Comparação do sangramento pós-operatório entre a. artroplastia total do joelho. computer-assisted surgery and conventional in the total



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Comparação do sangramento pós-operatório entre a cirurgia assistida por computador e a convencional na artroplastia total do joelho Comparison of the post operative blood loss between computer-assisted surgery and conventional in the total knee replacement Daniel Guinim Macedo Felipe Campos da Costa Rabello Cabral RESUMO Objetivo: Avaliar, comparando à técnica convencional, a diminuição do sangramento pós-operatório em pacientes submetidos à artroplastia total do joelho assistida por computador. Métodos: Realizamos um estudo retrospectivo da perda sanguínea pós-operatória em 48 pacientes submetidos à artroplastia total do joelho divididos em 2 grupos: um grupo submetido à cirurgia assistida por computador e outro ao procedimento convencional. Utilizamos como parâmetro de avaliação o

volume sanguíneo contido no dreno de sucção a vácuo e a diminuição nos níveis de hemoglobina. Ambos procedimentos foram realizados pelo mesmo cirurgião, na mesma instituição, através da mesma abordagem cirúrgica. A única diferença entre as técnicas empregadas foi o uso dos guias intramedulares femoral e tibial para alinhamento dos componentes na cirurgia convencional e, o uso de pinos ósseos para adaptação dos sensores na técnica assistida por computador. Resultados: A drenagem média observada foi de 706ml no grupo assistido por computador, e 1047ml no grupo convencional. A diferença entre os grupos (341ml) foi considerada estatisticamente significante (p=0.0005). A diminuição média nos níveis de hemoglobina foi de 2,3g dl no grupo assistido por computador e de 3,2g dl no grupo convencional, apresentando uma diferença de 0.9g/dl entre as médias, também considerada estatisticamente significante (p=0.0007). Conclusão: Na artroplastia total do joelho assistida por computador, houve uma redução no volume da drenagem sanguínea e menor queda nos níveis de hemoglobina no pós-operatório comparada à abordagem cirúrgica convencional, comprovada estatisticamente. Unitermos: Perda sanguínea cirúrgica/estatísticas & dados numéricos; artroplastia total do joelho/efeitos adversos; cirurgia assistida por computador/métodos. 2

ABSTRACT Objective: To evaluate, comparing to the conventional technique, the lessening of post-operative bleeding in patients that were submitted to computer-assisted total knee arthroplasty. Methods: We conducted a retrospective study of the post-operative blood loss in 48 patients that underwent total knee arthroplasty separated into two groups: one that underwent computer-assisted surgery and the other to the conventional procedure. We used as an evaluation parameter the volume of drained blood from the suction drain and the decrease in hemoglobin levels. Both procedures were performed by the same surgeon, in the same institution, through the same surgical approach. The only difference between the techniques applied was the use of the intramedullar alignment jig for the femur and tibia during the conventional procedure and the use of bone pines to adapt the sensors in the computer-assisted surgery. Results: The mean drainage observed was 706ml in the computer-assisted group and 1047ml in the conventional group. The difference between the two groups (341ml) was considered statistically significant (p=0.0005). The lowering in the hemoglobin levels was 3,2g/dl in the conventional group and 2,3g/dl in the computer-assisted group, presenting a different of 0.9 g/dl among the means, was also considered statistically significant (p=0.0007). Conclusion: At the computer-assisted total knee arthroplasty, there was a 3

reduction of the volume of drained blood and a minor drop of hemoglobin levels after surgery compared to the conventional procedure. Keywords: Blood loss, surgical/statistics & numerical data; total knee replacemet/adverse effects; computer-assisted surgery/methods. INTRODUÇÃO A osteoartrose do joelho é uma doença degenerativa cuja prevalência está crescendo, devido a um aumento da expectativa de vida da população. A artroplastia total do joelho (ATJ) tem como principal indicação o alívio da dor, possibilitando a correção do alinhamento e, em alguns casos, melhora do arco de movimento e da marcha (1). Na ATJ, há uma perda sanguínea considerável que aumenta as taxas de morbi-mortalidade (2). Alguns métodos auxiliam na redução do sangramento pós-operatório, como o uso do manguito pneumático (3), cirurgias minimamente invasivas e substâncias anti-fibrinolíticas (4). Com a incorporação de novas tecnologias na prática médica, existe atualmente a cirurgia assistida por computador para realização de alguns procedimentos ortopédicos, dentre estes a ATJ. Nosso estudo objetiva avaliar se a cirurgia assistida por computador contribui para a redução do sangramento. PACIENTES E MÉTODOS 4

