Maçonaria. Carta Pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista Edição Revisada - 2008. Sumário. I - Introdução... Página 2



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Transcrição:

Maçonaria Carta Pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista Edição Revisada - 2008 Sumário Apresentação... Página 2 I - Introdução... Página 2 II - A Igreja em missão... Página 3 III - A Maçonaria... Página 4 IV - A Igreja e a Maçonaria... Página 4 V - Orientações ao povo metodista sobre o relacionamento com a Maçonaria e outras sociedades secretas.... Página 8 Página 1 de 6

Apresentação O Colégio Episcopal da Igreja Metodista tem como competência canônica orientar a Igreja quanto à doutrina e aos princípios de fé e ética, e zelar pela unidade cristã. Tendo em vista a incumbência recebida do XVI Concílio Geral, de elaborar e oferecer aos metodistas orientação sobre o relacionamento com a Maçonaria, coloca nas mãos do povo chamado metodista esta Carta Pastoral. Como tudo em nossa Igreja deve ser feito visando a Missão, esta Carta deve ser vista a partir da perspectiva missionária. A apresentação do seu conteúdo foi feita de forma a orientar a família metodista e, ao mesmo tempo, enfocar sua tarefa missionária. Esta Pastoral é um texto sobre os metodistas e sua missão, sua relação com a Maçonaria e, finalmente, algumas recomendações. Este documento procura esclarecer, responsabilizar e orientar. Nós, Bispos da Igreja Metodista, esperamos que o presente documento venha ajudar a todos os irmãos e irmãs, clérigos/as ou leigos/as, a buscar a sabedoria de Deus, fortalecendo-se para cumprir com êxito a gloriosa missão de ser sal da terra e luz do mundo. É uma Carta Pastoral. Não se trata de um documento inibidor, proibitivo, tampouco de incentivo. I - Introdução O princípio básico ensinado pelo Senhor Jesus continua em vigor: buscar o Reino de Deus em primeiro lugar (Mt 6.33). Assim, todos/as os/as metodistas, crendo em Cristo como seu Salvador e estudando a Palavra de Deus constantemente, devem participar comprometida e responsavelmente do trabalho em suas igrejas para a expansão do Reino e produzir atos de piedade e obras de misericórdia, sempre na comunhão com os demais membros da igreja. Sabemos que os metodistas, através da presença em todos os ambientes, tornam-se conhecidos das associações filantrópicas, culturais, sociais, políticas e filosóficas que trabalham para o progresso e a melhoria da qualidade de vida humana. Assim como no desempenho de nossa missão evangélica, social e educacional, convidamos pessoas de todas as classes a aceitar o Evangelho, membros de outras instituições convidam evangélicos a participar de suas reuniões e projetos. Necessitamos de sabedoria e ousadia para cumprir cabalmente nossos ministérios com firmeza, amor, equilíbrio, sem medo e com bom senso. Entretanto, é necessário que observemos o modo de vida do povo com quem vamos nos relacionar, dando apoio aos que exercem diaconia, na igreja e fora dela. Uma das riquezas do metodismo está no fato de ter adotado, desde cedo, um princípio que ajuda muito a nortear a vida e os relacionamentos dos seus membros entre si e na sociedade em geral: no essencial a unidade; no não-essencial, a liberdade; em tudo, a caridade (o amor). Temos de manter o mesmo pensamento e a mesma postura com respeito aos pontos doutrinários básicos da fé cristã (Ef 4.1-4). E a nós foi dada a liberdade para pensar e agir de maneiras diferentes uns dos outros nos pontos secundários, isto é, naquilo que não é fundamental para a salvação. O mais importante é que, em todos os pontos, sejamos amorosos (Rm 12.9-10), acolhendo (Rm 15.7), tratando bem, suportando e ajudando uns aos outros (Cl3.12-15). Seguindo esta prática, a nossa tradição protestante e metodista tem considerado a participação pessoal do membro da igreja em trabalhos de outras associações somente naquilo que não fere o seu compromisso com o Evangelho. Página 2 de 6

