ATIVISMO E SALA DE AULA: O ENTRE - LUGAR



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Transcrição:

ATIVISMO E SALA DE AULA: O ENTRE - LUGAR Margarete de Carvalho Santos 1 Bárbara Elcimar dos Reis Alves 2 Lesbibahia é uma articulação de lésbicas e mulheres bissexuais que inicia a atuação de forma especifica em 2009 no segmento LGBT da Bahia. Em 2010, depois de um planejamento estratégico o Lesbibahia se torna um coletivo de mulheres bissexuais e lésbicas que tem como uma de suas macro ações fomentar o debate sobre sexualidade no campo da educação. As integrantes atuais são: Barbara Alves, Raphaella Oliveira, Margarete Carvalho, Daniela Amorim, Tatiana Anjos, Renata Cunha e Thaise Torres, (Presidente da Cactus). Barbara Alves é baiana de Salvador, nascida do bairro da Lapinha. É administradora, especialista em relações públicas pela UNEB, educadora social, ativista do movimento de mulheres, militante do movimento LGBT e integrante do Coletivo Lesbibahia. Margarete Carvalho, soteropolitana, nascida na Baixa do Petróleo, é graduada em Letras pela UFBA e especialista em Educação pela UEFS. Educadora, militante no movimento LGBT e do movimento negro. O presente relato abordará a articulação entre o ativismo e a sala de aula enquanto campos de construção de conhecimento e negociação de vivências. Para tratar disso refletiremos sobre as trajetórias de duas ativistas do LESBIBAHIA no que diz respeito às estratégias de inserção da temática de gênero e sexualidade no cotidiano da escola pública. A sala de aula... Observa-se que na rede estadual de ensino há a pratica de construção de projetos interdisciplinares envolvidos em uma determinada temática, e é nesse momento que os professores (as) se abrem para construir ações e saberes articulados, entretanto trata-se também de um dos momentos no qual saberemos como se estabelecerão os mecanismos de exclusão racistas e 1 Margarete Carvalho é graduada em Letras pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em Educação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). margo_set2003@hotmail.com 2 Bárbara Alves é graduada em Administração e especialista em Relações Públicas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). barbaracontatos2010@gmail.com 1

homofóbicos, seja pelo silenciamento ou pela desvalorização de traços das temáticas sobre raça, gênero e sexualidade. Inserir a temática LGBT no cotidiano da escola é estabelecer uma tensão com o estado de polícia, que de acordo Ranciere (1996) estabelece onde e como os corpos devem ou podem agir. Enquanto professora da rede estadual de ensino, por diversas vezes tentei negociar a inserção da temática LGBT nas atividades interdisciplinares articuladas nas ACs em algumas das escolas da rede pública nas quais trabalhei, entretanto pouco tive êxito. Me deparei com o muro da homofobia que me comunicava as seguintes falas: Aceitar é uma coisa, respeitar é outra. Eu respeito mas não aceito Temos que tomar cuidado com relação à repercussão das aulas na família. Tomar cuidado para não fazermos apologia ao homossexualismo, até porque pode ser uma fase. A pessoa com o amadurecimento lá na frente descobre e até deixa de ser. As pessoas aceitam, mas ninguém quer que o próprio filho seja gay, pois não quer que ele seja discriminado Como posso falar de uma coisa que não compreendo que não sei o que é Assistir um filme Morango com chocolate que fala da amizade de um gay com um hetero e isso me ajudou muito na questão Eu respeito à homossexualidade, mas não escolho para o meu ciclo de amizade aqueles que são espalhafatosos e que chamam muita a atenção 2

Essas foram as falas, dentre outras que não relatarei por serem ainda mais constrangedoras, que ouvi dos educadores com quem trabalhei ha alguns anos atrás quando decidir intervir e propor a homossexualidade como temática em um projeto interdisciplinar, que estávamos escrevendo, intitulado Respeito à diversidade. Foi uma reunião pedagógica bastante tensa para mim, tanto pelo fato de ter que buscar muitos argumentos para convencer sobre a importância da temática como também porque na condição de lésbica me sentir agredida, e pela milésima vez sentir na pele a exclusão. Foi muito difícil fazer com que o tema homofobia fosse concebido como uma falta de respeito à diversidade. Na verdade, muitas das ações homofobicas ainda eram compreendidas como ações moralizantes que poderiam contribuir para o progresso educacional dos alunos. Naquela reunião pedagógica sai vencida, silenciada e nenhuma atividade, que contemplasse a homossexualidade positivamente, foi construída. O tema além de não ter sido considerado pertinente, foi tratado também como uma grande ameaça, ameaça à heteronormatividade, à moral da escola e aos bons costumes. Não foi a primeira vez que não havia conseguido fazer da homofobia um tema interdisciplinar em um projeto pedagógico, e caso quisesse levar qualquer atividade pedagógica adiante, com o objetivo de desconstruir os mecanismos de exclusão fundamentados na orientação sexual, seria de forma solitária e correndo muitos riscos. Perguntava-me constantemente sobre o que fazer e de que maneira poderia agir e sempre foi nítido que para uma questão tão ampla e tensa como a homofobia, combater solitariamente não era o melhor caminho. Um dos poucos momentos no qual me sentir à vontade para discutir na escola sobre a diversidade sexual se deu num período no qual o Instituto Anísio Teixeira provocou o debate ao realizar cursos e conferencias. Essa ação do IAT iniciada em 2008 foi importantíssima, pois repercutiu na escola inteira, foi a primeira vez que presencie, a escola como um todo, discutindo e tentando entender a diversidade sexual. O fato de institucionalizar o tema respaldou diversas ações pedagógicas que foram sendo produzidas, e o assunto deixou de ser uma questão individual, a causa de um(a) professor (a), para tomar a amplitude que o assunto realmente tem. Naquele momento a escola começou a pensar a homofobia, assim como também, foi um momento no qual os professores puseram seus fantasmas para fora. No meio de toda efervescência nos debates surgiam perguntas como: 3

