USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA ENSINO DE MÚSICA: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD



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Transcrição:

1 USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA ENSINO DE MÚSICA: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD São Carlos SP Maio de 2012 Fernando Henrique Andrade Rossit UFSCar fhrossit@gmail.com Glauber Lúcio Alves Santiago UFSCar glauber@ufscar.br Márcia Rozenfeld Gomes de Oliveira UFSCar maroz.uab@gmail.com Categoria: C Métodos e Tecnologias Setor Educacional: 3 Educação Universitária Classificação das Áreas de Pesquisa em EaD Macro: C / Meso: H / Micro: N Natureza: A Relatório de Pesquisa Classe: 1 Investigação Científica RESUMO O presente artigo trata sobre o curso a distância Uso de recursos tecnológicos para ensino de música no âmbito do Programa de Aperfeiçoamento e Capacitação Continuada, vinculado à Coordenadoria de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Profissional em EaD, da Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos. Primeiramente, são descritos os objetivos do curso, destacando-se a importância da formação específica em recursos tecnológicos para atuação em EaD, entre outros, além da ementa, o público alvo e as atividades propostas. A pesquisa qualitativa baseou-se na aplicação de um questionário online, no Lime Survey e procurou identificar: possíveis contribuições da realização do curso para a função profissional dos cursistas; se há o interesse em aprofundar os conhecimentos adquiridos; um panorama geral da avaliação do curso infraestrutura, tempo das atividades etc. e possíveis dificuldades encontradas ao longo de suas ofertas. Por fim, nas considerações finais, há reflexões acerca de algumas críticas apresentadas pelos cursistas, bem como o apontamento de possíveis contribuições do curso para o trabalho/função dos professores e tutores do curso de Licenciatura em Educação Musical da UFSCar (modalidade EaD). Palavras chave: Recursos tecnológicos musicais; Educação Musical e EaD; Formação Continuada em EaD.

2 1. Introdução O presente artigo apresenta de forma sintética o impacto positivo do curso a distância Uso de recursos tecnológicos para ensino de música (URecTEM), para a formação docente em EaD de um grupo de docentes, no âmbito do Programa de Aperfeiçoamento e Capacitação Continuada (PACC- UFSCar), vinculado à Coordenadoria de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Profissional em EaD (CODAP) da Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos (SEaD-UFSCar). Primeiramente, faz-se necessário caracterizar a SEaD-UFSCar, o PACC-UFSCar e a CODAP. A SEaD-UFSCar [4] é um órgão de apoio acadêmico que tem por finalidade executar as políticas, apoiar o desenvolvimento e a implementação de ações, garantir a qualidade educacional e do material didático, mediante propostas educacionais inovadoras e integração de novas tecnologias de informação e comunicação, em especial na modalidade a distância. Dentre as coordenadorias que constituem a SEaD, destaca-se, de acordo com o objetivo deste artigo, a CODAP. Esta coordenadoria é responsável por organizar, propor, executar e acompanhar cursos de formação inicial e continuada para profissionais na modalidade a distância. O PACC- UFSCar é um projeto que visa atender às necessidades formativas de profissionais da comunidade interna da UFSCar em seus três campi, ofertando cursos de curta duração para professores, tutores (virtuais e presenciais), coordenadores de polos, equipes de apoio multidisciplinar e demais profissionais envolvidos com a EaD. Um dos cursos oferecidos pelo PACC-UFSCar é o curso Uso de recursos tecnológicos para ensino de música (URecTEM). A proposta deste curso é apresentar alguns recursos tecnológicos musicais aos professores e tutores do curso de Licenciatura em Educação Musical da UFSCar (modalidade EaD) com o objetivo de subsidiar a prática docente nessa modalidade. O intuito é que a utilização de tais recursos possam tornar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle mais autônomo e musicalmente interessante. O conteúdo do curso é diversificado: os destaques são os tópicos que abordam as diferentes formas de configuração de lições e questionários no Moodle com a inclusão de áudios/vídeos ou imagens de partituras e a criação de

