LABORATÓRIO DE ALFABETIZAÇÃO: REPENSANDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES. Resumo ANTUNES,Helenise Sangoi-UFSM professora@helenise.com.br AVILA, Cinthia Cardona de- UFSM cinthysm@yahoo.com.br FELTRIN, Selma Nanci 1 selmananci@yahoo.com.br SILVA, Giana Friedrich da 2 gianafriedrich@hotmail.com SILVA, Maria Lúcia Leite da 3 malucialeite2006@yahoo.com.br Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente. Não contou com financiamento. O projeto Laboratório de alfabetização: repensando a formação de professores é coordenado pela Profª Drª Helenise Sangoi Antunes (PPGE/UFSM), está vinculado ao GEPFICA (Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Formação Inicial Continuada e Alfabertização). Esse projeto pretende estabelecer intercâmbio entre as escolas em situação de vulnerabilidade social, os professores e o Laboratório de Alfabetização Itinerante, buscam contribuir para o processo de alfabetização e letramento, repensar a prática pedagógica vigente nos primeiros anos do ensino básico nas escolas públicas de Santa Maria/ RS e, ao mesmo tempo, efetivar a parceria institucional de ensino, pesquisa e extensão com os professores da Rede Pública de Ensino de Santa Maria e região. Além disso, busca proporcionar experiências que possam contribuir para a formação inicial das acadêmicas envolvidas. Fazem parte deste projeto, acadêmicas dos cursos de Pedagogia e Educação Especial, professoras e alunos dos anos iniciais de escolas públicas de Santa Maria. Ao longo do texto são usadas considerações de Emilia Ferreiro ; Ana Teberosky (1985) a respeito do processo de alfabetização. A metodologia utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa, caracteriza-se por uma abordagem qualitativa, pautada nas reflexões propostas por Bogdan; Biklen (1994). Os instrumentos de coletas de dados, são: registros em diário de campo, oficinas, entrevistas semi-estruturadas, desenhos, relatos autobiográficos e um laboratório itinerante de jogos. Concomitante a este trabalho, são 1 Professora da rede municipal de Santa Maria 2 Professora da rede municipal de Santa Maria 3 Professora da rede municipal de Santa Maria
3144 realizadas reuniões de estudos para aprofundamento teórico sobre aspectos relacionados à alfabetização, letramento e formação de professores. Esta escrita é um dos meios de divulgação das ações de ensino, pesquisa e extensão que vem sendo realizadas nas escolas e na universidade. Palavras-chave: Alfabetização. Formação. Prática. Introdução O projeto de título: Laboratório de Alfabetização: repensando a Formação de Professores teve seu inicio no ano de 2002, e as suas atividades ainda se encontram em andamento, uma vez que percebemos a importância dessas na formação inicial de acadêmicas dos cursos de Pedagogia e Educação Especial da UFSM, assim como para a formação continuada das professoras, à inserção em pesquisa científica da Rede Municipal de Santa Maria e para o desenvolvimento das dificuldades dos alunos envolvidos. Este projeto é uma das ações do GEPFICA (Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Formação Inicial, Continuada e Alfabetização), da Universidade Federal de Santa Maria, coordenado pela Profª. Drª. Helenise Sangoi Antunes e está sendo desenvolvido na Escola Estadual Professora Celina de Morais. Dele participam acadêmicas dos cursos de Pedagogia e Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria, professoras da Rede Municipal de Santa Maria e alunas do Programa de Pós- Graduação em Educação. O foco principal das atividades desenvolvidas na Escola Professora Celina de Morais está centrado em alunos com dificuldades na área na alfabetização, oriundos da ocupação do km3 e, grande parte deles, se encontram em situação de vulnerabilidade social. Nesse sentido, esse trabalho, tem como justificativa as atividades de extensão e a contribuição significativa para a formação continuada das professoras, oportunizando assim, a experiência das participantes com a prática docente, levando para as acadêmicas uma linha mais tênue entre a teoria e a prática. O trabalho consiste, inicialmente, com uma análise do nível de lecto-escrita de cada aluno, por meio de um sistema de testagem. A partir disto, as professoras planejam a intervenção com as crianças, sempre norteadas pela prática lúdica e construtivista, buscando suprir as necessidades e dificuldades apresentadas, também consideram a realidade sóciocultural dos alunos envolvidos. Para os atendimentos, são utilizados jogos pedagógicos disponíveis no acervo do GEPFICA - Grupo de Estudos e Pesquisas em Formação Inicial, Continuada e Alfabetização,
