Palavras-Chave: Suporte Social no Trabalho, Suporte Organizacional, Comprometimento Organizacional, Organizações Cooperativistas

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Transcrição:

Percepções de Suporte e Comprometimento: Investigando a relação entre os construtos Autoria: Simone Alves Pacheco de Campos, Vania de Fátima Barros Estivalete, Eliete dos Reis Resumo: No contexto do trabalho, o suporte social desempenha um papel importante podendo atuar de forma direta ou indireta para suprir as necessidades dos colaboradores, a nível emocional, instrumental e informacional (SIQUEIRA e GOMIDE JR., 2008). Além disto, da mesma forma que o suporte social, o suporte organizacional também se encontra relacionado à saúde do funcionário bem como as suas atitudes e comportamentos no local de trabalho (PADOVAN, 2005), estando relacionado à percepção com que a organização valoriza suas contribuições e cuida do seu bem-estar (EISENBERGER et al., 1986). Diante do exposto, tendo em vista a importância das percepções de suporte (suporte social no trabalho e suporte organizacional) e do comprometimento organizacional na realidade vivenciada pelos indivíduos em diferentes realidades organizacionais, este estudo tem como objetivo compreender como as percepções de suporte (suporte social no trabalho e suporte organizacional) se relacionam com o comprometimento organizacional. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa descritiva, de natureza quantitativa, através de um estudo de caso em uma cooperativa agrícola localizada no interior do estado do Rio Grande do Sul. O instrumento de coleta de dados foi o questionário estruturado a partir de três modelos: a Escala de Percepção de Suporte Social no Trabalho (EPSST), a Escala de Percepção de Suporte Organizacional (EPSO) e a Escala de Bases do Comprometimento Organizacional (EBACO). Os resultados obtidos demonstram que, em relação à percepção de suporte social no trabalho, há uma maior presença do Suporte Instrumental no Trabalho e uma carência na percepção de Suporte Emocional no Trabalho. No que se refere ao suporte organizacional, os resultados encontrados neste estudo, sinalizam para uma maior percepção, por parte dos pesquisados, em relação ao auxilio da cooperativa na resolução de problemas pessoais, e, uma menor percepção em relação à preocupação, por parte da cooperativa, com a satisfação no trabalho. No que tange ao estudo do comprometimento organizacional, os resultados demonstraram que houve uma maior valorização da dimensão Obrigação pelo Desempenho, e, por outro lado, uma menor valorização da dimensão Obrigação em Permanecer, na perspectiva dos sujeitos pesquisados. Ao estabelecer relações entre as percepções de suporte (suporte social no trabalho e suporte organizacional), e as bases do comprometimento organizacional, os resultados revelaram que, em relação ao suporte social no trabalho, há uma maior relação entre a percepção de Suporte Social Instrumental no Trabalho e a base Obrigação pelo Desempenho; e no que se refere ao Suporte Organizacional, a maior correlação encontrada residiu com a base do comprometimento Linha Consistente de Atividade. Palavras-Chave: Suporte Social no Trabalho, Suporte Organizacional, Comprometimento Organizacional, Organizações Cooperativistas 1

Introdução Os relacionamentos que os indivíduos mantêm entre si e com a organização são considerados, por Meleiro e Siqueira (2005), como importantes na vida dos mesmos, pois é durante o trabalho que surgem oportunidades de relacionamento com pessoas que podem auxiliá-las em seu crescimento e desenvolvimento profissional, bem como no seu bem-estar. O suporte social tem-se destacado dentre os fatores que têm contribuído para o bemestar dos indivíduos (PADOVAM, 2005). No contexto do trabalho, o suporte social desempenha um papel importante podendo atuar de forma às suprir as necessidades dos colaboradores, a nível emocional, instrumental e informacional (SIQUEIRA e GOMIDE JR., 2008). Além disto, da mesma forma que o suporte social, o suporte organizacional também se encontra relacionado à saúde do funcionário bem como as suas atitudes e comportamentos no local de trabalho (PADOVAN, 2005), estando relacionado à percepção com que a organização valoriza suas contribuições e cuida do seu bem-estar (EISENBERGER et al., 1986). No que se refere ao comprometimento organizacional, estado psicológico que caracteriza a ligação do indivíduo à organização (MEYER e ALLEN, 1991), este têm sido foco de preocupações por parte das organizações nos últimos anos, isto porque, de maneira geral, presume-se que pessoas comprometidas têm maior probabilidade de permanecer na organização e de desenvolver um trabalho com maior afinco, visando o alcance dos objetivos organizacionais (SIQUEIRA e GOMIDE JUNIOR, 2004). Neste aspecto, um dos desafios do momento atual, reside na busca de uma maior compreensão sobre quais os fatores que poderiam levar o indivíduo a desenvolver suas capacidades pessoais, envolvendo-se cada vez mais no trabalho. Diante deste contexto, percebe-se que as organizações têm buscado tornar o ambiente de trabalho mais agradável, através do fornecimento de suporte social e organizacional, com vistas à promoção da saúde e bem-estar, bem como ao desenvolvimento do comprometimento organizacional. (McGUIRRE, 2007, PADOVAN, 2005). Considerando a realidade vivenciada em organizações baseadas em um sistema de cooperativas, temas como estes assumem um papel de destaque, uma vez que estas estão baseadas na união de esforços através da atuação conjunta. Consoante a estas afirmações, Zylbersztajn (1994), enfatiza que, o desafio das cooperativas reside na manutenção de seu papel de sistema produtivo centrado no homem, ao mesmo tempo em que desenvolve organização capaz de competir com empresas de outras naturezas com orientação para o mercado. Diante das considerações expostas, emerge a seguinte inquietação que motivou a realização deste estudo: De que forma as percepções de suporte social no trabalho e suporte organizacional se relacionam com o comprometimento organizacional, sob a ótica de funcionários de uma cooperativa agrícola? Dessa forma, o objetivo geral deste estudo está centrado em compreender como as percepções de suporte (suporte social no trabalho e suporte organizacional) se relacionam com o comprometimento organizacional. Visando responder a motivação inicial e atingir o objetivo proposto, esta pesquisa terá seu foco de análise voltado a uma organização estabelecida sob forma cooperativista. Assim, foram definidos os seguintes objetivos específicos: (i) identificar a percepção dos colaboradores sobre o suporte social no trabalho; (ii) analisar a percepção acerca do suporte organizacional, (iii) analisar quais as bases do comprometimento organizacional mais valorizadas; e, (iv) entender como as percepções de suporte se relacionam com as bases do comprometimento organizacional. A relevância desta pesquisa deve-se ao fato de que o suporte social e organizacional são fatores imprescindíveis na contribuição para o bem-estar, saúde física e mental dos indivíduos (BERTHELSEN, HJALMERS e SÖDERFELDT, 2008), além de possibilitar 2

