Aspectos religiosos dos Contos Populares de Câmara Cascudo recriados em Histórias em Quadrinhos por estudantes do 7º ano

Documentos relacionados
LEITURA COMPARTILHADA DOS CONTOS DE LUIS DA CÂMARA CASCUDO NAS AULAS DE ENSINO RELIGIOSO

A CONCEPÇÃO DO BOM PROFESSOR PARA OS BOLSISTAS DO PIBID SUBPROJETO EDUCAÇÃO FÍSICA

LITERATURA DE CORDEL COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O TRABALHO NA SALA DE AULA.

ARTE: ESPAÇO DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SANTOS, Scheila Pires 1 TOSTES, Jessica Caroline Do Couto 2 NAIMAIER, Juliana Alegre Fortes 3

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PRÁTICA TRANSFORMADORA NO ESPAÇO ESCOLAR

O CONTO NA SALA DE AULA: DESPERTANDO O HÁBITO DA LEITURA E FAZENDO O LETRAMENTO LITERÁRIO.

TRABALHANDO O LIVRO DIDÁTICO: Com produção de maquetes no Ensino de História Medieval

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Câmpus Ponta Grossa PLANO DE ENSINO

PLANO DE ENSINO. CURSO Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais MATRIZ 763

A IMPORTÂNCIA DE ANÁLISES/DIAGNÓSTICOS PARA REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 2 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

ENSINO DE ZOOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO: AULA DE CONTRATURNO COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM

ARTICULAÇÃO PIBID E O CURSO DE CIÊNCIAS EXATAS LICENCIATURA: UM OLHAR PARA A ABORDAGEM DE TEMAS

ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO INVESTIGATIVO COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO EXPERIMENTAL DE QUÍMICA

CURSO PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTE E EDUCAÇÃO

O PIBID DE QUÍMICA E PESQUISA NO COTIDIANO ESCOLAR: DIÁLOGO ENTRE UNIVERSIDADE, O PROFESSOR E A ESCOLA

EXPERIÊNCIAS DO PIBID DE MATEMÁTICA EM ARRAIAS (TO)

DIAGNÓSTICO ESCOLAR: O OLHAR DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA

Palavras-Chave: Prática Formativa. Desenvolvimento Profissional. Pibid.

A experiência do Projeto de Iniciação a Docência na Escola Vilma Brito Sarmento: as implicações na formação do professor supervisor

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS CAÇAPAVA DO SUL PROGRAMA DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA SUBPROJETO QUÍMICA PORTFÓLIO

O MEIO LÚDICO COMO ESTRATÉGIA EM SALA DE AULA: JOGO EDUCATIVO SOBRE FONTES DE ENERGIA NO COTIDIANO

PIBID: Química no ensino médio- a realidade do ensino de química na escola Estadual Professor Abel Freire Coelho, na cidade de Mossoró-RN.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UEG UNIDADE DE QUIRINÓPOLIS

VIABILIDADE E ACEITAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DO ENSINO MÉDIO DE MATEMÁTICA

10º Congreso Argentino y 5º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano Campus Floresta (IC), 2

ANÁLISE REFLEXIVA DA RELIZAÇÃO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONDO NO ENSINO FUNDAMENTAL: A INFLUÊNCIA DO PIBID NESTE PROCESSO

Ações Concretas do PIBID de Matemática no Colégio Nestório Ribeiro. Palavras chaves: Ações concretas. Monitorias/Tutorias. Laboratório de Matemática.

RELAÇÕES ENTRE A MATEMÁTICA ESCOLAR E A MATEMÁTICA DO COTIDIANO PROFISSIONAL

IV SEMINÁRIO INSTITUCIONAL DO PIBID

Palavras-chave: Formação profissional; Educação matemática; Experiência profissional; Realidade escolar.