3145 obtidos através do financiamento do FNDE/MEC. E, para a construção das atividades de avaliação, utilizamos a Coleção de Instrumentos de Alfabetização, material elaborado pelo CEALE- Centro de Alfabetização, Letramento e Escrita, obtido através do Convênio Interinstitucional entre GEPFICA e CEALE, vinculado à Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. O projeto Laboratório de Alfabetização: repensando a formação de professores é o projeto que abriga outros sub-projetos: o I Curso de Formação de Profissionais da Educação: A Escola que Protege, financiado pela SECAD/MEC; o convênio entre o CEALE que possibilita a formação continuada de professores de educação básica em diversos municípios do Rio Grande do Sul, tendo com suporte a Coleção Instrumentos da Alfabetização. Além das ações realizadas na Escola Estadual Professora Celina de Morais. Neste sentido, construímos o esboço abaixo para compreendermos as relações entre o projeto Laboratório de Alfabetização e seus sub- projetos. O I Curso de Formação de Profissionais da Educação: A Escola que Protege. A partir do projeto Laboratório de Alfabetização: repensando a formação de professores, concorremos no ano de 2008 e 2009 o edital Escola que Protege, com o qual ganhamos financiamento para realizar o I Curso de Formação de Profissionais da Educação: A Escola que Protege, oportunizando a formação continuada de 1000 profissionais ligados a educação, infância e/ou juventude, com a carga horária de oitenta horas. Esse curso tem por objetivo possibilitar o acesso desses profissionais a informações que os auxiliem a reconhecerem crianças vítimas de violência.
3146 O Convênio Interinstitucional entre o Ceale/ UFMG e o Gepfica/ UFSM. O convênio estabelecido pelo Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Formação Inicial, Continuada e Alfabetização no ano de 2006 com o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita vem trazendo inúmeros benefícios para o sul do país. Foi através dessa parceria que o GEPFICA passou a integrar a Rede Nacional de Formação, possibilitando que os professores da educação básica do Rio Grande do Sul tivessem a oportunidade de receber formação continuada de qualidade na temática Alfabetização e Letramento. O convênio foi estabelecido através do projeto Laboratório de Alfabetização: repensando a formação de professores. A primeira etapa do projeto contou com a vinda de duas professoras da UFMG, pesquisadoras do CEALE: Maria da Costa Val e Isabel Frade que ministraram um curso de 60 horas a fim de formar os tutores para atuar na formação continuada dos professores da educação básica. Desde então inúmeras parcerias tem sido estabelecido entre prefeituras da região para qualificação dos profissionais que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental. Até o momento o curso foi realizado em 12 (doze) municípios do Rio Grande do Sul: Santa Maria, no qual o curso foi realizado na escola Celina de Moraes; Santa Cruz do Sul; Formigueiro, Itaara, São Pedro do Sul, Restinga Seca, Vila Nova do Sul, São Borja, Itaqui, Faxinal do Soturno, Nova Palma e São João do Polêsine. Através desses cursos, possibilitamos a formação de mais de 360 profissionais, em uma média de 30 professores por município. É importante destacar que grande parte dessas formações foram oportunizadas através de parcerias com o GEPFICA, CEALE e MEC, que através de seus projetos de incentivo a formação possibilitou a muitos municípios a aquisição do kit Instrumentos da Alfabetização sem ônus algum. O material que é oferecido para os professores realizarem o curso, foi desenvolvido pelos diversos pesquisadores que fazem parte do CEALE (capas ilustradas em anexo). A partir do material foi organizado um roteiro de trabalho para ser seguido, conforme as necessidade e demandas de cada local. O planejamento conta com a uma estrutura construída em várias mãos, pelos diversos profissionais do GEPFICA que tem atuado no desenvolvimento dos cursos, contando assim, com auxilio de diversos recursos audio-visuais.
