ADOLESCÊNCIA: GRUPO OPERATIVO COM ALUNOS DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE SANTA MARIA,



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Transcrição:

ADOLESCÊNCIA: GRUPO OPERATIVO COM ALUNOS DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE SANTA MARIA, Daynah Leal, Rubia Tschiedel, Marcos Adegas de Azambuja. (Centro Universitário Franciscano, Santa Maria, RS). daynahleal@hotmail.com RESUMO Este trabalho busca apresentar uma experiência de estágio com um grupo operativo de adolescentes para dialogar sobre assuntos referentes à fase da adolescência. Buscou-se construir um espaço de reflexão capaz de propiciar rompimento de tabus, enfrentamento de conflitos, bem como proporcionar um ambiente de troca de experiências, promover saúde e facilitar a identificação de obstáculos que fazem parte dessa fase da vida. Para tanto, realizou-se uma pesquisa-ação, com um grupo de onze alunos da sexta série, com idades variadas entre onze e doze anos, numa escola estadual na cidade de Santa Maria no estado do Rio Grande do Sul. A técnica utilizada foi de intervenções semanais com dinâmicas de grupo e escuta. Juntamente com essas conversas foram realizadas dinâmicas em que apareceram particularidades sobre os sentimentos dos integrantes onde eles trouxeram não apenas de maneira verbal o que realmente sentiam, mas expuseram seus sentimentos e desejos escondidos de maneira espontânea e agradável. Escolheu-se trabalhar com adolescentes porque é nesta fase que começam a se evidenciar os conflitos em relação a seu corpo, sentimentos e identidade. A importância deste trabalho está em promover o pensamento crítico e a reflexão de alguns assuntos que norteiam o cotidiano dos jovens. Procurou-se facilitar o processo com um setting adequado. Aqui não refere-se a um local neutro, sem interferências e intransferível, pois acredita-se que se pode fazer um bom trabalho psicológico em ambientes variados e dinâmicos, para que os participantes dividam suas experiências, a fim de auxiliá-los a encontrar suas próprias condições para enfrentar esse momento da melhor forma possível. Na experiência de estágio constatou-se a necessidade de moldar as práticas conforme a realidade dos adolescentes. Procurou-se escutar através dos relatos seus gostos, preferências, vivências, etc. Através destes, pesquisou-se na internet, revistas, novelas, filmes, músicas para tentar compreender o que é relevante ser efetuado nos encontros, despertando uma maior motivação e interesse, pelos alunos, nas atividades, para que as trocas nessa relação interpessoal sejam ricas e proveitosas.

Uma das dinâmicas que mais chamou a atenção dos alunos foi a denominada Caça ao Tesouro. Esta tinha por objetivo questionar os alunos se estavam atentos a assuntos gerais como sexo, drogas, programas de televisão, enfim ao mundo que estão cercados. Nesta atividade fez-se um caminho pela escola, que estava sinalizado por balões e setas, sendo que para avançar o grupo deveria responder às perguntas e realizar as tarefas solicitadas, como por exemplo, a corrida dos sacos, contar piadas, cantar uma música, andar de dupla com os pés amarrados, etc. Outras atividades foram realizadas como debates, trabalhos com músicas, atividades com cartazes, brincadeiras que os alunos criavam, etc. Quanto aos resultados foi possível dialogar abertamente com os jovens sobre aspectos da sexualidade, drogas e violência. Desta forma estes foram os assuntos que mais apareceram nos encontros com os adolescentes. Os participantes, com o passar dos dias de grupo, passaram a criar atividades, discutiam e entravam em um acordo entre eles sobre o que iriam fazer no próximo dia. Pode-se perceber a emergência de Protagonismo Juvenil no grupo, através da autonomia dos alunos e possibilitando o desenvolvimento de uma visão crítica e atuante das suas histórias tanto individuais quanto coletivas. Esta prática de trabalho foi acompanhada de supervisões semanais com um orientador, para a realização do relatório de estágio utilizamos artigos e livros de autores relevantes para o tema da adolescência, como Aberastury, Dorin, Levisky, Pikunas e outros. Aberastury & Knobel (1981) definem essa fase do desenvolvimento como a síndrome da adolescência normal, onde o jovem passa por desequilíbrios e instabilidades que atravessam por momentos de exaltação e de introversão, intercalando com audácia, timidez, descoordenação, urgência e desinteresse. Nesta etapa preparatória para a maturidade o indivíduo vivencia alguns lutos, são eles: a perda do corpo infantil, a perda dos pais da infância e a perda da identidade infantil. Isso gera conflitos afetivos, religiosos, sexuais, dentre outros, que posteriormente oportunizam para uma integração e estabilização da personalidade inerente à evolução normal desta etapa da vida. A prática de estágio não deixa de ser uma prevenção primária, pois é um conjunto de ações que visam evitar a doença na comunidade, o que é um meio de proporcionar um momento de interação, busca de autoconhecimento, descobrimento das potencialidades do grupo e individuais, esclarecimentos referentes à fase da adolescência na forma de respostas a questionamentos e brincadeiras lúdicas. Com isso,

