A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO CURSO DE ENFERMAGEM DO CESUMAR SOB A ÓTICA DO SUS



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Transcrição:

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN 978-85-8084-055-1 A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO CURSO DE ENFERMAGEM DO CESUMAR SOB A ÓTICA DO SUS Lizyanne Saldanha Soares 1, Natalia Máximo Souza Lima 2, Raquel Gusmão Oliveira 3 RESUMO: As Diretrizes Curriculares Nacionais para a área de Saúde serviram de indutores às instituições de ensino para a integração ao SUS e para adoção de novos currículos e estratégias pedagógicas inovadoras, considerando o aluno como sujeito e protagonista de seu processo de ensino-aprendizagem. No entanto, tais mudanças ainda são lentas nos cursos de Enfermagem. Nesse sentido, identificar como cursos de enfermagem têm se preocupado em impulsionar tais mudanças na formação dos profissionais, como são orientadas as práticas integradoras para o SUS, e como se organiza a orientação pedagógica são fundamentais para a qualidade da atenção a saúde. Diante disso, o trabalho tem como objetivo analisar os de planos de ensino, os trabalhos de conclusão de curso e os roteiros das práticas clínicas do curso de enfermagem do CESUMAR, buscando identificar sinalizadores de orientação para o SUS, (ensino, gestão, atenção, controle social). Os dados foram coletados em planilhas e analisados de acordo com o referencial teórico de Bardin. Observou-se que Atenção a Saúde é referencia na elaboração dos TCC, evidenciando que outros temas devem mais explorados, os planos de ensino do 1º e 2º ano merecem atenção especial no que se refere à integração dos temas do eixo de suas respectivas series, e os roteiros de praticas mostram claramente o alinhamento aos conceitos do SUS, pois valorizam a integração com os serviços da rede publica e permite ampla participação do alunado. A pesquisa contribui desta forma para ajustes e reorientação das atividades no curso. PALAVRAS-CHAVE: Atenção básica, recursos humanos, Sistema Único de Saúde. 1 INTRODUÇÃO As Diretrizes Curriculares Nacionais para a área de Saúde foram consideradas um avanço à possibilidade de corresponder as necessidades de saúde da sociedade brasileira, representando um estímulo para as instituições de ensino em se integrar ao SUS e adotar novos currículos e estratégias pedagógicas inovadoras, tendo o aluno como sujeito e protagonista de seu processo de ensino-aprendizagem (SILVA et al., 1998). Neste contexto surge o conceito do quadrilátero de formação dos profissionais de saúde: o ensino, a gestão, a atenção a saúde e o controle social. O quadrilátero é uma teoria/ferramenta de análise critica da educação no setor saúde que permite construção de novos caminhos na gestão da educação na saúde, integrante da gestão do sistema de saúde sustentado pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. 1 Discentes do Curso de Enfermagem. Departamento de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá Cesumar, Maringá Paraná. Programa de Iniciação Científica do Cesumar (PICC). natalia_maximo@hotmail.com; lizy_soares@brturbo.com.br 2 Orientadora e docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá Cesumar, Maringá Paraná. raquel.oliveira@cesumar.br

Trata-se de uma proposta para implementar processos no intuito de causar impacto no ensino, na gestão setorial, nas práticas de atenção e no controle social em saúde, buscando desenvolver condições de atendimento às necessidades de saúde das pessoas e das populações, da gestão setorial e do controle social em saúde, redimensionando o desenvolvimento da autonomia das pessoas até a condição de influencia na formulação de políticas do cuidado (CECCIM; FEURWERKER, 2004). A formação do enfermeiro deve garantir que esse profissional esteja apto para atuar no contexto do SUS dentro de seu âmbito de atuação e estarem aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, garantindo uma prática integrada e contínua na rede de serviços de saúde (FEURWERKER, 2004). Diante disso buscou-se identificar sinalizadores de orientação para o SUS no Curso de Enfermagem de uma Instituição de Ensino Superior Privada (Ensino, Gestão, Atenção à Saúde e Controle social). 2 MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa, onde foram analisados documentos do curso de Enfermagem de um Centro Universitário localizado em um município do norte do Paraná. Foram analisados os Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do ano de 2009, em relação ao tema em estudo, tendo como categorias pré-estabelecidas Atenção a Saúde, Ensino/Educação, Gestão e Controle Social. Nos planos de ensino, procurou-se analisar ementas, objetivos e conteúdo programático das disciplinas consideradas profissionalizantes, buscando estabelecer conexões/ligação coerentes entre o eixo da série proposto no Projeto Pedagógico do Curso, ou seja, O processo saúde-doença e a realidade social na 1ª série, A promoção a saúde como instrumento da assistência/cuidado de enfermagem na 2ª série, Assistência/cuidado integral de enfermagem nos serviços de saúde na 3ª série e Gerenciamento e supervisão da assistência de enfermagem na 4ª série. Também foram avaliados os roteiros das práticas clínicas, verificado se as atividades estavam de acordo com os princípios de Campos e colaboradores (2001), no que se refere aos cenários de práticas (locais de prática, âmbito escolar e abertura dos serviços próprios das instituições acadêmicas às necessidades do SUS e grau de participação dos estudantes nas atividades práticas). Para análise dos dados foi utilizado como referencial Bardin (1977), para análise de conteúdo. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisados 97 TCCs e estabelecidos previamente quatro categorias: Atenção a Saúde, Ensino/Educação, Gestão e Controle Social. A categoria Atenção a Saúde foi identificada 69,3% dos TCCs, sinalizando que a pesquisa no curso está voltada para os problemas de saúde e o cuidado. Esse fato é preocupante se tal Atenção está apenas voltada para ações individuais e curativas, mas merece destaque se integra o conhecimento sobre a realidade, o trabalho multiprofissional e transdisciplinar e ação intersetorial e a humanização (CECCIM, 2004). A categoria Ensino/Educação foi observada em 23,8% dos trabalhos, o que nos leva a discutir o impacto do tema Educação durante o curso, acreditando que é necessária a discussão de novas estratégias pedagógicas e a adoção de novos currículos. Ceccim (2004), também considera que a formação para o SUS deve abranger a educação permanente e o pressuposto de que aprendizagem significa transformação das práticas profissionais baseadas na reflexão crítica sobre as práticas de profissionais reais em ação na rede de serviços.

