SISTEMA 4-3-3 HISTÓRICO/EVOLUÇÃO O sistema 4-3-3 tem sua origem no 4-2-4. O Brasil tinha como base o sistema 4-2-4 na Copa do Mundo de 1962. Zagallo era o ponta esquerda, com o seu recuo para auxiliar o meio-campo, estava criado o 4-3-3. Mas na Copa de 1958, Zagallo já auxiliava o meio-campo. Esse sistema foi consagrado pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, nesse caso era Rivelino que voltava para compor o meio-campo. Brasil (1962). Origem no 4-2-4 Brasil (1970) Esse sistema foi muito utilizado até os anos de 1990, sendo substituído aos poucos pelo 4-4-2.
O surgimento do 4-3-3 representou uma considerável evolução tática no futebol. O simples posicionamento dos atletas em campo já demonstrava a preocupação dos técnicos, em ocupar todos os espaços do campo. A parir do 4-3-3, começaram a surgir, outras formações táticas para o futebol moderno. Isto teve um motivo especial: o advento da preparação física. O próprio 4-3-3, antes de evoluir para outros sistemas, sofreu grandes transformações na desenvoltura de suas peças em campo. Os atacantes começaram a marcar mais, os meias se alternavam mais em ações ofensivas e defensivas e os defensores passaram a gostar de atacar. Os atletas se sentiram em condições físicas melhores para ocupar espaços cada vez maiores em campo. Com o desenvolvimento das capacidades dos jogadores, começaram a aparecer indivíduos versáteis e bem-dotados fisicamente. Os desenhos táticos ficaram multiformes, e a maneira de marcar também se foi alterando. Os jogadores de funções limitadas deram lugar àqueles de múltiplas funções. O próprio 4-3-3, de desenho rígido, transformou-se num 4-3-3 dinâmico, com seus componentes para executar duas ou mais tarefas. A evolução das capacidades físicas dos atletas tem sido um importante fator para o surgimento de vários desenhos de sucesso no futebol moderno, ou, pelo menos responsável pelas grandes alterações dos sistemas já existentes. Às vezes, uma equipe entra formada num desenho e se transforma durante o jogo por causa da versatilidade dos jogadores. Por essas e por outras, pode-se dizer que atualmente a sistematização tática tem passado por constantes transformações dentro de campo. A mudança da regra para a vitória valendo três pontos auxiliou e muito o retorno do 4-3-3. O sistema vinha perdendo espaço para o 4-4-2 e o 3-5-2, com essa mudança de regra, alguns adotaram o futebol mais ofensivo e praticamente ressuscitaram o 4-3-3.
Atualmente, a Holanda adota esse sistema como base da sua seleção nacional. Algumas equipes o adotam, mas não como padrão, diferentemente dos holandeses. 4-3-3 dos holandeses O futebol holandês vem, desde o início dos anos de 1970, aprimorando uma forma ofensiva de jogar. Eles são, talvez, os maiores representantes da utilização de pontas no futebol mundial. Atuam convictos no sistema 4-3-3 moderno. Jogar no 4-3-3 na Holanda é cultural. O 4-3-3 dos holandeses vem evoluindo desde as experiências vitoriosas do Futebol Total de Rinus Michels no Ajax, de Amsterdam, e na Seleção Holandesa de 1974. Apesar de parecer muito aberto em relação ao 4-4-2 e ao 3-5-2, o seu desdobramento em campo torna bastante compacto e competitivo. O que permite a compactação no 4-3-3 dos holandeses é que todos, ou quase todos, os jogadores do desenho são capazes de jogar em funções diferentes. Na filosofia do futebol moderno, é fundamental que os atletas saibam atuar em mais de uma posição, tudo respeitando, ao pé da letra, o posicionamento tático estabelecido. As posições do sistema tático adotado pelos holandeses são tão definidas que os treinadores se referem às funções dos seus jogadores pelos números que levam nas camisas. Quase todos os times holandeses, com raríssimas exceções, desde as categorias de base até o selecionado nacional, atuam no 4-3-3. Na Holanda é comum os clubes terem um documento oficial regulamentando a maneira tática de suas equipes jogarem desde as categorias menores. É uma espécie de Lei Tática do Clube, que todos os treinadores devem seguir. A partir desse documento, as atribuições dos técnicos concentram-se em escalar, treinar, esquematizar jogadas entre os jogadores e estruturas táticas, além de comandar sua equipe, tudo isso segundo a filosofia tática de jogo proposta pelo clube. Se já se tem estabelecido, por filosofia, o desenho a empregar, várias etapas serão ultrapassadas, facilitando para os jogadores a assimilação das suas funções em campo.