Avaliamos retrospectivamente os prontuários de 70 pacientes submetidos à ATJ, entre o período de março de 2005 a julho de 2007. Todos os pacientes foram submetidos a uma rotina pré-operatória, que consiste na avaliação clínica pelo cirurgião, cardiologista e anestesista, além da realização de exames pré-operatórios (com dosagem dos níveis de hemoglobina sanguínea). No pós-operatório, todos os pacientes são encaminhados a uma unidade de cuidados semi-intensivos, onde se realiza a medida do volume drenado imediatamente após a cirurgia, permanecendo o controle por 48 horas. Após este período, é retirado o dreno de sucção e solicitado hemograma de controle. Realizamos em todos os pacientes a profilaxia da trombose venosa profunda com uso de heparina de baixo peso molecular na dose de 40mg subcutânea iniciada no primeiro dia do pós-operatório. Avaliamos as perdas sanguíneas através do volume sanguíneo drenado, nas primeiras 48 horas, e a diferença dos níveis de hemoglobina (Hb) calculada pela seguinte fórmula: Hemoglobina pré-operatória subtraída da hemoglobina pós-operatória. Incluímos neste estudo apenas pacientes com osteoartrose primária do joelho. Estabelecemos como critérios de exclusão a ausência de informações adequadas no prontuário (falta do registro do volume drenado 5

e/ou ausência de exames pré e pós-operatórios); os pacientes que tiveram o dreno retirado antes de completar 48 horas; os portadores de doenças hematológicas; os medicados com anticoagulantes e os submetidos a artroplastia de revisão. Foram descartados do estudo 22 pacientes, por não se enquadrarem nos critérios acima descritos. Os 48 restantes foram divididos conforme o tipo de procedimento. No grupo A: cirurgia convencional - 22 pacientes (Tabela 1) e, no grupo B: a cirurgia assistida por computador - 26 pacientes (Tabela 2). TABELA 1 Casuística dos pacientes do grupo convencional segundo número de ordem, iniciais, sexo, idade, valores de hemoglobina pré e pósoperatória, diminuição nos valores de hemoglobina, volume drenado e tempo de isquemia. Caso Iniciais Sexo Idade Hb pré Hb pós Hb Vol. Drenado Δt isquemia 1 MWA F 72 13.9 11.4 2.5 630 98 2 ASO F 66 13.7 10.2 3.5 1080 90 3 JAO M 68 13.8 10.4 3.4 850 110 4 OLM F 72 12.5 9.4 3.1 1070 87 5 ECL M 66 14.5 11.6 2.9 1230 89 6 OMM F 68 13.4 10.5 2.9 960 105 7 MAS F 80 12.5 8.2 4.3 1720 109 8 CSS F 68 13.7 10.8 2.9 1250 112 9 GFS M 68 14.9 12.9 2 890 114 10 TMG F 66 13.3 9.9 3.4 870 97 11 JBM F 79 13.2 11.2 2 950 99 12 GFS M 68 14.9 10.9 4 1600 108 13 VAA F 65 14.4 12 2.4 680 79 6