não quer-se normatizar ou impor qualquer padrão definido como ideal a ser seguido, e sim, pretendia-se que os jovens criassem, descobrissem e construíssem, a sua maneira, suas interações e manifestações em todas as esferas (social, política, familiar, cultural, etc.) da relação com o exterior (mundo). Com este trabalho não tinha-se o interesse de alienar os adolescentes, sob esta perspectiva procurou-se encorajá-los a exercitar o pensamento crítico que é tão marcante nesta etapa da vida deles. E ainda, almejou-se que os integrantes expressassem suas preferências e identificações de acordo com a cultura presente na sua comunidade. Alcançou-se os objetivos que anteriormente foram propostos. No início houve um pouco de resistência dos alunos, mas depois de estabelecer uma boa aliança terapêutica pode-se conhecer e auxiliar a todos integrantes do grupo. Esse trabalho foi muito gratificante para todos, tanto para as acadêmicas quanto para os jovens. Com essa experiência relata-se como fator facilitador e positivo para o desenvolvimento dos jovens a intervenção do psicólogo no ambiente escolar, ao mesmo tempo auxiliando na prevenção e resolução de conflitos inerentes da adolescência. Esse trabalho na escola foi bem visto pelos alunos, professores e coordenadores. A partir disso salienta-se que a educação é muito mais do que aprender conteúdos determinados na grade curricular, uma educação ampliada compreende todos os setores da vida do ser humano. Foi incluída a educação para a vida. O homem visto na sua mais completa complexidade. A educação está em todos os ambientes em que ele se depara. Desta forma, defende-se que é preciso trabalhar o intelectual, o social e o psicológico tanto com jovens, crianças, pais e educadores. "Os educadores precisam compreender que ajudar as pessoas a se tornarem pessoas é muito mais importante do que ajudá-las a tornarem-se matemáticas, poliglotas ou coisa que o valha." (Carl Rogers) Eixo Educação INTRODUÇÃO Para Becker (2003) não existe uma adolescência e sim várias. Conforme as sociedades a transição para a condição de adulto pode ser gradativa, com ou sem rituais e suas mais diversificadas crenças. Em Levisky (1998) o adolescente está na transição do estado infantil para o adulto. Os aspectos psicológicos, comportamentais e de adaptação social vão depender da cultura, da época e da sociedade na qual o jovem está inserido.

