AS MÍDIAS E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA RESUMO



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Transcrição:

571 AS MÍDIAS E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 1 Evelize Krüger Peres RESUMO O referido artigo vai tratar do uso das mídias digitais, como metodologia pedagógica nas aulas das ciências exatas e em outras áreas do conhecimento. Traz a importância do uso desses recursos atualmente, pelo fato de nossos educandos viverem em um mundo onde as mídias estão presentes em nosso cotidiano. Entenderemos por mídias todo o universo das mensagens que são difundidas com a ajuda de materiais como livros, cds, revistas em quadrinhos, novelas, filmes, vídeos. etc; ou seja, todo um campo da produção de cultura que chega até nós pela mediação de tecnologias, sejam elas as emissoras de TV, rádio ou internet. Palavras-chave: mídias digitais, metodologia pedagógica e educação matemática INTRODUÇÃO Para tratar e pensar as relações entre mídias e educação, é preciso primeiramente ter noção de cultura e socialização. Tendo em vista que cultura em seu sentido antropológico, como produto da atividade material e simbólica dos humanos; cultura como capacidade de criar significados, potencial humano de interagir e se comunicar a partir de símbolos. Sendo assim, refletir sobre as mídias do ponto de vista da educação é admiti-las enquanto produtoras de cultura e conhecimento. Percebe-se a necessidade da introdução das tecnologias da informação e comunicação na educação. Vivemos em uma sociedade cuja informação é sempre crescente, o que, em si, poderia constituir-se no maior e irrefutável argumento em favor da inserção das mídias na educação. são relativas Fazendo referência aos PCNs, as novas tecnologias da informação e da comunicação... as recursos tecnológicos que permitem o trânsito de informações, que podem ser diferentes meios de comunicação (jornalismo impresso, rádio e 1 Docente do curso de Licenciatura em Matemática da Ulbra Guaíba. Especialista em Matemática, Mídias Digitais e Didática.

572 televisão), os livros, os computadores, etc [...] Os meios eletrônicos incluem as tecnologias mais tradicionais, como rádio, televisão, gravação de áudio e vídeo, além de sistemas multimídias, redes telemáticas, robótica e outros. Quando falamos em tecnologia educacional, consideramos todos esses recursos tecnológicos, desde que em interação com o ambiente escolar no processo ensino aprendizagem. AS MÍDIAS E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Assim que uma nova tecnologia é introduzida na educação, cristalizam-se ao menos três posições: indiferença, ceticismo ou otimismo. Os que são indiferentes aguardam pacientemente o desenrolar dos acontecimentos para aderirem ou não à nova tecnologia. Temem os modismos e, portanto, preferem esperar a lançar-se em estudos que, acreditam, podem não passar de uma efêmera panaceia. Os céticos cercam-se de vários argumentos para desacreditar do novo. Argumentos do tipo: se a escola não tem sequer giz, quem dirá computadores; a educação vai acabar de desumanizada, deixando a cargo dos computadores o ensino. Os otimistas acabam por creditar a resolução de todos os problemas da educação à introdução dos computadores e das mídias. Porém hoje o mundo nos exige pessoas ativas e participantes que precisarão tomar decisões rápidas e precisas. Portanto, é necessário formar cidadãos matematicamente alfabetizados que saibam como resolver, de modo criativo e preciso, seus problemas do cotidiano. Dessa maneira é necessário que façamos uso de recursos tecnológicos para que favoreçam ambientes de construção de conhecimentos. Para Brasil (2001): Se entendermos a escola como um local de construção do conhecimento e de socialização do saber, como um ambiente de discussão, troca de experiências e de elaboração de uma nova sociedade, é fundamental que a utilização dos recursos tecnológicos seja amplamente discutida e elaborada conjuntamente com a comunidade escola, [...] (apud Schneider, p. 3) O uso das tecnologias auxiliando as atividades de construção do conhecimento podem tornar las mais agradáveis em qualquer nível. Cabe ao educador adaptar as atividades, viabilizando desta forma as aprendizagens de conteúdos matemáticos muitas vezes considerados sem significado.

