Oi, Somos do curso de Jogos Digitais da Universidade Franciscana, e esse ebook é um produto exclusivo criado pra você. Nele, você pode ter um gostinho de como é uma das primeiras aulas do seu futuro curso. Ficou curioso? Então conheça nosso universo.
A equipe de desenvolvimento de um jogo é formada por vários profissionais de diferentes áreas que se complementam, trabalhando juntas em um mesmo projeto. Dependendo do escopo, pode haver somente uma pessoa responsável por diversas atividades ou uma equipe para cada área. Entre alguns profissionais, temos o programador, que é quem vai implementar a lógica do jogo, os sistemas de interação, física, inteligência artificial, áudio, integrar todos os elementos desenvolvidos em um aplicativo através do código de programação e do motor gráfico. O programador deve possuir conhecimentos em informática, matemática, física, algoritmos, bancos de dados, entre outros. O artista é quem vai desenvolver os elementos visuais do jogo, como as ilustrações dos personagens, mapa, itens e cenários, além do desenho da interface com a qual o jogador irá interagir, como botões e ícones. Também é responsável pelos modelos tridimensionais, texturas, animações e efeitos visuais. Um artista deve conhecer técnicas de desenho, pintura, anatomia, cores, etc. O produtor é o responsável por gerenciar o projeto, estabelecendo cronogramas, cuidando da parte financeira e angariando financiadores, além de estabelecer contato com publicadoras. O produtor deve possuir conhecimentos em administração de equipes, contabilidade e saber lidar com burocracias. Há também as áreas de testes, de produção sonora, de marketing, entre outras, de acordo com o tamanho do projeto e da empresa.
O game designer é o responsável por determinar como serão as mecânicas do jogo, seu gameplay, suas regras, ou seja, como o jogo funcionará. O profissional responsável por isso é quem cria os sistemas de jogabilidade. O game designer também é responsável pelo desenvolvimento das fases do jogo, pela definição dos inimigos e seu comportamento, pelo balanceamento geral do jogo, entre diversas características que o jogo possui em termos de funcionamento. Por exemplo, um jogo de dardos em que o objetivo é ter mais pontos que o adversário após o arremesso de 10 dardos teve suas regras estabelecidas por alguém que escolheu certos caminhos de game design. Poderia ter objetivos diferentes, como chegar em 100 pontos primeiro, sem limite de dardos. O jogo provavelmente seria diferente simplesmente ao alterar uma mecânica que estabelece o final da partida. Outro exemplo, pensando em um jogo de videogame, aparentemente simples: um jogo de plataforma. O game designer deve pensar em como será a movimentação do personagem que o jogador controla, quais serão seus poderes, como funciona o sistema de pulo, qual a altura do pulo, qual a velocidade da queda, como o personagem irá interagir com o cenário e com os inimigos, como serão os desafios da fase, quais os controles que o jogador deve acionar para executar as ações, entre uma grande lista de elementos a serem desenvolvidos. E tudo isso em algo que poderia parecer simples.
O profissional de game design deve possuir conhecimentos interdisciplinares, pois utilizará elementos de matemática, história, arquitetura, arte, psicologia, música, filosofia, antropologia, entre outros. Conhecer diversas áreas e ser muito criativo é imprescindível para desenvolver novos sistemas que façam com que o jogador fique engajado no desenrolar do jogo. Há diversas maneiras para prender a atenção do jogador, como por exemplo a apresentação de novas mecânicas no decorrer do jogo, criando variação. É possível confrontar o jogador com novos desafios com maior dificuldade, fazendo-o ter que se adaptar a elementos diferentes dos que já estava acostumado e que já possuía grande habilidade em enfrentar. Esse engajamento é conhecido também como a curva de fluxo, desenvolvida por Csikszentmihalyi (1999), que fala a respeito do envolvimento psicológico das pessoas em atividades cotidianas através de um relação entre habilidade e dificuldade. Esse conceito é muito utilizado no campo do desenvolvimento de jogos para encontrar essa zona de fluxo, um estado onde o jogador está motivado a continuar jogando e apreciando o jogo. Podemos exemplificar da seguinte forma: se em um jogo, o personagem controlado pelo jogador possui muito mais poder que os adversários, o jogo será fácil demais e o jogador ficará entediado, sem enfrentar desafios. Se acontecer o contrário, a dificuldade do jogo for muito maior que as habilidades do personagem, o jogador ficará frustrado por nunca conseguir enfrentar os inimigos. Então o ideal é fazer uma crescente proporcional. Na medida que o jogo apresenta perigos maiores, o personagem também ganhar poderes maiores para enfrentar os novos desafios. Assim é importante conhecer a estrutura de um jogo, os elementos que o formam. Jesse Schell (2010) em seu livro Arte de game design estabelece a tétrade elementar que compõe os jogos. Para o autor, nenhum elemento é mais importante que o outro, pois eles se complementam para que o todo possa funcionar, mesmo que uns sejam mais visíveis que outros. Dividem-se em mecânica (as regras e funcionamento do jogo), estética (elementos audiovisuais e o fator emocional que o jogo proporciona), história (a sequência de eventos e narrativa) e tecnologia (a mídia em que o jogo é executado), onde a estética é o elemento mais visível e a tecnologia o menos visível.
Além de conhecer os elementos que constituem o jogo e que devem ser pensados, é importante a utilização de uma metodologia para o desenvolvimento do projeto. Há diversas metodologias de game design que podem ser escolhidas, como a iterativa, em que há uma sequência de etapas que formam um ciclo, que podem se repetir caso haja a necessidade de alterações. Outra metodologia bastante conhecida também é a estrutura MDA, que trabalha a divisão entre mecânicas, dinâmicas e estética, focando o desenvolvimento dessas três características. Tente fugir dos clichês ou ache uma maneira inovadora de abordá-los. Avalie suas ideias através de uma frase curta e direta, apresentando as mecânicas e ambientação do jogo de forma concisa. Por exemplo: Uma criatura amarela come pontos enquanto é perseguida por fantasmas. Ou Um encanador pula na cabeça de cogumelos para encontrar sua namorada. Conseguiu identificar os jogos? Por fim, para trabalhar com game design, é necessário possuir um bom repertório, conhecer diversas mecânicas, histórias e interações. Jogue muitos jogos, mas de maneira crítica. Fique atento aos detalhes de como os jogos bons (e os ruins também!) funcionam e tente fazer a engenharia reversa desses elementos. Mas atenção, não fique dentro de uma bolha, e busque inspiração em outras atividades também!
REFERÊNCIAS: CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. A descoberta do fluxo: a psicologia do envolvimento com a vida cotidiana. Rio de janeiro: Rocco, 1999. SCHELL, Jesse. Arte de game design: o livro original. Crc Press, 2010. Agradecemos a leitura e esperamos você na Universidade Franciscana.