14 MVE F 77 13.9 10.8 3.1 500 83 15 DBM M 74 14.2 10.6 3.6 1320 86 16 TJO F 74 12.5 8.7 3.8 1450 88 17 IBB F 65 13.5 9.5 4 1540 97 18 MMS M 60 12.1 9.8 2.3 650 79 19 NAD F 70 13.4 10.6 2.8 890 110 20 SMS F 73 12.4 8.3 4.1 1100 115 21 CRD M 70 14.1 9.7 4.4 1120 101 22 MMA F 65 14.7 11.9 2.8 680 92 M- masculino; F- feminino; Idade em anos; Hb pré hemoglobina préoperatória; Hb pós hemoglobina pós-operatória (g/dl) (g/dl); Hb diminuição dos níveis de hemoglobina (g/dl); Vol. Drenado - volume sanguíneo drenado pelo dreno de sucção; Δt isquemia tempo de isquemia TABELA 2 Casuística dos pacientes do grupo submetido à cirurgia assistida por computador segundo número de ordem, iniciais, sexo, idade, valores de hemoglobina pré e pós-operatória, diminuição nos valores de hemoglobina, volume drenado e tempo de isquemia. Caso Iniciais Sexo Idade Hb pré Hb pós Hb Vol. Drenado Δt isquemia 1 OKP F 71 12.6 10.2 2.4 1030 160 2 IBH F 71 13.2 12.5 0.7 390 140 3 TJO F 74 13.6 12.2 1.4 550 154 4 JRS M 72 14.3 13.5 0.8 360 118 5 VRS M 73 14.7 12.1 2.6 530 125 6 NAD F 69 13.8 10.6 3.2 600 140 7 MMI F 63 14.1 9.5 4.6 1040 129 8 ELS M 72 12.9 11.4 1.5 650 115 9 JPC M 73 15.2 12.7 2.5 1300 137 10 MDN F 67 12.8 11.5 1.3 700 148 11 OGR F 60 13.3 10.1 3.2 650 143 12 AMC F 76 12.5 11.7 0.8 400 128 13 MVP F 75 11.2 9.4 1.8 580 125 14 JGO M 70 14.1 12.3 1.8 600 135 15 MVE F 78 12.3 10.8 1.5 700 122 16 DFA M 66 14.2 12.1 2.1 700 133 17 ISW M 69 15.6 12.1 3.5 850 128 18 ERS F 72 13.7 10.2 3.5 950 122 7

19 EMS M 66 14.9 13.1 1.8 720 170 20 JDC F 72 12.9 9.2 3.7 530 134 21 VBS F 67 13.9 11.7 2.2 320 129 22 OPC F 68 13.3 10.6 2.7 1200 121 23 CRM M 70 14.1 12.4 1.7 430 162 24 TTS F 74 14.2 11.2 3 620 133 25 EDR F 57 11.4 9.4 2 600 145 26 UFG M 69 13.3 10.2 3.1 1350 122. M- masculino; F- feminino; Idade em anos; Hb pré hemoglobina préoperatória; Hb pós hemoglobina pós-operatória (g/dl) (g/dl); Hb diminuição dos níveis de hemoglobina (g/dl); Vol. drenado- volume drenado pelo dreno de sucção; Δt isquemia tempo de isquemia O grupo A era composto de 15 pacientes do sexo feminino e 7 do masculino, enquanto que no grupo B, 16 pacientes eram do sexo feminino e 10 do masculino. Nos dois grupos, a média de idade foi semelhante (Tabela 3 e Tabela 4). TABELA 3 Análise descritiva da idade dos pacientes do grupo submetido à cirurgia convencional Medidas descritivas Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão Idade (anos) 22 60 80 68 69,7 4,97 TABELA 4 Análise descritiva da idade dos pacientes do grupo submetido à cirurgia assistida por computador Medidas descritivas Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão 8

Idade (anos) 26 57 78 70,5 69,8 5,33 Os resultados foram analisados de forma estatística com auxílio do programa BioEstat versão 3.0 (5). E o estudo foi avaliado e aprovado pela comissão de ética do hospital. TÉCNICA CIRÚRGICA Todas as cirurgias foram realizadas pelo mesmo cirurgião, na mesma instituição, utilizando a mesma técnica anestésica (raquianestesia). Posicionado o paciente em decúbito dorsal horizontal. Foi realizada a isquemia do membro inferior ipsilateral através do uso de manguito pneumático automático ajustado com a pressão de 400mmHg, após exsanguineação com faixas de compressão elástica. A via de acesso utilizada foi a retinacular parapatelar medial (6) com joelho fletido a 90. Seguiram-se os cortes ósseos e o balanço ligamentar, sem preservação do ligamento cruzado posterior. Utilizando a prótese total cimentada (Search-Evolution, da Aesculap, Alemanha) sem artroplastia do componente patelar. Após realização da ATJ, o sistema de drenagem de sucção a vácuo foi instalado no interior da articulação. Procedemos então a sutura 9