3147 As práticas realizadas na escola As atividades que estão sendo desenvolvidas nesse projeto, acontecem na Escola Estadual Celina de Morais, localizada na periferia de Santa Maria/RS, desde o ano de 2005, e justifica-se pela necessidade demonstrada pelos alunos e sentidas pelas participantes (professoras e acadêmicas) em ter atenção mais direcionada e diversificada no âmbito da alfabetização, porque esses alunos apresentam dificuldades nessa área. Além disso, a escola sempre demonstra interesse em que o projeto permaneça, pelos ótimos resultados alcançados em anos anteriores. A prática baseia-se em estudos realizados por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, por considerarem a criança como sujeito ativo no processo de alfabetização. Porque No lugar de uma criança que espera passivamente o reforço externo de uma resposta produzida pouco menos que ao acaso, aparece uma criança que procura ativamente compreender a natureza da linguagem que dê fala a sua volta, e que, tratando de compreendê-la, formula hipóteses, [...]. (FERREIRO,1985, p.22) Essas hipóteses são estudadas pela autora Emilia Ferreiro (1985), e denominadas níveis da lecto-escrita. A autora faz um estudo longitudinal do processo de alfabetização e conclui que todas as crianças formulam hipóteses a respeito da escrita até chegarem ao estado de alfabetizadas verdadeiramente. É a partir dessas considerações a respeito da escrita da criança que acontecem os encontros na escola já mencionada. Lá as participantes do projeto verificam em qual nível se encontra cada criança para, a partir de então, trabalhar a escrita da língua falada, ou seja, alfabetizar. Pois, segundo Ferreiro (1985), a maneira como a criança concebe a leitura e a escrita é ponto de partida para que o professor possa propor uma linha de ação, que contemple tais concepções. Após essas análises do processo de alfabetização de cada criança, as participantes (professoras e acadêmicas) desenvolvem suas práticas, a fim de contribuir/auxiliar a criança no processo de alfabetização. Esse processo deve se transforma em uma experiência significativa, onde a reflexão sobre a escrita e a leitura considere o seu valor enquanto objetos sociais, permitindo à criança a sua manipulação e a sua apropriação, a fim de que ela possa transformá-la e recriá-la. Nesse sentido, Luria (1990), Teberosky; Ferreiro (1985), Ferreiro (1989, 1991) buscaram, em suas
3148 pesquisas, mostrar como a criança constrói a lecto-escrita, isto é, quais as concepções sobre os usos e funções e os processos pelos quais elas passam até tornarem-se alfabetizadas. A maneira como a criança caminha para a alfabetização é muito importante para o professor poder ensiná-la. A partir do conhecimento de qual nível a criança se encontra na escrita, o professor poderá criar metodologias e maneiras mais eficazes para o sucesso na alfabetização. Com isso, esse projeto preocupa-se em considerar os níveis que as crianças participantes se encontram, pela importância que a autora Emilia Ferreiro (1985) aponta desses níveis para o ensinamento da palavra escrita. Considera Golçalves (2005, p.36) O modo de ensinar irá depender do estágio de desenvolvimento cognitivo em que o aluno se encontra, bem como das situações ambientais que irão predispô-lo à aprendizagem, portanto a maneira de ensinar a criança deverá levar em consideração todas as situações ambientais (inclusive fora da escola), verificando se essas situações são propicias para uma aprendizagem ou não. O trabalho realizado na Escola Celina de Morais busca considerar as situações que o aluno vive fora da escola, partindo do pressuposto de que ele está em uma situação de vulnerabilidade social, onde, muitas vezes, vem para a escola com fome ou então faz pedidos na rua, à procura de um abrigo ou de um alimento. O difícil acesso, e precariedade nas condições financeiras, de comprar um livro, um caderno, um lápis e, até mesmo, comida. A realidade que essas crianças vivem, em situação de risco, contribui nas dificuldades apresentadas em sala de aula. Considerando que o aluno, ao ingressar dentro da escola, não deixa