Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares: UNIOESTE Resultados Preliminares do Programa: Incubadora Tecnológica das Cooperativas Populares (ITCP/UNIOESTE), vinculado ao NUPEACE - Núcleo de Pesquisa Avançada em Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas. Paulo Alberto Vilas Boas Teodoro Bolsista do CNPq do Projeto Gestão das Unidades Artesanais. Rua Universitária Nº 1619, JD Universitário, CEP 85.819-110, Cascavel Pr. vbteodoro@yahoo.com.br Tiago Raizel traizel@ibestvip.com.br Juliane Miyazaki Bolsista do CNPq do Projeto Gestão das Unidades Artesanais. julianemiyazaki@hotmail.com.br Rosana Kátia Nazzari (UNIOESTE Economia - GPCP NUPEACE ITCP) knazzari@certto.com.br Sandra Mara Stocker Lago (UNIOESTE Administração - ITCP) smstocker@unioeste.br Loreni Brandalise (UNIOESTE CCSA - ITCP) lorenni@unioeste.br Geysler Rogis Flor Bertolini (UNIOESTE GPCP - ITCP) geysler@unioeste.br Adir Otto Schmidt otto@unioeste.br Bolívar Alencar Ribeiro (UNIOESTE Administração SETP/PR - ITCP) bolivar_jps@hotmail.com Erosania Lisboa (UNIOESTE PROEX ITCP) erosania@unioeste.br Elizandra da Silva elizandra@unioeste.br Maria Inês Presneak pazfelicidade@bol.com.br Odacir Miguel Tagliapietra tagliapietra@unioeste.br Elizabeth Maria Lazzarotto (UNIOESTE Enfermagem ITCP) liza@certto.com.br RESUMO: Os índices de capital social podem contribuir para o envolvimento da comunidade do oeste do Paraná nos projetos que visem à economia solidária. Neste sentido, a incubadora tecnológica de cooperativas populares é uma proposta interdisciplinar dos professores, pesquisadores, alunos e técnicos da Unioeste, visando
construir um planejamento com intuito de reunir ensino, pesquisa e extensão em torno do tema da economia solidária ou popular voltada para o atendimento das necessidades dos excluídos da sociedade do oeste do Paraná. PALAVRAS-CHAVE: capital social; incubadora; economia solidária, cooperativas populares. 1. INTRODUÇÃO A globalização impingiu transformações profundas nas estruturas socioeconômicas e político-culturais de diferentes países ao longo das últimas décadas; alterou o perfil da produção com a abertura de mercados; promoveu a privatização de empresas e um acelerado processo de desenvolvimento tecnológico. Ao lado disso, enquanto as corporações internacionais se viam fortalecidas, os estados nacionais tendiam a se enfraquecer diante do processo de globalização. Segundo Nazzari (2004, p. 25) [...] os países da América Latina foram afetados por estas transformações. Nesta direção, foi necessária a busca de alternativas para suprir as deficiências e mazelas sociais das políticas neoliberais, entre as várias sugestões a que deu resultados mais promissores foi a política de desenvolvimento sustentado, que nos países em desenvolvimento incentivaram a economia solidária e a metodologia da incubagem para ampliar os índices de capital social das comunidades desses países, entre os quais está o Brasil. Neste sentido, o Centro de Ciências Sociais Aplicadas, com apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UNIOESTE, se insere neste projeto mais amplo do Governo Federal, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego juntamente com a Secretaria do Emprego e Promoção Social do Governo Estadual, com a proposta que norteia a elaboração do presente projeto Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Unioeste, a fim de incrementar a ampliação das redes de capital social e promover o desenvolvimento local, colaborando com a inclusão social da comunidade do oeste do Paraná, bem como, colaborar com a melhoria na qualidade de vida das pessoas (desenvolvimento humano), de todas as pessoas (desenvolvimento social), das que estão vivas hoje e das que viverão amanhã (desenvolvimento sustentável). A execução do presente programa está a cargo do Núcleo de Pesquisas Avançadas em administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (NUPEACE) do Centro de Ciências Socais Aplicadas de Cascavel (CCSA). Conta com apoio da Emater/PR e da Secretaria de Estado do Emprego e Promoção Social (SETP/PR). Na sua primeira fase adotou metodologia da UFPR (Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares), em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego e da Secretaria Nacional de Economia Solidária - SENAES (Programa Economia Solidária em Desenvolvimento). Nesta direção, este programa tem como objetivo geral, incentivar, criar e fortalecer a incubadora tecnológica de cooperativas e ações populares, economia solidária e capital social no oeste do Paraná. Para tal, seus objetivos específicos pretendem: a) Reunir os setores produtivos e científicos, nas esferas privada e pública, com redes de capital social e parcerias para empreender projetos de incentivo aos projetos de economia solidária e sustentabilidade no oeste do Paraná; b) Pesquisar, comparar e propor metodologias de trabalhos para criação e fortalecimento de cooperativas, microempresas e empreendimentos autogestionados; c) Promover cursos de atualização na gestão de políticas públicas relacionadas à
