O LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS NO PROCESSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Documentos relacionados
PROGRAMA DE DISCIPLINA

INVESTIGAÇÃO NO ENSINO MÉDIO: PESQUISA ESCOLAR EM DISCUSSÃO 1

ENSINO MÉDIO INOVADOR: AS EXPERIÊNCIAS NA COMPREENSÃO DA BIOLOGIA

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III NA FORMAÇÃO DOCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

PROGRAMA DE COMPONENTE CURRICULAR

Palavras-chave: Ensino de Biologia. Experimentação Científica. Microbiologia.

Pró-Reitoria de Graduação. Plano de Ensino 2º Quadrimestre de Caracterização da disciplina Práticas de Ensino de Biologia l NHT

A DISCIPLINA DE PROJETO INTERDISCIPLINAR DE PRÁTICA PEDAGÓGICA

Didática Aplicada ao Ensino de Ciências e Biologia

A UTILIZAÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS EM PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, DESENVOLVIDOS NA ARGENTINA

Plano de Ação. É o conjunto de ações programadas, no espaço de um ano letivo, destinadas a superar as dificuldades

SISTEMATIZAÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO COMO ALTERNATIVA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE FÍSICA DO ENSINO MÉDIO

Palavras-chave: Educação Física. Produção Colaborativa de Práticas Corporais Inclusivas. Alunos público alvo da Educação Especial. 1.

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS EM RELAÇÃO À PRÁTICA DOCENTE NO AMBIENTE ESCOLAR

UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE EM CIÊNCIAS DA NATUREZA CRUZ, J. V. ¹, COELHO, F. B. O.

IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO DISCIPLINA REQUISITOS EDU 630 Tópicos em Educação Inclusiva

APRENDER E ENSINAR: O ESTÁGIO DE DOCÊNCIA NA GRADUAÇÃO Leise Cristina Bianchini Claudiane Aparecida Erram Elaine Vieira Pinheiro

A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA: PERSPECTIVAS DA UNIDADE ESCOLAR E O PAPEL DO CUIDADOR

DIREITO À EDUCAÇÃO: POLÍTICAS DE PLANEJAMENTO DAS TECNOLOGIAS E SUA INSERÇÃO NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE CAMPO GRANDE MS

O SABER PEDAGÓGICO E A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRÁTICA DE ENSINO APRENDIZAGEM 1

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO CURSO DE QUÍMICA: reflexões sobre a prática pedagógica

CONCEPÇÕES DOS DISCENTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (CFP/UFCG) SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

A IMPORTÂNCIA DO USO DE MODELOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE CITOLOGIA

1- Prof. Me. Dep. Química/UERN; 2- Alunos de Licenciatura em Química, Matemática e Física.

ESCOLHA DOS COORDENADORES EM MT NO ANO DE 2016: TENSÕES E CONFLITOS RESUMO

MEDIAÇÃO DIDÁTICA SEMIPRESENCIAL NO CURSO DE PEDAGOGIA RESUMO

UMA ANÁLISE DO PROGRAMA DE JOVENS E ADULTOS NA CONCEPÇÃO DE PROFESSORES (AS) E ALUNOS (AS) DO INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO CAMPUS IMPERATRIZ

Plano de Ensino. Qualificação/link para o Currículo Lattes: Teoria Exercício Laboratório

INTERAÇÃO UNIVERSIDADE E ESCOLA: REFLEXÕES SOBRE OS IMPACTOS DO PIBID NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA 1. Cátia Liliane Brzozovski Nunes 2.

O PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA (PNAIC) NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE BELÉM: IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO E TRABALHO DOCENTE

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE ESTÁGIO CURRICULAR E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUTURO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÍCOLAS.

PROGRAMA DE AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL SÍNTESE DO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

Análise dos Recursos Didáticos e Metodologias no Ensino de Ciências e Biologia em Escolas do Município de Muzambinho/MG

MANUAL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA 30 de agosto de 2017

Aula 3 ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO ENSINO DE BIOLOGIA I E II. Claudiene Santos Guilherme Guimarães JR

DIVISÃO DE ASSUNTOS ACADÊMICOS Secretaria Geral de Cursos PROGRAMA DE DISCIPLINA

O PRIMEIRO ESTÁGIO: CONHECENDO O AMBIENTE ESCOLAR

Pró-Reitoria de Graduação. Plano de Ensino XX Quadrimestre de 20XX

REGULAMENTO DE ESTÁGIOS PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DO CENTRO DE BLUMENAU. I Da natureza e dos objetivos