Bee (1997) situa a adolescência como um período que está entre a meninice e a vida adulta, trata-se de uma fase de transição em que ocorrem modificações físicas, mentais e emocionais, para o indivíduo vir a tornar-se adulto. Esse momento difere entre as sociedades e entre os indivíduos em uma cultura. No primeiro dia, iniciamos o grupo esclarecendo o contrato de trabalho. Neste momento salientamos alguns aspectos importantes para o bom funcionamento do grupo, como: o sigilo, a assiduidade, a pontualidade, o comprometimento com as atividades propostas, a liberdade deles em expressar o que pensam e a programação dos dias e horários. A atividade proposta foi uma dinâmica em que os alunos escreveram em um papel seu nome completo, idade, uma qualidade e um defeito. Após, trocavam suas folhas com o colega que menos conheciam, este escrevia uma pergunta. Passavam-se novamente as folhas e o novo colega escrevia outra pergunta. Depois disso, cada um lia a folha do colega e fazia as perguntas para este responder. As perguntas mais freqüentes se referiam as preferências de cada um (assim como estilo musical, professor preferido, esporte praticado, entre outros), e as respostas eram homogêneas. Destacamos algumas como o estilo musical, que na maioria era Nirvana, Avril Lavigne, CPM 22; no quesito professor preferido, quase todos citaram a mesma; quanto ao esporte praticado, as respostas foram mais variadas, aparecendo futebol, basquete, handebol, e ainda, alguns que preferiam não fazer nada. No encontro do dia treze de setembro de 2006, abordamos o assunto Amizade. Os jovens, no começo, tiveram certa dificuldade para falar sobre o tema, mas no decorrer do encontro eles começaram a interagir e participar. Contando sobre seus cotidianos, quem eram seus melhores amigos dentro e fora da escola e incluindo a família também. Eles disseram que os amigos são importantes e essenciais para se sentirem aceitos e não excluídos. Sob a ótica de Berger (2003), as amizades são mais influentes no início da adolescência. As relações com os colegas são essenciais, auxiliam com relação aos efeitos da puberdade, que os jovens fornecem informações e companhia para aqueles que estão passando pelas mesmas transformações, e ainda podem dar conselhos referentes às dúvidas dos amigos. Além do apoio social, forma-se uma rede de proteção contra o confuso ambiente social do adolescente com trocas informais. O grupo de colegas ajuda na formação da identidade, com suas disposições, interesses e

capacidades. Os amigos exploram valores e definem suas aspirações, experimentam pontos de vista e atitudes em relação a eles mesmos e ao mundo. Em dezenove de setembro de 2006, a turma fez uma atividade com cartazes, revistas e canetinhas. Foram formados três grupos e a tarefa se baseou em expressar no cartaz como eles enxergam a sociedade hoje e como gostariam que ela fosse. As idéias de sociedade na atualidade foram: a família com conflitos e a família ideal sem pais caretas, drogas que fazem parte da realidade como um todo, violências em geral. Já quando os grupos relatavam seus desejos e vontades de como a sociedade deveria ser, apareceu novamente a questão da família como ideal de união, a questão da importância da amizade, certas formas de consumo (como exemplo, uma moto, que simbolizava frustração por não tê-la, desejo, poder e realização), foi salientado, ainda, a preferência por um estilo musical (rock), que gerou, neste último, discordância entre eles. Em Sandström (1978), define o termo socialização como um processo pelo qual o indivíduo absorve formas de comportamento que estão de acordo com as normas e valores do meio comunitário na qual pertence. As diversidades entre povos de diferentes raças e culturas deve ser causada pela aprendizagem social, transmitida de geração a geração. Berger (2003) aponta como característica da adolescência o declínio da influência dos adultos, os comportamentos dos jovens tornam-se mais distantes e desligados dos valores dos pais. Mas essa lacuna entre gerações não é necessariamente ampla, pois jovens e adultos possuem valores e aspirações parecidos. Cada um vê essa relação de adolescentes e pais a partir da sua posição na família, ou seja, os pais preferem acreditar que tudo está bem com seu filho e os seus filhos têm a sensação de que seus pais são limitados, antiquados e fora do alcance. No dia vinte e sete de setembro de 2006, fizemos uma atividade com músicas. Em que os jovens escutavam, liam à letra e comentavam. Eles se mostraram resistentes na hora de falar. A música Crazy, do Simple Plan, despertou nos jovens alguns comentários, como: as meninas procuraram o modelo perfeito de ser, copiam este modelo pela televisão e as pessoas na sociedade estão cada vez mais perdidas e desamparadas. Ainda, foram mencionados programas de televisão que mais assistem, estes foram clipes, o programa do Chaves, Beija Sapo e programas de surf e skate. Para Ozella (2003), o predomínio de uma visão de adolescência construída no meio social, seja pela mídia, implica o predomínio de determinados significados sociais

