BREVES CENAS SOBRE A HISTÓRIA DO CINEMA: UM PLANO PARA CRIANÇAS Como já foi discutido no topico sobre o cinema afinado o livro de cinema para crianças foi desenvolvido pela Afin. A Afin disponibiliza este material para que em outros espaços para que outras crianças possam ter produções e expansões de suas existências. Ele pode ser baixado pelo link a seguir e impresso para fins educacionais e didáticos, porém está vedada qualquer publicação ou venda deste material. O material do link possue algumas pequenas modificações didáticas do livro que está na integra. BAIXE AQUI O LIVRO: BREVES CENAS SOBRE A HISTÓRIA DO CINEMA- UM PLANO PARA CRIANÇAS O movimento é o fundamento da vida. Onde não há movimento não há vida, logo não há criação. O cinema, que vem da palavra grega Kinema, significa movimento. Ou seja: imagem em movimento, já que seu objeto artístico é a imagem.
Como se sabe, o movimento sempre existiu e a idéia da imagem em movimento, que contribuiria para a criação do cinema, segundo alguns estudiosos do cinema, surgiu quando o homem na pré-história desenhou nas paredes das cavernas seus atos cotidianos, principalmente suas lutas com as feras que procurava caçar. Como exemplo, podemos observar os desenhos das feras pulando e as lanças no ar jogadas pelos caçadores. Embora a idéia do cinema seja antiga, o seu aparecimento só foi possível com o progresso científico. Ou seja, com o avanço tecnológico, principalmente no século XIX quando foi possível a criação da câmara filmadora, o projetor cinematográfico e o filme (celulóide) próprio para o cinema. E também a contribuição da física e da psicologia permitindo a compreensão da comunicação entre o olho do homem e o cérebro. Pesquisas científicas afirmaram ser de um vigésimo a um décimo de segundo a duração de um olhar sobre uma imagem, permitindo assim que esta imagem se funda com a imagem seguinte e nos dê a ilusão do movimento. Compreensão que contribuiu fortemente para criação do cinema. Antes deste acontecimento que revolucionou o mundo, que permitiria ao homem ver e construir sua própria história diante de si próprio, vários homens em paises
diferentes, tentaram criar aparelhos que projetassem imagens fixas ou em movimento ate chegar ao fundamento do cinema: o projetor. Entre estes experimentos, estão: Magia Catoptrica, conhecida como Lanterna Mágica, apresentada em 1640 em Roma por Athanasius Kirchener. O Estroboscópio de Simon Ritter Von Stampfer, apresentado em 1832 em Viena. O Dédalo ou Roda do Diabo, do inglês William George Harner, apresentado em 1833. O Cinematoscópio, uma espécie de disco giratório, como o Dédalo, que apresenta uma sucessão de imagens, de Coleman Sellers, patenteado em 1861.
O Praxinoscópio de Emile Reynard em 1882 projeta em uma tela fotografias tiradas por Muybridge. O Fuzil Fotográfico para fotografar pássaros voando de Étienne Jules Marey em 1882. A película de celulóide de Hannibal Williston Goodwin em 1887. O processo de passar uma película pelo interior de uma câmara, de William Kennedy Dickson 1889. A Câmara Cinematográfica inventada simultaneamente pelo francês Marey e o inglêswilliam Freise-Greene. O Cinetoscópio de Dickson apresentado em Nova York, em 1891.
O Zooscópio de Muybridge apresentado em Chicago, em 1893. A Curva de Latham, de Woodville Latham, que regulou o movimento da bobina do projetou permitindo o olho captar a imagem em movimento. Um grande invento que impulsionou decisivamente o cinema foi a fotografia em 1839 por Louis Daguerre, pois mostrou o próprio movimento reproduzido por um grupo de câmaras tirando fotos rápidas em sucessão.
Um fato interessante é o criado pelo governador da Califórnia, em 1872: ele pretendia provar que um cavalo correndo fica com as quatro patas acima do solo. Então em 1877, Muybridge pegou 24 câmaras movida por uma corrente elétrica e colocou-as por onde o cavalo passaria. Neste momento o dispositivo fotográfico dispararia. Não deu outra, as câmaras viram além dos nossos olhos: o cavalo voa. Entre estes acontecimentos experimentais o mais importante mesmo foi a projeção de filmes em 28 de dezembro de 1895 em Paris num porão do Boulevard dês Capucines pelos fabricantes de projetores, os irmãos Auguste e Louis Lumière. Os da célebre projeção da locomotiva chegando na estação avançando na direção do público. O que levou a platéia amedrontada a gritar e correr.