Essa filosofia rígida trás um problema. A falta de desenvolvimento tático dos jogadores em outros sistemas. Com a globalização do futebol, os atletas holandeses podem perder mercado por essa rigidez. Principais características 1 Dois pontas abertos, que são os responsáveis pelas jogadas de linha de fundo e pela marcação da saída de bola do adversário. São autênticos auxiliares de marcação dos laterais da sua equipe. Sempre que necessário, um deles pode se transformar em articulador ou marcador do setor de meio-campo. 2 Um centroavante, que trabalha no corredor ofensivo central. É também referência de área para as jogadas de ataque e o homem do último toque. Deve ter o perfil de bom cabeceador e finalizador. Joga muito de costas para o gol adversário, para facilitar o jogo de toques, que é a marca registrada do futebol holandês. 3 Um meia ofensivo, que assume constantemente as características de armador. É o homem que mais se aproxima do centroavante no ataque, mas também tem funções importantes de marcar, voltando pelo setor do meio de campo. 4 Dois meias de contenção, com características de marcadores, mas que sabem jogar avançando no terreno. Cada um, do seu lado, trabalha nos corredores centrais direito e esquerdo, defendendo e apoiando o ataque. Têm a principal função de marcar no meio-campo, mas têm qualidades para chegar sempre próximo à área do adversário, completando o ataque. Graças à determinação defensiva dos laterais, os meias de contenção têm mais liberdade e até a obrigação de participar das ações ofensivas ou, pelo menos, da ligação entre meio-campo e ataque. Além de boa qualidade técnica devem saber marcar. 5 Dois laterais, que auxiliam pouco no trabalho ofensivo dos pontas, porque têm a função primária d defender as laterais do campo, compondo a linha de quatro zagueiros. 6 Dois zagueiros, cujas atribuições são clássicas e conhecidas por todos: proteger o miolo defensivo, à frente da área. Pela característica do futebol
holandês, desde as categorias de base, os zagueiros são jogadores que sabem sair jogando e podem incorporar às ações de meio-campo e ataque sempre que necessário. 7 As transformações. Constantemente o 4-3-3 das equipes holandesas se transformam em 4-2-4, 4-4-2 ou 3-4-3, dependendo das qualidades dos homens que jogam mais avançados ou da necessidade do jogo. FORMAÇÃO O 4-3-3 clássico, pela presença de três homens caracteristicamente de ataque é considerado o mais ofensivo dos sistemas modernos. A composição básica desse sistema é: 1 goleiro; 4 defensores; 3 meio-campistas e 3 atacantes.
Os laterais têm as funções básicas de defender e de atacar pelos flancos, enquanto os centrais protegem o miolo da área. Essa estrutura de quatro defensores é utilizada em todo o mundo, independentemente das variações que possa haver no meio de campo para a frente. O que muda nas equipes é se um lateral sobe mais ou não, ou se tem algum dos zagueiros centrais que sabe sair para o jogo. Tudo depende das características das peças do meio-campo e do ataque. Originalmente como ocorreu o recuo de um atacante a formação básica era com dois armadores. O futebol moderno, entretanto muda essa composição, com isso o 4-3-3 apresenta duas variantes. Variante 1 1 Goleiro 4 Defensores (2 Zagueiros centrais e 2 Laterais/alas) 3 Meio-campistas (1 jogador de marcação e 2 Jogadores de armação) 3 Atacantes (2 ponteiros e 1 centroavante) Variante 2
1 Goleiro 4 Defensores (2 Zagueiros centrais e 2 Laterais/alas) 3 Meio-campistas (2 jogadores de marcação e 1 Jogador de armação) 3 Atacantes (2 ponteiros e 1 centroavante) Variante 3 1 Goleiro 4 Defensores (2 Zagueiros centrais e 2 Laterais/alas) 3 Meio-campistas (3 jogadores de marcação) 3 Atacantes (2 ponteiros e 1 centroavante)