CONCEPÇÕES DE EDUCADORES SOBRE O PARQUE ZOOLÓGICO MUNICIPAL DE BAURU COMO ESPAÇO NÃO FORMAL DE ENSINO E APRENDIZAGEM

PLANO DE ENSINO/2013

A EXPERIMENTAÇÃO NO COTIDIANO DA ESCOLA PLENA DE TEMPO INTEGRAL NILO PÓVOAS EM CUIABÁ-MT

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de ciências, Metodologias, Palestra educativa.

Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal Catarinense - Campus Sombrio

A FORMAÇÃO INICIAL DO PEDAGOGO PARA ATUAR NO AMBIENTE HOSPITALAR: LIMITES E PERSPECTIVAS

Construtivismo no Ensino de Física: um estudo de caso com os professores do município de Bambuí MG

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Metodologia da Pesquisa Aplicada à Educação IV. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 8º

PIBID FURG E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO DE PEDAGOGOS

O ESTÁGIO DOCENTE COMO LUGAR DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

FORMAÇÃO DOCENTE: O PIBID E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

TÍTULO: AULAS EXPERIMENTAIS DE CIÊNCIAS A PARTIR DE ATIVIDADES INVESTIGATIVA

CURRÍCULO, TECNOLOGIAS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL DA ROBÓTICA EDUCACIONAL NO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO.

A importância das aulas laboratoriais como uma ferramenta didática para os professores de Biologia. Apresentação: Pôster

1. IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO DA DISCIPLINA: PERÍODO: 8º CRÉDITO: 4 NOME DA DISCIPLINA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOME DO CURSO: PEDAGOGIA

PROGRAMA DE AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL SÍNTESE DO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

II CONGRESSO DE INOVAÇÃO E METODOLOGIAS DE ENSINO

V Jornada das Licenciaturas da USP/IX Semana da Licenciatura em Ciências Exatas - SeLic: A

A PRÁTICA DOCENTE DE PROFESSORES EGRESSOS DO PIBID: UMA PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DAS FUNÇÕES INORGÂNICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA- PB

TÍTULO: IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DE COMO SER UM BOM PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA VISÃO DE DOCENTES.

EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA ANÁLISE SOBRE PERCEPÇÃO DOS ALUNOS

PLANO DE ENSINO DIA DA SEMANA PERÍODO CRÉDITOS. Segunda-Feira Vespertino 03

Disciplina: Didática Aplicada ao Ensino de Ciências e Biologia Prof.ª Dra. Eduarda Maria Schneider Aula 03/05

Prof. Dra. Eduarda Maria Schneider Universidade Tecnológica Federal do Paraná Curso Ciências Biológicas Licenciatura Campus Santa Helena

UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE ATITUDES FRENTE O APRENDER E A ESCOLA DE ESTUDANTES DO ENSINO BÁSICO FEIJÓ, T. V. ¹, BARLETTE, V. E.

PIBID: Química no ensino médio- a realidade do ensino de química na escola Estadual Professor Abel Freire Coelho, na cidade de Mossoró-RN.

PRODOCÊNCIA UEPB: PROFISSÃO DOCENTE, INOVAÇÃO E TECNOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

O REPENSAR DO FAZER DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR NO PROCESSO DE REFLEXÃO COMPARTILHADA COM PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

ANEXO A REGULAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DO CURSO DE LICENCIATURA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CAPITULO I DA REGULAMENTACAO CAPITULO II

REGULAMENTAÇÃO DA HORA-ATIVIDADE NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE JAGUAQUARA

Concepções de ensino-aprendizagem de docentes de Física Quântica do ensino superior

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E A EXPERIÊNCIA DO PIBID EM UMA IES COMUNITÁRIA: CAMINHOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA CONCEPÇÃO DE TRABALHO DOCENTE

FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA CIBERCULTURA: ESTUDO SOBRE A EVASÃO DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DOS CURSOS OFERTADOS PELO PROINFO.