por planos e curativo compressivo associado à imobilização não gessada. A liberação da isquemia só foi efetuada após conclusão do curativo e da imobilização. Não ocorreu o clampeamento do dreno no pós-operatório. Como única diferença entre os dois grupos, destacamos a utilização da perfuração da medular da tíbia e do fêmur para colocação dos guias para alinhamento da prótese no grupo convencional e uso de pinos bicorticais de 4mm para instalação dos sensores de posicionamento do navegador, que no caso, foi o Orthopilot da Aesculap, Alemanha. (figura 1). Figura 1 - Navegador cirúrgico 10

O navegador utilizado, funciona através da emissão de ondas infra-vermelhas (figura 2), que são refletidas por sensores fixados aos posicionadores (femoral e tibial) e guias de instrumentação (figura 3), transmitindo ao computador informações do posicionamento, em uma seqüência de referências ósseas por ele solicitadas, cujos dados permitem uma reconstrução tridimensional da área, informando: 1- alinhamento, 2- posicionamento ideal para realização dos cortes ósseos, 3- tamanho dos componentes femoral e tibial, 4- tamanho do polietileno. Figura 2 - Emissor e receptor infra-vermelho do navegador 11

Figura 3 -Sensores refletores infra-vermelho, fixados aos posicionadores tibial e femoral do navegador ANÁLISE ESTATÍSTICA Para elaboração e processamento dos dados estatísticos, utilizamos o programa de análise estatística BioEstat versão 3.0 e, através do teste paramétrico T-Student, (t-test; utilizado quando o tamanho das amostras é igual ou inferior a 30 unidades para cada grupo e as varianças desconhecidas) avaliamos as duas amostras. Os resultados foram considerados estatisticamente significativos, quando apresentaram 12

probabilidade de significância inferior a 5% (p < 0.05). Tendo, portanto, 95% de confiança nas conclusões apresentadas. RESULTADOS A média do volume sanguíneo drenado foi de 706ml (intervalo de confiança (IC) da amostra de 95% = de 591 a 820ml) no grupo assistido por computador e, 1047ml (IC 95% = 898 a 1195ml) no grupo convencional (Gráfico 1). Deste modo, a diferença entre as médias (341ml; IC 95% = 162 a 520ml) foi estatisticamente significativa (p = 0.0005) (Tabela 5). Perda sanguínea pelo dreno de sucção 1200 (ml) 1000 800 600 1047 706 400 200 0 1 2 Grupo A Grupo B 13

Gráfico 1 - Perda sanguínea (ml) pelo dreno de sucção a vácuo nos grupo do estudo: grupo A - cirurgia convencional e grupo B - cirurgia assistida por computador. TABELA 5 Análise descritiva da perda sanguínea entre os grupos Medidas descritivas (ml) Cirurgia n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão p Convencional 22 500 1720 1015 1047 335,2 0.0005 Assistida por computador 26 320 1350 633 706 282,6 Também foi observado que a média da diminuição nos níveis de hemoglobina no grupo assistido por computador foi de 2.3g dl (IC 95% =1.9 a 2.7g dl) contra 3.2g dl (IC 95% =2.9 a 3.5g dl) no grupo convencional (Gráfico 2). Portanto, a diferença entre as médias (0.9 g dl; IC 95% = 0.4 a 1.4g dl) foi estatisticamente significante (p = 0.0007), confirmando que há diferença estatística na redução do volume sanguíneo drenado entre os grupos (Tabela 6). 14