A categoria Gestão aparece em 10,2% dos trabalhos, demonstrando assim que o tema deve ser mais explorado, buscando assim influenciar no processo de trabalho de modo que a gestão contemple avaliação de processos de trabalho, planejamento e avaliação dos serviços de saúde, buscando assim a transformação da prática profissional, baseando-se na reflexão crítica sobre o trabalho em saúde e a experimentação da alteridade com os usuários. A categoria Controle Social aparece apenas em 6,8% dos trabalhos, demonstrando que tal tema tem sido pouco explorado, merecendo mais atenção e discussão ao longo do curso. Segundo Ceccim, (2004), o controle social visa ampliar a capacidade de pensar em um contexto social e cultural, ampliando a autonomia e a capacidade de intervenção das pessoas sobre suas próprias vidas. Em relação aos planos de ensino pudemos identificar também as quatro categorias propostas. Vale ressaltar que o plano de ensino é um roteiro organizado das unidades didáticas para um ano ou semestre. Tem como justificativa as considerações sobre as funções sociais e pedagógicas da educação escolar na nossa sociedade, tendo em vista deixar claro para o aluno o objetivo que o professor deseja alcançar no trabalho com os alunos, explicitando as formas metodológicas para atingir os objetivos, com base nos princípios didáticos e no método próprio de cada disciplina, tendo em vista a assimilação ativa dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos (LIBANEO, 1994). Na categoria conhecendo o processo saúde-doença (relacionando o processo saúde-doença, à realidade social), buscamos identificar nas disciplinas a relação estabelecida na comunidade, e que de alguma forma expresse a atuação na comunidade e da comunidade, referindo-se ao controle social. Foi observado que nas disciplinas Semiologia e Semiotécnica I, Epidemiologia e Bioestatística e Enfermagem na Organização dos Serviços de Saúde, o tema é contemplado no objetivo de cada disciplina, no entanto, não aparece na ementa e no conteúdo programático. Ao constatarmos que o tema aparece apenas nos objetivos verificamos a necessidade de revisão de conteúdos, pois para alcançar os objetivos propostos é necessário abordar tal conteúdo, sendo necessária a revisão desses conteúdos. Na disciplina Enfermagem como Profissão o tema é contemplado somente no conteúdo programático e na disciplina Projeto Integrado I aparece na ementa e no conteúdo programático. Quando o tema não aparece nos objetivos e apenas no conteúdo concluímos a necessidade de revisão sistemática dos planos para adequação dos objetivos Na categoria atuando no processo saúde-doença (a promoção a saúde como instrumento da assistência/cuidado de enfermagem), buscamos identificar temas relacionados à educação como estratégia para a promoção a saúde, caracterizando assim o tema educação. Em relação às disciplinas Semiologia e Semiotécnica II e Projeto Integrado II, o tema aparece no objetivo e no conteúdo programático; já na disciplina Enfermagem em Saúde Coletiva o tema aparece somente no objetivo. O fato do tema não aparecer no conteúdo programático de uma disciplina, aponta a necessidade de revisão de tal conteúdo, pois existe relação direta entre objetivo e conteúdo, o conteúdo permite alcançar os objetivos propostos. Segundo Libâneo (1994), o plano de ensino é um roteiro organizado das unidades didáticas para um ano ou semestre, tendo em vista deixar claro para o aluno o objetivo e de que forma o professor deseja alcançar no trabalho, sendo que o objetivo da disciplina auxilia o professor a traçar a orientação geral do seu plano, ou seja, os objetivos específicos vão direcionar o trabalho docente tendo em vista promover a aprendizagem dos alunos.