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Decanato Acadêmico

EDUCAÇÃO INFANTIL: DOS MARCOS REGULATÓRIOS À POLÍTICA PÚBLICA DE FORMAÇÃO DOCENTE

PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO: UMA POSSIBILIDADE METODOLÓGICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

CONCEPÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA ENTRE DOCENTES DE ENSINO SUPERIOR: A EDUCAÇÃO FÍSICA EM QUESTÃO

Unidade Universitária: CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE. Disciplina: Projetos Educacionais para o Ensino de Biologia

1. IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO DA DISCIPLINA: PERÍODO: 6º CRÉDITO: CARGA HORÁRIA SEMANAL: 03 CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 45

AS DIFICUDADES NO ENSINO DA MATEMÁTICA PARA ALUNOS SURDOS NA EREM MACIEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE NAZARÉ DA MATA, PE

Estágio I - Introdução

Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará, Servidora Pública do Estado:

OFICINA TEMÁTICA: A EXPERIMENTAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE

Realidade e perspectivas do ENADE

AVALIAÇÃO E VOZ DOCENTE - COMPREENSÕES DOS PROFESSORES SOBRE A REPROVAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO DO ENSINO EM CICLOS

Plano de Ensino Docente

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

OS DESAFIOS DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA OFERECIDO PELA PLATAFORMA FREIRE, NO MUNICÍPIO DE BOM JESUS DA LAPA BA

1.1.1 O que é o Estágio?

LABORATÓRIO PROBLEMATIZADOR COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE FÍSICA: DA ONÇA AO QUILOGRAMA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem

POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA NA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ: O CASO DO PIBID/UENF

EDM METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA I LIC. EM MATEMÁTICA 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

O ESTÁGIO DOCENTE NA POS-GRADUAÇÃO ESPAÇO OU LUGAR DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO?

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DE INTEGRAÇÃO DOCENTE: PERSPECTIVAS CONCEITUAIS INOVADORAS RESUMO

Eixo Temático ET Educação Ambiental A PRÁTICA DOCENTE E A CONSTRUÇÃO DE NOVAS FORMAS DE SE PERCEBER E INTERVIR NO MEIO AMBIENTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ENSINO DEPARTAMENTO CCENS BIOLOGIA. Plano de Ensino

A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA A DISTÂNCIA UAB/ IFMT SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Transcrição:

O LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS NO PROCESSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO Resumo SANTOS, Renata Cristina dos Acadêmica do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNEMAT/CUAF PASUCH, Márcia Cristina Machado Profª. Drª. do Departamento de Ciências Biológicas da UNEMAT/CUAF O laboratório de ciências configura importante ferramenta para reflexão e melhor atuação no processo didático-pedagógico, podendo ser um local de ilustração, observação, demonstração de aulas teóricas ou de experimentação, onde o aluno pode adquirir a oportunidade para resolver problemas, elaborar hipóteses e analisar resultados. Nesta pesquisa, tem-se o objetivo de compreender o papel do laboratório de Ciências no processo didático-pedagógico do ensino de Ciências e Biologia na Escola Estadual Jayme Veríssimo de Campos Júnior, em Alta Floresta-MT. Fundamenta-se nos textos legais que favorecem e incentivam a utilização dos Laboratórios de Ciências como importantes espaços pedagógicos para a inserção de inovações no processo ensino aprendizagem, perspectivando aproximá-los do atual desenvolvimento científico e tecnológico. Trata-se de uma abordagem de cunho qualitativo em que, para a coleta de dados, lançou-se mão de revisão bibliográfica, análise documental, entrevista semiestruturada, observação e acompanhamento de aulas práticas. A investigação teve como sujeitos quatro docentes atuantes na área de Ciências Biológicas na referida escola. Sua realização ocorreu no período de maio de 2012 a agosto de 2013. A análise dos dados evidenciou infraestrutura inadequada do Laboratório de Ciências, uso infrequente deste espaço, além de despreparo da maioria dos professores para sua utilização numa perspectiva investigativa. Por fim, verificou-se que a utilização do Laboratório de Ciências como instrumento pedagógico não consta na pauta de discussão do coletivo escolar no momento de elaboração do planejamento anual, o que fragiliza sua inserção posterior nos planos de aula. Apresenta-se aqui o resultado da análise parcial dos dados. Palavras-chave: Laboratório de Ciências. Aulas práticas. Ensino. Introdução A reforma do ensino ocorrida com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei 9.394/96, deu início a um novo ciclo na Educação Básica. Essas mudanças objetivavam, por exemplo, a compreensão e inserção dos fundamentos científico-tecnológicos nos processos educativos, relacionando a teoria com a prática. Neste debate, colocou-se em questão o significado dos espaços escolares e sua utilização didático-pedagógica (BRASIL, 1996). Ao refletirem sobre o ensino de ciências, Campos e Nigro (2009) afirmam que sua realização, apenas com o objetivo de provocar mudanças conceituais, apresentou a falha de não estimular os alunos a avançarem no campo da investigação. 03151