seus problemas e sua realidade fora dela. Um dos objetivos desse projeto é levar em consideração o meio onde as crianças estão inseridas, entendendo que esse meio influencia significativamente no e para o aprendizado do aluno. Essa questão não pode ser deixada de lado quando se trata de crianças que encontram-se num meio vulnerável, onde muitas vezes, não tem o incentivo necessário para o estudo. Além disso, essas crianças já não possuem infância, já não brincam mais, muitas vezes tem responsabilidade de um adulto, que é a de levar dinheiro e/ou comida para casa. Essas situações interferem no momento da aprendizagem do aluno dentro da escola, especificamente, no processo da aquisição do sistema de escrita. Levando em consideração os aspectos citados, o trabalho na escola está acontecendo duas vezes por semana nesse semestre (I /2009), com o total de vinte e dois participantes (alunos, professoras da rede municipal e acadêmicas dos cursos de Pedagogia e Educação
3149 Especial). Os alunos se encontram no 2º ano e 3º ano, com idades entre 9(nove) e 11 (onze) anos. Estes participam do projeto pela grande dificuldade ainda apresentada na alfabetização. Eles foram encaminhados pelas professoras regentes da escola, que acreditam que o projeto os auxiliaria no processo de aquisição da língua escrita. Os alunos, apesar da idade avançada, ainda possuem dificuldades na área da alfabetização, mas podemos considerar Lima (1986, p. 65) que diz Caso uma criança não se alfabetize aos sete/oito anos ou, ao contrário, antecipe-se e está alfabetizada aos cinco/seis anos, isto não muda do ponto de vista do seu desenvolvimento. Certamente existem tempos diferentes para cada aquisição, dependendo da criança, do seu meio e da sociedade onde vive. O processo de alfabetização não pode ser considerado isolado. Deve-se levar em consideração tudo que a criança vivencia, sendo a dificuldade nesse processo decorrência de algum problema que a criança esteja enfrentando ou vivenciando. O professor precisa saber que esse processo não é isolado, e sim uma construção, que outros fatores, podem interferir nesse aprendizado. Nesse sentido, é que o projeto Laboratório de alfabetização: repensado a formação de professores busca auxiliar professoras que estão em formação, e aquelas já formadas, na sua construção como educadora, para que possam ter a ampla visão do aluno como um ser imerso num ambiente que influencia na sua aprendizagem. Para os atendimentos são utilizados jogos pedagógicos que trabalham com a alfabetização, memória, atenção e concentração. Através desses jogos, a criança interage com o professor e com o colega, tornando, assim, a aprendizagem mais livre, leve, divertida. Além disso, o professor explora não só aspectos relacionados à alfabetização, como também a memória do aluno, a atenção, a concentração e o raciocínio, que são necessários no aprendizado da língua escrita. Nos encontros realizados na escola, busca-se beneficiar o aluno, ajudando-o no seu processo de aprendizagem, onde A função do professor é propiciar um ambiente rico em situações para que o aluno construa seu sistema de significação e, através de novas experiências, expresse seus pensamentos, sentimentos e emoções. (GONÇALVES, p.35)
3150 Para isso, o professor precisa criar estratégias, metodologias, maneiras para facilitar a aprendizagem do aluno, diferenciando-as das utilizadas dentro da sala de aula. Por isso, nas práticas desenvolvidas na escola, faz-se o uso dos jogos pedagógicos, onde o ensino é dado de uma maneira diferenciada. A partir dessa idéia, tenta-se desenvolver na criança conceitos que dentro da sala de aula, daquela maneira tradicional, ela não consegue aprender. Além dos atendimentos feitos com os alunos na escola, são realizadas reuniões semanais com as professoras e acadêmicas envolvidas, para aprofundar e trocar experiências a respeito de alfabetização e letramento. As ações desenvolvidas pelas participantes do projeto são de suma importância, tanto para sua formação acadêmica como para a continuada. Isso é percebido nessas reuniões, onde elas relatam seus contatos com esses