vantagens para a organização como o aumento do comprometimento e da satisfação no trabalho (RHOADES e EISENBERGER, 2002; PANACCIO e VANDERBERGHE, 2009). Este trabalho encontra-se estruturado em mais seis seções, além da introdução, as seções dois, três e quatro abordam o referencial teórico que balizou a realização deste estudo. A seção cinco apresenta a arquitetura metodológica que possibilitou a operacionalização da pesquisa. A seção seis apresenta os resultados alinhados aos objetivos propostos; e, a seção sete apresenta as considerações finais e as referências bibliográficas utilizadas no estudo em questão. 2. Suporte Social no Trabalho Dentre os fatores que têm contribuído pelo bem-estar do indivíduo, o suporte social têm-se destacado como fator imprescindível para essa condição (PADOVAM, 2005). Para Cobb (1976), há evidências de que o efeito do suporte social, nas interações entre as pessoas, é de proteção contra as conseqüências do stress na saúde e na vida das mesmas. Dessa forma, o suporte social é definido como informações que levam a pessoa a acreditar que ela é amada, estimada e membro de uma rede de obrigações sociais mútuas (COBB, 1976). Sob a ótica de Rodriguez e Cohen (1998), existem diferentes tipos de apoio que alguém pode receber da rede social. Esses recursos disponibilizados nos relacionamentos interpessoais são categorizados na literatura em três mais amplamente estudados: suporte emocional, suporte instrumental e suporte informacional (RODRIGUEZ e COHEN, 1998; COHEN, 2004; GOMIDE JR, GUIMARÃES e DAMÁSIO, 2004;2008; SIQUEIRA, 2008). O suporte social emocional envolve a expressão de empatia, carinho, segurança e confiança, fornecendo oportunidades para a expressão emocional (COHEN, 2004). No entendimento de Rodriguez e Cohen (1998), este tipo de suporte vem de pessoas próximas, como familiares e colegas de trabalho, sendo o primeiro tipo de que emerge das relações interpessoais. O suporte social instrumental está relacionado aos vários tipos de auxílio tangível que um indivíduo possa receber, relacionados ao apoio material (RODRIGUEZ e COHEN, 1998). Na visão de Hogan, Linden e Najarian (2002) esse suporte envolve o fornecimento de bens materiais (por exemplo, transporte, dinheiro ou assistência física). O suporte social informacional envolve a prestação de informações usadas para guiar ou aconselhar os indivíduos (HOGAN, LINDEN e NAJARIAN, 2002). Para Siqueira (2008), o suporte informacional inclui o recebimento de informações indispensáveis para a que o indivíduo possa guiar e orientar suas ações ao solucionar um problema ou ao tomar uma decisão. Fundamentados nas definições e tipologias de suporte social, vários estudos têm sido realizados no campo organizacional (BERTHELSEN, HJALMERS e SÖDERFELDT, 2008; ANDRADE et. al., 2009). No contexto nacional, s preocupação com esta pode ser evidenciados através dos trabalhos de Siqueira (2008) e Gomide Jr., Guimarães e Damásio (2004;2008). Neste sentido, convém ressaltar que Gomide Junior, Guimarães e Damásio (2004; 2008), com base nas premissas defendidas por Rodriguez e Cohen (1998), construíram e validaram a Escala de Percepção de Suporte Social no Trabalho (EPSST), com o intuito de verificar a percepção de funcionários acerca do suporte social no fornecido pela organização. A EPSST caracteriza-se por ser uma escala multidimensional contendo 18 questões, com três fatores: Suporte Social Informacional no trabalho, podendo ser definido como as crenças que o trabalhador possui sobre o processo de comunicação que atua no sentido de repassar informações precisas e confiáveis; o Suporte Social Emocional no trabalho, que inclui as crenças de que existem pessoas confiáveis, preocupadas umas com as outras, que se valorizam e se gostam; e por fim, Suporte Social Instrumental que avalia as crenças de que a organização provê materiais, insumos financeiros, técnicos e gerenciais para o desenvolvimento das atividades laborais. 3

3. Percepção de Suporte Organizacional De acordo com o entendimento de Eisenberger et al. (1986), a percepção de suporte organizacional refere-se à crença do funcionário acerca da extensão em que a organização valoriza as suas contribuições e cuida de seu bem-estar. Neste sentido, segundo Wayne et al. (1997), o crescimento de oportunidades é um sinal que a organização reconhece e valoriza as contribuições dos funcionários, implicando em futuro suporte por parte da organização. Para Zagenczyk, et al. (2010), a percepção de suporte organizacional não é somente psicológica, mas também um processo social, influenciado pelas informações que os funcionários adquirem do contexto no qual estão inseridos. A teoria de percepção de suporte organizacional tem como base a Teoria da Reciprocidade, desenvolvida por Gouldner (1960), a qual enfatiza que se deve ajudar a quem nos ajuda e não se deve prejudicar a quem nos beneficia. Dessa forma, para Rhoades e Eisenberger (2002), o suporte organizacional deveria produzir nos empregados o senso de obrigação para cuidar da organização de maneira a auxiliá-la no alcance dos seus objetivos. Siqueira e Gomide Junior (2004) enfatizam que a percepção acerca de suporte organizacional refere-se à forma como os funcionários entendem o compromisso que a empresa estabelece com os mesmos. Para esses autores, os principais fatores antecedentes de percepção de suporte organizacional são três modalidades de tratamento aplicadas pelas organizações aos seus colaboradores: justiça dos procedimentos na distribuição de recursos entre os empregados, suporte oferecido pelas chefias aos seus subordinados e retornos organizacionais, como reconhecimento, pagamento, promoções, estabilidade no emprego, autonomia e treinamento. Cabe acrescentar, que evidências acerca da percepção de suporte organizacional podem influenciar resultados relevantes para a empresa (SIQUEIRA e GOMIDE JUNIOR, 2004). Logo, para esses autores, o compromisso da organização para com seus colaboradores reduz o absenteísmo e a intenção de sair da empresa, aumenta o desempenho, a satisfação no trabalho, o comprometimento afetivo e proporciona ofertas de comportamentos de cidadania organizacional. Estudos acerca de validação e aplicação da Escala de Percepção de Suporte Organizacional (EPSO), desenvolvida em 1986 por Eisenberger e colaboradores foram realizados no contexto nacional por Siqueira (1995;2008). Com o objetivo de adaptar a referida escala ao Brasil, os procedimentos aplicados envolveram a redução do conjunto originário de 36 itens para nove. Ademais, segundo Siqueira (1995;2008) uma versão reduzida da EPSO com seis itens positivos poderá ser utilizada em situações em que for necessário a aplicação de uma escala com menor número de itens. 4. Comprometimento Organizacional O comprometimento organizacional pode ser entendido como um estado psicológico que caracteriza a ligação do indivíduo à organização, reduzindo a probabilidade deste deixar a empresa (MEYER e ALLEN, 1991). Apesar de ser um campo de estudos ainda muito fragmentado (BASTOS et al. 2008), existe um certo consenso na literatura sobre a existência de múltiplas bases e focos (MEYER e ALLEN, 1991; BASTOS et al., 2008). Em especial, no que tange às bases do comprometimento, percebe-se que, conforme Medeiros et al. (2005), com a evolução dos estudos, os pesquisadores passaram a ver estas como componentes de um processo amplo e complexo. Esta concepção de comprometimento, como sendo um processo de múltiplas bases, pode ser evidenciada nos trabalhos de Kelman (1958), Gouldner (1960), Kanter (1968) e Meyer e Allen (1991), conforme visualiza-se na Figura 1. 4