3 vídeos feedbacks (screencasts), que auxiliam/facilitam o trabalho dos professores e tutores virtuais ao longo das disciplinas. Pretende-se, assim, estimular o desenvolvimento de equipes sincronizadas e capazes de executar o trabalho necessário para uma EaD de qualidade. Visto que, ao utilizarem tais recursos tecnológicos abordados neste curso, estes professores e tutores poderão aperfeiçoar seu trabalho. Os professores poderão explorar ao máximo as ferramentas do Moodle e, assim, desenvolver atividades que envolvem conteúdos musicais de uma forma mais natural, e por que não, mais musical, literalmente. Já os tutores virtuais, por exemplo, poderão criar vídeos feedbacks que explicam como fazer algum procedimento no AVA da disciplina que alguns alunos, porventura, não estão conseguindo realizar. Esta forma de feedback pode ser bem mais útil e objetiva em vários casos, se comparado ao feedback textual, mais tradicionalmente usado. Essa proposta visa, sobretudo, o desenvolvimento profissional dos docentes que atuam na modalidade a distância, acreditando que nesse contexto novos conhecimentos e saberes são exigidos frente às novas possibilidades de ensinar e aprender que tais recursos possibilitam. Segundo Shulman (1986) [5], nossa base de conhecimento para ensinar vai sendo construída a partir de novos conhecimentos adquiridos e incorporados àqueles que já a compõem. É essa base de conhecimento que acionamos no momento da prática docente nas mais diferentes situações, sendo assim, a possibilidade de aprender não se esgotam na formação inicial configurando, portanto, a importância da formação continuada. 2. O curso URecTEM O curso URecTEM teve como público alvo os professores e tutores (virtuais e presenciais) do curso de Licenciatura em Educação Musical da UFSCar que atuam na área de música. Ao longo do curso, foram apresentadas possibilidades diversificadas de utilização de lições e questionários do Moodle, atividades/ferramentas que utilizam recursos visuais de imagens de partituras, áudios e vídeos. Foram aplicadas atividades que envolveram a criação de vídeo feedbacks, utilizando o software Camtasia. Por fim, ao longo do curso foi

4 agendada uma webconferência com um dos professores do curso, onde os cursistas participaram de um diálogo sobre a utilização de TIC em projetos de extensão universitária. Destaca-se abaixo alguns detalhes que caracterizam o curso URecTEM: 2.1 Ementa O cursista entrou em contato com tecnologias que lhe permitiram utilizar o AVA Moodle de forma mais autônoma e musicalmente interessante por meio de recursos visuais de imagens de partituras, áudios (sintetizados ou gravados), vídeos (como links da internet ou gravados). Foram apresentadas possibilidades de utilização de lições e questionários. O cursista também entrou em contato com experiências sobre a utilização de TIC em projetos de extensão. 2.2 Objetivos O objetivo geral foi: capacitar profissionais para atuarem com algumas das novas tecnologias voltadas à EaD em atividades de música e educação musical, sobretudo no curso de Licenciatura em Educação Musical da UFSCar, oferecido na modalidade EaD. Como objetivos específicos podemos citar: i. Introduzir o cursista no uso intensivo de recursos audiovisuais no Moodle para tornar questionários e lições mais efetivas para o ensino musical. Além disso, apresentar aos alunos os princípios da gravação de áudio e vídeo; ii. Apresentar e discutir aspectos relativos ao tema A utilização de TIC em projetos de extensão universitária ; iii. Introduzir o cursista na utilização de softwares editores de partitura (Finale e Musescore); iv. Estimular o cursista a criar um vídeo feedback (screencast) com o objetivo de orientar/responder uma dúvida de um aluno hipotético. 2.3 Conteúdo programático 1. Questionários no Moodle com recursos visuais e sonoros; 2. Lições no Moodle com recursos visuais e sonoros; 3. Gravação e edição elementar de áudio; 4. Gravação e edição elementar de vídeo no software Camtasia; 5. Editores de partitura;

5 6. Produção de arquivos musicais em editores de partituras; 7. Produção de imagens musicais em editores de partituras; 8. Vídeo Feedbacks (Screencasts); 9. Exemplos musicais com captura de tela em vídeo; 10. Utilização de TIC em projetos de extensão. 2.4 Desenvolvimento do curso Foi utilizada a plataforma Moodle para o curso no qual os cursistas puderam ter acesso ao conteúdo e às atividades, possibilitando uma vivência do modelo que se deseja que o cursista possa desenvolver no futuro. Ou seja, foram utilizados recursos visuais de imagens de partituras, áudios e vídeos nas diversas ferramentas do Moodle, incluindo lições e questionários. Também foi realizada uma webconferência como atividade complementar do curso. 2.5 Sistemática de avaliação A avaliação ocorreu de forma processual considerando a frequência de 75% do total das atividades, bem como a pontuação em cada atividade avaliativa. 3. Dados relevantes acerca do curso URecTEM Ao longo do 2 o semestre de 2011 o PACC-UFSCar realizou três ofertas do curso URecTEM: 1 a oferta (09/08/2011 a 05/09/2011); 2 a oferta (27/09/2011 a 30/10/2011); 3 a oferta (08/11/2011 a 08/12/2011). Pode-se notar pelos períodos das ofertas que se tratou de um curso de curta duração (aproximadamente quatro semanas), com carga horária total de 30 horas. Na 1 a oferta o curso contou com dois professores, que atuaram como tutores virtuais também, orientando, corrigindo as atividades e enviando feedbacks/notas aos cursistas. Já nas 2 a e 3 a ofertas, além dos dois professores, o curso contou com a atuação de um tutor virtual. No quadro abaixo é apresentado o número de cursistas inscritos em cada oferta, os concluintes (médias finais superiores a 50%) e os evadidos (desistentes e/ou alunos que obtiveram médias finais inferiores a 50%):

