estudo Por ViVian Lourenço 7 4 g u i a d a f a r m á c i a

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Transcrição:

Sentir dor não é normal A dor é sinal de que algo não vai bem no organismo. Os sintomas estão no cotidiano e é essencial saber a diferença entre a dor crônica e a aguda para buscar o tratamento Por Vivian Lourenço 74 guia da farmácia junho 2014 fotos: shutterstock

Qualquer dor já é motivo para tirar o sono de uma pessoa. E, dependendo do local que dói, acaba prejudicando a rotina da vida cotidiana e a mais fácil das tarefas se torna um obstáculo a ser ultrapassado até que a pessoa deixe de realizar ações simples e cesse o convívio social. Não é raro que esses episódios se repitam com frequência, porém sentir dor por um longo período pode fazer com que a pessoa se torne incapaz. É por esse motivo que, apesar de muitos pensarem da mesma maneira, sentir dor não é normal. Para fazer esse alerta e conscientizar tanto os profissionais da saúde quanto os pacientes, a Mundipharma, em parceria com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), realizou uma pesquisa que mapeou o comportamento da população sobre os diferentes tipos de dor, assim como as medidas tomadas para combatê-los. Foram entrevistadas 801 pessoas, em 11 capitais das 5 regiões brasileiras. Aproximadamente um terço dos entrevistados pratica atividades físicas, proporção semelhante à obtida nas pesquisas realizadas por outras instituições a esse respeito. Entre os que praticam, 65% declaram se exercitar três ou mais vezes por semana. O estudo apontou que as dores de cabeça afligem pouco mais de 80% dos brasileiros. Distantes, mas ainda assim atingindo quase 50% dos entrevistados, aparecem as dores nas costas e nos membros inferiores. Também foi relevante o lugar ocupado pelas dores musculares. Não houve citações do tipo nunca senti dor. Dos entrevistados, 65% afirmaram que sentem uma dor específica e 11% que a sentem continuamente; 80% declararam não estar fazendo nenhum tratamento, sendo que a medicação (66%) e a fisioterapia (25%) são os controles mais realizados para a dor. Desse total, 60% acreditam que a consulta médica pode resolver o problema, 25% confessaram se automedicar e 11% dos entrevistados simplesmente ignoram o problema e não fazem nada. 76% afirmaram que a dor interfere na rotina diária. Porém, apenas 37% declararam não saber que existe medicação para tratar a dor crônica e 70% declararam não ser normal sentir dor. Sinais e sintomas de dor crônica Imobilidade e suas possíveis consequências ao sistema musculoesquelético. Depressão do sistema imune e susceptibilidade a doenças secundárias. Distúrbios do sono. Queda de apetite e desnutrição. Dependência de medicação. Superdependência na família e de outros cuidadores próximos. Sobreuso ou uso inapropriado de cuidadores e do sistema de saúde. Queda de produção no trabalho, incapacidade. Ansiedade e medo. Amargura, frustração, depressão e suicídio. Dor crônica X dor aguda O que muitos pacientes com dores não sabem é que existem diferentes tipos de dores. A dor aguda é recente e serve como sinal de alerta e se torna muito importante para o quadro clínico. Já a dor crônica é aquela que persiste por mais de seis meses; a aguda pode ser controlada e a crônica ainda é um desafio, já que o tratamento é totalmente diferente; ela é física e emocional e afeta por volta de 20% a 30% da população brasileira. Uma primeira grande demarcação entre os tipos clínicos de dor é a diferenciação entre dor aguda e dor crônica. A dor aguda em geral é acompanhada de manifestações predominantes de ansiedade, e de comportamentos mais específicos em busca de alívio da dor, enquanto a crônica frequentemente está associada a manifestações depressivas e a comportamentos muito mais complexos. A dor aguda, portanto, está cumprindo uma função adaptativa, sendo um poderoso sinal de alarme de que algo não está bem no organismo. De acordo com o presidente da SBED, Dr. José Tadeu Tesseroli de Siqueira, a dor aguda é recente e funciona como um alerta, promovendo a cicatrização de qualquer área machucada. Embora ela seja desagradável, promove a sobrevivência. O problema é que a dor aguda pode evoluir para a dor crônica, ela persiste entre 10% a 50% dos 2014 junho guia da farmácia 75

