AULA Conteúdo da aula: Processo Legislativo (cont.) Medida Provisória e Lei Delegada. Poder Executivo. Poder Legislativo.

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Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Direito Constitucional / Aula 19 Professor: Marcelo Leonardo Tavares Monitora: Mariana Simas de Oliveira AULA 19 1 Conteúdo da aula: Processo Legislativo (cont.) Medida Provisória e Lei Delegada. Poder Executivo. Poder Legislativo. PROCESSO LEGISLATIVO (cont.) Medida Provisória (MP) A Medida Provisória (MP) é um ato normativo editado pelo Presidente da República, com força de lei, a partir de dois pressupostos: (i) relevância da matéria; (ii) urgência da medida. Dispõe o art.62, caput, da CF: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Tais pressupostos são analisados inicialmente pelo Presidente da República, antes da edição da MP, e politicamente pelo Congresso Nacional, que pode rejeitá-la por ausência de relevância e/ou urgência. Em tese os pressupostos podem ser analisados pelo Poder Judiciário. Deve ser ressalvado que o Supremo tem mantido entendimento de que não cabe análise dos pressupostos judicialmente por considerar que cabe ao Congresso fazê-lo. Todavia, há precedentes (dois) em que o Supremo declarou a inconstitucionalidade de MP por falta dos seus pressupostos. 1 Aula ministrada em 16\06\20114.

No precedente mais recente, sob a égide da atual previsão da MP, o STF declarou inconstitucional uma Medida Provisória que abriu o orçamento para despesa que teoricamente seria extraordinária quando, de fato, não era ordinária. Entendeu o Supremo que não havia urgência naquela MP, pois ela tratava de gasto ordinário que deveria ser objeto da lei orçamentária. Prazo. A MP tem prazo de eficácia de sessenta dias e o Congresso Nacional deve observar esse prazo para apreciá-la. Se assim não ocorrer, o próprio Congresso pode renovar o prazo por mais sessenta dias. Assim, a MP pode ter prazo de duração de no máximo 120 dias. O Congresso Nacional aprecia a MP da seguinte forma: é formada uma comissão mista, integrada por deputados e senadores, que elaboram um parecer prévio. A redação da MP com esse parecer é levado para aprovação primeiro na Câmara e, depois, no Senado. A partir do 45º dia, se a MP não tiver sido apreciada integralmente nas duas Casas ela tranca a pauta deliberativa da Casa onde estiver. Exemplo: no 45º dia a Câmara dos Deputados aprecia a MP e remete para o Senado. Quando ela ingressar no Senado ingressará trancando a sua pauta. Esse procedimento e diferente do que ocorre com o projeto de lei com pedido de urgência, que tem que ser analisado em 45 dias na Casa iniciadora, 45 na Revisora e mais 10 na Casa Iniciadora para rever as revisões, caso ocorram. Se no 45º dia o projeto de lei com pedido de urgência ainda não tenha sido apreciado pela Câmara, a sua pauta ficará trancada. Quando ele for para o Senado os 45 dias começam a contar novamente, o projeto não vai para a Casa Revisora trancando a sua pauta porque o prazo da Casa Iniciadora foi extrapolado. Se a MP perde a eficácia, ou pelo decurso do prazo ou se for rejeitada, o efeito da perda da eficácia é ex tunc (retroativo no tempo), cabendo ao Congresso Nacional deliberar sobre como ficarão as situações concretas estabelecidas com base na Medida Provisória que perdeu a eficácia, no prazo de 60 dias após a perda da eficácia ou sua rejeição. Se ele não deliberar sobre a questão, o efeito concreto será produzido, ou seja, os atos praticados com base na Medida Provisória serão considerados válidos. Será a hipótese de um ato normativo que em tese perdeu eficácia, mas produziu efeito concreto. O art.62, 1º, traz as matérias que não podem ser objeto de Medida Provisória: Art.62. 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Note-se que a relação de matérias acima é parecida com o rol de matérias que não podem ser objeto de Lei Delegada. Assim, para prova objetiva é aconselhável fazer a comparação entre elas. Se a MP editada pelo Presidente, remetida ao Congresso Nacional, não receber emenda que a altere não voltará ao Presidente para sanção, mas para promulgação e publicação. Se a emenda for supressiva, a mesma conclusão. No entanto, se a emenda for modificativa ou substitutiva, haverá sanção. Regra da anterioridade de exercício fiscal para MP que trate de impostos art.62, 2º: Art.62. 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Exemplo: Uma MP, em novembro de 2014, altera a alíquota do imposto de renda, majorando-a. Se ela for convertida em lei em janeiro de 2015 somente será aplicada aos fatos geradores a partir de janeiro de 2016. A regra da anterioridade se aplica considerando a data da lei de conversão e não a data da Medida Provisória. Para a contribuição social, que não observa a anterioridade do exercício financeiro, o caso é outro: se uma MP alterar alíquota de contribuição social o prazo para da anterioridade nonagesimal é contado a partir da MP, desde que tenha sido convertida em lei.