6 Ofertas Inscritos Concluintes Evadidos 1 a 22 16 6 2 a 31 15 16 3 a 33 21 12 Quadro 1. Número de cursistas em cada oferta De acordo com o Quadro 1, o curso URecTEM contou no total com 86 alunos inscritos nas três ofertas, sendo que destes, 34 evadiram-se, ou seja, aproximadamente 39%. No total foram 52 concluintes aproximadamente 60% que tiveram condições de receber os certificados de conclusão do curso por terem obtido médias finais superiores a 50%. As questões acerca da permanência e da evasão são pertinentes quando se trabalha com um curso na modalidade EaD. De acordo com Favero e Franco (2006) [2] : O problema da evasão é uma realidade em quase todas as instituições que oferecem cursos na modalidade a distância, senão todas, enfrentam este problema. [...] Ao se desenvolver um curso na modalidade a distância, é importante que o diálogo seja levado em conta, por permitir um crescimento no aprendizado e uma menor evasão dos educandos (FAVERO e FRANCO, 2006, p. 9). Além da questão do diálogo, a evasão pode ocorrer devido ao insuficiente domínio técnico em relação ao uso da AVA, ou de algum software que é trabalhado durante o curso (COELHO, 2003) [1]. No caso do curso URecTEM, todos os cursistas já possuíam um domínio suficiente em diferentes escalas sobre o AVA, visto que são professores e tutores virtuais e presenciais. Mas nem todos já haviam trabalhado com softwares tais como o Musescore ou Camtasia, por exemplo. Além disso, alguns cursistas (principalmente os da 3 a oferta) se queixaram sobre a falta de tempo, pois o período dessa oferta coincidiu com o final de ano/semestre, quando todos (a maioria dos tutores atuam como professores em escolas de músicas e/ou outros espaços) estão fechando notas, participando de reuniões bimestrais, organizando concertos e cantatas de Natal etc. A seguir, são apresentados alguns dados relevantes acerca do curso URecTEM, obtidos por meio de um questionário aplicado aos cursistas ao término de cada oferta. Do total de cursistas das três ofertas, 18 responderam ao questionário, ou seja, aproximadamente 21%.

7 3.1 Possível aplicabilidade do conteúdo do curso Em relação à aplicabilidade do conteúdo abordado no curso URecTEM na função que o cursista exerce atualmente, seja ele professor, tutor virtual ou tutor presencial, 61% (11) afirmaram que sempre podem aplicar tais conteúdos em sua atividade/função atual. Outros 33% (6) disseram que geralmente utilizam esses conteúdos e apenas 6% (1) afirmou que às vezes faz uso desse conteúdo em sua atual função, como mostra a Figura 1 a seguir. Destaca-se que todos demonstraram interesse em aprofundar os seus conhecimentos nessa temática. Geralmente 33% Às vezes 6% Sempre Geralmente Às vezes Sempre 61% Figura 1. Aplicabilidade do conteúdo trabalhado no curso. 3.2 Infraestrutura física e tecnológica Sobre a infraestrutura física e tecnológica utilizada no curso, 78% (14) afirmaram que foi muito adequada e para 22% (4) foi adequada, como mostra a Figura 2. Adequada 22% Muito adequada Adequada Muito adequada 78% Figura 2. Infraestrutura física e tecnológica do curso. 3.3 Avaliação da atuação do docente e do tutor virtual no curso Em relação à atuação docente e do tutor virtual durante o curso, 89% (16) afirmaram que foi muito satisfatória e 11% (2) disseram que foi satisfatória, de acordo com a Figura 3.

8 Satisfatória 11% Muito satisfatória Satisfatória Muito satisfatória 89% Figura 3. Sobre a atuação do docente e do tutor virtual no curso. 3.4 Possíveis dificuldades encontradas durante o curso Sobre possíveis dificuldades encontradas durante o curso, 56% (10) afirmaram que não encontraram dificuldades e 44% (8) disseram que sim, como mostra a Figura 4. Sim 44% Não Sim Não 56% Figura 4. Levantamento das dificuldades encontradas no curso. Destacam-se abaixo alguns depoimentos de cursistas que tiveram alguma dificuldade ao logo do curso: O Moodle estava muito instável na época. Não conseguia abrir arquivos [...] nem editar textos simples. As dúvidas técnicas foram sanadas pelo professor em poucas horas (Cursista A). Dificuldade em dedicar mais tempo para a matéria, devido à compromissos que coincidiram na mesma época. Instalar os programas necessários foi uma tarefa que não deu certo no meu computador (Cursista B). A dificuldade esteve mais relacionada à falta de tempo para poder me dedicar mais às atividades propostas. Em outros momentos, tive a sensação de estar um pouco alienada da temática por não ser da área de música (Cursista C). O desempenho dos alunos em um curso na modalidade EaD depende diretamente da ambientação aos diferenciados padrões e rotinas dentro de um

