Entrevista Vocação para inovar



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Transcrição:

Vocação para inovar Por Juçara Pivaro Nos últimos anos, o Ital vem realizando mais intensamente seu papel de contribuir com o desenvolvimento de tecnologias para a área de alimentos e bebidas. Novas parcerias, ampliação de área de laboratórios da instituição e a criação da Plataforma de Inovação Tecnológica do Brasil Food Trends 2020 ampliam a participação do Ital em pesquisas e desenvolvimentos. Consolidando sua vocação também para formar pessoas, o instituto conquista novos espaços na área acadêmica e anuncia a criação de seu Programa de Mestrado. Em entrevista, Luiz Fernando Ceribelli Madi, diretor geral do Ital faz um balanço das ações da instituição nos últimos anos, fala dos atuais projetos e perspectivas. Para contar como estão os trabalhos na Plataforma de Inovação Tecnológica, Madi convidou Raul Amaral Rego, coordenador técnico da área. Fotos: Antonio Carriero - ITAL Luis Madi Raul Amaral Rego

Luis Fernando Ceribelli Madi é mestre em Embalagem de Alimentos (Escola de Embalagem, Michigan, EUA). Engenheiro de alimentos (FEA, UNICAMP). Diretor Geral do Instituto de Tecnologia de Alimentos, Diretor do Departamento de Agronegócio da FIESP, Diretor da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (FUNDEPAG), Membro da Câmara Setorial de Alimentos da ANVISA, Secretário Executivo do Conselho Consultivo do CETEA/ITAL, Coordenador Geral do Projeto Brasil Food Trends 2020, Coordenador Geral da Plataforma de Inovação Tecnológica do ITAL, Professor Adjunto da Escola de Embalagem da MSU nos EUA. Raul Amaral Rego é doutor e mestre em Administração: Marketing e Finanças (USP), Economista (USP) e Engenheiro de Alimentos (UNICAMP). Aperfeiçoamento no exterior em Gerenciamento da Qualidade (AOTS, Yokohama, Japão). Professor de marketing em programas de pós-graduação de Insper e FIA (São Paulo-Brasil). Diretor da Honne Comunicação e Marketing, empresa de consultoria em marketing e estratégia. Coordenador Técnico do projeto Brasil Food Trends 2020. Coordenador Técnico da Plataforma de Inovação Tecnológica. IT Este ano foi bastante significativo para o Ital em ações e parcerias. Quais áreas de pesquisas da instituição trouxeram resultados mais significativos? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - Os resultados deste ano podem ser atribuídos à visão estratégica já definida há alguns anos, que agora começa a dar frutos, com impactos bastante positivos para as várias áreas do ITAL, em um plano que deverá evoluir ainda mais em 2012, 2013 e 2014. Como exemplos, posso destacar os avanços no estabelecimento de parcerias internacionais, a ampliação dos programas de apoio às pequenas e médias empresas, a consolidação da Plataforma de Inovação Tecnológica, o apoio à produção do conhecimento científico e tecnológico, e o projeto para criação do programa de Mestrado no Ital. Quanto às parcerias internacionais, destaco o trabalho desenvolvido junto ao Instituto Fraunhofer, da Alemanha, e também o início dos contatos com instituições de outros países como Coréia, Espanha e Dinamarca. Deve-se ao trabalho do Grupo Especial Internacional do Ital, que tem identificado quais são as principais instituições de pesquisa da nossa área no mundo, para que possamos aumentar este tipo de integração que permite aperfeiçoar e ampliar a oferta de serviços tecnológicos para nossos clientes e para a sociedade de maneira mais ampla. O apoio a pequenas, médias e micro-empresas tem se fortalecido no Ital em quatro linhas de atuação: a Comissão Técnica de Agroindústria Familiar, que o ITAL coordena; a parceria com o SEBRAETEC, que agora está em uma fase mais consistente e com valores atrativos, apoiando ações tecnológicas à pequenas e micro empresas; o apoio do Ital ao projeto Microbacias II, desenvolvido pelo Banco Mundial e a Coordenadoria de Assistência Integral (CATI), que tem como objetivo maior, transformar os produtores de alimentos in natura, também, em produtores de alimentos processados; e, o mais importante em termos de futuro, o projeto de inclusão tecnológica que estamos desenvolvendo com a FIESP e CIESP. No projeto de inclusão tecnológica estamos mapeando quais são as indústrias de alimentos, bebidas e correlatos do Estado de São Paulo. Queremos saber onde elas estão, conhecer o seu perfil inovador e como estão 7

