INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS EM CRIANÇAS MENORES DE 1 ANO DE IDADE NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU/PR Maychol Douglas Antunes (Apresentador) 1, Isabela Rojas Azevedo D avila (Colaborador) 2, Adriana Zilly (Colaborador) 3, Maria de Lourdes de Almeida (Colaborador) 4, Roberto Valiente Doldan (Colaborador) 5 e Marieta Fernandes Santos (Orientador) 6. Curso de Enfermagem¹(maychol_@hotmail.com); Curso de Enfermagem 2 (beeh@live.com); Curso de Enfermagem 3 (aazilly@hotmail.com); Curso de Enfermagem 4 (m_lourdesdealmeida@yahoo.com.br); Secretaria Municipal de Saúde de Foz do 5 (sisvanfoz@hotmail.com); Curso de Enfermagem 6 (marieta_fs@yahoo.com.br) Palavras-chave: alimentação complementar, alimentos saudáveis, nutrição infantil. Introdução Após a 54ª Assembléia Mundial de Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a introdução de alimentos complementares em torno dos 6 meses em substituição à recomendação anterior, que era de 4 a 6 meses, e integrou essa mudança na sua recomendação para a saúde pública global (WHO, 2001).O leite materno contém tudo que o bebê precisa até o 6º mês de vida, inclusive água, além de proteger contra infecções. A partir dos 6 meses, o organismo da criança já está preparado para receber alimentos diferentes do leite materno, que são chamados de alimentos complementares. A partir do momento que a criança começa a receber qualquer outro alimento, a absorção do ferro do leite materno reduz significativamente, por esse motivo a introdução de carnes e vísceras (como fígado, rim, coração, moela de frango), mesmo em pequenas quantidades, é muito importante. As frutas e as hortaliças (legumes e verduras) são as principais fontes de vitaminas, minerais e fibra. Até completar um ano de vida, a criança possui a mucosa gástrica sensível e, portanto, as substâncias presentes no café, enlatados e refrigerantes podem irritá-la, comprometendo a digestão e a absorção dos nutrientes, além de terem baixo valor nutritivo. Deve ser evitado o uso de alimentos industrializados, enlatados, embutidos e frituras, que contenham gordura e sal em excesso, aditivos e conservantes artificiais (BRASIL, 2003). A alimentação da criança desde o nascimento e nos primeiros anos de vida tem repercussões ao longo de toda a vida do indivíduo(monte,2004). Objetivos
Este estudo teve como objetivo identificar o consumo de alguns alimentos saudáveis em menores de 1 ano de idade no município de Foz do Iguaçu/PR. Materiais e métodos Foi um estudo de corte transversal realizado com crianças menores de 1 ano no município de Foz do Iguaçu, PR e que frequentaram os Postos de Vacinação durante a segunda etapa da campanha de vacinação contra a poliomielite, em agosto de 2011. A amostragem foi de 743 crianças divididas em 18 unidades fixas e 10 em Postos Volantes. Em cada Posto de Vacinação selecionado foi realizado o sorteio de crianças que foram entrevistadas e em caso de recusa (58), o critério de sorteio foi respeitado. O questionário do tipo fechado e quantitativo possuía 4 questões relacionadas com o consumo de legumes/vegetais, frutas, alimentos ricos em ferro e a introdução de alimentos sólidos e semi-sólidos. Esse estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Seres Humanos (CONEP) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE, sendo que a coleta dos dados foi conduzida após a mãe da criança menor de um ano de idade receber informações acerca deste estudo, aceitar participar e assinar o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Resultados e Discussão Das 743 crianças entrevistadas, apenas 345 tinham entre 6 a 12 meses de idade e dentre estas, 56 foram missing cases, onde ocorreram problemas no preenchimento desta questão específica, 248 (85.81%) crianças receberam legumes e verduras em sua alimentação complementar e 41 (14,19%) não tiveram a introdução de legumes e verduras. Em Foz do Iguaçu, o consumo de legumes e verduras em crianças de 6 a 12 meses é um bom índice, quando comparado com outras cidades, como no estudo realizado no município do Alto do Jequitinhonha, com apenas 60,9% de introdução de legumes e verduras na mesma faixa etária (SILVEIRA, 2004). Já em um estudo realizado pelo Ministério da Saúde (MS) em diversas capitais brasileiras, o índice chegava a 70% (BRASIL, 2009) para a mesma faixa etária. Destas 345 crianças, 259 (81.7%) receberam algum tipo de fruta e 58 (18.3%) não haviam recebido qualquer tipo de fruta em sua alimentação e 28 foram missing cases. O presente estudo demonstra que o consumo de frutas de crianças de 6 a 12 meses em Foz do Iguaçu é bastante satisfatório, ainda mais quando comparado com outras cidades, a análise no Alto do Jequitinhonha, como já citado anteriormente, demonstra que o consumo não passa de 45%, segundo SILVEIRA (2004). Mas quando comparado com uma pesquisa realizada também em 2004 em diversas cidades de São Paulo, onde o índice chegou a 87% (SALDIVA et al, 2007), percebemos que ainda podemos melhorar esse percentual. Das 743 crianças entrevistadas, apenas 180 tinham entre 6 a 9 meses de idade e dentre estas, 126 (88.11%) haviam consumido algum