Modelos Multidimensionais de Comprometimento Organizacional Kelman (1958) -submissão ou envolvimento instrumental; -identificação ou envolvimento baseado num desejo de afiliação; -internalização ou envolvimento causado pela congruência entre os valores individuais e organizacionais Gouldner (1960) Kanter (1968) - Integração: grau em que o indivíduo é ativo e sente-se parte dos diversos níveis de uma organização; -Introjeção: grau em que a própria imagem do indivíduo incorpora uma série de qualidades e valores organizacionais aprovados. - Coesão: vínculo com as relações sociais da organização, por meio de cerimônias que tornam público o estado de ser de um membro - Continuação: realização de sacrifícios pessoais e de investimentos; -Controle: vínculo do individuo as normas da organização que moldam seu comportamento para uma direção desejada Meyer e Allen (1991) -Afetiva: contrato emocional do empregado, a partir da sua identificação e envolvimento com a organização -Instrumental ou Calculativa: percebido pelo indivíduo como os custos associados em deixar a organização; -Normativo : sentimento de obrigação do indivíduo em permanecer na organização. Figura 1 Modelos Multidimensionais de Comprometimento Fonte: Elaborado com base em Kelman (1958), Gouldner (1960), Kanter (1968), Meyer e Allen (1991) Segundo Bastos et al. (2008), o modelo de Meyer e Allen (1991) é o de maior aceitação no meio acadêmico, uma vez que abarca as três tradições de pesquisas de maior relevância na literatura acerca do tema: afetiva/atitudinal, normativa e instrumental. O enfoque afetivo do comprometimento organizacional é representado fortemente pelos trabalhos desenvolvidos pela equipe de Mowday, Porter e Steers (1982) (BASTOS, 1993). De acordo com Bastos (1993), visto desta forma, o comprometimento abarca três fatores: estar disposto a exercer um esforço considerável em benefício da organização; a crença e a aceitação dos valores e objetivos da organização e um forte desejo de se manter como membro da organização. O enfoque instrumental tem como base a tradição iniciada por Becker (1960). Este autor descreve o comprometimento como uma disposição da pessoa em se engajar em linhas consistentes de atividade, e que passa a existir quando o indivíduo, por meio de trocas laterais (side-bet), une interesses exteriores a esta linha consistente de atividade. Neste sentido, as linhas consistentes estão associadas à permanência do indivíduo na organização, e, as trocas laterais, aos múltiplos investimentos realizados (BECKER, 1960). No que se refere ao enfoque normativo, este tem por base os estudos de Wiener (1982). Sob a ótica de Wiener (1982), o comprometimento normativo é o conjunto de pressões normativas internalizadas pelos indivíduos para que estes se comportem de acordo com os objetivos, metas e interesses da organização. Estas pressões normativas são de um modo geral, provenientes da cultura organizacional, por meio da qual a organização impõe as ações e os comportamentos dos indivíduos, a fim de envolvê-los em seus ideais (WIENER; 1982). No contexto brasileiro, observa-se que os estudos sinalizam para uma preocupação com a adaptação de instrumentos e desenvolvimento de medidas que proporcionem um melhor entendimento acerca do tema (MEDEIROS et al. 2005). Contudo, de acordo com Medeiros et al. (2005) existe uma lacuna nas pesquisas em relação às escalas de comprometimento, uma vez que os modelos não se adaptam as diferentes realidades culturais onde são testados. Assim, estes mesmos autores desenvolveram e validaram a Escala de Bases do Comprometimento Organizacional (EBACO), com base nos modelos de maior relevância acerca de comprometimento na literatura, conforme pode ser visualizado na Figura 2. 5

Base Definição Fundamentação Obrigação em Permanecer Afetiva Afiliativa Falta de recompensas e oportunidade Linha consistente de atividade Escassez de Alternativas Obrigação pelo Desempenho Crença de que tem uma obrigação em permanecer; de que se sentiria culpado por deixar; de que não daria certo deixar; e de que tem uma obrigação moral com as pessoas da organização Crença e identificação com a filosofia, os valores e objetivos organizacionais Crença que é reconhecido pelos colegas como membro do grupo e da organização Crença de que o esforço extra em benefício da organização deve ser recompensado e de a mesma deve lhe dar mais oportunidades Crença de que deve manter certas atitudes e regras da organização com o objetivo de se manter na mesma Crença de que possuí poucas alternativas de trabalho se deixar a organização Crença de que deve se esforçar em benefício da organização e que deve buscar cumprir suas tarefas e atingir os objetivos da organização Normativo Meyer e Allen (1991) Afetivo Meyer e Allen (1991), Congruência de Valores -Kelman (1958); Introjeção Gouldner Identificação Kelman (1958); Integração Gouldner (1960); Identificação Becker (1992); Coesão Kanter(1968), Afiliativa Medeiros e Enders (1999) Envolvimento Calculativo Etzioni; Oportunidade Thévenet; Recompensas Becker (1992) Trocas Laterais Becker (1960); Hrebiniak e Alluto (1972) Continuação Meyer e Allen (1991) Pressões Normativas Wiener (1982) e Jaros et al(1993); Controle Kanter (1968) Figura 2: Escala de Bases do Comprometimento Organizacional Fonte: Adaptado de Medeiros et. al.(2005) A EBACO é composta por sete bases do comprometimento organizacional, consideradas fatores da escala de medida proposta: afetiva, obrigação em permanecer, obrigação pelo desempenho, afiliativa, falta de recompensas e oportunidades, linha consistente de atividade e escassez de alternativas (MEDEIROS et al.,2005). Esta ampliação deve-se às dimensionalidades das bases normativa (divisão em Obrigação pelo Desempenho e Obrigação em Permanecer) e instrumental (constituindo as bases Linha Consistente de Atividade e Escassez de Alternativas), bem como à inclusão da base Afiliativa, evidenciada por Medeiros e Enders (1999). 5. Metodologia Visando atender aos objetivos delineados neste estudo, realizou-se uma pesquisa descritiva, de caráter quantitativo. O estudo realizado também se caracteriza pela adoção do método do estudo de caso, pois, conforme Yin (2006), este tipo de estudo objetiva a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, especialmente quando os limites entre o fato e o fenômeno não estão claramente definidos. Para tanto, a unidade de análise foi uma organização estabelecida sob forma cooperativista, localizada no interior do estado do Rio Grande do Sul. A cooperativa estudada é atualmente uma das 10 maiores cooperativas locais, atuando em 5 municípios e contando com cerca de 300 funcionários, sendo que, destes, 176 participaram da pesquisa.os critérios de escolha da organização focal envolvem: (i) ser uma organização constituída sob a forma de cooperativa, onde há união de indivíduos que buscam atingir objetivos comuns por meio do coletivo; (ii) ser uma das maiores cooperativas da região, (iii) atuar em diferentes mercados e segmentos, como agropecuária, atacado, varejo e exportação. O instrumento de coleta de dados foi o questionário estruturado a partir de três modelos. O primeiro refere-se à Escala de Suporte Social no Trabalho (EPSST), desenvolvida por Gomide Junior, Guimarães e Damásio (2004;2008), consta de 18 itens, agrupados em 3 fatores, a saber: Percepção de Suporte Social Informacional, Percepção de Suporte Social Emocional e Percepção de Suporte Social Instrumental, avaliados através de uma escala do tipo Likert de quatro pontos. O segundo modelo utilizado consta da Escala de Percepção de Suporte Organizacional (EPSO), desenvolvida e validada por Siqueira (1995; 2008) é uma escala unidimensional, contendo seis questões em sua versão reduzida, avaliadas através de uma escala do tipo Likert de sete pontos. Para fins deste estudo, optou-se por utilizar a versão reduzida desta escala, contendo seis itens, com o objetivo de não tornar o instrumento de pesquisa extenso e, assim, facilitar a coleta de dados. Por fim, para avaliação do comprometimento foi utilizada a Escala de Bases do Comprometimento Organizacional, desenvolvida por Medeiros et. al. (2005), a qual identifica 6