Muitas vezes o 4-3-3 se confunde com o 4-5-1. Isso ocorre devido às funções defensivas dos dois atacantes abertos ou ponteiros. A disposição dos três homens do meio-campo depende sempre da idéia de jogo de cada técnico. Às vezes, começa com uma peça central mais recuada, que marca mais e que joga à frente dos dois zagueiros de área, como se fosse um deles e dois meias de armação, um pela esquerda e outro pela direita, jogando nos corredores internos do campo. Nesse caso, é importante que os dois meias sejam solidários nas ações defensivas. Às vezes, é constituído de dois meias de marcação (volantes) logo à frente da zaga e um meia mais habilidoso e adiantado, que faz a ligação com o ataque. Essa situação, permite liberar alternadamente os laterais para o jogo ofensivo, e pelo menos um dos meias de contenção deverá auxiliar no trabalho de armação. Apesar de esta segunda maneira de posicionar dos três meias se assemelhar ao 4-3-3 dos holandeses, há diferenças marcantes quanto às funções e características dos jogadores. A segunda forma de se posicionar pode ter ainda três volantes à frente da zaga, o que permitiria a subida simultânea dos dois laterais ao ataque. Esse tem sido um dispositivo tático muito usado no 4-3-3 atual dos brasileiros. A linha de frente é o diferencial tático do 4-3-3. Um jogador joga enfiado nas imediações da área adversária e dois ponteiros ou atacantes de movimentação variada completam o ataque, atuando nos corredores. O atacante que atua mais centralizado pode ter liberdade de movimentação à frente, dependendo das suas características. Como já foi dito, é muito comum ver nas equipes de concepção tática moderna, indiferentemente do desenho utilizado, os atacantes ou meias ofensivos de flancos se associarem aos laterais do lado e dividirem as responsabilidades ofensivas e defensivas do setor. Apesar de serem homens de
ataque, invariavelmente, os três entram em campo com funções defensivas bem definidas. A movimentação ofensiva é muito importante. Se tiver um centroavante fixo, você pode colocar que os pontas troquem de lado constantemente, isso vai dificultar muito a marcação. COMPARATIVO ENTRE OS MODELOS DO 4-3-3 SISTEMAS 4-3-3 CLÁSSICO 4-3-3 MODERNO POSIÇÕES FUNÇÕES BÁSICAS FUNÇÕES BÁSICAS Basicamente, Eram exclusivamente mantiveram-se. de marcação à frente Passou a ser comum a da área, subindo subida de zagueiros Zagueiros centrais somente até o meiocampo. Faziam para as jogadas de ataque. Geralmente, também, a cobertura um meia cobre essa nas laterais situação Passaram a fazer todo Preocupavam-se o corredor lateral. exclusivamente em Para compensar suas defender os flancos. subidas, outros Cobriam também a jogadores fazem a Zagueiros laterais ou zaga nos ataques cobertura na defesa laterais adversários vindos do os volantes, os lado contrário. armadores e os Raramente eram zagueiros. As saídas vistos aventurando-se para o ataque quase no ataque sempre são alternadas Responsável pelo Continuou com as Centro médio ou primeiro combate à mesmas funções, só volante frente da zaga central. que no novo 4-3-3 PRINCIPAIS EVOLUÇÕES Praticamente, mantiveram-se como antes. Os zagueiros continuam sendo valorizados como zagueiros Maior área de atuação. Novo perfil de atleta para a posição: excelente capacidade aeróbia e bons passes e cruzamentos Não houve mudanças significativas. O volante clássico
Fazia também a tem a ajuda permanece com as cobertura dos meias, sistemática dos meias, mesmas zagueiros e laterais que passaram a ser características até os sempre que o lance rotativos e dias de hoje, obrigava a essa marcadores, além de independentemente situação ofensivos. Às vezes, do sistema que são 2 ou 3 volantes no compõem. Está sendo desenho moderno exigido que saibam jogar e atacar mais Com laterais ofensivos, os Cada qual jogava num armadores passaram a Novo perfil: mais dos corredores voltar para tapar os poder físico e novas Meia de armação ou centrais, esquerdo ou buracos na funções táticas em simplesmente meias direito, com funções intermediária campo. Nasceram a mais ofensivas que defensiva. Apareceram partir daí os meias defensivas os meias que sobem e rotativos os meias que ficam mais Pontas ou atacantes de flanco Eram jogadores com características puramente ofensivas dribladores e velozes. Jogavam sistematicamente pelos flancos Mantiveram as funções anteriores, acrescida da obrigação tática de marcar a subida do lateral contrário. Ajudam muitos os seus laterais. Movimentamse mais na frente do ataque Novo perfil: mais versáteis e maior poder físico. Passaram a ter liberdade para usar toda a frente de ataque com mudanças de posições. São mais táticos, principalmente em termos defensivos O homem do jogo Marca forte a saída de Centroavante ou atacante fixo enfiado aéreo e do último toque. Prendia os zagueiros de área e criava espaços para a penetração dos meias. Boa presença de área bola do adversário e, dependendo das suas características, movimenta-se na frente de ataque, mudando Mais versatilidade para atuar na frente ofensiva. Maiores responsabilidades táticas na marcação e com características constantemente de