relativos a esse campo. E também faz com que o adolescente aproprie-se desses significados para representar a sua particular experiência de adolescência. Contini (2002) diz que um modelo de adolescente está sendo passado pelos meios de comunicação, o que permite ao adolescente uma constituição de uma identidade própria, bem como contribui para o posicionamento dos pais na mesma direção. Se não veiculam uma definição única, fornecem ao menos uma contribuição para a manutenção de algumas noções do que seja o adolescente. Os meios de comunicação, portanto, desempenham um papel importante na veiculação dessas concepções, já que há um compartilhar pelos adolescentes dessas informações. Ainda neste encontro, a música a música dos racionais fez o F. ficar compenetrado e prestou atenção na letra. Eles leram a música com resistência. Falaram que a música é feia e a letra não tem fundamento. O F. escreveu que gosta de escutar esta música, mas não se identifica com a letra. Já o M. redigiu que a música dos Racionais, retrata a realidade da comunidade favelada e mostra o início da cultura Hip Hop no Brasil, tem tudo a ver com ele porque é o vocabulário dele. Abramovay et al (2002), relatam que os grupos de rappers são movimentos que pensam no futuro e falam em nome de uma geração sem voz, periférica e estigmatizada. Estes denunciam a crua realidade em que vivem, os problemas da comunidade e expressam a sua revolta contra a ordem estabelecida e a exclusão que parece predeterminada. Os Racionais, Câmbio Negro, característico de um rap mais pesado, vem incentivar a violência latente nos jovens e relatam o que acontece no cotidiano. No dia vinte e sete de setembro de 2006, a participante A. fã da Avril Lavigne falou que naquele dia era aniversário da cantora. E ainda, a aluna vestia-se e portava-se conforme o estilo da vocalista de rock. Os demais alunos elegeram a professora de português como a mais querida pela turma, porque ela escutava-os e respeitava-os. Conforme Aberastury & Knobel (1981), ao eleger um ídolo o jovem busca identificações com este, as vezes copia certas características e repete comportamentos do mesmo, isso facilita a separação com as figuras parentais na busca de uma identidade independente do adolescente. O sentimento de ambivalência foi notado no comportamento de F., que, algumas vezes, estava interessado na atividade das músicas e noutros momentos parecia estar com o pensamento bem distante dali. Para Pikunas (1979), na puberdade, os sentimentos ambivalentes são mais a