Importante destacar que os tipos de atividades, mas, sobretudo sua articulação com a prática constitui um dos traços diferenciais que determinam a especificidade de muitas propostas didáticas (ZABALA, 1998). Frutos deste debate surgiram projetos com a finalidade de subsidiar práticas educativas inovadoras. Um desses projetos é o Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio Projeto Escola Jovem, criado em 2000 pelo Ministério da Educação (MEC). Uma das metas deste Projeto era equipar progressivamente as escolas de ensino médio com bibliotecas, laboratórios de informática e ciências e kit tecnológico (BRASIL, 2000). Neste contexto, a Escola Estadual Jayme Veríssimo de Campos Júnior conquistou o laboratório de ciências. Diante das situações apontadas, este trabalho objetiva compreender o papel do laboratório de Ciências no processo didático-pedagógico do ensino de Ciências e Biologia na Escola Estadual Jayme Veríssimo de Campos Júnior, em Alta Floresta- MT. Trata-se de uma abordagem qualitativa que busca compreender e interpretar dados qualitativos e quantitativos em seu contexto histórico (BICUDO; ESPÓSITO, 1997). Como instrumentos para a coleta de dados utilizou-se a entrevista semiestruturada, observação de práticas no laboratório e análise documental de roteiros. Foram entrevistados quatro professores, todos atuantes na área de Ciências Biológicas. Objetivando resguardar a identidade dos entrevistados, optou-se por distingui-los mediante as letras A, B, C e D. Análise parcial dos dados Do ponto de vista físico o laboratório em questão não atende às necessidades pedagógicas por ser um local pequeno, e não observar ao disposto na legislação. Segundo as orientações técnicas, um laboratório de ciências, dentre outras coisas, deve dispor de um espaço mínimo de três metros quadrados (3m 2 ) por aluno (KRASILCHIK, 2004). Para além desse limitante, os entrevistados ressaltaram a importância deste espaço para realização de aulas práticas. Argumentaram que as atividades nele realizadas são estimulantes, provocam interesse coletivo, unem a teoria à prática ocasionando maior aprendizagem. 03152

Importante considerar que as propostas de atividades podem resultar em um ensino centrado na transmissão de informações, na vivência do método científico ou na análise das implicações sociais da ciência, uma coisa ou outra vincula-se ao planejamento realizado pelo professor (KRASILCHIK, 2004). Nesse sentido, considerando o planejamento das aulas para o laboratório, perguntou-se aos sujeitos se preparam e testam com antecedência as atividades propostas aos alunos. Um professor afirmou realizar tais práticas; uma professora respondeu colocá-las no planejamento, mas não ser ela quem realiza o teste o qual fica a cargo do técnico do laboratório; e as outras duas disseram ter experiência com as práticas que realizam em razão destas já terem sido testadas, em anos anteriores, no decurso de suas carreiras docentes. Isso remete ao que Krasilchik (2004) afirma, ao aludir, que tão prejudicial quanto não dar aulas práticas é o planejamento elaborado de forma desorganizada, em que os estudantes, sem orientação, não sabem como proceder. Complementando esta ideia, Giani (2010) pondera que uma atividade mal conduzida pode confundir e desanimar os alunos. Assim, diante da importância de um bom planejamento para a execução de aulas práticas, nota-se a ausência do planejamento como um limitante a uma boa utilização dos laboratórios de ciências. Essa fragilidade se anuncia também quando a questão remete aos resultados alcançados, decorrentes das atividades realizadas com os alunos. A professora A respondeu que o laboratório atende às necessidades no processo ensino-aprendizagem, no entanto esse aprendizado é parcial: muitos alunos não levam a aula a sério, mas outros são extremamente interessados. Por sua vez, professores B e C responderam que os alunos têm mais aproveitamento na aprendizagem com as atividades no laboratório: por ser uma disciplina que trata de questões por vezes microscópicas, a utilização do laboratório torna plausível o estudo nesses casos (professor C ). A professora D respondeu que o laboratório não atende às necessidades do processo ensino-aprendizagem, porém é um espaço que media e que dá oportunidade de visualização quanto aos aspectos didático-pedagógicos no ensino de ciências. Nesse âmbito, para além dos limitantes estruturais já apontados, é importante considerar que o laboratório é um instrumento auxiliar do professor em sua atividade docente, ou seja, sua função será mais ou menos desafiadora ou promotora 03153