Exemplo concreto: a MP 167/2004 instituiu a contribuição dos inativos do serviço público. Ela é de fevereiro de 2004 e foi convertida na Lei 10887/04 em junho, quase completando 120 dias, e incidiu sobre fatos geradores ocorridos em maio, quando a MP completou 90 dias. Lei Delegada As Leis Delegadas são um tipo de ato normativo atualmente em desuso, pois elas pressupõem que o Presidente da República peça autorização ao Congresso Nacional para editá-las, o que não ocorre com a Medida Provisória. As últimas leis delegadas publicadas datam do Governo Itamar Franco. Na Lei Delegada, o Presidente da República encaminha um ofício ao Presidente do Congresso solicitando autorização para editá-la. O Congresso, através de Resolução, autoriza ou rejeita. Note-se que ele pode autorizar resguardando o seu direito de analisar o conteúdo posteriormente. Nesse caso, o Congresso não pode emendar a lei, mas apenas aprovar ou rejeitar. Se ele autorizar simplesmente, sem resguardar o direito de analisá-la depois, o Presidente irá editar e publicar a lei. O art.68, 1º, da Constituição, traz as hipóteses de matérias que não podem ser objeto de lei delegada. Art.68. 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. Tanto MP e quanto a Lei Delegada não podem tratar de matérias reservadas à Lei Complementar. PODER EXECUTIVO O Poder Executivo da União é exercido pelo Presidente da República em sistema presidencialista, significando dizer que o Presidente acumula atribuições de Chefe de

Estado e de Governo, o que se observa pela leitura do art.84 da Constituição: os incisos VII e VIII são atribuições de chefia de Estado e os incisos I e II que são atribuições de Chefe de Governo. Note-se que o caput do art.84 deve ser lido temperadamente, isso é, nem todas as atribuições são privativas do Presidente da República. Apesar da expressão privativamente a maioria das atribuições são exclusivas, as privativas estão previstas no parágrafo único do art.84 da Constituição. O Presidente da República é eleito para mandato de quatro anos, que se inicia no dia 1º de janeiro, podendo ser reeleito única vez. A Constituição não impede que uma pessoa exerça mais de dois mandatos, desde que não sejam sucessivos. Prerrogativas e perda de cargo. Os artigos 85 e 86 da Constituição tratam de algumas prerrogativas do Presidente da República e de alguns casos de perda de cargo: (i) julgamento por crime comum, da competência do STF (foro por prerrogativa); (ii) julgamento por crime político, da competência do Senado que deliberará por votos de 2/3, sendo o denominado impeachment (regulamentado pela Lei 107950). Em ambos os casos, seja para o Presidente ser processado no Supremo ou no Senado, antes deve haver fase de admissão de culpa, que também exige o voto de 2/3 dos deputados. Admissão de culpa Câmara 2/3 Crime comum STF (seis votos, maioria absoluta do pleno do Supremo) Crime de responsabilidade Senado, presidido pelo Presidente do STF (não tem voto, apenas preside), na forma da Lei 1079. Votação de 2/3. Qualquer cidadão pode apresentar notícia-crime contra o Presidente da República na Câmara dos Deputados. A notícia será encaminhada para o Presidente da Câmara que, se entender que a notícia não tem fundamento, pode determinar o seu arquivamento, cabendo recurso. Se ele entender que há fundamento, determina a formação de uma comissão para analisar e emitir relatório sobre a notícia crime, que será encaminhado para o Plenário da Câmara que, por sua vez, o aprovará pelo voto de 2/3 (no caso Collor o Presidente da Câmara determinou que a votação fosse aberta. O Collor impetrou mandado de segurança contra esse ato, mas o STF entendeu que o ato de determinar a votação aberta era interna corporis, valendo a deliberação do Congresso Nacional e a votação foi aberta). Prosseguindo, admitida a culpa do Presidente da República, o Senado pode decidir pela aplicação de duas sanções políticas: (i) a perda do cargo e (ii) a inabilitação. Para não ser condenado na perda do cargo, o Collor renunciou durante a sessão de julgamento. Registre-se que nem a Lei 1079/50 ou a Constituição