573 O uso de ferramentas audiovisuais no ensino é bastante difundido, principalmente com o desenvolvimento tecnológico. Porém, na área ligada as ciências exatas, a utilização desses recursos ainda é muito restrito, talvez por apoiarem se quase que exclusivamente em didáticas voltadas à prática de exercícios, realizados após a exposição dos conteúdos. Os educadores devem interagir com a mídia sem cobrança educativa, mas a partir de sua adequação à proposta pedagógica em questão, integrando-a ao processo educativo em consonância com a abordagem da tecnologia educacional. Além disso, a escola de hoje deve ser problematizadora, desafiadora, agregadora de indivíduos pensantes que constroem conhecimento colaborativamente e de maneira crítica. Nessa perspectiva o educador deve ser mais do que nunca um estimulador, coordenador e parceiro do processo de ensino e aprendizagem e não mais um transmissor de conhecimento fragmentado em disciplinas. Ao se reconhecer a importância da utilização de recursos audiovisuais é que se percebe o quão valioso é a utilização dos vídeos e de outras mídias nas aulas de Matemática. Segundo Moran (1995): O vídeo ajuda a um bom professor, atrai os alunos, mas não modifica substancialmente a relação pedagógica. Aproxima a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade urbana, mas também introduz novas questões no processo educacional. A importância das mídias nas aulas de matemática e também de outras áreas do conhecimento se dá ao fato de que os alunos podem estudar o conteúdo solicitado de forma diferenciada e criativa. Segundo Dante (1989): Uma aula de matemática onde os alunos, incentivados e orientados pelo professor, trabalhem de modo ativo individualmente ou em pequenos grupos na aventura de buscar solução de um problema que os desafia é mais dinâmica e motivadora do que segue o clássico esquema de explicar e repetir. (p. 13 14) Acredita-se que com a utilização das mídias o aluno se sentirá mais motivado para frequentar as aulas. É preciso cuidar que as mídias sejam utilizadas para possibilitar a criação de situações problema significativas aos alunos, auxiliando-os a desenvolver conceitos de diferentes disciplinas, para que não aconteça das mídias pertencerem à rotina da escola, desmotivando o seu uso por parte dos discentes e docentes. A inserção da informática e das mídias na sala de aula é potencial para provocar mudanças significativas em sua dinâmica. No entanto, o papel do professor é de fundamental importância para a efetivação dessas mudanças. Infelizmente, uma parte dos educadores adota uma certa tecnologia apenas um dado momento de sua carreira: a televisão, o rádio, o retroprojetor, o projetor de slides e, mais