Entretanto o nome que é considerado o primeiro grande criador das formas cinematográficas foi o francês Georges Méliès que usou seu talento de mágico, caricaturista e pintor para criar seus próprios filmes. Assim, temos um breve toque desta arte que proporciona não só a observação do homem em ação historicamente por ele mesmo, mas também o crescimento de sua capacidade de perceber novas imagens e com isso construir um mundo mais gratificante para ele. Pois esta é a verdadeira função educacional do cinema. I O PLANO. BREVE LÉXICO DO CINEMA Um filme é estruturado em planos. O plano é o que a câmara envolve sem descontinuidade. Em síntese, o Plano é um fragmento do tempo dispendido, é uma fatia da realidade em movimento que é oferecida ao espectador. Divisão clássica dos Planos. PLANO GERAL É o plano que apresenta o conjunto de uma cena cujo valor é descritivo. São os planos das superproduções em cinemascópio. Apresenta características de vastidão, fuga por horizontes imensos, repouso para o olhar e, também, lembrança de que a cena pode ser infinita e o mundo estar presente. PLANO DE CONJUNTO É um plano que apresenta a cena com personagens em um cenário com valor narrativo e descritivo. É uma cena mais restrita. Os personagens existem, tanto por si mesmos quanto pelo grupo que formam. O espaço é vasto bastante para poderem movimentar-se. É um plano difícil de criar.
PLANO AMERICANO OU DE MEIO-CONJUNTO A cena apresenta os personagens filmados a meio-corpo em pormenores da representação. O seu valor é dramático. É um plano que leva o espectador a se sentir como se estivesse no mesmo espaço dos personagens. É o plano mais clássico, aquele a que o espectador não presta atenção, porque as suas dimensões e a sua disposição correspondem, muito exatamente, às da vida cotidiana. PLANO MÉDIO A cena mostra os personagens filmados em pé. Seu valor é narrativo. É o plano que leva o espectador ao domínio da ficção. Logo que surge o Plano Médio a cabeça ou o busto, ou o personagem ao olhar através de uma janela, ou o braço a brandir uma arma o espectador se torna ator. Temos a sensação que a cena é dirigida para nós. Por isso seu sentido de desonestidade cênica que faz o espectador tomar partido da cena. PRIMEIRO PLANO É o plano onde os atores são filmados à altura do busto de forma direta. Seu valor é dramático. GRANDE PLANO Cena que isola um rosto ou objeto da ação que possui um valor dramático intenso. O detalhe do Grande Plano é o enquadramento de um pormenor de um rosto, como a boca, um olho. II O MOVIMENTO DA CÂMARA.
Como o Cinema é a arte do olhar, todos os recursos desta percepção foram seguidos pelos pesquisadores para revelarem os segredos das imagens. Daí o grande salto cinematográfico que se conseguiu com a descoberta do uso do movimento da câmara. É ele que permite a passagem sensível de um Plano a outro. Tipos clássicos de movimentos da câmara. TRAVELLING PARA FRENTE A câmara é movimentada para frente para diminuir o espaço enquadrado e aproximar as personagens. Este Travelling é considerado psicológico. TRAVELLING PARA TRÁS O movimento para trás procura descobrir o campo, abri-lo. A câmara recua e vai descobrindo coisas cada vez mais numerosas, tornando afastado o que estava próximo, empurrando o horizonte. TRAVELLING LATERAL É o movimento que a câmara faz ao longo do tema (imagem), para fugir o campo de um lado do écran (tela), enquanto vai aparecendo de novo do outro lado, numa mesma continuidade. É como o olhar se movimentando pela rua observando as casas. Este Travelling é a base do documentário, pois não é um movimento só descritivo, mas também enunciativo. Também é muito usado nos westerns, quando a câmara acompanha a diligência atacada, quando segue o galope dos cavalos, ou a luta dos personagens. Neste tipo de filme se usam muito também as panorâmicas e os panotravellings. PANORÃMICA É o movimento da câmara a girar sobre si mesma, em volta de um eixo. É como um olhar que abrange todo o panorama que o mundo lhe oferece. PANOTRAVELLING É o movimento mais difícil de ser executado, pois liga quase todos os planos. É um movimento que aumenta a tensão do filme, enchendo-o de significação. PLANO FIXO Foi o primeiro meio de expressão do Cinema. A câmara não se move durante toda a ação do plano; apenas tem interesse o movimento que se faz no campo. Exemplo: dois personagens sentados, conversando.