economia solidária e ao capital social; d) Prestar assessoria continua aos empreendimentos solidários divulgando o associativismo cooperativo e ampliação dos estoques de capital social no oeste do Paraná; e) Divulgação dos resultados dos projetos vinculados ao Programa em anais, revistas ou livros da área. Para alcançar tais objetivos, utilizam-se recursos metodológicos que visam congregar iniciativas dos pesquisadores da Unioeste na área de economia solidária e capital social no oeste do Paraná. Para tal, busca: a) Constituição de um núcleo interdisciplinar de pesquisadores, professores, técnicos e alunos que serão responsáveis pelo planejamento final e metodologia de incubagem; b) Lançamento e divulgação dos avanços das incubadoras, informação e qualificação para acadêmicos se inserirem no processo, bem como na socialização do projeto com a sociedade; c) Implementação da Incubadora que compreenderá na seleção dos grupos incubados, na formação de equipes de incubagem, e execução de metodologia prevista pelo Núcleo Interdisciplinar. 2. A GLOBALIZAÇÃO E O MUNDO DO TRABALHO O problema central deste estudo consiste, então, em verificar alternativas de inclusão social, por meio de aperfeiçoamento metodológico de incubadoras tecnológicas de cooperativas populares, como forma alternativa de inclusão das classes desfavorecidas pelo sistema econômico tradicional, vislumbrando relações econômicas baseadas na solidariedade e na cooperação mútua. Tendo essas questões como referência, parte-se do pressuposto de que os efeitos do processo de globalização podem incidir sobre as relações de trabalho de forma a aumentar os problemas sociais. Isso equivale a dizer que a globalização pode estar contribuindo para ampliar as desigualdades sociais. Diante disso, é importante pensar formas para revitalizar ou recriar espaços de inserção social, ampliando o potencial de emprego e renda e estimulando novas formas de [...] cooperação, organização e de participação política, bem como para ampliar a esfera de participação na sociedade civil. CULTI (2005, p. 2) Diante das transformações ocasionadas pelo avanço tecnológico e pela globalização da economia, intensificados nas últimas décadas, surgem alterações na vida social com destaque para as relações de trabalho, onde o desemprego crescente aumenta o contingente dos socialmente excluídos. Neste contexto, emerge a Economia Solidária e nela, o cooperativismo, como organização dos trabalhadores buscando resgatar a cidadania e geração de trabalho e renda por meio do trabalho coletivo. O Cooperativismo como parte da Economia Solidária é um sistema de cooperação reconhecido como um sistema mais adequado, participativo, democrático e mais justo para atender às necessidades e os interesses específicos dos trabalhadores. Concomitante, despontam nos meios acadêmicos, trabalhos de apoio, assessoria e acompanhamento a esses empreendimentos, traduzidos em redes, tais como a Rede de ITCPs (Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares), o rol de Núcleos da UNITRABALHO (Rede Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho), dentre outros, que têm se dedicado a incubação. Como destaca Culti (2005, p. 2), [...] justifica-se tal atuação como o resgate do compromisso que a Universidade, principalmente a pública, tem para com a sociedade que a mantém. Diante destes fatores, o principal objetivo é: [...] refletir em que medida a Universidade e os agentes educadores estão
preparados para exercer, a partir de um processo interativo, a (re)educação do trabalhador para o trabalho cooperativo, unindo saber científico a saber popular numa tentativa de transformação da prática cotidiana. Os agentes educadores estão suficientemente conscientes, preparados e compromissados com um fazer coletivo, se, em seu ambiente acadêmico, tal prática é muitas vezes insuficiente e questionável por parte dos que não acreditam ser esta uma das tarefas da academia? Acreditamos que cabe aos agentes educadores a mediação desse processo de transformação (CULTI, 2005, p. 2). Neste cenário, surge um movimento oriundo das camadas dos excluídos do mercado de trabalho, que visa criar alternativas reais de geração de trabalho e renda aos trabalhadores. Segundo Culti (2005, p. 2) [...] Trata-se de uma rede de iniciativas que busca fazer frente à crise do trabalho formal assalariado por meio da geração de novas formas de produção, trabalho e renda, a qual vem-se denominando Economia Solidária. A economia solidária [...] constitui-se em diversos ramos de pequenos empreendimentos, tais como cooperativas de trabalho e produção, associações de