em termos de capacitação e desenvolvimento tecnológico. Com essas informações, saberemos quais as suas necessidades específicas, para que possamos oferecer nossos serviços tecnológicos com maior eficiência. Em relação à plataforma de inovação tecnológica do Ital, considero que esta evoluiu de forma extremamente positiva, sob a coordenação do Raul Amaral. Sobre ela falaremos um pouco mais adiante. Na produção do conhecimento, o Ital também tem progredido. Nesse ano, o Brazilian Journal of Food Technology - BJFT, nosso boletim científico e tecnológico, deu um grande passo, passando a fazer parte da coleção de periódicos científicos selecionada pela biblioteca eletrônica Scielo, de forma a permitir maior acesso da sociedade à tecnologia e pesquisa desenvolvida no Ital. O incentivo e desenvolvimento de pesquisa através de jovens estudantes, também é uma ação extremamente estratégica para o Ital. Por isso, temos conseguido um número grande de bolsas do CNPq para o programa de bolsas de iniciação científica PIBIC e PIBIT, que permite que vários estudantes desenvolvam projetos de pesquisa e inovação junto aos pesquisadores do Ital. Em primeira mão, aproveito a oportunidade para anunciar o projeto para a criação do Programa de Mestrado no Ital, decorrência natural da vasta experiência dos nossos pesquisadores nas atividades de pesquisa e formação de pessoas. Este programa será estratégico para a consolidação do Ital na comunidade de C&T. Existe a necessidade de desenvolvimento de produtos inovadores, criação de produtos competitivos nacional e internacionalmente. Há pesquisa, mas falta aplicação. Além disso, nosso futuro poderá ser ainda mais promissor, a partir dos resultados do trabalho junto a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), para a adequação da proposta de um novo modelo jurídico institucional para os Institutos de Pesquisa, fundamental para ter agilidade na realização das nossas pesquisas e serviços, desenvolvimento de projetos de PD&I, estabelecimento das parcerias etc. IT As pesquisas das várias áreas do Ital tiveram algum tipo de denominador comum? RAUL AMARAL REGO A inovação foi o grande foco dos trabalhos de pesquisas e da transferência de conhecimento feita pelas unidades do Ital. Todo o instituto está trabalhando e consolidando conhecimento na área de inovação nos serviços oferecidos pela instituição. As unidades têm realizado estudos sobre tendências e inovações e levado os resultados preliminares para discussão em congressos, seminários, cursos, palestras e outros eventos. IT Pela ótica do Ital, quais foram as principais necessidades tecnológicas das indústrias de alimentos e bebidas neste ano ou para futuro próximo? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI Para responder essa pergunta, ressalto o editorial do jornal Folha de São Paulo, do dia 22 de novembro, intitulado Estímulo a Inovação. No texto, é dito que o país avança na produção de artigos científicos, mas a integração de pesquisa universitária ou instituição de pesquisa com o setor produtivo, ainda deixa a desejar. Ou seja, existe a necessidade de desenvolvimento de produtos inovadores, criação de produtos competitivos nacional e internacionalmente. Há pesquisa, mas falta aplicação. O nosso sistema privilegia muito mais a área acadêmica do que a área tecnológica ou de inovação. E aí está o problema, todo mundo fala, escreve sobre tudo isso, mas ainda não conseguimos mudar esse processo para que haja um incentivo consistente para essa demanda. E as indústrias de alimentos e bebidas necessitam disso, produtos mais competitivos. IT Nos últimos anos, tem aumentado o número de empresas que procuram o Ital? Qual o perfil dessas empresas? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - O ITAL realiza, há 12 anos, uma pesquisa junto aos seus três mil clientes externos. Com essa pesquisa conseguimos enxergar e acompanhar o perfil dos nossos clientes. Atualmente do nosso atendimento total, temos o índice 15% de micro empresas, 25% pequenas, 25%