sete bases do comprometimento: afetiva, obrigação em permanecer, obrigação pelo desempenho, afiliativa, falta de recompensas e oportunidades, linha consistente de atividade e escassez de alternativas; distribuídas em 28 itens, através de uma escala do tipo Likert de seis pontos. A figura 3 mostra o modelo utilizado no presente estudo. COOPERATIVA Suporte no Trabalho EPSST Gomide Jr., Guimarães e Damásio (2004; 2008) Suporte Social Informacional α= 0,85 Suporte Social Emocional α= 0,83 Suporte Social Instrumental α= 0,72 EPSO Siqueira (1995; 2008) Comprometimento Organizacional EBACO Medeiros et al. (2005) Obrigação em Permanecer α= 0,84 Afetiva α= 0,87 Afiliativa α= 0,80 Escassez de Alternativas α= 0,73 Obrigação pelo Desempenho α= 0,77 Linha Consistente de Atividade α= 0,65 Falta de Recompensas e Oportunidade α= 0,59 Suporte Organizacional α= 0,86 Figura 3 Modelo de Pesquisa Fonte: Elaborado pelos autores Cabe acrescentar que os valores de Alpha de Cronbach obtidos nos três modelos utilizados neste estudo atestam para a confiabilidade dos instrumentos utilizados, uma vez que todos os fatores possuem valores de Alpha superiores a 0,6 (MALHOTRA, 2006), conforme pode ser visualizado na Figura 3. Para fins deste estudo, optou-se por modificar a formatação das escalas utilizadas, a fim de facilitar a coleta de dados e permitir a realização das análises estatísticas. Dessa forma, utilizou-se uma escala do tipo Likert de cinco pontos, onde a atribuição do número 1 significa Discordo Totalmente e a atribuição do número cinco significa Concordo Totalmente. A escala de cinco pontos foi escolhida por esta ser semelhante, em termos de resultados médios, a de sete pontos, sendo, contudo, mais indicada por apresentar uma maior facilidade e rapidez de utilização (VIEIRA e DALMORO, 2008).Além disto, Preston e Colman (2000), afirmam que escalas com 2, 3 e 4 categorias possuem menor confiabilidade, validade e poder discriminante que as escalas de cinco pontos. Cabe ainda acrescentar que a modificação das escalas EPSST e EBACO permitiu a inclusão da alternativa ponto neutro, pois, conforme Voss, Stem e Fotopoulos (2000), quando os respondentes não possuem experiência, conhecimento ou opinião claramente definida, há tendência de se manifestarem de maneira neutra. Para o processamento e análise dos dados, utilizou-se os softwares Windows Excel e Statistical Package for the Social Sciences SPSS 13.0 a fim de realizar os testes estatísticos descritivos, indicador de consistência interna Alpha de Crombach, Análise Fatorial, Testes de diferenças de médias e Coeficiente de Correlação de Pearson, conforme será tratado na seção de resultados. 6 Análise e Discussão dos resultados 6.1 Percepções de Suporte no Trabalho: Suporte Social e Suporte Organizacional O estudo da percepção dos funcionários com relação ao suporte social no trabalho baseou-se a EPSST, de Gomide Junior, Guimarães e Damásio (2004;2008). Destaca-se que os fatores foram formados através da análise fatorial de componentes principais, por meio da rotação Varimax com normalização Kaiser. Inicialmente, foram realizados os testes de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o teste de esfericidade de Bartlet, com o objetivo de verificar a adequação dos dados bem como a qualidade das correlações existentes entre as variáveis, para a realização da análise fatorial (PESTANA e GAGIEIRO, 2003). Dessa forma, os resultados obtidos tanto para o KMO (0,850), quanto para o teste de Barlett (significativo a p< 0,001), os resultados indicaram a fatorabilidade dos dados. Após a verificação da adequação da análise 7

