XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática A sala de aula de Matemática e suas vertentes UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019 O ENSINO DE GEOMETRIA EM UMA TURMA MULTISSERIADA NO MUNICÍPIO DE SENHOR DO BONFIM BA Jorge Luiz Prudencio Dutra jorgedutra18@hotmail.com Wallesson Neris da Silva Neriswallesson@gmail.com Deiziane Coutinho de Miranda dcoutinho@uneb.br; deizianemiranda@hotmail.com Resumo Em um país com uma diversidade cultural tão grande como o Brasil, o processo de ensinoaprendizagem pode ser encontrado nos mais diversos meios tanto urbanos quanto rural. A educação do campo é uma modalidade educacional que possibilita a visualização de uma vasta diversidade cultural, pois, além de estar inserida em localidade rural apresenta na estrutura turmas multisseriada, que são turmas com pessoas de séries diferentes. Mesmo com essa realidade, percebemos que os cursos de licenciatura não orientam os futuros docentes para esse tipo de ensino, assim como o Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado da Bahia, Campus VII, ao qual fazemos parte. Sendo assim, foi após o desenvolvimento do componente curricular estágio I em uma turma multisseriada que surgiu o objetivo de nossa pesquisa, que é analisar o processo de ensino-aprendizagem da geometria em uma turma multisseriada localizada na zona rural do município de Senhor do Bonfim Bahia. Nossa pesquisa possui abordagem qualitativa e realizamos a obtenção dos dados por meio de um questionário direcionado aos alunos do 7 º e 8 º ano daquela instituição. Percebemos por meio dos resultados, que os alunos tinham noção sobre geometria e sabiam associar ao cotidiano deles, mas, possuía dificuldades ao que tange o conteúdo de poliedros e continuam a associar a matemática como uma matéria difícil e complexa. Palavras-chave: Ensino de geometria. Educação no Campo. Turma Multisseriada. INTRODUÇÃO No processo educacional atual a matemática ainda é considerada uma das disciplinas mais complexa, apesar de incentivos para aperfeiçoamento de seus estudos, muitos educandos continuam a enxerga-la como algo abstrato e de conteúdos distantes de sua vivência. Pensando nessas dificuldades, percebemos que os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática-PCNs (BRASIL, 1997) apresentam a divisão dos conteúdos de matemática em 2019. In: Anais do XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática. pp.xxx. Ilhéus, Bahia. XVIII EBEM.
quatro blocos, sendo dois deles direcionado para o ensino de Geometria. A Geometria pode ser considerada a área mais palpável da matemática, possibilitando interação entre abstrato e concreto e uma visualização nos diversos meios do dia a dia de forma bidimensional e tridimensional. Mesmo com essa divisão em blocos, o processo de ensino-aprendizagem ainda requer atenção, visto que, o educador está sujeito a uma diversidade de situações que nem sempre são visualizadas na formação docente, fazendo com que se inicie adaptações dessa realidade. Dentre essas situações podemos citar a educação no campo, que requer um olhar mais atento, por possuir um público diferenciado. Ressaltamos ainda as turmas multisseriada, que é uma realidade encontrada em localidades rurais, e que, na maioria dos cursos de licenciatura em matemática não é trabalhado, assim como, o da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Departamento de Educação Campus VII ao qual fazemos parte. Percebemos durante estudos no Curso de Licenciatura em Matemática, que não são ofertados componentes curriculares que sejam direcionados para essa realidade, sobre essa temática, Amorim (2015) afirma que trabalhar com classes multisseriadas é complicado, pois ela necessita de um planejamento e um tempo maior, além de que, os cursos de licenciatura não orientam os futuros profissionais a esse respeito. Pensando nisso e na experiência nos componentes de Estagio Supervisionado, ao qual trabalhamos com turmas multisseriadas, surgiu o objetivo dessa pesquisa que é analisar o processo de ensino de geometria numa turma multisseriada em uma localidade rural no município de Senhor do Bonfim - Bahia. EDUCAÇÃO MULTISSERIADA E O ENSINO DE GEOMETRIA O Brasil é um dos países com maior diversidade cultural, além disso, o processo de ensino-aprendizagem educacional também envolve essa diversidade, por ser encontrado nos mais diversos meios, tanto urbano quanto rural. Sobre a educação rural, podemos associa-la a educação do campo, que é uma modalidade onde se visualiza essa diversidade cultural, visto que, além de estar inserida em uma localidade rural, apresenta em sua estrutura turmas multisseriada, que são turmas onde encontramos pessoas com idades variadas e séries distintas, convivendo e trocando experiências de vida diariamente.