574 recentemente, o computador, recursos que acabam sendo parafernálias eletrônicas que o professor utiliza apenas para não ser considerado um quadrado, ou para ter maior segurança, ou para obter status perante seus colegas. E a outra parte lamenta-se por não ter em sua escola tecnologias disponíveis, ouvindo comentários do tipo: eu quero me atualizar, mas não me dão condições.... Notamos que, na maioria dos casos em que esses equipamentos são adquiridos, acabam sendo jogados em um depósito, onde, por fim deterioram-se. A má utilização das mídias educacionais, deve-se ao fato de muitos professores demonstrarem medo em utilizá-las, pois muitos educandos demonstram maior conhecimento tecnológico do que eles próprios. De um lado, as inovações tecnológicas tem um apelo de deslumbramento, de outro, elas não são integradas facilmente ao cotidiano escolar. O uso das mídias digitais na sala de aula deve ser antecedido por reflexões consistentes sobre o alcance destas e o papel da escola. Uma questão é sobre a utilização do verdadeiro potencial das tecnologias computacionais no Ensino da Matemática. É preciso rever os processos de ensino tradicionais de Matemática que visam à aquisição de técnicas aritméticas e aplicação demasiada de fórmulas para chegar a valores numéricos sem significado desprezando o real fazer matemático. Segundo os PCNs (1998):... a Matemática deve acompanhar criticamente o desenvolvimento tecnológico contemporâneo, tomando contato com os avanços das novas tecnologias nas diferentes áreas do conhecimento para se posicionar frente às questões de nossa atualidade. (p. 118) Portanto deve-se oportunizar ao aluno a chance de desenvolver e utilizar o raciocínio lógico para testar e validar suas hipóteses evolução natural do conhecimento matemático, escondido pela escola tradicional. Assim defende-se uma reforma nas práticas tradicionais, revisando o impacto das novas tecnologias em tais práticas e no currículo matemático. Para que haja uma mudança no processo ensino aprendizagem da Matemática é necessário que alguns professores saiam da zona de conforto o qual procuram caminhar, onde quase tudo é conhecido, previsível e controlável. Mesmo insatisfeitos, e em geral os professores se sentem assim, eles não se movimentam em direção a um território desconhecido. Muitos reconhecem que a forma como estão atuando não favorece a aprendizagem dos alunos e possuem um discurso que indica que gostariam que fosse diferente. Porém, no nível de sua prática, não conseguem se movimentar para mudar aquilo que não os agrada. Acabam cristalizando sua prática numa zona dessa natureza e nunca buscam caminhos que podem gerar a incertezas e imprevisibilidade. Esses professores nunca

575 avançam para uma inovação, na qual é preciso avaliar constantemente as consequências das ações propostas. É necessário existir a possibilidade de gerar conjecturas e ideias matemáticas a partir da interação entre professores, alunos e tecnologia. A experimentação se torna algo fundamental, invertendo a ordem de exposição oral da teoria, exemplos e exercícios bastante usuais no ensino tradicional, e permitindo uma nova ordem: investigação e, então, a teorização. CONSIDERAÇÕES FINAIS Abre-se uma discussão teórica sobre o lugar do computador em práticas educativas nas quais se enfatiza a produção de significado por parte de alunos e professores. É preciso entender que uma nova mídia, como a informática, abre possibilidades de mudanças dentro do próprio conhecimento e que é possível haver uma ressonância entre uma dada pedagogia, uma mídia e uma visão de conhecimento, lembrando que uma determinada mídia não determina a prática pedagógica. Uma prática onde as mídias são utilizadas, tanto no ensino da Matemática, como em outras áreas do conhecimento, estão em harmonia com uma visão de construção de conhecimento que privilegia o processo e não o produto-resultado em sala de aula, e com uma postura epistemológica que entende o conhecimento como tendo sempre um componente que depende do sujeito. As mídias são uma nova extensão de memória, com diferenças qualitativas e permite que a linearidade de raciocínios seja desafiada por modos de pensar, baseados na simulação, na experimentação e em nova linguagem que envolve escrita, oralidade, imagens e comunicação instantânea. O nosso trabalho, como educadores matemáticos, deve ser o de ver como a matemática se constitui quando novos atores se fazem presentes em sua investigação. Não acredita-se que a informática, ou outras mídias, irão terminar com a escrita eou com a oralidade, nem que simulação acabará com a demonstração em Matemática. É bem provável que haverá transformações ou reorganizações.

576 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática 5ª a 8ª série. Brasília, 1998. DANTE, Luis R. Didática na resolução de problemas de matemática. São Paulo: Ática, 1989. MORAN, José Manuel. Comunicação e Educação. São Paulo: Ed. Moderna, 1995. SETTON, Maria da Graça. Mídias e Educação. São Paulo: Contexto, 2010. SCHNEIDER, E. J. Procedimentos para a elaboração de um projeto transdisciplinar utilizando o laboratório de informática. Dissertação de mestrado. Programa de Pós graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis: UFSC, 2001.