Sérgio Camargo Setor de Educação/Departamento de Teoria e Prática de Ensino Universidade Federal do Paraná (UFPR) Resumo

PLANEJAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

PIBID UMA BREVE REFLEXÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA DOCENTE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR DIRETORIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PRESENCIAL DEB

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

DIFERENCIANDO SERES VIVOS E NÃO VIVOS POR MEIO DA CONSTRUÇÃO DE UM TERRÁRIO

FANZINE: DISPOSITIVO DIDÁTICO ALTERNATIVO PARA O ENSINO DE HISTÓRIA

ATIVIDADES ARTICULADORAS ENTRE PIBID/PNAIC: OLHARES DAS PROFESSORAS SUPERVISORAS

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES QUANTO AO USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA

SANTOS, Leonor Werneck. RICHE, Rosa Cuba. TEIXEIRA, Claudia Souza. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2012.

Anais do Evento PIBID/PR. Foz do Iguaçu 23 e 24 Outubro 2014 ISSN:

problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

O uso de histórias em quadrinhos na aula de Língua Inglesa: um relato do projeto Histórias em Quadrinhos - Leitura e Ação.

COMO OS ALUNOS VEEM A MATEMÁTICA? Educação Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (EMAIEFEM) GT 10

A Prática Profissional terá carga horária mínima de 400 horas distribuídas como informado

GEOMETRIA NA SALA DE AULA: CONSTRUÇÃO DE POLIEDROS UTILIZANDO MATERIAL CONCRETO

A Leitura Literária no Ensino Fundamental:

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

CURSO PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTE E EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PEREIRA, Ana Célia da R. Autora Professora da Escola Municipal Prof. Anísio Teixeira

A TEORIA E A PRÁTICA NA FORMAÇÃO DE ALFABETIZADORES: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA NO PIBID

O NÚCLEO AUDIOVISUAL DE GEOGRAFIA (NAVG) TRABALHANDO A GEOGRAFIA COM CURTAS: EXPERIÊNCIA DO PIBID SUBPROJETO DE GEOGRAFIA.

OFICINA TEMÁTICA: A EXPERIMENTAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DOCENTE

Milla Nunes de Sousa ¹; Natacha Oliveira de Souza ²; Elite Lima de Paula Zarate³.

PIBID PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO Á DOCÊNCIA FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS FIFE

Palavras-chave: Crônicas. Escrita. Leitura. Olimpíada de Língua Portuguesa.

ISSN do Livro de Resumos:

O ESTUDO DE CASO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO SOBRE EQUILÍBRIO QUÍMICO E VALORIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO CRÍTICO DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO

CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA O PROCESSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO CURSO DE LICECIATURA EM PEDAGOGIA

Educador A PROFISSÃO DE TODOS OS FUTUROS. Uma instituição do grupo

ESTÁGIO CURRICULAR DE GESTÃO EM AMBIENTE ESCOLAR: FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Professor ou Professor Pesquisador

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID

REGULAMENTO DOS PROJETOS INTEGRADORES

CULTURA E GÊNEROS TEXTUAIS: PRÁTICAS DE LETRAMENTOS

O propósito geral do trabalho é investigar a percepção de professores - estudantes do curso de Pedagogia do PARFOR / UFPI com relação à contribuição

Campus de IFC - Araquari. Nº de bolsas de supervisão 3

O ENSINO E APRENDIZADO DE NÚMEROS DECIMAIS SIMULANDO UM MERCADO

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO. SEMESTRE ou ANO DA TURMA: 5º semestre

FEIRA DO CONHECIMENTO: RECURSO METODOLÓGICO QUE CONTRIBUI PARA A APRENDIZAGEM EM QUÍMICA

DINAMISMO NA AULA DE GEOMETRIA: O TANGRAM COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE ÁREAS DE FIGURAS PLANAS

PIBID MATEMÁTICA E A CONSTRUÇÃO DE CASINHAS DE JARDIM COM MATERIAIS DE BAIXO CUSTO

AMBIENTE EDUCATIVO NO CONTEXTO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO INFANTIL

ELETROMAGNETISMO: UMA AULA PRÁTICA COM USO DA EXPERIMENTAÇÃO PARA ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

A PRÁTICA DA LEITURA E DA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS. Acadêmica de Pedagogia Andreza de Freitas Mendes. Professora Silandra Badch Rosa

CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

PIBID GEOGRAFIA NA MEDIAÇÃO ENTRE A ESCOLA E A UNIVERSIDADE COMO ESPAÇOS DE FORMAÇÃO DOCENTE

Portfólio PIBID SUBPROJETO - QUÍMICA. Denise Rosa Medeiros

A APLICAÇÃO DO JOGO LÚDICO COMO FACILITADOR DO ENSINO DE TERMOQUÍMICA

Tempo sagrada e Tempo Profano

O ESTUDO DO MEIO NA CIDADE DE CAETITÉ E AS TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM EM LOCAIS HISTÓRICOS

PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO DA APRENDIZAGEM. Informações

USO DE ATIVIDADES INVESTIGATIVAS NAS AULAS DE FÍSICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA PARA O ESTUDO DA GRAVITAÇÃO

O USO DE KITS EXPERIMENTAIS COMO FORMA DE CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS

Um mundo de letras. Episódios: Um mundo imerso em palavras e O poder das histórias

Palavras-chave: Subprojeto PIBID da Licenciatura em Matemática, Laboratório de Educação Matemática, Formação de professores.

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO - LICENCIATURA EM ENSINO RELIGIOSO MODALIDADE A DISTÂNCIA. 1º Semestre

PROGRAMA BOLSA DE INCENTIVO À EDUCAÇÃO NA REDE SESA: UMA EXPERIÊNCIA ALÉM DA PROFISSÃO UM ESTÁGIO PARA A VIDA

LABORATÓRIO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA: UM AMBIENTE PRÁTICO, DINÂMICO E INVESTIGATIVO

OFICINA DE PRODUÇÃO DE MAPAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES: CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO EM QUESTÃO NO ÂMBITO DO PIBID

MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO DO CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA DA UTFPR CÂMPUS CURITIBA

A DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL COMO FOCO DE EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS NA IMPLEMENTAÇÃO DO PIBID

ANEXO I MODELO DE PROJETO DE ENSINO

A INSERÇÃO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE SOMBRIO

Transcrição:

Aspectos religiosos dos Contos Populares de Câmara Cascudo recriados em Histórias em Quadrinhos por estudantes do 7º ano Autor: Rozélia Maria do Nascimento; Co-autor Lívia Cristiana Costa Martins; Orientador: Francisco Lopes Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/PIBID/ CAPES/Secretaria Municipal de Educação Email: rozeliapibid@gmail.com; livia.cristianapibid@gmail.com; ninnolopes@yahoo.com.br Resumo: O Ensino Religioso tem passado por muitas transformações no decorrer da história, e as atuais mudanças necessitam que os profissionais da área encontrem novas metodologias de ensino. Para isso, o subprojeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência Letramento literário no contexto do Ensino Religioso: construção de práticas leitoras e material pedagógico para o Ensino Fundamental tem contribuído para um fortalecimento e qualificação do profissional do Ensino Religioso. Fazendo com que o docente do Ensino Religioso tenha uma prática pedagógica plural e interdisciplinar, por isso utilizamos como proposta de ensino o letramento literário e as práticas de escritas, tomando como fundamentação teórica, as orientações de Cosson (2012) e Feba e Junqueira (2013) para a elaboração das propostas didáticas com os alunos. Nosso objetivo é construir metodologias que levem em consideração os eixos temáticos e os gêneros discursivos da literatura. Assim, abordamos os aspectos religiosos nos contos de Luís da Câmara Cascudo focando o fenômeno religioso para as aulas de Ensino Religioso com alunos do 7ºs anos do Ensino Fundamental II na Escola Municipal Professora Terezinha Paulino de Lima; tendo como resultado a construção de história em quadrinhos com os contos trabalhados em sala de aula. Palavras-chave: Letramento literário no Ensino Religioso, Ensino Religioso Pluralista, Contos e Histórias em Quadrinhos. Introdução Neste trabalho, apresentamos o que o subprojeto Letramento literário no contexto do Ensino Religioso: construção de práticas leitoras e material pedagógico para o Ensino Fundamental do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID Ciências da Religião na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) está desenvolvendo neste ano de 2016 com os alunos dos 7º anos do Ensino Fundamental II, na Escola Municipal Professora Terezinha Paulino de Lima, em Natal/RN. Esse projeto tem sido de grande relevância para a formação acadêmica dos futuros profissionais de Ensino Religioso, por proporcionar o convívio dos acadêmicos com o universo escolar. Também, porque tem ensinado e construído metodologias de ensino e aprendizagem do campo religioso, mas sem uma visão catequética. Diante das muitas mudanças ocorridas ao longo da história no campo educacional brasileiro que mexeu com muitas disciplinas e, em especial com a disciplina de Ensino Religioso, a qual deixou seu caráter dogmático para trás e assumiu uma postura científica do conhecimento religioso, tendo como alvo o Fenômeno religioso de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do