Como você avalia a dor em sua vida em relação aos seguintes itens? Humor e disposição 42% 28% 13% 10% 7% 1% 3,9 No relacionamento com familiares 27% 26% 14% 16% 17% 1% 3,3 No relacionamento com amigos 22% 27% 15% 17% 19% 3,1 No relacionamento no trabalho 20% 27% 14% 14% 19% 7% 4,0 Muito impacto Algum impacto Nem muito nem pouco impacto Pouco impacto Nenhum impacto S.O. (sem opinião) pacientes que se submetem a tratamento cirúrgico, e ocorre de 2% a 20% desses pacientes. As evidências sugerem que o controle inadequado da dor aguda é causa de dor crônica. A dor crônica se caracteriza por ser de longa duração, mais de três meses. Geralmente ela permanece mesmo após o tratamento da sua causa e pode derivar de diversos fatores. Exemplo de dor crônica: dor neuropática diabética, enxaqueca, fibromialgia, entre outras. Por que sentir dor? A falta de informação e a questão cultural são apontadas pelo coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, Dr. Claudio Fernandes Corrêa, como principal causa de as pessoas acharem normal sentir dor. Os brasileiros têm o hábito de se automedicar, muitas pessoas convivem com a dor por muito tempo, tendo a sua qualidade de vida prejudicada. Lembrando que a dor é um sinal de que algo no nosso corpo não está indo bem, sendo essencial ser investigada. Por esses motivos, como complementa a oncologista e diretora médica da Mundipharma Brasil, Dra. Andréa Naves, é que um grande número de doentes, especialmente nos países em desenvolvimento, não recebe tratamento para as dores agudas e crônicas. Existem várias razões para esse problema, que incluem a falta de profissionais de saúde adequadamente treinados, a indisponibilidade de fármacos, especialmente opioides e o receio da utilização de alguns tratamentos. O primeiro grande passo para mudar essa realidade é treinar adequadamente os profissionais envolvidos com os pacientes que sofrem de dor, não apenas médicos e enfermeiros, mas também os demais profissionais da área de saúde. Porém, nem sempre a dor é uma inimiga. Sentir e perceber a sensação dolorosa é algo normal e necessário, como descreve o diretor cientifico da SBED, Dr. Alexandre Annes. Precisamos ter esse tipo de sensação para percebermos quando algo está fora do equilíbrio em nosso corpo e procurarmos algum auxílio. Nessa situação, a dor tem uma função de nos alertar. 76 guia da farmácia junho 2014

Dados da dor no Brasil A presença de dor crônica varia com a idade 10% entre 15-24 anos 35% entre 75 anos ou mais 10% De incapacitação pela dor crônica A prevalência de DC varia de 20% 41% Quase 1/5 dos indivíduos que buscam assistência médica geral referiram dor moderada ou contínua com dano físico ou comprometimento funcional, com duração maior de 6 meses da população; sendo de intensidade leve-moderada em 2/3 dos casos, e severa no terço restante A dor é constante em metade dos casos Em até 2/3 dos casos, a dor crônica geralmente localiza-se na região lombar e nas articulações; e em 1/4 ocorre no segmento cefálico Um dos problemas preocupantes é quando a presença da dor não é mais um sinal de alerta, mas está cronificada e torna-se uma doença em si, denominada Dor Crônica. Mas também há situações de Dor Aguda, que facilmente seriam manejadas, mas costumam ser sub- -tratadas, por negligência ou puro desconhecimento das alternativas de tratamento. Deve-se levar em consideração diversos aspectos do indivíduo para entender a sua dor. Portanto, quando pensamos nos tipos de dor podemos descrever de forma simplista como: as dores do corpo e as dores da alma. As descrições mais atuais e técnicas tentam separar de forma mais didática dentro de uma visão fisiopatológica, como: inflamatória (relacionada a um quadro de inflamação), neuropática (associada a uma alteração no nervo) ou a disfuncional (refere-se a uma doença em que o paciente sente dor sem que apresente alguma lesão tecidual aparente, denotando um problema no funcionamento cerebral), pontua Dra. Andréa. Tratamentos para a dor Tão importante quanto diagnosticar corretamente a doença de base é lançar mão dos recursos apropriados para controlar a dor, encarando-a como uma doença, orienta a Dra. Andréa. Outro aspecto de maior relevância é a possibilidade de dor desencadeada por alguns tipos de tratamento, tais como quimioterapia, radioterapia e alguns tipos de cirurgia. Muitas vezes, esses 78 guia da farmácia junho 2014