Com os novos recursos tecnológicos, o cinegrafista tem a seu dispor novas formas de experiências de movimento e pode trabalhar, criando novos significados. III OS PLANOS E OS ÂNGULOS. Na filmagem, a câmara pode ser colocada em ângulos diferentes criando cenas dramáticas e simbólicas. Tipos de ângulos. PLONGÉE È a câmara enquadrando a imagem de cima para baixo. É como se um personagem ou o próprio espectador olhasse uma imagem de cima para baixo. CONTRA-PLONGÉE A câmara enquadra a imagem de baixo para cima. IV PONTUAÇÃO. Como na literatura, o cinegrafista possui em sua estrutura cinematográfica um certo número de sinais que representam a pontuação. Tipos de sinais de pontuação. CORTINA VERTICAL Equivalente ao ponto parágrafo, consiste em substituir uma imagem por outra, através de uma linha vertical que atravessa o écran. O espectador tem a impressão que a imagem é pouco a pouco empurrada para o lado, para ser substituída por outra. CORTINA HORIZONTAL Descobre progressivamente uma imagem tal como o subir da cortina no teatro.
FUNDIDO EM NEGRO A imagem vai escurecendo e aos poucos vai desaparecendo: o écran escurece durante segundos. Logo surge nova seqüência. É o Fundido de Fecho. FUNDIDO ENCADEADO A imagem posterior surge antes que a imagem anterior desapareça. O Fundido em Negro corresponde geralmente ao espaço vazio que marca o fim de um capítulo. Nos leva a crer na existência de um intervalo de tempo real ou psicológico. O Fundido Encadeado é muito utilizado no processo da narração que consiste em fazer o espectador recuar no tempo. BREVE BIBLIOGRAFIA: AGEL, Henri. O Cinema. Porto, Livraria Civilização Editora. BLANCO, Armindo. Tempo de Cinema. Lisboa, Edições Cosmo. DELEUZE, Gilles. A Imagem-Movimento. São Paulo, Editora Brasiliense DELEUZE, Gilles. A Imagem-Tempo. São Paulo, Editora Brasiliense WEYERGANS, Franz. Tu e o Cinema. Porto, Livraria Civilização Editora. ARNHEIM, Rudolf. A Arte do Cinema. Lisboa, Editorial Áster. MINILÉXICO (Retirado do Livro Chaves do Cinema, de Barthélemy Amengual) AFÍLMICO: Tudo o que existe na realidade, independentemente de qualquer relação com a criação cinematográfica. Exemplo: o documentário se liga à realidade afílmica. (Segundo E. Souriau.) ÂNGULO: Conjunto de características expressivas, mais ou menos relevantes, que o enquadramento (normal, oblíquo, visto em câmara baixa ou em câmara alta) confere à imagem. // Angulação. Angular. ANTECIPAÇÃO: Diz-se da cena ou seqüência em que há uma premonição da ação futura, como em La Guerre est Finie / A Guerra Acabou, de Alain Resnais. // Em inglês, flash-forward. ARGUMENTO: História preparada para o Cinema. // Argumentista. CÂMARA ALTA: Posição da câmara em relação à cena, em geral em ângulo oblíquo superior, excepcionalmente olhando na vertical para baixo. // Em francês, plongée.
CÂMARA BAIXA: Posição da câmara em relação à cena, em geral em ângulo oblíquo inferior, excepcionalmente olhando na vertical para cima. // Em francês, contre-plongée. CAMPO: Espaço determinado pela angulação e a lente da câmara. Ângulo que se opõe ao contracampo, definindo-se um em confronto com o outro, através da deslocação da câmara, enquanto os atores permanecem na mesma posição. CARRO/CARRINHO: Plataforma com quatro rodas, que anda em trilho ou sobre tábuas, na qual é colocada a câmara para as tomadas em movimento; há o carro à frente, o carro à ré e o carro lateral. // Por extensão, qualquer movimento da câmara colocada sobre um carro ou veículo (trem, automóvel, etc.) // Em inglês, travelling. CENA: Série de planos ligada a uma só ação ou situados num mesmo cenário. É a forma cinematográfica mais próxima do teatro. CONTRACAMPO: V. Campo. CONTRE-PLONGÉE: V. Câmara Baixa. CORTE: Ato de cortar um filme, durante o processo de montagem. // Passagem direta de um plano a outro. // Cortar. Cortador. DIEGESE/DIEGÉTICO: Tudo o que diz respeito à ficção, à história, ao universo proposto pelo filme. (Segundo E. Souriau.) Uma imagem projetada na tela possui ao mesmo tempo sua realidade de fenômeno ótico e sonoro, e um valor diegético (fictício). ENQUADRAMENTO: Limite retangular da porção da realidade que a câmara isola. Diz-se também da totalidade da imagem no filme ou na tela. // Enquadrar. FLASH: Plano brevíssimo (um a dois segundos), utilizado comumente como inserção. FLASH-BACK: v. Retrospecto. FLASH-FORWARD: V. Antecipação. FORA DE CENA: Diz-se de uma fala, um comentário, um ruído, uma música cuja fonte não esteja visível no plano. Abreviatura: f/c. Exemplo: Sobre a imagem de uma porta fechada, ouve-se o ruído (f/c) de uma discussão. FOTOGRAMA: A unidade mínima do filme: cada fotografia impressa a cada parada do filme na câmara. INSERÇÃO: Plano de pormenor, em geral breve, focalizando uma manchete de jornal, a assinatura de uma carta, etc, servindo para esclarecer um plano maior. // V. Plano. MIXAGEM: Ato de combinar numa só as diversas trilhas sonoras (diálogos, ruídos, música, etc) de um filme. // Mixar. Mixador.