Ensino Religioso (FONAPER. 2009), apresentamos aqui uma proposta inovadora com as práticas dessa disciplina do Ensino Fundamental. Nosso objetivo é desenvolver uma metodologia de ensino/aprendizagem para as aulas de Ensino Religioso, utilizando como instrumento pedagógico o letramento literário através da leitura dos aspectos religiosos dos Contos de Luís de Câmara Cascudo. Para isso, apresentamos um pouco da vida e obra de Câmara Cascudo e como resultado desafiamos os alunos a transformar os contos em revistas em quadrinhos. Referencial Teórico O professor de Ensino Religioso pode utilizar a literatura como instrumento pedagógico, pois como afirma Rildo Cosson (2014. p. 16, 17) [...] a literatura é plena de saberes sobre o homem e o mundo [...] a literatura tem o poder de se metamorfosear em todas as formas discursivas [...], sendo assim, os alunos dos sétimos anos do Ensino Fundamental II puderam encontrar inúmeros conhecimentos a respeito do mundo que os cerca, como a respeito deles mesmos, já que a literatura está receada de saberes a respeito do homem e da sociedade. Cosson (2014. p. 29) ainda declara que [...] o conhecimento de como esse mundo é articulado, como ele age sobre nós, não eliminará seu poder, antes o fortalecera porque estará apoiado no conhecimento que ilumina e não na escuridão da ignorância. Para Cosson, o mundo é construído de palavras e essas palavras produzem conhecimento de modo a nos tirar da ignorância, mas, para isso acontecer, é necessário que os alunos tenham contato e experiências com a literatura, e o espaço escolar pode proporcionar esse momento. E não só isso, a literatura também se transforma em todas as maneiras de discurso e gêneros, permitindo ao aluno conhecer esse universo da palavra mágica, religiosa ou mesmo sagrada. Por isso, usamos o gênero Conto no ambiente da sala de aula, por se tratar de uma narrativa atraente e agradável na formação de novos leitores. De acordo com Luiz e Ferro (2011, p. 24, apud COELHO 2000), o conto se estrutura da seguinte maneira: a introdução, inserindo o leitor no universo a ser relatado, tecendo-lhe as particularidades do espaço em que se desenvolve a ação e apresentando-lhe, paulatinamente, as figuras (personagens) que transitarão pelo mundo aqui edificado; o conflito, que implicaria o surgimento de um problema, um impasse ou um drama desencadeará todas as peripécias e infortúnios necessários para o encaminhamento da trama; e o clímax, que se institui como o ensejo mais impactante da obra, [...] por última instância, e não menos importante, [...] o desfecho, em que o conflito [...] enfim, solucionado.