impacto da dor As dores que mais impactam o dia a dia da população Média Dores de cabeça 66% 6,2 Dores nas costas Dores nas pernas ou nos pés Dores musculares Dores abdominais Dores nos braços e/ou nas mãos Dor de dente Dores relativas a sentimentos ou psicológicas Dores no coluna Não lembra Outros 41% 37% 33% 22% 20% 11% 7% 6% 0,1% 4% 6,4 6,1 5,7 6,4 6,4 7,0 7,8 7,0 4,0 Para o cálculo das médias, as escalas tiveram as respostas ponderadas segundo valores de 1 a 10, sendo 1 o menor e 10 o maior valor. A base considerou somente as respostas expressas, desprezando-se as não respostas ( sem opinião ). tratamentos, por si só, produzem dor moderada ou intensa, que deve ser tratada com a mesma veemência que outras dores crônicas. Hoje em dia existem vários tipos de medicamentos que combatem a dor. Cabe aos médicos a utilização apropriada desses recursos. Pesquisas, estudos e descobertas vêm para ajudar os portadores de doenças que geram dor crônica, avalia o Dr. Corrêa. Além do avanço em novas medicações, procedimentos cirúrgicos tem-se desenvolvido para esse fim. A fim de conscientizar a população a pesquisar e tratar as causas da dor, as pesquisas em torno do assunto estão cada vez mais desenvolvidas e, no Brasil, há, cada vez mais, uma maior parcela de pesquisadores e cientistas dedicados a isso. As tendências mais recentes estão na busca por novos medicamentos, pesquisas genéticas, tratamentos não invasivos de estímulo cerebral, otimização da equipe de saúde e modalidades psicoterapêuticas com protocolos específicos para pacientes com dor. Está cada vez mais claro que o paciente também deverá ter um papel ativo no seu tratamento, ressalta o Dr. Annes. Conscientização necessária É importante que as pessoas saibam que sentir dor não é normal, destaca a Dra. Andréa. A dor é consequência de algum outro fator, seja do mais simples, como uma batida de perna, os mais complexos e preocupantes, como no caso de câncer. O importante, de acordo com os especialistas, é identificar a frequência, a intensidade e o tipo des- 80 guia da farmácia junho 2014

As cinco dores mais comuns Os tipos de dores mais sentidos pela população 46% Dores nas costas 40% Dores Musculares sa dor. Dores que ultrapassam o tempo esperado para a resolução do quadro podem sinalizar a presença de um problema mais grave ou uma evolução para uma dor crônica, sendo fundamental procurar um médico. No Brasil, mais de 60 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de dor crônica. Se considerarmos a dor crônica atrelada ao câncer, esse número pode ser ainda maior: 60% a 90% dos pacientes com câncer avançado convivem com alguma dor cronicamente, alerta a especialista. Por ser uma condição subjetiva, é extremamente importante que o próprio paciente avalie ou meça a intensidade de dor que ele experimenta naquele momen- 81% Dores de cabeça to. A percepção da dor envolve muitos mecanismos complexos do nosso sistema nervoso, não apenas físicos, mas também aspetos emocionais. A sensação de dor, principalmente a dor prolongada ou crônica, envolve vários aspectos subjetivos que passam por questões familiares, sociais e religiosas. Portanto, é fundamental que a dor seja vista pelos profissionais como uma condição médica que requer avaliação sistemática, assim como acontece com a pressão arterial, a temperatura e o número de batimentos cardíacos. Tudo isso é medido de rotina, em praticamente qualquer consulta médica, aconselha a oncologista e diretora médica da Mundipharma Brasil. Assim deve ser também com a dor, que já é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o quinto sinal vital, juntamente com pressão, temperatura etc. Por último, de acordo com o Dr. Claudio Fernandes Corrêa, é importante lembrar que toda dor tem tratamento e pode ser atenuada, mas nem todas as dores são curáveis. O importante é que o paciente seja assistido por um profissional que contemple um programa multidisciplinar que se adeque da maneira mais eficiente possível para o seu caso e lhe permita mais qualidade de vida, seja qual for a sua doença de base. O diretor científico da SBED termina afirmando que os profissionais de saúde devem efetuar a psicoeducação sobre dor, que é explicar ao paciente e sua família todas as possíveis causas da situação de dor, as alternativas terapêuticas, e como implantá-las. Folhetos educativos também podem ser disponibilizados nas salas de espera dos consultórios. Atualmente, é direito do paciente não sentir dor, como é dever da equipe de saúde promover tratamentos adequados. 26% Dores abdominais 43% Dores nas pernas ou nos pés 2014 junho guia da farmácia 81