fazem menção sobre o fato de ser a inabilitação penalidade acessória ou autônoma. E isso faz diferença: se for acessória, com a renúncia do cargo não pode haver inabilitação. Se for considerada segunda sanção principal, mesmo com a renúncia pode o julgamento prosseguir. No caso Collor, por maioria absoluta, o Senado considerou como segunda sanção principal e pelo voto de 2/3 inabilitou o ex-presidente por 08 anos. Recebida a denúncia ou queixa pelo STF ou iniciado o processo no Senado, o Presidente da República fica afastado de ofício do cargo, pelo prazo máximo de 180 dias. Se o julgamento não terminar dentro desse período, ele tem o direito de voltar ao cargo. O objeto dessa norma é evitar um golpe contra o Presidente. O art.86, 3º e 4º, da CF, traz duas prerrogativas: Art.86. (...) 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. Não se aplica ao Presidente qualquer tipo de prisão processual. O fundamento dessa prerrogativa é o fato dele ser Chefe de Estado. Note-se: como o Governador não é Chefe de Estado, ele não pode ter a mesma prerrogativa quanto às prisões processuais. 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Não pode sofrer persecução criminal se o fato não tiver relação com o exercício do mandato, fixando suspensa a prescrição da pretensão punitiva. Isso não impede que sejam produzidas provas pré-processuais ou que seja lavrado o flagrante, apesar dele não poder ser detido pelo flagrante. Substituição e sucessão. Ainda com relação ao Poder Executivo é importante ser feita uma análise da escala de substituição e sucessão do Presidente da República. A diferença entre elas é que a sucessão é permanente e a substituição é precária, temporária. Provisoriamente, o Presidente pode ser substituído pelo Vice-Presidente, pelo Presidente da Câmara, do Senado e do Supremo. Note-se que o Presidente da Câmara tem precedência sobre o do Senado porque ele representa a casa do povo, enquanto o Presidente do Senado representa os Estados da Federação. Somente o Vice-Presidente pode suceder o Presidente da República. Se os dois cargos vagarem existem duas soluções possíveis: (i) se o último cargo dos dois vagar nos dois primeiros anos do mandato haverá eleição direta no prazo de 90 dias e o eleito pelo povo terá o chamado mandato tampão, isso é, apenas terminará o prazo do mandato inicial;

(ii) se o segundo cargo vagar no último biênio do mandato, o Congresso, em 30 dias, escolherá um novo Presidente da República e ele também só terminará o mandato. A Constituição da República permite que um Presidente governe sem vice, o que não ocorre nos EUA, onde é imperativa a existência do vice. PODER JUDICIÁRIO STF CNJ EC 45. Atua em todos os órgãos do P. Jud., exceto sobre o STF. Sua atribuição é de órgão normatizador, administrativo de toda a Justiça, respeitadaa as atribuições de cada Tribunal. STJ TST TSE-presidido por um Min. do STF (Marco Aurélio, atualmente) STM TRF Juiz Federal TJ Juiz Estadual TRT Juiz do Trabalhoocupa cargo TRE- composto por desembargadores federais ou juiz federal. Se o TRE for na sede do TRF é desembargador. No ES o TRE tem como um dos componentes um juiz federal, pois não tem TRF lá. Auditoria Militar - órgao de primeira instância. Juiz Eleitoral -nao tem cargo; é uma função exercida por um juiz de Direito. As marcações com listras pretas representam a subordinação administrativa existente entre um órgão e outro. O órgão do STJ que atua na administração da Justiça Federal é o Conselho da Justiça Federal, previsto na CF. Ele é integrado por ministros do STJ e presidentes de TRF`s e tem atribuição administrativa e correcional sobre os TRF`s. A auditoria militar é composta por um juiz togado e por juízes militares ad hoc que são oficias militares temporariamente exercendo a função de juiz. O STM tem composição de juízes permanentes, vitalícios, com militares e juízes auditores promovidos.