Além dessa organização estrutural que facilita a compreensão do texto e a sua discussão, segundo Luiz e Ferro (2011 p. 123 apud COELHO 2000) o conto é [...] o registro de um momento significativo na vida da personagem. Assim, o conto sempre apresenta momentos decisivos, cheios de aventuras, de drama que envolve o leitor curioso, e por se tratar de uma narrativa não muito extensa termina agradando aos alunos. Também, entendemos a importância da leitura de contos populares, com o mesmo sentido e valor atribuídos à literatura por Antônio Cândido (1995, p.243), quando afirma: Os valores que a sociedade preconiza, ou os que consideram prejudiciais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas. Então, ao utilizamos os contos nas aulas de Ensino Religioso, estamos proporcionando a oportunidade de discutirmos os problemas, os desafios e as crenças apresentados em suas narrativas, como veremos mais adiante na discussão. Metodologia O Ensino Religioso tem superado muitas dificuldades no decorrer da história da educação brasileira, sofrendo alterações em sua metodologia. Para confirma essas mudanças temos a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional LDB; os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso PCNER (FONAPER, 2009) e, por último, o mais recente documento do Ministério da Educação, a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2015). Para dar continuidade a essas novas orientações, as ações formativas do subprojeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID Ensino Religioso do Curso Ciências da UERN que ocorrem na Escola Municipal Professora Terezinha Paulino de Lima têm contribuído com novas metodologias de ensino e, por conseguinte, em novas aprendizagens no ambiente da sala de aula, a partir de propostas como as indicadas a seguir. Para experienciar uma ação educativa, iniciamos sempre com o Seminário de Formação, realizado no campus de Natal, sob a orientação da Coordenadora de Área, a Doutora Araceli Sobreira que estipula um calendário de atividades de pesquisa e levantamento dos conhecimentos necessários à mobilização dos saberes da docência, a partir de

um gênero literário e das metodologias apropriadas para a realização das ações de ensino. Em seguida, acontece o planejamento participativo sob a supervisão do professor Francisco Lopes, no ambiente da escola Terezinha Paulino, como forma de continuidade de uma nova etapa de estratégias de ensino e práticas leitoras. Neste trabalho, relatamos as propostas para o Ensino Religioso do Ensino Fundamental II, tendo como foco os 7º anos. Depois das discussões em torno das metodologias e assuntos que poderiam ser trabalhados, tais como cultura, tradição oral, crenças, valores morais e outros, nas aulas de Ensino Religioso com os alunos dos 7º anos do Ensino Fundamental II, chegamos ao consenso de que o gênero Conto seria o recurso utilizado para as aulas de Ensino Religioso no primeiro bimestre de 2016. Porque segundo o documento que está em trâmite no congresso, a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2015. p. 239) [...] o Ensino Religioso estabelece diálogo com as áreas de linguagens [...], com base nisto, entendemos ser o Conto um instrumento pedagógico relevante para o Ensino Religioso, pois de acordo com a Base Nacional Comum Curricular o Ensino Religioso dialoga com as áreas de linguagens e o conto faz parte dessa área. Então, as obras escolhidas foram: As três velhas; O menino e avó gulosa; Os três ladrões da ovelha; A advinha do amarelo; O filho da burra; Pedro, José e João e O homem que pôs um ovo. Todas de autoria do folclorista Luís da Câmara Cascudo, autor nordestino, um dos maiores folcloristas, historiador e antropólogo brasileiro. As aulas ministradas em três turmas do 7 anos (A, B, C) abordaram atividades pedagógicas com leituras, produção de textos e reflexões sobre os conteúdos disciplinares do Ensino Religioso a partir do letramento literário. Para essa ação, em específico, tomamos como orientação a seguinte posição, encontrada no texto preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNC) da área de Conhecimento do Ensino Religioso: Das relações tecidas com os aspectos imanentes e transcendentes da existência, emergiu um conjunto de conhecimentos simbólicos de grande relevância para o processo de configuração cultural das sociedades. (BRASIL, 2016, p.168). A temática abordada pela leitura dos Contos Populares, de Luís Câmara Cascudo, destacou os aspectos religiosos e culturais, dialogados com eixos temáticos do Ensino Religioso como o Ethos e os valores (Alteridade) existentes na proposta dos PCNER (2009), que, por enquanto, orienta as práticas do docente dessa área de conhecimento. Cada turma possui, em média, 35 alunos, que apresentam diferentes níveis de aprendizagens e características, principalmente no que tange à construção das práticas de leitura e escrita. As turmas A e B mostram características mais calmas, já a turma C, os estudantes são desnivelados,

