado nos prazos de pagamento dos seus clientes, maioiritariamente autarquias e empresas do Estado. Segundo Miguel Carvalho Rosa, da direcção administrativa e financeira da empresa, o factoring serve essencialmente para ultrapassar as dificuldades de tesouraria existentes, derivadas ao longo prazo de recebimento registado no nosso sector. São conhecidos e históricos, os problemas que caracterizam os prazos de pagamento do sector público. Daí que não seja de estranhar que a Tecnovia tenha visto o factoring como uma solução imediata, de pagamento aos clientes. No fundo, a decisão de recorrer a esta ferramenta prende-se essencialmente com a capacidade de materialização rápida de verbas que por questões sectoriais e históricas demoravam vários meses (às vezes anos) a serem materializadas, diz Miguel Carvalho Rosa. O conceito de factoring já está enraizado na empresa, até porque a Tecnovia efectua operações de factoring de forma sistemática desde 1995, esclarece o responsável, que assegura mesmo que o balanço é muito positivo. Miguel Carvalho Rosa frisa que esta é a principal ferramenta utilizada para permitir uma estabilidade financeira da nossa tesouraria, e como tal possibilitar um eficaz desenvolvimento da nossa actividade produtiva, destaca. Mas não só. O responsável garante que, fundamentalmente, o que o factoring permite resolver, é a necessidade permanente de liquidez. As mais-valias desta solução são muitas e Miguel Carvalho Rosa mostra-se bastante satisfeito com a opção da empresa em recorrer ao factoring. O responsável diz que os benefícios obtidos foram claramente ao encontro das nossas expectativas, tendo-nos permitido continuar a funcionar de forma sustentada, independente do nosso cliente pagar ou não nos prazos contratualmente acordados. Além disso, garante que o processo é célere. De acordo com o director financeiro da Tecnovia, numa primeira fase, para a elaboração de contrato de factoring, é necessário definir em conjunto com a entidade financeira os plafonds globais de factoring que necessitamos, e que são adequados à nossa estrutura financeira e de risco. Passada a fase inicial, definiram-se os clientes a englobar no res- Miguel Carvalho Rosa, director financeiro da Tecnovia, que recorre ao factoring desde 1995 O factoring permite resolver a necessidade permanente de liquidez, frisa Miguel Carvalho Rosa, director financeiro da Tecnovia, que destaca ainda o facto desta ferramenta permitir a materialização rápida de verbas. pectivo contrato, plafonds individuais por cliente e condições de cessão de facturas, explica Miguel Carvalho Rosa. Apósaprovaçãoeassinaturadocontrato, a cessão de créditos constitui no envio para a factoring, da factura emitida sobre o cliente, devidamente validada, bem como confissão de divida por parte do referido cliente, informa, adiantando ainda que o processamento financeiro para a conta bancária ocorre num prazo entre 24 e 48 horas. DesalientarqueaaTecnoviaéumaempresa do sector da construção civil e obras públicas, cuja origem remonta a 7 de Fevereiro de 1973. No seu conjunto, o grupo Tecnovia atinge um volume de negócios anual próximo dos 350 milhões de Euros. As actividades da empresa abrangem actualmente diferentes áreas de negócios, nomeadamente a engenharia e construção, industria, imobiliário e serviços. A empresa, que tem escritórios na Madeira e Açores está ainda presente em Angola. Paulo Alexandre Coelho

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XVIII Diário Económico Segunda-feira 14 Março 2011 GESTÃO E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E FACTORING OPINIÃO JORGE JESUS Director da JJ Activos A importância da recuperação extra-judicial O trabalho desenvolvido pelas empresas de recuperação de crédito, tem permitido a quem recorre a estas, um controlo sobre o risco bem como uma redução drástica do recurso à via coerciva, para a satisfação do seu crédito. As entidades credoras, tendo como principal objectivo a resolução imediata do seu débito, muitas vezes não têm presente as reais condições ou possibilidades que os seus clientes, naquele momento, possam dispor, sendo fundamental uma atitude positiva, com propostas credíveis e reais, que permitam ao devedor, face ao contexto que se insere, ser recuperado de uma forma efectiva. A filosofia de recuperação, tendo como principal eixo a regeneração, é tratado no Afilosofiadarecuperaçãotem sempre como objectivo primordial evitar o recurso ao Tribunal, contribuindo de forma significativa para a reduçãio de processos judiciais. A Caixa Leasing e Factoring, da Caixa Geral de Depósitos, tem uma quota de mercado de 17,7% no mercado doméstico. Banca lidera no mercado de factoring A banca é líder em factoring e tem sentido um crescimento na actividade internacional, apesar da doméstica ser a que tem maior representatividade. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt Paulo Alexandre Coelho âmbito extra-judicial, tendo sempre presente como objectivo primordial evitar o recurso ao Tribunal, contribuindo de uma forma muito significativa para a redução de processos judiciais. Este esforço desempenhado pelas empresas de gestão e recuperação de crédito apenas é reconhecido pelo Estado no momento da contribuição fiscal, ignorando por completo a importância que a sua actividade tem nas empresas, geradoras de fluxos importantes com impacto positivo na vida das pessoas. Se pensarmos, num sector altamente competitivo, que para desempenhar bem a sua actividade, onde é imprescindível o investimento em recursos humanos e em tecnologias de informação, não pode estar condicionado com a possibilidade de lhe ser vedado o exercício na sua plenitude. O respeito escrupuloso pelo devedor, tem merecido por parte da APERC, que representa o sector em Portugal, uma atenção muito especial, promovendo junto dos seus associados condutas a que se encontram vinculados, sendo esta uma das principais razões que me levam a crer, que o esforço que tem vindo a ser desenvolvido por esta, culminará, de uma forma inevitável, com a regulamentação do sector. São quatro as empresas líder em Portugalnaáreado factoring e são todas no sector da banca. O BES, por exemplo, detém uma carteira superior a 1.500 milhões de euros, o que corresponde a uma quota próxima de 20%. Nesta instituição, a actividade de factoring é bastante dinâmica e tem-se mantido estável, refere fonte oficial do banco, que assegura que as empresas que procuram o BES encontram uma solução para descontar as suas facturas cujos devedores são, entre outros, o Estado, as autarquias e os hospitais. A mesma fonte informa que a actuação do banco nesta área tem maior expressão no factoring doméstico, apresentando um volume cerca de oito vezes superior ao factoring internacional. O mesmo acontece com a Caixa Leasing e Factoring (CLF), do grupo Caixa Geral de Depósitos, que em 2010 tinha uma quota de mercado de 17,7% no factoring doméstico, contra o peso de 6,4% da actividade a nível internacional. No total, a CLF tem uma quota de 16,6%, o que representa uma carteira de 3.449 milhões de euros. De facto, e segundo fonte do banco, A CFL tem tido maior representatividade no negócio do factoring doméstico, ocupando a primeira posição do ranking. Mas o grupo não A crise económica tem impulsionado a actividade em Portugal e os bancos acreditam que os níveis de crescimento irão manter-se em 2011. O resultado poderá mesmo ser uma subida do peso do factoring no PIB nacional. descura a actividade a nível internacional, prevendo para 2011 um aumento para o factoring internacional, acompanhando as políticas de apoio à exportação do grupo CGD, diz a mesma fonte. O mesmo objectivo tem o Santander Totta, que, além de querer apostar em 2011 no factoring internacional de exportação, tem ainda como objectivo reforçar a posição no mercado, acreditando que o ano será caracterizado por um aumento do peso do factoring no PIB, diz fonte do banco, que, a nível nacional, é líder no factoring internacional desde meados de 2009, com uma quota que já representa 20% da sua produção total de factoring, frisa a mesma fonte. Em termos de mercado global, o banco possuiumaquotademercadode35%no factoring internacional e de 14,3% no factoring doméstico. Porém, é de salientar que em termos de actividade de factoring, o banco actua mais no doméstico, que representa 80% da produção total. O Santander Totta teve um volume de créditos tomados em 2009, de 2,3 mil milhões de euros, um valor que subiu para os 3,3 mil milhões em 2010. Esta tendência de subida tem sido crescente nos dois últimos anos em termos de produção e carteira de factoring, e tem sido acompanha de baixas taxas de incumprimentoporqueooriscodecréditoestá