Diminuição nos níveis de hemoglobina (Hb) Hb (g dl) 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 3,2 2,3 1 2 Grupo A Grupo B Gráfico 2 - Diminuição nos níveis de hemoglobina (Hb) nos grupo do estudo: grupo A - cirurgia convencional e grupo B - cirurgia assistida por computador. TABELA 6 Análise descritiva da diminuição dos níveis de hemoglobina entre os grupos Medidas descritivas (g dl) Cirurgia n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão p Convencional 22 2 4,4 3,19 3,2 0,72 0.0007 Assistida por computador 26 0,7 4,6 2,28 2,3 0,99 15

Entretanto, foi observado um aumento médio de 37 minutos (IC 95% = 30 a 45minutos) no tempo total de isquemia do grupo submetido a cirurgia assistida por computador. Sendo o tempo médio dos pacientes submetido a cirurgia convencional de 98 minutos (IC 95% = 93 a 103 minutos) e 135 minutos (IC 95% = 130 a 141 minutos) no grupo submetido a cirurgia assistida por computador (Gráfico 3). Esta diferença, de 37 minutos, no tempo total de isquemia foi estatisticamente significante (p = 0.000) e creditado a curva de aprendizado do procedimento, sem que nenhuma complicação maior tenha ocorrido (Tabela 7). 140 120 100 Tempo de 80 isquemia (minutos) 60 40 20 0 Tempo médio de isquemia 135 98 1 2 Grupo A Grupo B Gráfico 3: Tempo médio de isquemia em minutos nos grupo do estudo: grupo A - cirurgia convencional e grupo B - cirurgia assistida por computador. 16

TABELA 7 Análise descritiva do tempo de isquemia entre os grupos Medidas descritivas (minutos) Cirurgia n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão p Convencional 22 79 115 97,5 98 11.5 0 Assistida por computador 26 115 170 133 135 15.5 Observamos que, nos critérios avaliados, houve diferença estatisticamente significante (p < 0.05), validando a utilização da cirurgia assistida por computador na ATJ. DISCUSSÃO Estudos recentes demonstram que a ATJ realizada pela técnica assistida por computador, proporciona melhor alinhamento dos componentes do implante e do joelho, quando comparado a técnica convencional (7,8). Na ATJ há uma perda sanguínea considerável. Keating e colaboradores (9) observaram que pacientes com níveis de hemoglobina pré-operatória menor do que 13g dl possuem maior incidência de hemotransfusão no pós-operatório. 17

Na técnica assistida por computador, realizamos cortes ósseos mais econômicos, quando comparada à técnica convencional, não perfuramos o canal medular justificando a diminuição do sangramento pós-operatório. Em nosso serviço, a liberação do dreno de sucção é feita tão logo seja restabelecido o fluxo sanguíneo no membro operado (após o curativo). Estudos recentes demonstraram não haver diferenças estatísticas significativas entre a liberação imediata ou após uma hora do término do procedimento (10,11). Segundo Schuh e colaboradores (12), a liberação da isquemia para realização de hemostasia pré fechamento de planos não interfere no sangramento pós operatório (13). Na técnica convencional, Ko e colaboradores (14) demonstraram que a utilização do plug ósseo autólogo, extraído dos cortes ósseos, diminuiria o sangramento pós-operatório. No nosso estudo, apesar da utilização do plug ósseo nas cirurgias realizadas pela técnica convencional, o resultado foi inferior ao da cirurgia assistida por computador, em que não há utilização do mesmo. Como desvantagens da técnica assistida por computador citamos a aquisição do navegador, instrumental e sensores utilizados; e o treinamento da equipe, que sendo uma nova técnica, aumentou em média 18

o tempo da cirurgia em 35 minutos. Estudos americanos demonstraram que, além do custo de aquisição do navegador, (em média $500.000 dólares) houve um aumento de 600 a 2000 dólares, por procedimento. No nosso hospital, o aparelho fica em consignação e o custo com a aquisição dos sensores foi de aproximadamente 1.200 dólares por procedimento. Ressaltamos que, após o treinamento e a adaptação da equipe, houve a redução do tempo cirúrgico, fato relacionado com a curva de aprendizado. CONCLUSÃO Este estudo demonstrou uma significante redução do sangramento pós-operatório na técnica assistida por computador. Fato corroborado por um menor volume sanguíneo drenado e por uma menor queda nos níveis de hemoglobina, quando comparados à técnica cirúrgica convencional. Portanto, a cirurgia assistida por computador é eficaz na redução do sangramento pós-operatório na artroplastia total do joelho, diminuindo o potencial de morbi-mortalidade do procedimento. REFERÊNCIAS 19