alimento rico em ferro (ARF), 17 (11.89%) nunca consumiram ARF e 37 foram missing cases. No Brasil, a anemia ferropriva foi apontada como a segunda maior deficiência causadora de doenças na infância (BRASIL,1997), em todo o mundo, ela está sendo considerada como um dos grandes problemas de saúde pública. Crianças e gestantes constituem os grupos mais vulneráveis a esse tipo de anemia, em virtude do aumento das necessidades de ferro, induzido pela rápida expansão da massa celular vermelha e pelo crescimento acentuado dos tecidos (DE MAEYER,1985). No presente estudo, o consumo de alimentos ricos em ferro entre crianças de 6 a 9 meses representa quase 90%, um número semelhante ao encontrado em outras localidades, como na pesquisa realizada em 2005 em 12 municípios de 5 regiões brasileiras, na qual o índice chegava a 80% (SPINELLI et al, 2005), demonstrando que sabendo dos riscos que a anemia representa, a maioria das mães procuram suprir a necessidade de ferro de seus filhos com a complementação do aleitamento. Dentre estas 180 crianças com 6 a 9 meses de idade, em 144 (87.8%) havia sido introduzido na alimentação algum alimento sólido/semisólido, enquanto que em apenas 20 (12.2%) nenhum tipo de introdução foi realizada e 16 foram missing cases. A introdução de alimentos sólidos/semi sólidos é incentivada pelo MS a partir dos 6 a 9 meses de idade e num estudo realizado em 2008 pelo próprio MS, 27% das crianças, em diversas cidades brasileiras não haviam recebido nenhuma porção de alimentos sólido/semisólido (BRASIL, 2008), ou seja, Foz do Iguaçu está dentro da média nacional e está muito melhor que alguns municípios, como Botucatu, SP, onde esse índice não ultrapassou 3% (PARADA, 2007). Conclusões A alimentação complementar adequada, além de ser um direito assegurado pela Constituição Federal, é um componente essencial para o crescimento e desenvolvimento da criança. Cabendo aos profissionais da saúde repassar seus conhecimentos sobre uma alimentação infantil adequada, visando o melhor crescimento e desenvolvimento possível, visto que isso repercutirá por toda a vida do indivíduo. Quando a discussão envolve a alimentação saudável em crianças menores de 1 ano de idade, Foz do Iguaçu/PR mostra que está no caminho certo, demonstrando que as ações realizadas voltadas para a saúde da criança vem surtindo efeitos e colaborando para que mães/cuidadores possam colocar em prática uma alimentação complementar mais saudável. Referências BRASIL, Ministério da Saúde. A saúde no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, Assessoria de Comunicação Social. 1997.
BRASIL. Ministério da Saúde. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de 2 anos: álbum seriado / Ministério da Saúde, Brasília: Ministério da Saúde, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Café, chás, sucos no lugar do aleitamento materno. Portal da Saúde. 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. DE MAEYER, Adiels-Tegman M. The prevalence of anaemia in the world. World Health Stat. 1985;38(3):302 16. MONTE, Cristina Maria Gomes e GIUGLIANI, Elsa Regina Justo. Recomendações para alimentação complementar da criança em aleitamento materno: Jornal de Pediatria - Vol. 80, n. 5, 2004. PARADA, Maria Cristina. Práticas de alimentação complementar em crianças no primeiro ano de vida, Rev. Latino-Am. Enfermagem. vol.15, n.2, Ribeirão Preto: Mar./Apr. 2007. SILVEIRA, Francisco José Ferreira. Prevalência do aleitamento materno e práticas de alimentação complementar em crianças com até 24 meses de idade na região do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, Rev. Nutr., Campinas, 17(4):437-447, out./dez.,2004. SALDIVA, Silvia Regina; ESCUDER, Maria Mercedes; MONDINI, Lenise; LEVY, Renata B.; VENANCIO, Sonia I. Feeding habits of children aged 6 to 12 months and associated maternal factors. J Pediatr (Rio J). 2007;83(1):53-8. SPINELLI, Maria Gloria Neumann; MARCHIONI, Dirce Maria Lobo; SOUZA, José Maria Pacheco; SOUZA, Sonia Buongerminode de; SZARFARC, Sophia Cornbluth. Fatores de risco para anemia em crianças de 6 a 12 meses no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2005;17(2):84 91. SILVEIRA, Francisco José Ferreira. Prevalência do aleitamento materno e práticas de alimentação complementar em crianças com até 24 meses de idade na região do Alto Jequitinhonha: Minas Gerais, Rev. Nutr., Campinas, 17(4):437-447, out./dez., 2004.
World Health Assembly Resolution. Infant and young child nutrition. WHO, 54.2,18 Maio, 2001. Agradecimentos Gostaríamos de agradecer o apoio da Secretaria Municipal de Saúde do município de Foz do Iguaçu/PR, e também a coordenação do curso de Enfermagem da UNIOESTE-Campus de Foz do Iguaçu.