9 AVA. No caso do curso URecTEM, todos os cursistas já estavam ambientados e conheciam bem o Moodle, mas mesmo assim as dificuldades surgiram. Para solucionar essas dificuldades de forma mais rápida e eficaz, é necessário estimular as relações entre os próprios alunos e destes com os tutores virtuais e professores. Além disso, deve-se ter cuidado com as avaliações punitivas, como escreveu Kenski (2010) [3], destacando a importância do feedback do tutor virtual: Como o objetivo do ensino é a aprendizagem dos alunos, a avaliação progressiva não pode ser punitiva. Como espaços diferenciados de aprendizagem, os ambientes virtuais viabilizam as chances para que os estudantes possam refazer as atividades que não estejam corretas. O feedback do tutor, nesse caso, reorienta a realização do exercício em novas bases e com maior possibilidade de acerto pelo aluno que, com o retrabalho, tem maiores condições de atenção e compreensão do que lhe é solicitado (KENSKI, 2010, p. 66). 4. Considerações Finais O curso URecTEM atingiu os objetivos propostos de acordo com os feedbacks enviados pelos cursistas. De modo geral, as críticas se convergem para duas questões: o tempo do curso e o software Camtasia. Alguns cursistas destacaram que algumas atividades poderiam ter mais tempo para sua realização: A duração dos módulos poderia ser um pouco mais longa, para treinarmos mais com os exercícios (Cursista D). Outros afirmaram que se tivessem mais tempo, a dedicação seria melhor: Meu aproveitamento foi satisfatório, mas teria sido melhor se eu tivesse mais tempo para dedicar às atividades (Cursista E). Sobre o uso do software Camtasia, o problema está relacionado ao fato deste programa não ser livre ou gratuito: Sugiro que seja utilizado material gratuito ou então que os professores ganhem a licença para o uso de programas utilizados durante estes cursos (Cursista F); O único comentário é o fato do programa Camtasia não ser gratuito. No entanto, não sei se existe um programa similar que seja livre (Cursista G). Este ponto deve ser analisado para futuras ofertas deste curso. Há sim alguns softwares livres similares ao Camtasia, porém, ainda com recursos limitados, que não satisfariam algumas das atividades propostas no curso. Por fim, dentre os cursistas destacam-se dois perfis distintos que o curso URecTEM procurou atingir mais diretamente: os professores e os tutores

10 virtuais. Os professores foram instigados mais por um viés do Designer Instrucional (DI), visto que agora podem pensar as atividades propostas em suas disciplinas no AVA de diversas formas (diferentes formatos de questionários ou lições com trajetos diversificados), assim o diálogo e o trabalho em conjunto com o DI do curso de Licenciatura em Educação Musical podem ser otimizados. Por outro lado, os tutores virtuais receberam orientações sobre como criar e postar vídeo feedbacks, que auxiliam muito a solução de dúvidas e problemas levantados pelos alunos de graduação do curso de Licenciatura em Educação Musical no decorrer de uma disciplina, pois são como vídeos tutoriais onde o tutor virtual mostra na prática o procedimento que o aluno não está conseguindo realizar, como, por exemplo, postar um link de um vídeo do YouTube no envio de tarefa do tipo texto online. Sendo assim, o curso URecTEM atendeu a proposta inicial de formação continuada de ambos os perfis ampliando as possibilidades de interações no ambiente virtual de aprendizagem dos cursos em EaD. Referências: [1] COELHO, M. L. A formação continuada do docente universitário em cursos a distância via internet: um estudo de caso. In: Seminário ABED 2003. Disponível em: <http://www.abed.org.br/seminario2003/texto06.htm>. Acesso em: 12 de maio 2012. [2] FAVERO, R. V. M.; FRANCO, S. R. K. Um estudo sobre a permanência e a evasão na Educação a Distância. In: Novas Tecnologias na Educação/CINTED-UFRGS, V. 4, No 2. UFRGS, 2006. [3] KENSKI, V. Avaliação e acompanhamento da aprendizagem em ambientes virtuais, a distância. In: Educação a Distância: desafios contemporâneos. Org.: Daniel Mill e Nara Pimentel São Carlos: EdUFSCar, 2010. [4] Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos (SEaD-UFSCar). Disponível em: <http://www.sead.ufscar.br>. Acesso em: 12 de maio 2012. [5] SHULMAN, L. S. Those Who Understand: Knowledge Growth. In: Teaching Educational Researcher, Vol. 15, No. 2. (Feb., 1986), pp. 4-14, 1986.