fatorial, partiu-se para a identificação das comunalidades, as quais medem a variância explicada pelo fator, devendo se superior a 0,5 (HAIR et al.,2009). Ressalta-se que, tal análise levou a exclusão de uma questão, relativa à percepção de Suporte Instrumental no Trabalho. Para fins de análise, foram calculadas as médias e os desvios-padrão, conforme mostra o Quadro 1 Fator 1 - Suporte Social Informacional (α = 0,861) Fator Orig. Carga Média Desvio 17. Os superiores compartilham as informações importantes com os empregados. Informac. 0,779 3,281 1,235 18. As informações importantes para o trabalho são compartilhadas por todos. Informac. 0,762 3,354 1,147 8. As informações circulam claramente entre os setores da cooperativa. Informac. 0,748 3,191 1,257 16. As informações importantes para o trabalho são repassadas com agilidade. Informac. 0,698 3,360 1,117 9. As pessoas são informadas sobre as decisões que envolvem o trabalho que realizam. Informac. 0,679 3,466 1,203 12. Há facilidade de acesso às informações importantes. Informac. 0,676 3,185 1,214 17. Os superiores compartilham as informações importantes com os empregados. Informac. 0,779 3,281 1,235 Total do Fator 3,306 1,195 Fator 2 - Suporte Social Instrumental (α = 0,610) Fator Orig. Carga Média Desvio 13. Os empregados têm os equipamentos necessários para desempenharem suas tarefas. Informac. 0,770 3,983 1,137 10. Existe o cumprimento das obrigações financeiras com os empregados. Instrumen. 0,758 3,966 1,164 5. Os equipamentos estão sempre em boas condições de uso. Instrumen. 0,668 3,674 1,274 Total do Fator 3,874 1,191 Fator 3 - Suporte Social Emocional (α = 0,656) Fator Orig. Carga Média Desvio 2. As pessoas podem compartilhar umas com as outras seus problemas pessoais. Emoc. 0,734 2,416 0,995 1. As pessoas gostam umas das outras. Emoc. 0,611 2,876 1,056 15. As pessoas se preocupam umas com as outras. Emoc. 0,602 3,039 1,195 14. São pagos salários compatíveis aos esforços dos empregados. Instrumen. 0,578 3,292 1,325 4. Há recompensa financeira pelos esforços dos empregados. Instrumen. 0,377 3,253 1,230 Total do Fator 2,975 1,160 Fator 4 - Suporte Social Confiança (α = 0,638) Fator Original Carga Média Desvio 7. Pode-se confiar nos superiores. Emoc. 0,637 3,590 1,034 3. As pessoas são amigas umas das outras. Emoc. 0,575 3,180 1,141 6. Pode-se confiar nas pessoas. Emoc. 0,566 2,893 1,066 Total do Fator 3,221 1,080 Quadro 1: Media e Desvio-Padrão das Variáveis da EPSST Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados obtidos Em relação à confiabilidade dos dados, todos os fatores obtidos, apresentaram coeficiente Alpha de Cronbach superior a 0,6, confirmando, assim, a confiabilidade interna do instrumento de coleta de dados. (MALHOTRA; 2006). Através da análise fatorial da Escala de Percepção de Suporte Social no Trabalho, pode-se observar que além dos três fatores constantes no estudo original de Gomide Junior, Guimarães e Damásio (2004;2008), um quarto fator foi identificado na realidade pesquisada, o qual foi denominado Suporte Social de Confiança. Quanto à estrutura das questões, apenas o fator 1 Suporte Social Informacional no Trabalho manteve a mesma composição do estudo original. As demais questões sofreram alterações com relação aos fatores. Convém enfatizar que a estrutura fatorial obtida neste estudo, aproxima-se da encontrada por Andrade et al. (2009), que, em estudo desenvolvido em organizações de saúde, obtiveram quatro fatores explicativos da percepção de suporte, sendo que, também foi 8

evidenciado a existência de um fator especificamente relacionado a percepção em relação à confiança, tanto por parte dos superiores, quanto por parte dos colegas. Por meio da análise dos dados constantes no Quadro 1, pode-se observar que a maior média obtida (3,874) foi para o fator 2 - Suporte Social Instrumental no Trabalho. Este fator abarcou questões relativas ao cumprimento de obrigações financeiras e equipamentos necessários para o desempenho das tarefas. Em relação a este fator, cabe acrescentar que a questão que obteve a maior média (3,983) foi a questão: (13) Os empregados têm os equipamentos necessários para desempenharem suas tarefas. Tais resultados remetem ao entendimento de que os pesquisados percebem que, há na cooperativa, apoio material necessário a realização do trabalho. Por outro lado, o fator que obteve a menor média (2,975) foi o fator 3, Suporte Social Emocional no Trabalho. Relativo a esse fator, a menor média (2,416) apresentada foi para a questão: (2) As pessoas podem compartilhar umas com as outras seus problemas pessoais. Esses resultados sinalizam para o fato de que, na percepção dos pesquisados, há uma carência de suporte social emocional na cooperativa estudada, principalmente relacionado ao apoio advindo dos colegas de trabalho. No que se refere à análise do desvio padrão, o maior valor obtido (1,195) foi para o Suporte Social Informacional no Trabalho, sinalizando que neste fator houve uma maior divergência entre as respostas dos pesquisados. Por outro lado, Suporte Social de Confiança, foi o fator no qual os pesquisados foram mais coerentes entre si, dado que este foi o menor valor de desvio-padrão obtido (1,080) (HAIR et al., 2009). A fim de analisar se existem diferenças significativas entre as médias obtidas, realizou-se o teste t para amostras emparelhadas, uma vez que estas são valores muito próximos, como pode ser visualizado no Quadro 2. Pares Diferença de pares t Sig Média Desvio Suporte Informacional Suporte Instrumental -,568 1,000-7,580,000 Suporte Informacional Suporte Emocional,330,865 5,098,000 Suporte Informacional Suporte Confiança,085,872 1,303,194 Suporte Instrumental Suporte Emocional,899 1,080 11,108,000 Suporte Instrumental Suporte Confiança,653,949 9,182,000 Suporte Emocional Suporte Confiança -,245,792-4,135,000 Quadro 2: Teste t emparelhamento entre os tipos de Suporte Social no Trabalho Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados obtidos Com relação aos resultados obtidos no teste t, pode-se observar que, apenas não existe diferença significativa entre as médias para as Percepções de Suporte Social Iinformacional e Suporte Social de Confiança no Trabalho, uma vez que foi obtido Sig superior a 0,05. De modo geral, pode-se observar a partir do Quadro 2 que o tipo de suporte social mais enfatizado pelos funcionários da cooperativa estudada é o Instrumental. Dessa forma, pode-se dizer que os funcionários são mais perceptíveis aos tipos de auxílios tangíveis (RODRIGUEZ e COHEN, 1998) e avaliam as crenças de que a organização provê materiais, insumos financeiros, técnicos e gerenciais para o desenvolvimento das atividades laborais (SIQUEIRA e GOMIDE JR., 2008). Por outro lado, o tipo de suporte social menos enfatizado pelos pesquisados foi o Informacional, devido ao fato deste ter obtido média estatisticamente inferior em relação aos demais. Em relação a este resultado, o mesmo pode estar relacionado ao fato de que os funcionários percebem que há uma carência no sistema de comunicações da cooperativa, uma vez que este pode não estar veiculando informações confiáveis e precisas aos seus colaboradores (GOMIDE JUNIOR, GUIMARÃES E DAMÁSIO, 2004; 2008). O suporte organizacional, da mesma forma que o suporte social, relaciona-se à saúde do funcionário bem como às suas atitudes comportamentos (PADOVAN, 2005). Assim, este 9