Segunda-feira 14 Março 2011 Diário Económico XIX disperso por muitos devedores e vários sectores de actividade, explica fonte do Santander Totta. A mesma fonte informa ainda que nos últimos dois anos tem registado uma excelente performance em termos de gestão de cobranças e antecipação de recebimentos, o que, esclarece o Santander Totta, fez com que o banco tivesse um crescimento acumulado da carteira de factoring e confirming (serviço de pagamento a fornecedores), superior a 50%. No que respeita ao Millenniumbcp, o valor de créditos tomados evoluiu de 5.480 milhões de euros em 2009 para 5.071 milhões de euros em 2010, assumindo o Millennium bcp em 2010 uma quota de 18,0% em termos de facturação tomada. Fonte oficial do banco explica esta descida no valor de créditos tomados com a redução do volume de facturação das empresas e pela contracção ao investimento. Daí se explique a estratégia adoptada pelo banco nos últimos dois anos, de actuar no sentido de privilegiar negócios de pequena e média dimensão que, aliada a um potencial de rentabilidade superior, permite apoiar um maior número de empresas com boa capacidade económico-financeira, informa a mesma fonte que destaca ainda o facto da actividade a nível nacional representar a maior fatia do negócio de factoring. Porém, ressalva ser membro do FCI Factor Chain International (maior cadeia de factoring internacional do mundo), para apoio às operações de importação e exportação, no sentido de disponibilizar às empresas instrumentos específicos para apoio à sua actividade de negócio internacional. De relevo, é igualmente o volume de actividaderegistadaaoníveldonegóciodeconfirming, onde o banco assume uma quota de mercado de 32%. Nesta actividade, a CFL, tinha uma quota de mercado de 3,3% em 2010. Se tivermos em conta, a quota conjunta de factoring e confirming, a quota é de 13,1%. Saiba mais sobre factoring Esclareça algumas dúvidas sobre factoring 1. Como se estabelece um contrato de factoring? Uma proposta de adesão é o primeiro passo no processo, e nesta fase, a sociedade de factoring pode recusar-se a assumir o risco de crédito. Aqui, a empresa aderente tem que demonstrar o histórico e os elementos contabilísticos dos últimos anos, de forma a provar a boa capacidade económica e financeira. Deve ainda apresentar a carteira de clientes com as condições de pagamento e o limite de crédito de cada um. O passo seguinte é uma entrevista onde o factor fará um relatório para avaliar o risco global do negócio e o risco particular de cada cliente. A terceira etapa é o estudo dos elementos e a quarta é a fase das negociações entre as duas entidades, onde são definidas as modalidades do serviço. Por fim, assina-se o contrato, e define-se a sua duração, a lista de clientes aprovados, a data de entrega do factor à empresa PUB aderente dos valores cobrados na data, e a periodicidade de envio de remessa de créditos. 2. O que são créditos confirming? Nesta operação é o cliente enquanto devedor que contacta o factor para que esta passe a gerir os seus pagamentos. A factor efectua o pagamento aos fornecedores do seu cliente. No factoring são pagas asfacturasqueoseuclientetemarecebereéaempresa de factoring que faz a cobrança junto ao devedor. 3. O que distingue factoring de exportação e factoring de importação? O factoring de exportação trabalha com aderentes nacionais e devedores estrangeiros, ou seja, quem exporta é uma empresa nacional e quem deve é uma entidade estrangeira. O factoring de importação funciona com devedores nacionais e aderentes estrangeiros. Perspectivas para 2011 O cenário de crise vivido no país tem impulsionado este sector. Segundo fonte oficial do BES, 2011 será difícil para as empresas e isso levará a que procurem apoios em factoring como forma de melhorar a sua tesouraria. Nesse contexto, o banco perspectiva a manutenção do nível de actividade. Contudo, face à conjuntura actual, prevê uma diminuição do peso relativo do sector público administrativo, em detrimento de devedores de outra natureza, diz a mesma fonte. Para 2011, o Millenniumbcp prevê um crescimento moderado da actividade num cenário de maior escassez de liquidez e custo de financiamento elevado, adianta fonte do banco, que, tendo em conta este cenário manterá a estratégia de de focalizar no apoio ao investimento e actividade das empresas com bons indicadores económico-financeiros e que apresentem capacidade de adaptação ao actual complexo enquadramento económico, refere fonte do Milleenniumbcp. Já o Santander Totta acredita que em 2011 o peso do factoring no PIB vai continuar a aumentar, adiantando ainda esperar que o factoring sem recurso, em que o factor assume a cobertura de risco de crédito/insolvência, registe um aumento significativo, bem como o factoring e as cessões de crédito, diz fonte do banco. No que respeita à sua actividade, o Santander Totta pretende continuar a reforçar a sua posição de mercado, garante fonte oficial do banco.

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