muitos são desmotivados, devido às sucessivas repetências, em outros anos. A partir da seleção de seis contos, desenvolvemos as atividades em grupos, com os quais os alunos vivenciaram o trabalho coletivo de compreensão leitora e de produção escrita. Para que essa compreensão fosse também motivo de produção de conhecimentos, propomos aos estudantes a elaboração de Histórias em Quadrinhos, no sentido de avaliarmos que sentidos foram relidos e transpostos para a linguagem escrita. Ao final, produzimos uma revista em quadrinhos, como resultado da organização das produções escritas a partir dos Contos Populares e o diálogo com o Ensino Religioso. Inicialmente, as ações introdutórias para a construção das Histórias em Quadrinhos provocaram nos alunos um sentimento de que não conseguiram realizar a tarefa escrita, alguns reagiram com discursos que diziam ser difícil, que não iriam conseguir transcrever os contos, não conseguiriam reproduzir imagens (desenhar), estes foram alguns empecilhos criados pelos estudantes. No entanto, o professor-supervisor e os bolsistas conseguiram contornar a situação com o passar das aulas, gerando entusiasmo na classe como desafio para a futura produção e releitura das narrativas. Diante dessa seleção dos contos, tivemos uma aula específica para explicar o conceito, as características do gênero conto, tendo como recurso para as aulas expositivas o conteúdo apresentado em áudio visual. Em seguida, os alunos foram instigados a pesquisar sobre o autor Luís Câmara Cascudo e, em outra aula, o professor perguntou à turma se pesquisaram e o que pesquisaram. Nesse momento, houve a troca de ideias entre alunos e professores. Um resultado bastante significativo foi anotado pelos bolsistas: mais de 90% dos alunos realizou a pesquisa e participou da aula com informações pertinentes à biografia e o papel do historiador Câmara Cascudo para a literatura potiguar. A partir desses encontros de produção de conhecimento e de troca de ideias foi solicitada a produção das revistas em quadrinhos, quando os alunos foram separados em seis grupos, cada qual com uma narrativa. Os contos foram reproduzidos para esses grupos e colados em cartolinas guache (cortadas no sentido de uma folha A4, quadradas e coloridas) para dar outra visibilidade ao conto e incentivar a leitura. (Imagem 01). Imagem 1 Organização dos contos para leitura em grupo pelos bolsistas e o supervisor

Fonte: Arquivo Grupo Supervisor Francisco Lopes, PIBID Ensino Religioso, 2016. O objetivo era que os alunos pudessem ter o contato com a narrativa para (re)ler, quando necessário e pedido pelo professor. Também foram realizadas leituras silenciosas e, depois, compartilhadas entre grupos e com toda a turma. Antes mesmo dos alunos receberem e lerem as narrativas dos contos, o professor realizou e apresentou alguns contos para que eles tivessem o contato prévio com o gênero discursivo e este não se tornasse tão desconhecido aos olhares deles. Nessa etapa, questões reflexivas foram realizadas no sentido de provocar novas compreensões e a interligação da temática com os saberes religiosos existente nas narrativas. Análise dos Resultados Cada turma teve em média um semestre para realizar a leitura dos contos e a produção das revistas em quadrinhos. Para os alunos, uma das maiores dificuldades era a falta de interesse e o companheirismo dos colegas para a produção, isso foi relatado pelos próprios estudantes logo no início da proposta. Apresentamos alguns pontos comentados pelos alunos e observados pelo professor e os bolsistas do PIBID, no desenvolvimento da atividade: Dificuldade com a falta de componentes; Dificuldade na produção dos desenhos; Dificuldade com a colaboração dos colegas;