construto revela à percepção do funcionário de que a organização valoriza suas contribuições, preocupa-se e cuida do seu bem-estar (EISENBERGER et al., 1986). Para mensurar a percepção dos funcionários em relação ao Suporte Organizacional, utilizou-se versão reduzida EPSO, por meio da análise fatorial de componentes principais, a qual resultou em apenas um fator, corroborando os resultados obtidos por Siqueira (1995;2008), evidenciando que a percepção acerca do suporte organizacional é um construto unidimensional. Convém ressaltar que, tanto o índice de KMO (0,836), quanto o teste de esfericidade de Barlett( p= 0,000) obtivera resultados favoráveis a realização desta análise. Em relação à confiabilidade do instrumento de coleta de dados, o valor de Alpha de Cronbach (0,863), foi superior a 0,6, confirmando, assim, a confiabilidade interna do instrumento. Cabe ainda enfatizar que o resultado encontrado aproxima-se do obtido no estudo original de Siqueira (1995; 2008). Para fins de análise dos dados, calculou-se a média e o desvio padrão obtido para cada variável bem como a média e o desvio padrão obtido para o fator, conforme mostra Quadro 3 Percepção de Suporte Organizacional (α=0,863) Carga Média Desvio 5. Esta empresa preocupa-se com minha satisfação no trabalho 0,834 3,360 1,087 6. Esta empresa tenta fazer com que meu trabalho seja o mais interessante 0,793 3,376 1,083 possível. 1. É possível obter ajuda desta empresa quando tenho um problema. 0,784 3,747 1,119 4. Esta empresa está pronta a me ajudar quando eu preciso de um favor especial. 0,784 3,674 1,028 3. Esta empresa estaria disposta a ampliar suas instalações para me ajudar a 0,721 3,601 1,054 utilizar minhas melhores habilidades no desempenho do meu trabalho 2. Esta empresa realmente preocupa-se com meu bem estar. 0,709 3,539 1,120 Total do Fator 3,550 0,834 Quadro 3: Media e Desvio-Padrão das Variáveis da EPSO Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados obtidos Em relação às variáveis que compõe a EPSO, pode-se perceber que a maior média (3,747) foi atribuída à questão: (1) É possível obter ajuda desta empresa quando tenho um problema. Dessa forma, percebe-se que os funcionários vêem a cooperativa como uma forma de auxílio frente a determinados problemas. Por outro lado, a menor média (3,359) foi atribuída a questão: (5) Esta empresa preocupa-se com a minha satisfação no trabalho. Nesse sentido, pode-se dizer que os funcionários não percebem uma certa preocupação da cooperativa com relação a satisfação no trabalho. A análise do desvio padrão obtido para a percepção de suporte organizacional demonstra que os respondentes foram, de certa forma, coerentes entre si, uma vez que o valor obtido foi inferior a 1. Contudo, cabe ressaltar que, em relação a análise dos desvios-padrão obtidos para as questões de modo isolado os valores obtidos foram superiores a 1, sendo que a questão: (2) Esta empresa realmente preocupa-se com o meu bem estar foi a de maior divergência dentre os pesquisados, 6.2 Comprometimento organizacional: Entendendo o Vinculo entre o Indivíduo e a Cooperativa Para análise do comprometimento organizacional, utilizou-se a Escala de Bases do Comprometimento Organizacional (EBACO), desenvolvida e validada por Medeiros et.al. (2005), composta por 28 questões, agrupadas em 7 fatores. A exploração dos dados relativos a EBACO foi realizada através da análise fatorial, pelo método de análise dos componentes principais e rotação Varimax. Inicialmente, foram realizados os testes de (KMO) e o teste de esfericidade de Bartlet, sendo que em ambos os testes (KMO : 0,851; Bartlet: p=0,000), os resultados obtidos atestaram a adequação dos dados para a realização da análise fatorial. Cabe ainda acrescentar que todas as variáveis relativas à EBACO obtiveram valor de comunalidades superiores a 0,5. 10

A realização da análise fatorial com as variáveis da EBACO resultou em sete fatores, confirmando, dessa forma, o construto teórico utilizado. Em relação à confiabilidade dos dados, dos sete fatores obtidos, seis apresentaram coeficiente Alpha de Cronbach superior a 0,6, confirmando, assim, a confiabilidade interna do instrumento de coleta de dados. (MALHOTRA; 2006). Por fim, apenas um fator obteve Alpha inferior a 0,6. Este fator abarcou questões relativas à base Falta de Recompensas e Oportunidade, o qual, no estudo de Medeiros et. al. (2005), também obteve um baixo índice de confiabilidade. Sendo assim este fator foi desconsiderado das análises seguintes uma vez que os coeficientes inferiores a 0,6 revela uma baixa consistência interna (HAIR et al.,2009), cabe enfatizar que nem mesmo a retirada de uma das questões proporcionaria acréscimos significativos no valor do coeficiente. No que se refere à estrutura dos fatores, cabe acrescentar que, de uma forma geral, manteve-se a obtida por Medeiros et.al. (2005), sendo que, apenas dois fatores revelaram modificações em sua estrutura. Dessa forma, o fator 1 ficou composto por 2 questões relativas à base Linha Consistente de Atividade (24, 22) e uma questão relativa à base Afetiva (4); e, o fator 3, agregou uma questão relativa a base Falta de Recompensas e Oportunidades (17), como pode ser observado no Quadro 4. Fator 1 Obrigação pelo Desempenho (α=0,854) Fator Orig. Carga Média Desvio 11. O bom empregado deve se esforçar para que a empresa tenha Obrigação os melhores resultados possíveis. 10. Eu tenho obrigação em desempenhar bem minha função empresa. 12. O empregado tem a obrigação de sempre cumprir suas tarefas. 9. Todo empregado deve buscar atingir os objetivos da empresa. 24. Farei sempre o possível em meu trabalho para me manter neste emprego. 22. Na situação atual, ficar com minha empresa, é na realidade uma necessidade tanto quanto um desejo. Desempenho Obrigação Desempenho Obrigação Desempenho Obrigação Desempenho Linha Cons. Atividade Linha Cons. Atividade 0,844 4,466 0,768 0,830 4,483 0,804 0,766 4,480 0,738 0,726 4,242 0,891 0,572 4,287 0,858 0,518 3,680 1,147 4. Eu acredito nos valores e objetivos desta empresa Afetiva 0,472 4,073 0,902 Total do Fator 4,245 0,644 Fator 2 -Obrigação em Permanecer (α=0,847) Fator Orig. Carga Média Desvio 8. Acredito que não seria certo deixar minha empresa porque tenho Obrigação uma obrigação moral em permanecer aqui. Permanecer 0,822 3,129 1,169 5. Eu não deixaria minha empresa agora porque que tenho uma Obrigação obrigação moral com as pessoas daqui. Permanecer 0,798 3,320 1,171 7. Eu me sentiria culpado se deixasse minha empresa agora. Obrigação Permanecer 0,779 2,955 1,192 6. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo Obrigação em deixar minha empresa agora. Permanecer 0,743 3,326 1,152 Total do Fator 3,183 0,970 Fator 3 - Afetiva (α=0,773) Fator Orig. Carga Média Desvio 1.Desde que me juntei a esta empresa, os meus valores pessoais e os da empresa têm se tornado mais similares. Afetiva 0,773 3,702 0,942 2. A razão de eu preferir esta empresa em relação a outras é por causa do que ela simboliza, de seus valores. Afetiva 0,738 3,702 0,960 3. Eu me identifico com a filosofia desta empresa Afetiva 0,697 3,708 0,892 17. Se eu não tivesse dado tanto de mim nesta empresa, eu poderia Falta Recom. considerar trabalhar em outro lugar. Oportunidade 0,494 3,213 1,063 Total do Fator 3,581 0,745 Fator 4 Escassez de Alternativas (α=0,816) Fator Orig. Carga Média Desvio 27. Uma das conseqüências negativas de deixar esta empresa seria Escassez a escassez de alternativas imediatas de trabalho. Alternativas 0,872 3,225 1,246 26. Eu acho que teria poucas alternativas de emprego se deixasse Escassez 0,820 3,163 1,249 11