alunos e suas aprendizagens no âmbito da alfabetização. A metodologia utilizada para esse trabalho é qualitativa, está baseada nas reflexões de Bogdan; Biklen (1994) tendo como pressupostos para sua escolha, principalmente, no que diz respeito as suas características e os instrumentos de coleta de informações utilizados. Acreditamos que a metodologia constitui-se em um processo de reflexão que apresenta os elementos necessários para auxiliar o pesquisador na compreensão e análise da realidade a ser investigada. Nesse sentido, esta investigação é um estudo que busca conhecer o significado de uma metodologia lúdica no processo de construção da lecto-escrita de crianças que frequentam os atendimentos. Conforme estudos desenvolvidos por Bogdan; Biklen (1994), Antunes (2001), Deslandes (1994), a interação do pesquisador com os sujeitos se constitui num elemento significativo nas pesquisas qualitativas, pois permite uma aproximação entre os envolvidos, possibilitando um conhecimento mais profundo do contexto sociocultural, que eles estão inseridos. Alguns resultados As atividades na Escola Celina de Moraes ainda se encontram em andamento. Porém, percebemos resultados significativos na aprendizagem dos alunos. A cada encontro verificamos que ele apreendeu conhecimentos que, no encontro anterior, ainda não tinha apreendido. Nos resultados dos trabalhos anteriores, fica clara a relevância desse projeto, tanto para a aprendizagem dos alunos quanto para a formação dos participantes envolvidos.
3151 Podemos, aqui, citar depoimento de uma participante, do ano de 2008, que reflete sobre a sua prática e faz novas considerações a respeito da aprendizagem do aluno Durante o convívio com os alunos constatamos que o problema da violência familiar e violação dos seus direitos básicos como alimentação, afeto são os mais presentes. Eles têm um cotidiano muito diferente do que é ensinado na escola. Na escola eles aprendem que é importante estudar para ter uma profissão, para "ser alguém na vida". No entanto, muitas vezes estas crianças desde já trabalham para ajudar a sua família e, na maioria das vezes, trabalhar para ela, é uma questão de sobrevivência. (PARTICIPANTE DO PROJETO N, 2008) Com esse depoimento, percebemos que o projeto vai muito além de ensinar a criança a ler e escrever, faz o professor ou futuro professor refletir sobre o que interfere na aprendizagem dos alunos e na sua prática frente a esse aluno. A escola envolvida no projeto, a cada ano, nos mostra a necessidade de continuar atuando e mostra os resultados que, ao longo do projeto, foram atingidos. Crianças com idades entre 8 a 10 anos, que antes desses atendimentos não conseguiam ler e escrever, depois desse período, já desenvolvem o seu processo de alfabetização. Além disso, ressaltamos que os principais objetivos desse projeto foram alcançados ao longo do ano, tais como pesquisas a cerca dos temas alfabetização e letramento, estabelecimento do intercâmbio de universidade e escola, organização e consolidação da formação continuada de professores da Rede Municipal de Santa Maria e região, formação inicial das acadêmicas envolvidas no projeto, realização de oficinas de estudos sobre alfabetização, seleção e organização de estratégias pedagógicas, que proporcionaram à aprendizagem dos alunos em vulnerabilidade social e divulgação dos resultados do projeto em eventos na área da educação. Considerações Finais Tendo em vista os objetivos que almejamos sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido, podemos dizer que esta pesquisa, gradativamente, os atingiu. A temática do trabalho sempre muito clara e previamente planejada, fez com que chegássemos a resultados significativamente satisfatórios. Principalmente, a respeito dos estudos teóricos desenvolvidos no ano anterior (2008), sobre os níveis da lecto-escrita, buscados pelas acadêmicas e professoras participantes das atividades do projeto. Os estudos e acréscimos, na prática, vem