regra do que a exceção. O adolescente muitas vezes experiencia sentimentos contraditórios isto é, amor e ódio, interesse e apatia para com pessoas e eventos. Os desapontamentos triviais, muitas vezes, despertam antagonismo sem destruir seu sentimento original de cordialidade ou entusiasmo. Parece que a capacidade para manter experiências afetivas em harmonia fica perdida durante algum tempo. Aberastury & Knobel (1981), a atividade reivindicatória do adolescente é imprescindível. Muitas vezes, as oportunidades para os jovens estão restringidas e aí este tem que se adaptar, submetendo-se às necessidades que o mundo adulto lhe impõe. Observamos essa atitude de reivindicação, em vinte e sete de setembro de 2006, quando P. esclareceu a sua insatisfação com o trabalho do cartaz, realizado no dia dezenove de setembro de 2006, então procuramos atender e escutar suas queixas e insatisfações, aceitando e proporcionando a eles um espaço crítico e livre para contestações, o que em algumas situações do cotidiano deles essa postura não é estimulada. A nossa proposta inicial era a de que a partir da demanda da população iríamos proporcionar algumas atividades criadas e decididas por nós, porém não vimos resultados e acabamos sentindo a necessidade de decidir conjuntamente com os jovens o que será feito em cada dia do grupo. Um exemplo disso aconteceu quando o grupo estava exausto e desinteressado pelo filme, chamado Vinte oito dias, que estávamos passando no dia 4 de outubro de 2006, paramos a exibição e questionamos o que poderia ser feito para a próxima quarta-feira, eles mencionaram o interesse por jogos, desta forma, com a ajuda do supervisor, na próxima semana decidimos fazer o jogo de Caça ao Tesouro. No dia 18 de outubro as atividades de Caça ao Tesouro e Dança da cadeira foram realizadas. No término da primeira atividade, voltamos à sala e conversamos sobre a brincadeira, indagamos sobre o que eles tinham achado, se tinham gostado, qual objetivo eles pensavam ter essa caça ao tesouro... As respostas foram muito interessantes, todos afirmaram ter gostado, até mesmo o jovem que não participou, disseram achar que o objetivo era a união, o conhecimento, a diversão. Depois, falamos que o tesouro era simbólico, pois o que importava era o tesouro interno de cada um e o que cada um tinha dentro de si. Eles estavam muito eufóricos e animados, então decidimos fazer a dança das cadeiras, onde cada um que saía, deveria responder perguntas pessoais e livres, eles gostaram da idéia e logo foram se organizando. Essa atividade foi importante para o grupo conhecer um pouco mais sobre o que seus colegas pensam.

No dia vinte e cinco de outubro de 2006, decidimos passar o filme Aos treze, o qual trata temas como sexualidade e drogas que foram solicitados pelos jovens para serem trabalhados. A proposta foi colocada aos adolescentes, perguntando se queriam assistir ao filme, eles fizeram uma votação e decidiram assistir. Na metade do filme, os jovens disseram que não queriam mais assistir, que estavam gostando, mas argumentaram que estava muito quente e não conseguiam prestar atenção direito. Aceitamos a reivindicação e fomos para outra sala. Destaca-se aqui o papel da autonomia dos adolescentes, que não estavam mais querendo assistir ao filme e nos falaram isso. E ainda, na expressão quente, ficou evidente que os jovens sentiram-se tensos com as repetidas cenas de violência, drogas e sexo do filme. Kamii (1985) coloca a autonomia em uma perspectiva de vida em grupo. A autonomia significa o indivíduo ser governado por si próprio. É o contrário de heteronomia, que significa ser governado pelos outros. A autonomia significa levar em consideração os fatores relevantes para decidir agir da melhor forma para todos. Perguntamos a eles o que queriam trabalhar e o que gostariam de fazer; então, um deles sugeriu o jogo da verdade ou conseqüência, o qual foi prontamente aceito pelos demais. Neste jogo, observamos que a temática norteadora da brincadeira era o ficar, na qual os adolescentes questionavam uns aos outros sobre pessoas que beijaram. Em Justo (2005), o ficar foi definido pelos adolescentes como um primeiro contato que poderia levar a um namoro, porém também é visto como um passatempo e uma simples diversão, com a ausência de compromissos. Quando estamos mencionando as urgências dos adolescentes, presenciamos esta no dia dezessete de novembro de 2006, no momento em que foi sugerido por eles a possibilidade de fazer um amigo secreto no último dia do grupo, imediatamente os jovens queriam tirar nos papeizinhos seu amigo, não podendo deixar esta atividade para o penúltimo dia. Na hora da distribuição dos papéis com os nomes, todos estavam ansiosos para descobrir qual seria seu amigo secreto do dia vinte e nove de novembro de 2006. No dia 22 de novembro de 2006, quando estávamos dialogando em círculo, o grupo mencionou a questão da masturbação, perguntando se crescia pêlos nas mãos de quem se masturbava. Eu prontamente respondi que isso não era verdade, que se masturbar faz parte da fase em que estão e que esta forma é uma maneira de conhecer melhor o próprio corpo e isto serve tanto para meninos como meninas. Ainda, foi