Essa modalidade de ensino busca como foco principal a agricultura e pecuária, buscando aumentar a ligação do ser humano com a própria condição de existência social e realizações humanas (BRASIL, 2013). Deste modo, esta modalidade de ensino requer olhares diferentes, consequentemente, uma formação adequada para estar inserindo a realidade como foco dos estudos e assim conseguindo realizar uma boa pratica pedagógica. Sobre isso, Druzian (2012) afirma que o processo de ensino-aprendizagem em turmas multisseriada é diferenciado, pois, consiste na interação e construção de relações entre pessoas de idades diferentes, possibilitando cooperação dentro do espaço escolar com aprendizagem significativa que envolva o seu meio e sua realidade habitacional. Pensando na matemática das turmas multisseriada, percebemos que a geometria é o eixo que está mais presente nas diversas formas do nosso cotidiano, com isso, o seu ensino pode ser relacionado com a realidade deles, foco da educação do campo. A educação do campo possui como foco principal a aproximação entre conteúdos e realidade do educando, diferentemente do ensino da educação rural, que se trata de uma escola em localidade rural, deste modo, demonstra a importância do ensino de geometria em todas as etapas educacionais, por ser a área que mais relaciona realidade e assuntos. Com isto, o ensino de geometria possibilita melhores aprofundamentos nas turmas multisseriada, além disso, para melhorar a prática pedagógica podemos atrela-la a algumas tendências da educação matemática, como jogos e brincadeiras, etnomatemática, modelagem matemática e outros, tentando assim, mostrar novos meios para o ensino de geometria nessa modalidade de ensino. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Enquanto alunos do Curso de Licenciatura em Matemática da UNEB/DEDC VII tivemos diversas curiosidades no decorrer dos componentes curriculares, e, durante o Componente Curricular Estágio I surgiu o objetivo dessa pesquisa, visto que, desenvolvemos nosso trabalho de estágio numa turma multisseriada localizada na zona rural do município. Após a conclusão do componente de estágio, aplicamos um questionário com nove perguntas com intuito de coletar informações acerca de conteúdos de geometria plana e espacial. Sobre questionário, Gil (2008) afirma que ele possibilita respostas coerentes para o que foi solicitado, de modo que o sujeito não sofrerá pressão ou/e influencias extra.
Deste modo, nossa pesquisa possui abordagem qualitativa, pois segundo Gil (2008) nossa preocupação está voltada com o processo da pesquisa e não apenas com o resultado final dela. Nossa pesquisa foi realizada numa escola pública municipal, localizada em um povoado na zona rural do município de Senhor do Bonfim, Bahia. Os participantes foram alunos de 7 º e 8 º ano de uma turma multisseriada, essa escolha ocorreu pelo fato de ser o local de realização do estágio. RESULTADOS E DISCUSSÕES As primeiras perguntas tinham como intuito traçar um perfil acerca dos participantes, sobre isso, percebemos um total de 26 (vinte e seis) alunos da turma multisseriada, sendo 14 (quatorze) do 7 º ano e 12 (doze) do 8 º ano, possuindo faixa etária média de idade de 13 anos. As perguntas quatro e cinco procuravam saber sobre como eles definiam a matemática e geometria. Com relação a matemática, a maioria dos alunos responderam ser uma matéria com grandes dificuldades, ao que tange a geometria, percebemos dificuldades para responder, pois quase todos deixaram em branco e os que responderam, simplesmente citaram/desenharam algumas figuras geométricas. Com relação à sexta questão procuramos informações sobre as figuras geométricas que eles conheciam. Observamos que a maioria citou figuras como quadrado, triângulo, dentre outros, associando a elementos que remetem objetos do seu cotidiano, como afirma os PCNs (BRASIL, 1997), a geometria é a área da matemática mais próxima do dia a dia. A pergunta de número sete tencionava saber se os alunos sabiam associar as noções primitivas da geometria (ponto, reta e plano) com o cotidiano, nesse momento, todos os participantes responderam corretamente as afirmativas. Por fim, as duas últimas perguntas procuravam saber se os alunos sabiam o que era um poliedro e quais seus elementos. Percebemos diante do questionado uma enorme dificuldade sobre a temática, visto que, os participantes não souberam responder, deixando em branco. Percebemos diante dos resultados, que os alunos tinham noção sobre geometria e sabiam associar ao cotidiano deles, mas, possuía dificuldades ao que tange o conteúdo de poliedros e continuam a associar a matemática como uma matéria difícil e complexa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS As turmas multisseriada ainda é uma realidade encontrada em comunidades rurais, sendo assim, percebemos a necessidade de estudos direcionados para essa temática em cursos de formação de professores, principalmente nos Cursos de Licenciatura em Matemática. O processo de ensino nas turmas multisseriada deve ser voltado para a realidade dos alunos, deste modo, percebemos a importância do ensino de geometria na matemática, por ser visualizada nos mais diversos meios e vivencia deles, como por exemplo, no plantio e colheita de leguminosas e frutas e na construção de obras e outros. Por fim, esperamos que essa pesquisa impulsione outras pessoas a buscarem informações e aperfeiçoamento sobre a temática. REFERÊNCIAS AMORIM, Daiana Aparecida Marques do. Educação rural e as salas multisseriadas: uma reflexão sobre as políticas públicas para esse contexto. 37ª Reunião Nacional da ANPED, 2015, UFSC Florianópolis. Disponível em < http://www.anped.org.br/sites/default/files/poster-gt14-4207.pdf>. Acesso em 11 janeiro 2019. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Secretaria de Educação Fundamental MEC/SEF. Brasília, 1997. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf>. Acesso em 12 novembro 2018. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Brasília, 2013. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-cn-educacao-basica-nova-pdf&itemid=30192>. Acesso em 17 janeiro 2019. DRUZIAN, Franciele. Educação Infantil Multisseriada no Campo. In: I Seminário Internacional e I Fórum de Educação do Campo da Região Sul do RS, 2012, Pelotas/RS. Campo e cidade em busca de caminhos comuns, 2012. Disponível em < http://coral.ufsm.br/sifedocregional/images/anais/eixo%2011/franciele%20druzian.pdf>. Acesso em 12 janeiro 2019. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008.