de aprendizagens, de acordo com o planejamento do professor e sua articulação com o técnico responsável por este ambiente (KRASILCHIK, 2004). Observa-se que cada prática apresenta uma característica diferente e depende muito de como o professor prepara essa atividade e da visão e envolvimento dos alunos. Nesta perspectiva Schmidt et al. (2008) buscam estabelecer relações no ensino de ciências com a fenomenologia do cotidiano na interpretação das atividades de laboratório e Cunha (2004) afirma que é preciso compreender o conteúdo das representações que o professor faz sobre a sua prática pedagógica. No contexto de realização das atividades percebeu-se que os alunos tiveram interesse pelo conteúdo e pela prática, onde puderam manipular os equipamentos com o auxílio do professor, do técnico e algumas vezes de estagiários de regência. Quanto ao atendimento do técnico do laboratório, de forma generalizada todas responderam ser bom, que os técnicos que atuam e atuaram no laboratório são pessoas preparadas, com curso técnico ou que cursam biologia ou áreas afins. Isso vem ao encontro com o que estabelece a Portaria Nº. 306/12/GS/Seduc/MT do Estado de Mato Grosso. Considerações preliminares As aulas práticas desenvolvidas no laboratório de Ciências precisam ser cuidadosamente planejadas para que as atividades experimentais tenham significado efetivo no ensino e na aprendizagem. Para isso se faz necessário um enfoque cuidadoso na formação de professores e técnicos, a fim de garantir preparo e qualificação adequada para esse tipo de atendimento, visando segurança, garantia na promoção do conhecimento, condições dignas de trabalho com equipamentos à disposição e de qualidade, espaço adequado e demais oportunidades que viabilizem a utilização desse espaço. Durante a pesquisa, percebeu-se que o laboratório é pouco frequentado em relação ao conteúdo programático das disciplinas de Biologia e Ciências; quando utilizado, as aulas são norteadas com dificuldades na problematização de alguns conteúdos trabalhados de forma prática. Entre as hipóteses encontradas na dificuldade da utilização dos laboratórios, verifica-se que há pouco diálogo sobre a importância das atividades experimentais, da utilização deste espaço no planejamento coletivo, em 03154

alguns casos, deixando de fazer parte do plano pedagógico anual de alguns professores. Referências BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Presidência da República. Casa Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ civil_03/leis/l9394.htm> Acesso em 01 jul. 2013.. Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio Projeto Escola Jovem. Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Síntese. Fevereiro. 2000. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/escola%20jovem.pdf>. Acesso em: 07 nov. /2013. BICUDO, M. A. V.; ESPÓSITO, V. H. C. A pesquisa qualitativa em educação: um enfoque fenomenológico. 2 ed. rev.. Piracicaba: Unimep, 1997. 231 p. CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Teoria e prática em ciências na escola: o ensinoaprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 2009, volume único: livro do professor. CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. 16. ed. Campinas: Papirus, 2004, 184 p. GIANI, K. A experimentação no Ensino de Ciências: possibilidades e limites na busca de uma Aprendizagem Significativa. 2010. 190 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências) - Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade de Brasília, Brasília, 2010. Disponível em: <http://ppgec.unb.br/images/sampledata/dissertacoes/2010/versaocompleta/ kellen%20giani.pdf> Acesso em: 06 nov. 2013. KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. 197 p. MATO GROSSO. Portaria Nº. 306/12/GS/Seduc/MT. Dispõe sobre critérios e procedimentos a serem adotados para o processo de atribuição. Secretaria de Estado de Educação (SEDUC). disponível em: <http://www.seduc.mt.gov.br/download_file.php?id=15530> Acesso em 05 nov. 2013. SCHMIDT, M. A. et al. (Org.). Diálogos e perspectivas de investigação. Ijuí: Unijuí, 2008. 336 p. ZABALA, A. A prática educativa; como ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998. 03155