comentado sobre acordar no outro dia todo molhado e se isso era normal, respondi que sim e que, provavelmente, o(a) menino(a) teve um sonho erótico durante a noite. Um menino falou que já tinha acordado assim várias vezes e uma menina disse que também e ainda acrescentou que era muito bom. Aberastury & Knobel (1981), retratam a evolução sexual pela passagem do autoerotismo até a heterossexualidade, este momento pode oscilar entre a atividade de caráter masturbatório e o início do exercício genital. Ao aceitar a genitalidade o adolescente começa a busca do parceiro de forma tímida, mas intensa. Observam-se, primeiramente, os carinhos e contatos superficiais que se tornam cada vez mais profundos e íntimos. O amor apaixonado é um fenômeno singular que apresenta relações interpessoais intensas e frágeis, o chamado amor à primeira vista que pode ser uma figura idealizada e inatingível que na realidade seria um substituto da figura parental vinculada com as fantasias edípicas. A relação genital heterossexual completa ocorre na adolescência tardia. No penúltimo dia de encontro com o grupo, o aluno C. começou a questionar sobre como deveria chegar a uma garota e pedir para transar, ainda estava interessado em saber se sexo oral sem camisinha poderia transmitir alguma DSTs, como a camisinha deveria ser colocada para evitar que fure, como a menina deveria se cuidar para não engravidar e como ela deve tomar o anticoncepcional. Ainda C. formulou inúmeras perguntas a respeito do sexo. Em Dorin (1974), o estágio de desenvolvimento de um púbere não lhe permite ainda fazer deduções certas a respeito do seu próprio desenvolvimento físico, do sentido das transformações orgânicas que estão ocorrendo em seu próprio corpo. Ele tem medo de não estar se desenvolvendo normalmente porque está inseguro. Essa insegurança existe quando ele não é orientado por um adulto, quando não faz perguntas aos adultos, quando não encontra um livro que, em linguagem bem simples, o instrua a respeito da puberdade. A insegurança do púbere é compreensível, sobretudo quando a maturidade é retardada ou acelerada. O medo, as preocupações, as dúvidas do púbere resultam em instabilidade psicológica e, talvez, queda de rendimento na escola e desajustamento social. Para Preto apud Carter (1995) as vivências pessoais com a sexualidade influenciam a forma como os pais estabelecem os limites e criam expectativas na interação com seus filhos. Isso afeta diretamente no estabelecimento de normas e/ou diretrizes que envolvem ambas as partes. Os pais que tiveram experiências positivas em

casa e com seus companheiros durante a sua transformação sexual tendem a proporcionar experiências similares aos seus filhos do que aqueles negligenciados, abusados ou rejeitados sexualmente. Porém, isso não significa que todos os pais que presenciaram experiências negativas obrigatoriamente irão repetir esse padrão aprendido. No caso de C., a pessoa que conversa, sana as dúvidas sobre sexualidade e qualquer outro tipo de assunto é sua tia, no seu diálogo fala que é uma pessoa amiga e que o incentiva a treinar suas manobras de skate para competir nos campeonatos que pode participar. Ele demonstra uma afeição e carinho muito grande por esta parente, que ainda comenta sobre os conselhos que esta dá para que ele não tenha envolvimento com nenhuma droga. Em relação às drogas C. comenta que um pai de um amigo é alcoólatra e que é um sofrimento ver a situação em que o amigo se encontra. Na sua fala ele diz que algumas vezes bebia na companhia deste amigo e o respectivo pai, mas C. enfatiza que evita excessos para não ficar dependente desta droga lícita. Ainda o jovem diz que só uma vez perdeu o controle com a bebida e ficou embriagado, numa festa, o que este evento fez com que ele mudasse de atitude, passando a beber esporadicamente e com responsabilidade a fim de evitar problemas com o álcool. Para Campos (1975) o homem na ânsia de mergulhar em prazeres estranhos busca os mais diversificados vícios (drogas, etc.) com o intuito de solucionar à dor, aliviar à angústia, satisfazer necessidades/desejos temporários na procura do prazer. Contini (2002) diz que para muitos jovens o contato com psicotrópicos pode ficar restrito a episódios esporádicos de consumo sem, necessariamente, qualquer comprometimento à saúde. No entanto, para outros, a situação pode ser diferente. No dia 29 de novembro de 2006, conversamos sobre as atividades realizadas com os adolescentes para rever que grau de relevância nossa intervenção, com o grupo, teve, os jovens relataram que gostaram e que esses dias de encontro foram muito importantes para a vida deles. Por fim, tivemos a revelação do amigo secreto e a festa de encerramento das atividades com a turma. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ferretti et al (2004) esclarece o conceito de protagonismo juvenil significando participação, responsabilidade social, identidade, autonomia e cidadania. Está vinculado à formação para a cidadania e tenta dar conta de uma urgência social quanto das angústias pessoais dos adolescentes e jovens diante dos desafios e exigências das