MONTAGEM: Reunião dos planos em função do roteiro e segundo as previsões da planificação. Idealmente, a montagem é a operação simétrica da planificação. // Montar. Montador. PANORAMAS/PANORÂMICA: Movimento que a câmara faz em torno de seu eixo, para os lados, para cima ou para baixo. // Panoramizador. PLANIFICAÇÃO: Divisão do filme em partes, cenas, seqüências, subseqüências e planos. A planificação é portanto a previsão de toda a filmagem e, em seguida, da montagem. // Em francês, découpage. // Planificar. PLANO: Unidade básica da obra cinematográfica; os planos se reúnem em cenas, que por sua vez se reúnem em seqüências. Pode-se defini-lo mais precisamente, dizendo que é a porção de filme impressionada pela câmara sem interrupção. // Há várias espécies de plano, segundo a distância da câmara e a lente usada: o plano de grande conjunto (PGC), correspondendo ao extreme long-shot em inglês e ao plan lointain em francês; o plano de conjunto (PC), correspondendo ao long shot em inglês e ao plan géneral em francês; o plano de meio conjunto (PMC), correspondendo ao medium long shot em inglês; o plano médio (PM), correspondendo ao medium shot em inglês e ao plan moyen em francês; o plano aproximado (PA), correspondendo ao full shot em inglês; o meio primeiro plano (MPP), correspondendo ao medium close shot em inglês e ao plan américain em francês; o primeiro plano (PP), correspondendo ao close shot em inglês e ao premier plan em francês; o grande plano (GP), correspondendo ao close-up em inglês e ao gros plan em francês; e há ainda a inserção (v.). PLANO FIXO: Plano filmado com a câmara fixa. O enquadramento desse plano é fixo e invariável, mas seu conteúdo pode ser dinâmico. Exemplo: L Arrivée d un Train em Gare de La Ciotat foi filmado por Louis Lumière num só plano fixo. PLAYBACK: v. Pré-gravação. PLONGÉE: V. Câmara Alta. PRÉ-GRAVAÇÃO: Sistema de sincronização imagem-som em que determinadas passagens, especialmente canções, que deveriam ser registradas em cenas ao ar livre ou em ambientes em que será difícil a seleção proveitosa de sons, são gravadas antes das filmagens das ditas cenas, nas melhores condições possíveis, reproduzindo-se essa gravação durante a filmagem, de forma que o artista atue diante da câmara de filmar ao som desse registro previamente obtido e repetindo os gestos e trejeitos de boca, até obter um perfeito sincronismo. // Em inglês, Playback. PROFÍLMICO: Contrapõe-se a Afílmico. Tudo o que existe realmente no mundo, mas selecionado, orientado, corrigido ou especialmente reconstruído tendo em vista sua inserção no filme. (Segundo E. Souriau.). RETROSPECTO: Diz-se da cena ou seqüência em que há um recuo no tempo, em geral através da lembrança de um personagem. // Em inglês, flash-back. ROTEIRO: O mesmo que Planificação. // Roteirista. Roteirizar. SEQUÊNCIA: Série de planos definida por uma unidade de ação, de tema, de movimento. É a forma cinematográfica por excelência.
SUPERIMPRESSÃO (ou DUPLA EXPOSIÇÃO): Imagem propositadamente filmada sobre uma outra. TOMADA: Cada filmagem de um plano qualquer. // Em inglês, take. TRANSIÇÕES: Formas de passar de um plano a outro, de uma cena a outra. Se dois planos são colados sem interrupção, diz-se que o corte é direto. Se há uma fusão, o primeiro desaparece com maior ou menor rapidez no seguinte. TRATAMENTO: Fase intermediária entre o argumento e o roteiro. TRAVELLING: V. Carro/Carrinho. TRUCAGEM: Efeito especial obtido da truca ou de qualquer outro processo. ZUM (do inglês ZOOM): Sistema de lentes que permite a passagem de um grande plano a um plano de grande conjunto, ou vice-versa, sem perder o foco e sem que a câmara saia obrigatoriamente do lugar.