Dificuldades de transpor as leituras realizadas para a revista na forma de escrita. É importante também relatar que devido a dificuldades de terminar os trabalhos em sala, os alunos acabavam levando-os para casa e, quando retornavam a sala de aula, tinham que refazer novamente o trabalho. Um dos exemplos é o de um dos grupos que fez a atividade três vezes, pois acabavam perdendo o trabalho, ou não levando para a sala de aula. E outro ponto como dificuldade foi a presença de alunos na sala com desinteresse para a participação e produção. Mesmo assim, o trabalho de produção das revistas em quadrinhos foi concluído. A tarefa de instigar a produção da leitura e a escrita por parte dos aprendizes foi um desafio e tanto para que cada um superasse o medo de escrever e, mais ainda, de desenhar. No momento final da produção, após as aulas, cada grupo foi à frente dos demais colegas e mostrou o conto original e a releitura. Todo material foi produzido a partir da escrita baseada na leitura e compreensão dos contos. Nessa apresentação, diziam o autor e o conto escolhido reproduzido em forma de desenhos, com os personagens encontrados na narrativa lida e transcrita em suas revistas em quadrinhos. Em alguns momentos, os alunos foram bastante participativos, cada um fazia atividade que lhe cabia, dentro das possibilidades e potencialidades da cada um. Enquanto um sabia fazer o desenho, outro escrevia depois o outro pintava, ou tinha a ideia de como organizar a revista. Foi assim que todo o trabalho foi realizado. Diante disso, realizamos outras atividades para uma avaliação mais detalhada dessa proposta. Imagem 2 Apresentação das revistas na semana do folclore Fonte: Arquivo Grupo Supervisor Francisco Lopes, PIBID Ensino Religioso, 2016. Imagem 2 Apresentação das revistas na semana do folclore

Fonte: Arquivo Grupo Supervisor Francisco Lopes, PIBID Ensino Religioso, 2016. Depois de desenvolvido o trabalho com os Contos Populares, de Câmara Cascuda, e realizadas as aulas com diálogo a partir do letramento literário com o Ensino Religioso, os alunos receberam um questionário com as seguintes questões: 1. O que chamou sua atenção na produção das revistas em quadrinhos? 2. Qual foi a sua maior dificuldade na construção em quadrinhos? 3. O que você aprendeu com o conto? 4. Em sua opinião qual a relação da literatura (conto) com o Ensino Religioso? Dessa maneira, foi possível perceber até onde os alunos estavam envolvidos com os conteúdos trabalhados em sala. Pelo fato de entendermos que a proposta de letramento literário com contos possibilita a constância de humor e de poeticidade ao longo do enredo. No que diz ao humor, observa-se que esse fator pode ser desencadeado na ação das personagens por meio de situações inusitadas que mesclam intertextos, paródias e brincadeiras (LUIZ; FERRO, 2011, p. 130). Com o envolvimento dos alunos nas leituras e discussões acerca dos contos levamos um questionário e obtivermos as seguintes respostas, que estão nos quadros a seguir: Quadro 1 Respostas da questão 1 sobre a produção da Revista em Quadrinhos

A B C D 1. O que chamou sua atenção na produção das revistas em quadrinhos? Várias coisas como os personagens, o jeito de como foi reproduzido à história; Foi quando o grupo começou a fazer a leitura do conto O título do conto Foi as pinturas dos desenhos E Os desenhos, pois eles estão bem organizados e sem ser borrados Fonte: Questionário com respostas produzidos pelos estudantes do 7º ano Quadro 2 Respostas da questão 2 sobre a produção da Revista em Quadrinhos 2. Qual foi a sua maior dificuldade na construção em quadrinhos? A Foi de desenhar e do desenvolvimento do conto B C D Foi de começar os desenhar para construção das histórias em quadrinhos Entender o conto Foi na escrita Fonte: Questionário com respostas produzidos pelos estudantes do 7º ano Quadro 3 Respostas da questão 3 sobre a produção da Revista em Quadrinhos A B 3. O que você aprendeu com o conto? Eu aprendi que temos que ser do jeito que somos para o resto da vida Que não se ganha à vida como quer C D E F Que o dinheiro não é tudo Não querer sempre mais Aprendi que não posso fazer só, mas em grupo Trabalho em equipe e não querer sempre mais Fonte: Questionário com respostas produzidos pelos estudantes do 7º ano Quadro 4 Respostas da questão 4 sobre a produção da Revista em Quadrinhos 4. Na sua opinião qual a relação da literatura (conto) com o Ensino Religioso? A Tudo tem Ensino Religioso no meio, porque simplesmente se encaixa em tudo, pois nos ensina a respeitar e conviver com as pessoas. B Respeitar e saber conviver com as pessoas. C Acho que o conto com o Ensino Religioso mostra a maneira de viver, aprender e ensinar.