O apoio a pequenas, médias e microempresas tem se fortalecido no ITAL em quatro linhas de atuação. médias e 35% de grandes empresas. Esses números mostram, claramente, que o nosso grande trabalho está voltado mais às pequenas e médias e micro empresas (65% das empresas). Do total das empresas que procuram o ITAL, 50% são do setor alimentos, 20% da área de embalagens e 30 % da área de ingredientes e correlatos. Esses números não têm mudado muito nesses anos. Mas ao longo dessas pesquisas, percebemos algo interessante. Quando programa como o SEBRAETEC avança ou outros programas de apoio a essas empresas aumentam, os nossos índices de número de empresas que procuram o Ital também aumenta. Ou seja, as pequenas, médias e micro empresas são extremamente dependentes de apoio financeiro das entidades para se desenvolver. IT Como está o andamento dos estudos na parceria com o Instituto Fraunhofer? Qual foi o foco dos estudos? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - O trabalho com o Instituto Fraunhofer vem sendo realizado há um tempo e já está bem avançado. Em 2010, assinamos o Protocolo de Intenções com o instituto alemão e os primeiros projetos de estudo em parceria foram surgindo. No momento, também estamos trabalhando na elaboração da proposta de convênio entre o Instituto Fraunhofer e o Ital, através da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O convênio estabelecerá o desenvolvimento do projeto Innovation Center, que tem como objetivo desenvolver pesquisas entre 2012 e 2020, em quatro focos: bioenergia, biomateriais, produtos premium, e novas tecnologias de processamento de alimentos, dentro do Project Center Innovation Center. IT Quais as propostas, áreas de estudos e tempo do trabalho da Plataforma Tecnológica do Ital? RAUL AMARAL REGO - A plataforma teve como origem, a necessidade de desdobramento do projeto Brasil Food Trends 2020 em estudos mais específicos sobre as tendências das áreas de atuação do Ital. Para isso, convertemos o conhecimento em projetos de inovação para empresas de pequeno, médio e grande porte. O trabalho da plataforma se estende há quase um ano e, atualmente, temos vários projetos em andamentos, com destaque para a série de publicações 2020 que lançaremos nos próximo ano. Essa série trará, de forma detalhada, as tendências de inovação nas áreas de embalagens, ingredientes, leite e derivados, carnes e derivados, confectionery & bakery, frutas e hortaliças, bebidas e alimentação escolar. Além destes estudos, a Plataforma tem dado apoio a outros projetos, como o de inclusão tecnológica das PMEs e na formulação do programa de inovação tecnológica para o setor de bebidas não alcoólicas. IT Neste ano, sai o novo documento do BFT 2020. Será o aprofundamento do anterior? RAUL AMARAL REGO - O BFT 2020 foi um projeto realizado junto a FIESP e deverá ter uma atualização a partir do próximo ano. Mas, antes disso, é necessário o aprofundamento dos temas nele tratados, por meio dos estudos específicos comentados anteriormente, que trarão os cenários da inovação para setores específicos da indústria de alimentos, trazendo também informações sobre tecnologias disponíveis para empresas e oportunidades de mercado que podem ser exploradas. A partir dos lançamentos das publicações da série, ao longo do ano de 2012, acredito que haverá material suficiente para uma nova edição do BFT 2020, provavelmente em 2013. LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI Quando criamos o BFT 2020 não tínhamos nenhuma referência. Hoje nós temos toda a experiência adquirida junto ao trabalho com a FIESP e com outras entidades responsá-

veis pela publicação, temos a Plataforma de Inovação Tecnológica do Ital, com um banco de dados inédito no Brasil e teremos os sete novos documentos. Com tudo isso, a reavaliação e reedição do BFT 2020 serão muito fáceis de realizar. Juntaremos nossas experiências para buscar um olhar diferente para os documentos, que já estarão publicados, formatando-os na linha do BFT 2020. Será um novo formato de apresentação das tendências da alimentação no Brasil para o futuro. IT Qual é o conteúdo desta próxima etapa? Em que áreas o Ital está participando da elaboração? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI Lançaremos publicações com os seguintes temas: embalagens, ingredientes, leite e derivados, carnes e derivados, confectionery, frutas e hortaliças, bebidas e alimentação escolar. IT Que aspectos são estudados no novo documento? Quando será a apresentação dos resultados dos estudos e onde será a apresentação oficial? RAUL AMARAL REGO - Acredito ser importante destacar, dentre os estudos citados, o da área de ingredientes, que foi desenvolvido em parceria com a UBM. O lançamento da publicação resultante desse estudo será lançado em setembro de 2012, durante a Feira Food Ingredients South America. Nessa feira, haverá um evento especifico para apresentarmos a publicação. E os lançamentos das outras publicações da série acontecerão da mesma forma, ou seja, em congressos, feiras e eventos pré-agendados, tais como o Seminário de Alimentação Escolar do Ital, que ocorrerá no próximo ano. IT Como avalia o atual estágio de pesquisa e desenvolvimento na área da alimentação e embalagem? O que mudou no Brasil nessa área nos últimos anos? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - O estágio ainda não é bom porque não há uma atenção adequada do governo, especialmente do federal, para apoiar as pesquisas na área de alimentos e bebidas. É importante lembrar que os alimentos em geral são, atualmente, os responsáveis pelo superávit total da balança comercial do Brasil. Mesmo assim, não existe um programa específico de apoio ao desenvolvimento e incentivo na parte de pesquisa dessa área. Há um documento da European Technology Platform que mostra que a média do desenvolvimento da indústria de alimentos está abaixo da média brasileira para outros setores da indústria. Além disso, um dado da ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Quando criamos o BFT 2020 não tínhamos nenhuma referência. Hoje nós temos toda a experiência adquirida junto ao trabalho com a FIESP e com outras entidades responsáveis. Alimentação) mostra que de todos os investimentos aplicados nos setores de alimentos, a menor parte é destinada à pesquisa e desenvolvimento de produtos. IT O bom momento da economia brasileira, de alguma forma, refletiu nas solicitações de pesquisas para o Ital? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - Em 2010, sim e, em 2011, o crescimento se manteve. O problema econômico de 2008 refletiu em 2009, que não foi um ano muito bom para o Ital. Já, em 2010, tivemos um aumento muito grande nos trabalhos do Instituto. Agora, prevemos fechar esse ano mantendo o que conseguimos em 2010, que por ter sido muito bom é um crescimento difícil de superar. O mercado internacional acaba retraindo a nossa economia, porém conseguimos manter os mesmos índices de atendimentos do ano passado. IT Quais os últimos investimentos realizados no Ital? Quais áreas foram contempladas? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - Antigamente, o Ital trabalhava, em média, com dois milhões de reais por ano, proveniente de investimentos de agências de fomento e que eram investidos em infraestrutura e pesquisa. Esse investimento dobrou para quatro milhões.