esta empresa. Alternativas 28.Não deixaria este emprego agora devido a falta de Escassez oportunidades de trabalho. Alternativas 0,802 3,264 1,185 25. Se eu decidisse deixar minha empresa agora, minha vida ficaria Escassez bastante desestruturada Alternativas 0,587 3,449 1,179 Total do Fator 3,275 0,977 Fator 5 - Afiliativa (α=0,816) Fator Orig. Carga Média Desvio 14. Sou reconhecido por todos na empresa como membro do grupo. Afiliativa 0,662 3,624 1,013 15. Sinto que meus colegas me consideram como membro da equipe de trabalho. Afiliativa 0,660 3,798 0,994 13. Nesta empresa, eu sinto que faço parte do grupo. Afiliativa 0,629 4,056 0,919 16. Fazer parte do grupo é o que me leva a lutar por esta empresa. Afiliativa 0,519 3,882 0,934 Total do Fator 3,840 0,775 Fator 6 - Linha Consistente de Atividade (α=0,629) Fator Orig. Carga Média Desvio 21.Procuro não transgredir as regras aqui, pois assim sempre Linha Cons. manterei meu emprego. Atividade 0,668 3,848 1,112 23.Para conseguir ser recompensado aqui, é necessário expressar a Linha Cons. atitude certa. Atividade 0,649 3,955 0,962 Total do Fator 3,902 0,886 Quadro 4 Comprometimento Organizacional: Análise Fatorial, Média e Desvio Padrão Fonte: Elaborado pelos autores, com base nos resultados obtidos A maior média obtida (4,245) foi para o fator 1, relativo a Base Obrigação pelo Desempenho. Esta base encontra-se relacionada à crença do funcionário de que deve se esforçar para cumprir suas tarefas a fim de auxiliar a organização no cumprimento de seus objetivos (MEDEIROS et. al.,2005). Em relação a este fator, observa-se que a maior média obtida (4, 483) foi para a questão: (10) Eu tenho obrigação em desempenhar bem minha função na empresa. Neste sentido, percebe-se que existe, por parte dos pesquisados, um sentimento de obrigação em desempenhar suas atividades na cooperativa de modo satisfatório. Por outro lado, a menor média obtida (3,183) foi para a base Obrigação em Permanecer, a qual abarcou questões relacionadas à ao sentimento do funcionário de que tem obrigação em permanecer na empresa. A menor média obtida neste fator foi para a questão: (7) Eu me sentiria culpado se deixasse minha empresa agora, o que pode sinalizar que os funcionários não possuem um sentimento de culpa em deixar a organização. No que se refere à análise do desvio padrão, o maior valor obtido (0,977) foi para o fator 4 Escassez de Alternativas, o que revela que neste fator houve maior divergência entre as respostas dos pesquisados do que nos demais fatores. Por outro lado, o menor valor obtido (0,644) de desvio padrão foi para o fator 1 Obrigação pelo Desempenho, o que significa dizer os pesquisados foram coerentes em relação a este fator (HAIR et al., 2009). Uma vez que as médias obtidas para as bases do comprometimento resultaram em valores muito próximos, utilizou-se o teste t para amostras emparelhadas, a fim de verificar se existem diferenças significativas, como pode ser visualizado no Quadro 5. Pares Diferenças Pares Media Desvio t Sig. Obrigação pelo Desempenho - Afetiva 1,06220,93161 15,212,000 Obrigação pelo Desempenho - Obrigação em Permanecer,66332,67493 13,112,000 Obrigação pelo Desempenho - Escassez de Alternativas,96950 1,00161 12,914,000 Obrigação pelo Desempenho - Afiliativa,40490,62469 8,648,000 Obrigação pelo Desempenho - Linha Consistente,34310,76322 5,998,000 Afetiva - Obrigação em Permanecer -,39888,92342-5,763,000 Afetiva - Escassez de Alternativas -,09270 1,17253-1,055,293 Afetiva - Afiliativa -,65730,91895-9,543,000 Afetiva - Linha Consistente -,71910 1,11095-8,636,000 Obrigação em Permanecer - Escassez de Alternativas,30618 1,07636 3,795,000 Obrigação em Permanecer -Afiliativa -,25843,67119-5,137,000 Obrigação em Permanecer- Linha Consistente -,32022,90040-4,745,000 Escassez de Alternativas - Afiliativa -,56461 1,07654-6,997,000 12