Conclusão D Tem muito haver porque agente desenvolve a leitura do conto para melhorar a nossa compreensão na leitura. Fonte: Questionário com respostas produzidos pelos estudantes do 7º ano Mesmo depois de algumas dificuldades, as atividades foram realizadas com sucesso tanto por parte dos alunos, como também, de nós professores e bolsistas do PIBID. Diante de tudo isso, percebemos o quanto foi relevante e desafiador trabalhar com Contos Populares nas aulas de Ensino Religiosos, pois constatamos a dificuldade de nossos alunos em se apropriar do texto e assim realizar uma discussão acerca da narrativa lida. Assim como houver dificuldade em realizar a transposição de conteúdos por parte dos professores. O conto como instrumento de ensino por parte do professor de Ensino Religioso permite uma aula em concordância com as diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacional do Ensino Religioso, que nos adverte contra o proselitismo. Além disso, esse trabalho permitiu um crescimento acadêmico dos bolsistas e futuros professores de Ensino Religioso e buscar novas maneiras de lecionar seus conteúdos em sala de aula. A literatura é um campo amplo para ser explorado em qualquer aula, e, segundo Cosson, (2014) a literatura abre os horizontes da mente, já que nos permite experimentar novos mundo e novas emoções. Referências CASCUDO, Luís da Câmara. A Adivinha do Amarelo. In:. Literatura oral no Brasil. Jangada Brasil: uma revista online com a cara e a alma brasileiras. Disponível: <http://jangadabrasil.com.br/dezembro/im41200b.htm> Acesso:.10/04/2016. CASCUDO, Luís da Câmara. O Filho da Burra. In.. Contos tradicionais do Brasil. Belo Horizonte, Editora Itatiaia; São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1986, p.77-80 (Reconquista do Brasil, 2ª série, v.96) Disponível em: <http://www.jangadabrasil.com.br/revista/agosto81/im81008a.asp> Data: 10/04/2016 CASCUDO, Luís da Câmara. As três velhas. In.. Contos tradicionais do Brasil. Belo Horizonte; São Paulo, Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1986. Reconquista do Brasil, 2ª série, 96, p.158-159) Disponível: <http://www.jangadabrasil.com.br/janeiro53/im53010c.htm> Site: Jangada Brasil Data: 12/04/2016. CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 3ª ed.. revista e ampliada. São Paulo: Duas Cidades, 1995. COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2014. FONAPER. FÓRUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO FONAPER. Parâmetro Curriculares Nacional do Ensino Religioso. São Paulo: Mirim, 2009. GÓES, Lúcia Pimentel. Introdução à Literatura para Crianças e Jovens. São Paulo/ SP: Paulinas, 2010.

LUIZ; Fernando Teixeira; FERRO, Marcela Coladella. Tamanho não é documento: Teoria, crítica e proposta de atividade com narrativas curtas. In: SOUZA, Renata Junqueira de; FEBA, Berta Lúcia Tagliari. Leitura Literária na Escola: reflexões e propostas na perspectiva do letramento. Campinas/SP: Mercado de Letras, 2011. p. 123 146. TORRES, Maria Augusta de Souza. Ensino Religioso e Literatura: um diálogo a partir do poema Morte e vida Severina. Recife/PE: FASA, 2012.