1) Crockarell JR, Guyton JL. Artroplastia de tornozelo e joelho. In: Canale S.T. Cirurgia ortopédica de Campbell. 10ª ed. São Paulo. Editora Manole; 2006. p 245-302. 2) Cushner FD, Lee GC, Scuderi GR, Arsht SJ, Scott WN. Blood loss management in high risk patients undergoing total knee arthroplasty: a comparison of two techniques. J Knee Surgery. 2006 Oct; 19(4):249-253 3) Lotke PA, Faralli VJ, Orenstein EM, Ecker ML. Blood loss after total knee replacement: effects of tourniquet release and continuous passive motion. J Bone Joint Surg Am. 1991;73-A:1037-40 4) Levy O, Martinowitz U, Oran A, Tauber C, Horoszowski H. The use of fibrin tissue adhesive to reduce blood loss and the need for blood transfusion after total knee arthroplasty. A prospective, randomized, multicenter study. J Bone Joint Surgery Am. 1999 Nov;81(11):1580-1588 5) Ayres M, Ayres MJr, Ayres DL, Santos AS. BioEstat 3.0 Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Pará. Editora Sociedade civil Mamiraúa MCT CNPq. 2003. p 99-102. 6) Hoppenfeld S, deboer P. Vias de acesso em cirurgia ortopédica. 2ª ed. São Paulo. Editora Manole; 2001. p 430-434 20

7) Anderson KC, Buehler KC, Markel DC. Computer assisted navigation in total knee arthroplasty: comparison with conventional methods. J Arthroplasty. 2005 Oct;20(7 Suppl 3):132-8. 8) Saragaglia D, Picard F, Chaussard C, Montbarbon E, Leitner F, Cinquin P. Computer-assisted knee arthroplasty: comparison with a conventional procedure. Results of 50 cases in a prospective randomized study. Rev. Chir Orthop Reparatrice Appar Mot. 2001 Feb1;87(1):18-28 9) Keating EM, Meding JB, Faris PM, Ritter MA. Predictors of transfusion risk in elective knee surgery. Clin Orthop Relat Res. 1998 Dec;(357):50-9. 10) Vandenbussche E, Duranthon LD, Couturier M, Podhorz L, Augereau B. The effect of tourniquet use in total knee arthroplasty. Int Orthop 2002;26:306-9. 11) Kiely N, Hockings M, Gambhir A. Does temporary clamping of drains following knee arthroplasty reduce blood loss? A randomized controlled trial. Knee. 2001 Dec;8(4):325-7 12) Schuh A, Hausel M, Salminen S. Effect of tourniquet use on blood loss in total knee arthroplasty. Zentralbl Chir. 2003 Oct;128(10):866-70. 21

13) Widman J, Isacson J. Surgical hemostasis after tourniquet release does not reduce blood loss in knee replacement. A prospective randomized study of 81 patients. Acta Orthop Scand. 1999 Jun; 70(3):268-70. 14) Ko PS, Tio MK, Tang YK, Tsang WL, Lam JJ. Sealing the intramedullary femoral canal with autologous bone plug in total knee arthroplasty. J Arthroplasty. 2003 Jan;18(1):6-9 Autores: 1) Daniel Guinim Macedo Médico residente do 3 o ano do Hospital Naval Marcílio Dias 2) Felipe Campos da Costa Rabello Cabral Médico residente do 3 o ano do Hospital Naval Marcílio Dias Orientador: Anderson Antônio da Costa Médico, chefe do serviço de cirurgia do joelho do Hospital Naval Marcílio Dias Serviço: Hospital Naval Marcílio Dias - Clínica de Traumato-Ortopedia Serviço de Cirurgia do Joelho Endereço: Rua César Zama 185, Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro 22