Sendo assim a organização e planejamento dos planos de ensino devem ser feitas de maneira planejada e refletida, visto que é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações e se não se pensar o rumo que se deve dar ao trabalho, há possibilidades de ficar sem rumo no decorrer do caminho. Na categoria interagindo no processo saúde-doença (assistência/cuidado integral de enfermagem nos serviços de saúde) buscou-se identificar à temática da Atenção a Saúde, e constatou-se que o tema aparece nas ementas, nos objetivos e no conteúdo programático de todos os planos das disciplinas analisadas. Na categoria gerenciando o processo saúde - doença (gerenciamento e supervisão da assistência de enfermagem) onde o foco é a gestão a disciplina Estágio Supervisionado na Atenção integral tem o tema identificado na ementa, objetivo e conteúdo programático. Libâneo (1994) explica que o planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social, considerando que o plano é um guia, pois nele são estabelecidas as diretrizes e os meios de realização do trabalho docente, que deve ter objetividade e coerência entre idéias e praticas. O planejamento não assegura, por si só, o andamento do processo de ensino. É preciso, pois que os planos estejam continuamente ligados à prática, de modo que sejam sempre revistos e refeitos. Os roteiros de práticas quando analisados permitiram o estabelecimento das seguintes categorias: diversidade de cenários, serviços universitários abertos ao SUS, participação do alunado nas práticas. Na categoria, diversidade de cenários, observou-se que as disciplinas do 2º ano de Semiologia e Semiotécnica I e Saúde Coletiva possuem 80 horas de pratica no decorrer do ano letivo e que ocorrem em hospitais públicos e filantrópicos e em Unidades Básicas de Saúde. Do mesmo modo os cenários das praticas das disciplinas do 3º ano, Saúde da criança e do adolescente (60 horas), Saúde da Mulher (60 horas), Saúde Adulto (100 horas), Saúde mental (40 horas), Atenção ao cliente de alto risco (40 horas) são diversificados entre Hospital e Unidades Básicas com cargas horárias dividida entre os cenários. A disciplina de 4º ano de Estágio Supervisionado na Atenção Integral com 630 horas também apresenta cenário diversificado entre serviços públicos, filantrópicos e Unidades Básicas de Saúde integradas ao SUS. A categoria, serviços próprios abertos ao SUS, se destaca, pois, observou-se a presença de uma Unidade Básica de Saúde nas dependências da Instituição totalmente ligada ao SUS, mantida em parceria Escola-Serviço, favorecendo o ensino significativo vinculado a realidade de saúde da uma população e a interação ativa do aluno com a população e profissionais de saúde, e proporcionando ao aluno trabalhar sobre problemas reais, assumindo responsabilidades crescentes como agente prestador de cuidados, compatíveis com seu grau de autonomia. E na categoria, participação do alunado nas práticas, identificamos que esta se inicia apenas no 2º ano, com atividades selecionadas pelo professor, mas ocorre ampla participação clinica e comunitária do aluno. No terceiro ano a participação também é ampla em diversas atividades direcionadas de acordo com a disciplina e sempre acompanhada pelo professor supervisor. No estágio do 4º ano as atividades são desenvolvidas com ampla participação dos alunos, na busca de promover autonomia e responsabilidade. 4 CONCLUSÃO A análise de trabalhos de conclusão de curso, planos de ensino e roteiros de práticas permitiu a identificação de temas e rumos do Curso de enfermagem. Tal prática se mostra importante na atualização e discussão da formação de recursos humanos para

a Saúde, pois assim é possível corrigir erros, acertar desvios e propor novas metodologias e práticas pedagógicas. Foi possível observar que a Atenção a Saúde é um tema de referencia na elaboração dos TCC, e que os outros temas devem mais explorados, também observamos que os planos de ensino do 1º e 2º ano merecem atenção especial em sua revisão no que se refere à integração dos temas do eixo de suas respectivas series, e no que se refere aos roteiros de praticas eles se mostram alinhados aos conceitos do SUS, pois valorizam a integração com os serviços do SUS e permite ampla participação do alunado. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Princípios e diretrizes para a gestão do trabalho no SUS (NOB/RH-SUS) / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde. 3. ed. rev. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. CAMPOS, Francisco Eduardo et al. Caminhos para Aproximar a Formação de Profissionais de Saúde das Necessidades da atenção Básica. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio Janeiro, v.25, nº 2, p. 53-59, maio/ago 2001. CECCIM, Ricardo Burg; FEUERWERKER, Laura C. M. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. Revista Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.14, nº 1, p. 41-65, 2004. GAÍVA, Maria Aparecida Munhoz; AZEVEDO, Rosemeiry Capriata de Souza. Modelos tecnoassistenciais e o trabalho em saúde e enfermagem. In: OLIVEIRA, A. G.B. et al. Ensino de Enfermagem: Temas e Estratégias Interdisciplinares. Cuiabá: Ed UFMT, 2006. p. 9-25. LIBANEO, JC. Didática. SP: Editora Cortez,1994. REDE UNIDA. Contribuição para as novas diretrizes curriculares nos cursos de graduação da área da saúde. Olho mágico. 1998, (16): 11-28. SILVA, Elizabete Vieira Matheus et al. A Formação de Profissionais de Saúde em Sintonia com o SUS: currículo integrado e interdisciplinar. Brasília, CONASEMS, 1988.