II - A Igreja em missão Deus constituiu seu povo para ser uma bênção para todas as nações da terra (Gn 3.1-3). A Igreja, que nasceu no ambiente israelita, por intermédio da pessoa e obra de Jesus, também tem essa missão de transmitir ao mundo a bênção do Pai Celestial (Mt 28.18-20). Como membros da Igreja, que é o corpo de Cristo, somos chamados a comunicar a sua mensagem em todas as direções (Atos 1.8). Nesse movimento de ir e pregar, de ensinar e agir em nome de Jesus na terra, os discípulos se relacionam com muitas pessoas e muitos grupos. Nessa caminhada, podem surgir questões sobre com quem podemos colaborar e de quem é lícito aceitar cooperação. As iniciativas humanas são muitas, a cada dia surgem novas maneiras de trabalhar, as escalas de valores são variadas, as intenções e finalidades são também diversificadas. Algumas organizações são efêmeras e locais, outras conseguem se tornar mais duradouras e universais. Os grupos e associações se formam quase sempre com objetivos nobres, afirmando visar o bem-estar coletivo, a melhoria de vida e o aperfeiçoamento do ser humano. Os cristãos convictos têm a consciência de pertencer a uma corporação divina e humana, mantêm a dimensão vertical da vida em relacionamento íntimo com Deus, e a dimensão horizontal, no serviço ao próximo em nome do Senhor. Como divina, a Igreja é eterna e como humana é instituição temporal, militante e local. Os motivos para a Igreja agir são divinos. O palco dessa ação é a sociedade na qual homens e mulheres sofrem pressões de todos os lados e carecem da graça de Deus, mas também são capazes de investir e construir, plantar e colher, pensar e elaborar projetos. São pessoas que, de muitas maneiras, empregam seus recursos e seus conhecimentos em atividades proveitosas, com visão altruísta, perspectiva avançada e chegam a produzir resultados satisfatórios. Precisamos, portanto, ter discernimento e serenidade, prudência e simplicidade, sabedoria de Deus e preparação pessoal em nossas atitudes cristãs. A Igreja vive como sociedade alternativa em meio à sociedade maior que a cerca e como seus membros pertencemos a ambas. Estamos em missão e dependemos constantemente da iluminação do Espírito Santo e do estudo das Escrituras para saber onde, quando, como e com quem trabalhar, na qualidade de procuradores do Senhor, até que Ele venha. A Igreja Metodista "cumpre a sua missão realizando o culto de Deus, pregando a sua Palavra, ministrando os sacramentos, promovendo a fraternidade e a disciplina cristãs e proporcionando a seus membros meios para alcançarem uma experiência cristã progressiva, visando ao desempenho de seu testemunho e serviço no mundo" (Art. 3 da Constituição da Igreja Metodista). A Igreja Metodista "adota os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal, os quais têm por fundamento as Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, testemunho escrito da revelação divina, dado por homens movidos pelo Espírito Santo, as quais contêm tudo quanto é necessário para a salvação e são suficiente regra de fé e pratica para os cristãos" (Art. 4 da Constituição da Igreja Metodista). Página 3 de 6