Que tipo de orientação podemos dar a um menino afeminado para que ele seja mais educado e não fique com trejeitos ou usando palavras de baixo calão como costumam usar? Existe algum tipo de tratamento psicológico para pessoas assim? Porque uma pessoa é homossexual? Geralmente uma pessoa é homossexual porque passou algum trauma na infância, não é? A partir daqueles questionamentos feitos pelos educadores tive a dimensão do quanto o mecanismo homofóbico do silenciamento promove diversos equívocos que irão repercutir em ações muito violentas. Percebamos que assim como a homofobia é também institucionalizada, o combate contra ela, nos espaços institucionais como a escola por exemplo, precisa ser também feito de forma institucional. E percebamos também que quem provoca a instituição é a sociedade civil organizada. O embrião das atividades promovidas pelo IAT está no movimento LGBT. Entendo que a sala de aula seja um espaço de atuação para a transformação por excelência, mas não apenas me vi solitária para trabalhar com a temática, no ambiente escolar, como também vivia na pele a repercussão da homofobia que me silenciava a todo o momento. Dessa forma me inserir na causa enquanto ativista dentro do coletivo LESBIBAHIA, e nele pude coletivamente desenvolver algumas atividades de combate a discriminação de LGBT. O fato de somar a outras ativistas nessa luta e de me ver dentro de uma coletividade me proporciona a atuar de maneira mais transformadora. Acredito que transformações sociais são possíveis a partir do trabalho da coletividade, ao pensarmos juntos (as) podemos traçar estratégias coletivas e amplas, e nos tornamos realmente agentes da transformação que tanto almejamos. O Ativismo... Quanto ao espaço do ativismo, há a produção de um saber no qual se rediscute as demandas socias e se sistematiza ações que alavanquem o diálogo com o institucional a fim de redirecionar as políticas publicas. 4

Em 2007 a diretoria de projetos especiais do IAT decide abrir um diálogo com integrantes do movimento LGBT e reconhece que nós somos intelectuais orgânicos e também educadores sociais e que nossos acúmulos devem ser inseridos na construção de conteúdos formais tanto para professores com todo sistema educacional. A partir desta convocação identificamos as seguintes problemáticas: Falta de diálogo entre educadores, Secretaria de Educação, alunos e militantes do movimento LGBT. Muito jogo de cena na abordagem de temas como sexualidade, racismo e gênero, tanto do poder publico como da sociedade civil. Falta de preparo de todo sistema educacional para inserir a temática LGBT que ainda é percebida como agenda negativa para a sociedade que é homofobia, sexista e racista e de quebra ainda temos o fator religioso pecaminando nossas sexualidades. Após identificarmos as problemáticas construímos as seguintes ações a partir da articulação do Instituto Anísio Teixeira (IAT) com o Movimento LGBT e a Academia: Realização de videoconferência sobre Direitos Humanos e diversidade afetivo-sexual na Educação Realização do I Colóquio sobre Direitos Humanos e diversidade afetivo-sexual na Educação Realização da I Oficina sobre Direitos Humanos e Diversidade sexual na escola Curso de formação continuada Direitos Humanos e Diversidade Afetivo-Sexual Simpósio Direitos Humanos: Homofobia, Trabalho Docente e Cotidiano Escolar 5

Curso de formação continuada Direitos Humanos e Diversidades Professores da rede estadual serão palestrantes no seminário Enlaçando Sexualidades II Mostra Possíveis Sexualidades Amor, Família e Lar Simpósio de Direitos Humanos e Diversidade Construção do Simpósio de Direitos Humanos, diversidade afetivo sexual e homofobia no trabalho docente II, como também na indicação de ativistas para mediar os cursos de formação oferecidos pela instituição. Além da ação desenvolvida no IAT, a partir do ativismo no LESBIBAHIA desenvolvemos a seguintes ações: Compomos o Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Estado da Bahia Comitê LGBT, vinculado à Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. A partir desse espaço e junto com outros grupos e entidades publicas monitoramos e provocamos a construção de políticas públicas para LGBT. È também a partir desse local que percebemos que nem sempre as mudanças pelas quais lutamos são aquelas as que realmente conseguimos, entretanto trata-se de um espaço importante de fiscalização e intervenção coletiva. Promovemos quinzenalmente a Roda de leitura do LESBIBAHIA na qual convidamos sempre uma estudiosa para debater um texto que trate da temática lésbica. 6

Articulamos a construção de debates que dêem visibilidade a temática lésbica em Audiências Públicas na Câmera Municipal de Vereadores da cidade de Salvador e Assembléia Legislativa. Participação na Comissão de Organização Estadual da Conferencia Estadual de Mulheres. Nestas articulações identificamos e percebemos á importância concreta para á emancipação da sociedade humana quando o real sujeito se manifesta de forma ativa e passiva em todos os espaços. E tanto na sala de aula como no movimento esse processo não é tranquilo e temos muito á construir para essa utopia emancipatória. 7

Referência Bibliográfica RANCIÉRE, Jacques. O dano: Política e policia. In: RANCIÉRE, Jacques O desentendimento. Política e Filosofia. São Paulo: Ed. 34, 1996. P35-54 8