trabalhadores, empresas familiares, entre outras. (CULTI, 2005, p. 2) Assim, a economia solidária no Brasil, segundo Singer (2000, p. 25), começou [...] a ressurgir, de forma esparsa na década de 1980 e tomou impulso crescente a partir da segunda metade dos anos 1990, como resultado da pressão dos movimentos sociais em relação à crise de desemprego dos anos 80 e 90. [...] A economia no sistema capitalista é bastante eficiente na geração de riqueza, que por sua vez, gera também eficientemente, a pobreza. A má distribuição de renda e a concentração das riquezas diminuem a qualidade de vida da maioria da população. As mazelas sociais decorrentes, bem como a necessidade de sobrevivência da maioria da população, precisam ser encaradas pelas políticas públicas. Nesta direção, o programa de economia solidária busca a valorização humana, baseada na sua capacidade para trabalhar e empreender, principalmente em formas solidárias, cooperativas e autogestionárias. 3. SUPORTE DA UNIVERSIDADE INCUBADORA As universidades vem ampliando o apoio à proposta da economia solidária, assim, [...] despontam nos meios acadêmicos, propostas de apoio, assessoria e acompanhamento aos empreendimentos nascidos nesta economia, traduzidos em redes como já mencionadas, a Rede de ITCPs - Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, criadas em importantes Universidades públicas, hoje em torno de 14 incubadoras, o rol de Núcleos da UNITRABALHO - Rede Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho, que têm se dedicado à incubação e assistem estes empreendimentos através dos Núcleos Locais distribuídos em 27 Universidades em todo o país, dentre outros. (CULTI, 2005, p. 3) A rede de Incubadoras se amplia em todo Brasil, as principais são: Rede da Unitrabalho (86 universidades e instituições de ensino superior) e a Rede de ITCPs- Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares. [...] Justifica-se tal atuação como o resgate do compromisso que a Universidade, principalmente a pública, tem para com a sociedade que a mantém. A priori, podese dizer que a Universidade disponibiliza seu saber técnico e científico estendendo-
o à comunidade. Evidentemente, a estrutura física e humana da Universidade, esta última constituída por seu corpo docente, técnico e discente, são fatores que podem credenciá-la, diante das comunidades em que estão inseridas, como canal de interlocução e referência para integrar-se no processo de formação de cooperativas e outros tipos de iniciativas de geração de trabalho e renda. A Incubação é entendida como o acompanhamento sistêmico e assessoria a grupos de pessoas interessadas na formação de empreendimentos econômicos solidários, tendo em vista processo educativo e suporte técnico desses empreendimentos. (CULTI, 2005, p. 5) O objetivo das Incubadoras é organizar e qualificar os trabalhadores para o mercado formal de trabalho, promovendo assessorias e cursos que incentivem a elevação da autoestima, organização e união para criação de empresas autogeridas ou cooperativas geridas por eles. Os grupos e as demandas são variados, mas o principal entrave a se enfrentar está no fardo de exclusão histórica que os excluídos carregam em suas crenças e cultura, o que torna o processo de incubagem uma missão de paciência e envolvimento voluntário dos professores e discentes, fatores que dependem da dinâmica organizacional interna de cada grupo de trabalhadores. Assim, no sentido de apoiar projetos de criação e fortalecimento de cooperativas populares, economia solidária e capital social no oeste do Paraná, a Incubadora pode incentivar a organização de atividades produtivas ou de prestação de serviços, na apuração de técnicas empregadas na legalização das cooperativas, na busca de conhecimentos, mercados e financiamentos entre outros, que visem contribuir para a diminuição da desigualdade e da exclusão social no oeste do Paraná. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CULTI, Maria Nezilda. Reflexões sobre o processo de incubação de empreendimentos econômicos solidários e seus limites. Projeto de Pesquisa de doutorado na FEUSP/SP e foi também, preliminarmente apresentado para discussão na 1º Conferência Nacional de Economia Solidária da Rede Unitrabalho, ocorrida em dezembro de 2002 São Paulo. Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá-UEM. Disponível em: <www.uem.br>. Acesso em; 12 de mai. De 2005. NAZZARI, Rosana Katia. Capital Social, cultura e socialização Política: A Juventude Brasileira. Porto Alegre, 2003. Tese de doutorado em Ciência Política. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. SINGER, Paul. Cooperativas são empresas socialistas. Publicação Unitrabalho, ano 3, nº 10, janeiro/2000. SINGER, Paul; SOUZA, André R. de. A Economia Solidária no Brasil: A autogestão como resposta ao desemprego. São Paulo: Contexto, 2000.