III - A Maçonaria Considerando a natureza da Instituição Maçônica, fica evidente a dificuldade em elaborar um documento a partir de literatura conhecida. Há uma grande variedade de afirmações sobre a Maçonaria. Há radicalismos em todas as direções, seja a favor dessa instituição ou contra ela. Servimo-nos, assim, das informações advindas de maçons de reconhecida fidelidade e dedicação à causa metodista e de alguns valiosos documentos ao alcance. Documentos oficiais declaram que a Maçonaria não é religião, nem prega credo religioso algum. Segundo esses documentos, trata-se de uma instituição eminentemente filantrópica, filosófica e social, tendo como sua divisa liberdade, igualdade, fraternidade para o bem do indivíduo, da família, da sociedade, da pátria e da humanidade em geral. Há documentos históricos afirmando que os maçons constituíram a força principal para a proclamação da Independência e também da República. Promoveram a separação entre a Igreja e o Estado; a extinção da escravidão; a instituição do registro civil de nascimento, casamento e óbito; a criação de escolas gratuitas de ensino fundamental para crianças e adultos; a instituição do direito dos não-católicos sepultarem seus mortos nos cemitérios e outros direitos civis. Organizaram-se de forma eficaz e romperam assim com os poderes autoritários religiosos e seculares, garantindo a liberdade para todas as pessoas. Ainda hoje continuam atuando no campo da ação comunitária, cultural e educativa, de maneira discreta e dentro de sua filosofia humanitária. No entanto, em que pesem as afirmações dos documentos maçons, observa-se que a Maçonaria desenvolve ritos religiosos e cerimônias de cunho religioso, caracterizando-se como um grupo que professa celebrações eminentemente religiosas, tais como rito de iniciação, votos religiosos e outras atividades litúrgicas como, por exemplo, ofícios fúnebres, adoção de crianças (lowton), confirmação de casamento, doutrinação de jovens. Além disto, as Lojas Maçônicas usam' templos com altar e outros utensílios específicos para a realização de cerimônias religiosas cujas lojas são profundamente inspiradas no templo de Salomão, templos Assírios, Egípcios e Cristãos da Idade Média. Nessa direção, encontramos literatura produzida por autores maçons que fazem afirmações no sentido de a Maçonaria ser uma religião e como tal exigem profissão de fé e conversão para ser maçon com exigência de silêncio e fidelidade absoluta a seus princípios (LANDMARKS) na escala de graus. IV - A Igreja e a Maçonaria A Igreja Metodista sempre manteve relações cordiais e respeitosas e nunca negou os serviços prestados pela maçonaria ao povo em geral. Nossos membros maçons, em sua maioria, souberam manter as boas relações, dando e recebendo colaboração. Não há hostilidade. Em certas épocas da história, parte do clero romano foi quem viu razões para se manifestar contra e perseguir os maçons, os judeus e os protestantes. O desejável é continuar com serenidade a tarefa cristã, segundo a recomendação do apóstolo: "cada um veja como edifica" (1 Co 3.10-13), pois prestará conta de seus atos. O/a crente metodista deve ser produtivo/a em todo o tempo e fiel até o fim a sua profissão de fé, ciente de que cabe a Deus a avaliação das nossas realizações. O/a metodista, entretanto, deve cuidar para que seus relacionamentos, quaisquer que sejam, não venham impedir o desempenho do ministério, conforme os dons que recebeu, e negar sua experiência cristã e fé, através declarações ou ações. A Igreja é divina e humana, e precisa ser uma comunhão de santos que se respeitem mutuamente e cooperem para o crescimento do Reino, na multiforme graça (1 Pd 4.10) e na diversidade de formas de atuação (Rm 12.4-8; 1 Co 12.4). Em todos os locais, articulados com outros grupos ou não, os metodistas são chamados a somar, a Página 4 de 6