Escassez de Alternativas - Linha Consistente -,62640 1,07857-7,748,000 Afiliativa Linha Consistente -,06180,88998 -,926,355 Quadro 5 Teste t Emparelhado entre as Bases do Comprometimento Organizacional Fonte: Elaborado pelos autores, com base nos resultados da pesquisa Através da análise dos dados constantes no Quadro 5, pode-se perceber que apenas entre as bases Afetiva e Falta de Recompensas e Oportunidades e Escassez de Alternativas e Linha Consistente de Atividade as diferenças de médias não são significativas, uma vez que obtiveram Sig superior a 0,05. Os resultados obtidos sinalizam para o fato de que há, por parte dos pesquisados, uma maior valorização da base Obrigação pelo Desempenho, uma vez que esta obteve médias estatisticamente significantes que as demais bases. Esta base caracteriza-se por estar relacionada ao comprometimento normativo, referindo-se ao sentimento de obrigação por parte do indivíduo em buscar atingir aos objetivos organizacionais, bem como esforçar-se para que a organização alcance resultados melhores (MEDEIROS et. al.;2005). Enfatiza-se ainda que houve uma menor valorização da base Obrigação em Permanecer, uma vez que obteve médias inferiores às demais. Este resultado sinaliza para o fato de que os funcionários da cooperativa não sentem obrigação em permanecer na mesma. Esta dimensão encontra-se também associada ao comprometimento normativo, contudo, reflete o sentimento de obrigatoriedade em ficar na organização, relacionando-se ao sentimento de dívida moral do funcionário (MEYER e ALLEN 1991). 6.3 A Relação entre Suporte Social no Trabalho e Suporte Organizacional e o Comprometimento A fim de atingir ao objetivo geral deste estudo, calculou-se o coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis, a fim de mensurar o grau em que existe associação linear entre os fatores em estudo (PESTANA e GAGEIRO, 2003). Através da análise do Quadro 6, percebe-se que, de um modo geral, as correlações entre os fatores sxistem correlações significativas entre os fatores, com exceção das correlações entre a base Obrigação em Permanecer (Obr.Per) e Afetiva (Afet.) e a percepção de Suporte Instrumental no Trabalho (S.S.Inst) e a base Escassez de Alternativas (Esc.Alter) e entre as Percepções de Suporte Social Emocional (S.S.E) e de Confiança (S.S.C). Pode-se perceber que todas as correlações obtidas entre os construtos são positivas. P.S.O Obr.Des. Obr.Per. Afet. Esc.Alter Afili. Lin.Cons. S.S.Inf S.S.Inst S.S.E S.S.C P.S.O 1,300 **,306 **,366 **,168 *,306 **,368 **,643 **,423 **,472 **,515 ** Obr. Des. 1,390 **,536 **,291 **,626 **,541 **,232 **,402 **,263 **,246 ** Obr. Per. 1,445 **,275 **,464 **,286 **,198 **,012,375 **,216 ** Afet. 1,242 **,611 **,401 **,216 **,136,315 **,154 * Esc.Alter 1,262 **,333 **,216 **,153 *,067,033 Afili. 1,432 **,233 **,217 **,258 **,236 ** Lin.Cons. 1,299 **,299 **,197 **,226 ** S.S.Inf 1,423 **,479 **,502 ** S.S.Inst 1,207 **,429 ** S.S.E 1,499 ** S.S.C 1 **Correlação é significativa ao nível de 0,01. *Correlação é significativa ao nível de 0,05. Quadro x Matriz Correlação entre as Percepções de Suporte e as Bases do Comprometimento Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa No que tange às correlações entre a Percepção de Suporte Organizacional (P.S.O) e as bases do comprometimento, os resultados demonstram que, no que se refere à intensidade de associação entre as variáveis, de modo geral, são classificadas como baixas, uma vez que encontram-se no intervalo compreendido entre 0,2 e 0,39, com exceção da correlação estabelecida com a dimensão Escassez de Alternativas (Esc.Alter), a qual é classificada como muito baixa (PESTANA e GAGEIRO, 2003). 13

A maior correlação (0,368) se deu entre a Percepção de Suporte Organizacional (PSO) e a base Linha Consistente de Atividade (Lin.Cons). Este resultado sinaliza que a crença acerca do funcionário acerca do grau com que a organização valoriza suas contribuições, se preocupa e cuida de seu bem-estar (EISENBERGER et. al,. 1986), encontrase associada ao componente instrumental do comprometimento, relacionado à tendência dos indivíduos em se engajarem em linhas consistentes de atividade,permanecendo na organização (BECKER, 1960). A menor correlação obtida entre estes construtos (0,168), por outro lado, se deu com a base Escassez de Alternativas (Esc.Alter). Neste sentido, percebe-se que há uma associação muito baixa entre a percepção do suporte fornecido pela organização e a crença de que existem poucas alternativas de trabalho, caso venha a deixar a cooperativa (MEYER e ALLEN, 1991; MEDEIROS et. al., 2005). No que se refere à relação entre a Percepção de Social no Trabalho e as Bases do Comprometimento Organizacional, pode-se observar que, a maioria das correlações se classificam como sendo de intensidade baixa, pois encontram-se no intervalo entre 0,2 e 0,39, (PESTANA e GAGEIRO, 2003). A maior correlação encontrada (0,402) se deu entre a base Obrigação pelo Desempenho (Obr.Des) e a Percepção de Suporte Social Instrumental no Trabalho (S.S.Inst). Este resultado demonstra que os indivíduos pesquisados associam o fornecimento de suporte relativo recursos materiais, financeiros, técnicos e gerenciais necessários à realização das tarefas (GOMIDE JUNIOR, GUIMARÃES e DAMÁSIO, 2004; 2008) com o sentimento de obrigação em buscar atingir aos objetivos organizacionais, bem como melhores resultados para a cooperativa (MEDEIROS et al., 2005). Por outro lado, os resultados evidenciaram que, a menor correlação obtida (0,153) se deu entre a base Escassez de Alternativas (Esc.Alter) e a Percepção de Suporte Social Instrumental no Trabalho (S.S.Inst). Este resultado sinaliza que, para os pesquisados, a percepção de suporte relacionado aos recursos materiais associa-se de forma fraca com a percepção de alternativas de emprego fora da cooperativa. Merece destaque o fato de que as menores correlações obtidas entre as percepções de suporte e comprometimento terem ocorrido em relação à base Escassez de Alternativas. Ainda, cabe acrescentar que, a percepção de suporte organizacional apresentou correlações significativas com todas as bases do comprometimento, corroborando com estudos anteriores, que enfatizam a associação entre os conceitos (PANACCIO evandenberghe, 2009). 7. Considerações Finais Este estudo teve como objetivo ampliar a compreensão acerca de como o as percepções de suporte no trabalho (suporte social no trabalho e suporte organizacional) se relacionam com o comprometimento organizacional em uma organização do tipo cooperativista. No que se refere ao suporte social no trabalho, os resultados demonstraram que, neste estudo, este demonstrou ser composto por quatro fatores: Percepção de Suporte Social Informacional, Instrumental, Emocional e de Confiança. Neste sentido, evidencia-se que há, por parte dos pesquisados, uma maior percepção em relação ao Suporte Instrumental, enquanto uma menor percepção em relação ao suporte Emocional. Estes resultados sinalizam que, se por um lado a cooperativa disponibiliza os recursos materiais necessários a realização das atividades, por outro, os funcionários percebem que existe uma carência em relação ao apoio emocional disponibilizado pela mesma. Em relação à percepção acerca do suporte advindo da organização, os resultados remetem ao entendimento de que, na percepção dos pesquisados, a cooperativa os auxilia na resolução dos problemas. Contudo, os mesmos manifestaram que há uma carência em relação à percepção da preocupação da cooperativa com a sua satisfação no trabalho. 14