de artilheiro função com os pontas EXEMPLOS DO 4-3-3 Olympique Lyonnais na UEFA Champions League (2007/2008) Valência (ataque e defesa)
Inglaterra
Holanda (2006), amistoso antes da Copa Holanda
TREINAMENTO Os principais objetivos dos treinamentos no sistema 4-3-3 são: Enfatizar a movimentação dos atletas de meio-campo. Enfatizar a necessidade que os pontas voltem para auxiliar a marcação do meio de campo. Trabalhando com dois volantes, determinar o sistema de cobertura dos laterais. Enfatizar o trabalho ofensivo pelas laterais. Usar trabalhos em campos reduzidos e pequenos grupos objetivando a movimentação, principalmente dos três jogadores de meio-campo. O time laranja tem a posse de bola e está no 4-3-3
Você poderá determinar três tipos de ataque: 1. Ataque posicional (ou posicionado) caracterizado por passes horizontais, manter a posse de bola sem pressa para concluir 2. Ataque rápido caracterizado por passes verticais, em velocidade 3. Contra-ataque É extremamente importante observar as transições ofensivas e defensivas. Transição defensiva Principalmente os dois pontas devem voltar para cobrir o corredor defensivo lateral, assim marcando a subida dos laterais/alas adversários. Importante a compactação dos jogadores na hora da marcação, não se deve deixar espaços entre os jogadores no campo de defesa. O ideal é manter, no mínimo, seis jogadores atrás da linha da bola. Transição ofensiva Nessa etapa é de fundamental importância o apoio dos meias defensivos ou dos laterais no ataque. Enfatizar a saída rápida dos defensores para o ataque, evitando assim que fique um buraco entre a defesa e o ataque. O treinador deve cobrar bastante isso dos atletas, pois é muito comum eles relaxarem nesse aspecto e deixarem os espaços vazios. Exemplos de exercícios para manter a posse de bola: 1- Duas equipes de 4, 5, 6, 7 ou 8 jogadores jogam entre si. Limitar o número de toques. Não tem gol. Campo reduzido. Objetivo: trocar 10 passes sem que o adversário toque na bola.
2 Duas equipes de 5 jogadores cada. Tendo 2 jogadores neutros que jogam a favor da equipe que tiver a posse de bola. Limitar o número de toques. Não tem gol. Campo reduzido. Objetivo: trocar 10 passes sem que o adversário toque na bola. 3 Duas equipes de 5, 6, 7, 8 ou 9 jogadores jogam entre si. Limitar o número de toques. Não tem gol. Campo reduzido. Cada jogador só poderá marcar um adversário pré-determinado, marcação individual. Objetivo: manter a posse de bola. Exercício de triangulação ofensiva: Passe Deslocamento Obs.: varie o número de atacantes, 1, 2 ou 3 e faça com e sem marcação
DICAS Recomendo que utilize dois jogadores de marcação no meio-campo caso tenha laterais que apóiem o ataque e um zagueiro que possa sair para o jogo e atacar. Assim esses dois jogadores no meio podem fazer a cobertura dos defensores. Hoje é extremante importante essa cobertura, pois se o adversário tiver espaço para atacar pelas pontas, isso acarretará enormes problemas defensivos. Criar situações-problemas. Desenvolver para o atleta atividades que o obriguem a achar soluções próximas à realidade. Criar não só dificuldade física, mas também mental. Evitar atividades fechadas que não desenvolvam a criatividade e o improviso consciente. São fundamentais as triangulações ofensivas. Quando um jogador de ataque estiver com a bola, outro deve se aproximar para fazer uma tabela. No 4-3-3 é fundamental usar as pontas. Se os ponteiros caírem para o meio, o jogo ficará embolado e atrapalhará toda a movimentação ofensiva. O 4-3-3 é um sistema a moda antiga, jogo pelos flancos. O ideal é ter dois ponteiros com características de velocidade. Jogadores que saibam atuar abertos, mas que tenham disciplina tática para voltar e auxiliar na marcação do meio-campo, constituindo assim, defensivamente, em um 4-5-1. Quando for implementar o 4-3-3 para crianças, esse trabalho deve ser bem gradual. Comece dividindo os trabalhos. Defesa, meio-campo e ataque. Depois que as crianças já tiverem certo desenvolvimento técnico, tático e maturacional, você pode unir todo o sistema, da defesa até o ataque.