ajudar, a dar o sabor, a exalar o perfume de Cristo (2 Co 2.15). Não somos do mundo, mas estamos no mundo (]o 17.15s). Há uma polêmica em relação à Maçonaria pontuada em dois aspectos, pelo menos: 1) o ritualismo religioso que a identifica como uma seita religiosa; e 2) votos secretos e seus códigos que não podem ser revelados em hipótese alguma. Para nós, esses dois aspectos ferem a tradição bíblica, teológica e doutrinária da Igreja Evangélica. Na Pastoral sobre o Ecumenismo (outubro 99), afirmamos o seguinte: "Não é aceitável para nós celebrações com grupos religiosos que não sejam reconhecidamente da tradição cristã" e "nossa vocação ecumênica nos leva a ter uma atitude de respeito e amor para com outras tradições religiosas. Esse respeito - que necessariamente também se estende aos membros da nossa própria comunidade - tem que ser ainda mais evidente quando nos reunimos para louvar a Deus e celebrar a nossa unidade em Jesus Cristo. Outrossim, reafirmamos a nossa disposição em dialogar com outras expressões de fé, principalmente no que diz respeito aos grandes desafios da luta pela justiça, paz e integridade de criação". Estas orientações da Pastoral sobre o Ecumenismo servem para o relacionamento com a Maçonaria. Os membros da Igreja Metodista que ainda permanecem maçom devem discernir sobre os possíveis ritos religiosos que venham a ser praticados no contexto da Maçonaria e ir em busca de orientação pastoral afim de verificar se encontram fundamentação nas nossas tradições bíblicas e cristãs. As informações que circulam a favor e contra a Maçonaria são suficientes para se criar por esta carta o pastoreio dos metodistas, principalmente em face do Art. 8, 2º da Seção I dos Cânones de 2007, que estabelece uma legislação sobre o assunto. É recomendado um exame pessoal e crítico dos ritos e compromissos assumidos pela filiação a essa sociedade secreta e outras, evitando que, em qualquer situação, sejam negados os votos assumidos com o Reino de Deus e com a Igreja, Corpo Vivo de Cristo. O apóstolo Paulo orienta aos tessalonicenses que julguem todas as coisas e retenham o que é bom (1 Ts 5.21) e recomenda que a igreja se abstenha das aparências do mal (1 Ts 5.22). Esta recomendação é válida para ser aplicada em relação aos demais grupos e associações existentes no país ou que venham a ser criadas. Há outras sociedades chamadas secretas no Brasil e no mundo. Não há como nominar todas elas, pois se pode incorrer no erro de identificar associações que não se caracterizam como sociedades secretas e deixar fora outras que têm essa característica. O importante é a análise crítica das instituições antes de assumir compromissos de qualquer ordem. Portanto, nesta Carta Pastoral, enfatizamos o equilíbrio para viver o cotidiano e a atitude de compreensão em todos os relacionamentos. Assim recomendaram os apóstolos. Eles mesmos deram o bom exemplo. Não gastaram tempo em discussões sobre questões menores, que devem ser resolvidas pelo cristão diligente e conhecedor das Sagradas Escrituras. Orientações neste sentido estão presentes nas cartas pastorais (1 Tm 6.20; Tt 1.14). Os apóstolos foram combativos, isto sim, na proclamação, no ensino e no testemunho em todos os lugares possíveis. E zelaram por esclarecer pontos doutrinários em que pessoas com idéias contrárias à doutrina dos apóstolos tentavam interferir com suas opiniões, causando confusão nas igrejas. Página 5 de 6

V - Orientações ao povo metodista sobre o relacionamento com a Maçonaria e outras sociedades secretas 1. O Colégio Episcopal não recomenda que membros da Igreja Metodista participem de Sociedades Secretas e de Associações Religiosas que não professem os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal, tampouco recomenda que os membros da Igreja Metodista façam votos nessas sociedades secretas que venham a ser uma negação da sua experiência e doutrinas básicas da fé cristã. 2. Membros da Igreja Metodista que sejam convidados/as a participar da Maçonaria ou outra sociedade chamada secreta devem observar os compromissos a serem assumidos e verificar sua fundamentação bíblica, teológica e doutrinária. Os pastores e as pastoras devem estar à disposição para ajudar nesse discernimento. 3. Membros da Igreja Metodista que desejam afastar-se da Maçonaria deverão ter o apoio e a compreensão da Igreja, sem que outros maçons sejam ridicularizados ou discriminados. 4. Orientações e aconselhamentos sobre o assunto devem ser feitos, preferencialmente, no ambiente reservado e sigiloso do gabinete pastoral. 5. Não deve haver cerceamento da liberdade aos membros filiados à Maçonaria para a participação na Igreja e seus órgãos, no entanto, estes não devem exercer qualquer ação discipuladora sobre metodistas não maçons. A tolerância deve marcar nossos relacionamentos. 6. O Colégio Episcopal incentiva a participação dos/as metodistas em instituições que promovam a fé, a paz e a justiça social, sem ferir seus votos como membros da Igreja e sem negar os princípios do Evangelho de Jesus Cristo. 7. O Colégio Episcopal reafirma que o Reino de Deus é prioridade para todos os metodistas. Por causa deste Reino renunciamos, santificamos nossas vidas, perdoamos, amamos e cultivamos a unidade e a tolerância. Nossa esperança e oração é que não somente os metodistas, mas todos os evangélicos aprofundem cada vez mais sua sensibilidade, tendo sempre presente na mente e no coração o desafio da Palavra de Deus: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33). São Paulo, 22 de agosto de 2008. Bispo João Carlos Lopes Presidente do Colégio Episcopal Bispo Adonias Pereira do Lago Secretário do Colégio Episcopal Página 6 de 6