Se o militar pratica crime militar próprio ele é julgado pela Auditoria Militar, se pratica contra um civil na função militar também, salvo se o crime for doloso contra a vida civil, ocasião em que a competência será do júri. Na Auditoria Militar Estadual, o policial militar que pratica crime contra civil é julgado monocraticamente pelo juiz que preside a Auditoria Militar Estadual. Se um militar do exército praticar o mesmo crime contra civil, ele é julgado pela Auditoria Militar de forma colegiada. O CNJ é composto por 15 membros: Presidente do CNJ (Presidente do Supremo); 01 Ministro do STJ, escolhido por ele; 01 Ministro do TST, escolhido por ele; 01 desembargador do TJ; 09 membros da magistratura 01 desembargador federal; 01 desembargador do TRT; 01 juiz de direito; 01 juiz federal; 01 juiz do trabalho. 01 membro do MPU; 01 membro do MPE; 02 advogados escolhidos pelo Conselho Federal da OAB; 01 bacharel em Direito escolhido pelo Senado; 01 bacharel em Direito escolhido pela Câmara dos Deputados. O Ministro do STJ será o Corregedor do CNJ. Magistrados Os magistrados (juízes, desembargadores, ministros) são regidos pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN), que traz prerrogativas funcionais e institucionais: (i) Institucionais são as chamadas autonomias administrativa, financeira e orçamentária. Quem faz o planejamento orçamentário é o próprio Poder Judiciário, que a encaminha para o Congresso Nacional. Por exemplo: quem encaminha à presidência da República o orçamento da Justiça Federal é o STJ. Quem encaminha à Assembleia Legislativa da Justiça Estadual é o Tribunal de

Justiça. Quem encaminha o orçamento de todo o gasto eleitoral de um ano eleitoral é o TSE. (ii) Funcionais vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios. Sobre a irredutibilidade, o Supremo faz a seguinte leitura: que ela protege o valor nominal bruto de qualquer redução. O STF não faz a leitura para que se mantenha o poder aquisitivo. Desde que a lei de revisão geral anual seja encaminhada dando algum tipo de aumento, mesmo que 0,1%, o Supremo entende que o art.37, XI, da CF, está sendo cumprido, pois a Constituição não garante aos servidores a manutenção do valor real das suas remunerações. A vitaliciedade, que se adquire com a posse para os magistrados a partir da segunda instância e com o término do estágio probatório para os juízes de primeira instância (dois anos), prevê que o juiz só pode perder o cargo por decisão judicial. O CNJ pode deliberar sobre a decisão de um juiz? R.: Não, pois o CNJ só tem atribuição, mas não tem competência judicial. A maior punição que o CNJ pode aplicar ao juiz é a aposentadoria compulsória. A demissão de um juiz só ocorre por ato judicial. O juiz estadual é julgado pelo TJ, os juízes da União são julgados pelo TRF. A Constituição não dispõe sobre quando começa a inamovibilidade. Por um bom tempo o TRF da 2ª Região entendeu que a inamovibilidade era atributo do juiz federal e não do juiz substituto. Até 2009, para o TRF, um juiz substituto podia ser vitalício, mas não inamovível. De 2009 para cá o TRF passou a entender que o juiz substituto é inamovível a partir com a posse. A inamovibilidade consiste na exigência de que o juiz, para ser removido, tenha que dar sua anuência. Em princípio, juízes são removidos a pedido, mas pode o Tribunal deliberar no Órgão Especial sobre a remoção compulsória, que pode ser decorrência de sanção disciplinar. Prosseguindo, são impedimentos dos magistrados: (i) Não podem receber qualquer valor decorrente do processo;

(ii) (iii) (iv) Não podem receber qualquer valor vindo das partes, diferentemente de um árbitro que é por elas remunerado; Não podem ter filiação partidária; Só podem exercer um cargo ou função pública ou privada de professor. O CNJ interpretou a Constituição de forma literal, dizendo que o juiz só pode ter um vínculo de professor. Em razão disso, houve a impetração de um mandado de segurança no STF, tendo sido concedida liminar pelo Min. Gilmar Mendes que determinou a suspensão do ato normativo do CNJ ao argumento de que muitas vezes um juiz pode ter dois vínculos e ter uma carga menor do que um juiz que tenha apenas um vínculo como professor. (O mérito ainda não foi julgado).