Além disso, tenho que ressaltar o grande investimento do governo estadual no Ital, nos últimos quatro anos. É só visitar o Ital e perceber todas as reformas, construções e melhorias da nossa infraestrutura. Ficamos 20 anos sem uma melhora consistente. E, agora tivemos uma melhora significativa e prevemos mais investimentos nos próximos quatro anos pra melhorar ainda mais a infraestrutura e os serviços oferecidos pelo Ital. IT Quais os principais projetos da instituição para os próximos anos? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - Adequar o modelo jurídico institucional do Ital às necessidades do mercado. O mercado está mais complexo, extremamente dinâmico e competitivo. Nós, atualmente, competimos com as universidades e instituições de pesquisa privadas. Acredito que se quisermos continuar auxiliando as pequenas, médias e micro empresas - que são as mais necessitadas- teremos que ter um dinamismo muito maior, que só será alcançado com a mudança do nosso modelo jurídico. Durante esse ano, nos empenhamos na elaboração da proposta de modelo institucional que será entregue para o governador, Geraldo Alckmin. Esse é o nosso grande desafio. O Ital possui certificações, ISO, infraestrutura e interage com iniciativa privada através do conselho consultivo e entidades setoriais. Apesar de tudo isso, se não melhorarmos o nosso modelo institucional, de modo que tenhamos maior flexibilidade, não teremos condições de atender a demanda do mercado. IT Quais os principais desafios da instituição em médio prazo? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - Tudo dependerá da mudança do nosso modelo jurídico administrativo. Se não tiver essa mudança, melhoramos, mas não daremos o salto necessário. Dentro de regras estabelecidas, precisamos de flexibilidade para que haja uma instituição que trabalhe junto à necessidade da iniciativa privada, com dinamismo. Durante o aniversário do Ital deste ano, comemorado em agosto, apresentamos um primeiro histórico da trajetória do Ital. Nessa apresentação, explicamos que em 1964, Andre Tosello, então diretor do Centro Tropical de Pesquisa e Tecnologia de Alimentos (forma como o Ital era conhecido), dizia que o Instituto precisava ter duas necessidades: autonomia administrativa e financeira. Naquela época, Tosello já tinha a clareza de que esses dois pontos seriam mais que necessários para o Ital nos dias de hoje. IT O que significa estar à frente do Ital num período tão rico para a instituição? LUIS FERNANDO CERIBELLI MADI - É um prazer, uma honra e um desafio. Temos chance de ter uma Instituição preparada para o futuro. Falamos em Food Trend 2020, Pack Trend 2020, mas precisamos também ter o ITAL 2020. O ITAL de hoje não pode ser o mesmo de 1960. Nós temos no Instituto um modelo histórico forte e enraizado que ainda é daquela época, mas que não se encaixa na economia do país de hoje. Naquela década de 60, o Brasil não tinha a importância que tem hoje e a exportação de alimentos não tinha o peso que tem hoje na nossa economia. Dessa forma, acredito que precisamos ter outra instituição, com pesquisadores que consigam trabalhar de forma mais dinâmica, interagindo facilmente com o mercado. Conseguimos, em parte, alcançar isso com o trabalho da Plataforma de Inovação do Ital. Porém, esperamos conseguir o apoio do governador do Estado, Geraldo Alckmin, da Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi e do Coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Orlando Melo de Castro, para consolidarmos a conquista do Ital mais dinâmico e moderno. É importante lembrar que os alimentos em geral são, atualmente, os responsáveis pelo superávit total da balança comercial do Brasil. Mesmo assim, não existe um programa específico de apoio ao desenvolvimento e incentivo na parte de pesquisa dessa área.