sociedades pós-modernas, também de acordo com as atuais configurações de trabalho. O objetivo é o adolescente agir ativamente na construção do seu próprio ser nos âmbitos pessoais e sociais. Desta forma, o intuito é atribuir ao jovem a condição de protagonista, com o enfoque para a iniciativa (ação), liberdade (opção) e compromisso (responsabilidade). Na prática de estágio, com adolescentes, tivemos esse viés de trabalho. Os alunos apresentaram características como autonomia em relação às suas idéias, convicções e decisões, realizaram escolhas com responsabilidade e compromisso consigo e para com os outros integrantes do grupo. Com isso, a partir do diálogo os jovens atuaram de forma amadurecida e lúcida, de acordo com a fase do desenvolvimento em que estão, para expor suas experiências e vivências da sua realidade. Através das nossas intervenções criamos condições para que as potencialidades de cada um se tornassem bastantes presentes no seu cotidiano; respeitando a diversidade cultural, as responsabilidades sociais e o tempo histórico na qual fazem parte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERASTURY, Arminda & KNOBEL, Mauricio. Adolescência Normal. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1981. ABRAMOVAY, Miriam et al. Gangues, galeras, chegados e rappers: juventude, violência e cidadania nas cidades da periferia de Brasília. 2ª ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. BECKER, Daniel. O que é adolescência. São Paulo: Brasiliense, 2003. BEE, Helen. O ciclo vital. Porto Alegre: Artmed, 1997. BERGER, Kathleen Stassen. O desenvolvimento da pessoa: da infância à adolescência. 5ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da adolescência. Rio de Janeiro: Vozes, 1975. CARTER, Betty. As mudanças no ciclo de vida familiar. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. CONTINI, Maria de Lourdes Jeffery. Adolescência e psicologia: concepções, práticas e reflexões críticas. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2002. DORIN, Lannoy. Psicologia da adolescência. São Paulo: Editora do Brasil, 1974.

FERRETTI, Celso J.; ZIBAS, Dagmar M. L.; TARTUCE, Gisela Lobo B. P. Protagonismo Juvenil na literatura especializada e na reforma do ensino médio. Cad. Pesqui., São Paulo, v. 34, n. 122, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 25 nov 2006, às 14 hs. JUSTO, José Sterza. O ficar na adolescência e paradigmas de relacionamento amoroso da contemporaneidade. Rev. Dep. Psicol., UFF, Niterói, v. 17, n. 1, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 05 jan 2007, às 15 hs. KAMII, C. A criança e o número. Campinas: Papirus, 1985. LEVISKY, David Léo. Adolescência: Reflexões Psicanalíticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. OZELLA, S. Adolescências construídas: a visão da psicologia sóciohistórica. São Paulo: Cortez, 2003. PIKUNAS, Justin. Desenvolvimento humano: uma ciência emergente. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1979. SANDSTRÖM, C. I. A psicologia da infância e da adolescência. 5ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.