3152 se mostrando extremamente eficaz, principalmente em relação a formação inicial das acadêmicas, bem como na formação continuada das professoras envolvidas no projeto. Também, nele, estão incluídas as atividades lúdicas - uma mote de peso - que, notadamente possibilitam oportunidades e melhorias para os alunos, que encontram dificuldades no processo de alfabetização leitura e escrita. No entanto, para que tudo isso aconteça e nos propicie bons resultados, como até então, é de extrema importância que tenhamos crença sobre a capacidade de aprendizagem dos alunos sujeitos dessa pesquisa que, embora permaneçam enfrentando dificuldades na área de alfabetização e, muitos deles se encontram em situação de vulnerabilidade social e em espaços de condições adversas, peculiares à própria situação socioeconômica, ainda assim são capazes de gerir a própria existência desde que tenham o amparo necessário, pois a criança é o já, é o agora. Não é para amanhã. Ela é o amanhã. Na verdade, esses alunos sujeitos de pesquisa, são sujeitos de direito, são pessoas em formação, são capazes de se superarem. Todavia, além do amparo que deva ser dado a eles, é necessário que sejam oferecidas condições, aos profissionais, de ampliarem o seu campo de atuação do real social, possibilitando-lhes políticas públicas de intervenção, que os habilite à pesquisa e produção de conhecimento mais amplo na área a que se inserem. Frente a essas considerações, que apontam uma emergência potencial, embrionária, de interiorização e de novas concepções do modo como essas crianças concebem a leitura e escrita levando em conta as adversidades vivenciadas por elas e suas limitações e o que pode ser (re) visto, proposto e oportunizado para os profissionais repensarem a sua prática e tornarem-se melhor capacitados, pode ser o ponto de partida que contemple a uma mudança de paradigmas, de uma melhorada linha de ação frente a novas concepções na área da alfabetização com diversas outras e isto, acreditamos que é possível. Este trabalho, portanto, atesta a necessidade do poder de melhoramento, principalmente, pelo intercâmbio entre escolas da rede pública municipal e estadual, com alunos em situação de vulnerabilidade social. Oportuniza, pois, a melhoria do processo de alfabetização e letramento. Porque, comprovadamente, torna acadêmicos e professores envolvidos em contextos específicos e reais, comprometidos com práticas mais engajadas do ponto de vista socioeducacional é a migração de uma consciência ingênua na área de alfabetização e no processo de leitura e escrita para uma consciência mais engajada
3153 socialmente, mais crítica, não vista como um ponto final, mas um processo, um tornar-se algo que está sempre indo além. Por fim, temos fortes razões para acreditar na continuidade desse trabalho e na inserção em pesquisa científica de professores das redes participantes, pelo produto eficaz por ele proporcionado. REFERÊNCIAS ANTUNES, H. S. Ser aluna, ser professora: uma aproximação das significações sociais instituídas e instituintes construídas ao longo dos ciclos de vida pessoal e profissional. Tese (Doutorado). Porto Alegre: UFGRS, 2001. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. K. Investigação Qualitativa em Educação: Uma introdução à teoria e aos métodos. 4 ed.porto: Porto, 1994. DESLANDES, S. F. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994. FERREIRO, Emília; TEBEROSKI, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. / trad. de Diana Myriam Lichtenstein et al. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985..Reflexões sobre a alfabetização. 14 ed. São Paulo: Cortez, 1989.. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 1991. GONÇALVES, M. O ensinar e o aprender: reflexões sobre alunos com dificuldades na aprendizagem nos anos iniciais. Antunes, H. S. (org).tragetória docente: o encontro da teoria com a prática. Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Educação, Departamento de Metodologia do Ensino, 2005, p.33 a p.41. LIMA, A. F. S. de O. Pré-escola e Alfabetização: uma proposta baseada em P. Freire e J. Piaget. Petrópolis, RJ: Editora Vozes Ltda,1986. LURIA, A. R. Desenvolvimento Cognitivo. Seus fundamentos culturais e sociais Tradução Fernando Limogeli Gurgueira. São Paulo: Ícone, 1990.