DIREITO DOS CONTRATOS PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL

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Transcrição:

PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL Princípio da autonomia da vontade Ampla liberdade das partes em contratar. Inclui três aspectos: liberdade de realizar o contrato ; liberdade de escolher o outro contratante; liberdade para fixar o conteúdo e abrangência do contrato Princípio da supremacia da ordem pública Também conhecido como função social do contrato. Nenhuma convenção poderá contrariar o interesse público. A autonomia da vontade encontra seu limite no respeito a outros princípios maiores. (art. 421). Princípio da probidade e da boa-fé Não se trata da boa-fé subjetiva, mas objetiva. Boá-fé subjetiva: exige um estado volitivo (intenção) voltado à não provocação de dano ao próximo. Boa-fé objetiva: impões aos contratantes uma conduta de acordo com os ideais de honestidade e lealdade, independentemente da subjetividade do agente, sempre respeitando a confiança e o interesse do outro contratante. (art. 422)

PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL Princípio do consensualismo /obrigatoriedade da convenção contratual O acordo de vontades gera lei entre as partes, estando estas obrigadas a submeterem-se aos termos do contrato. Este princípio encontra sua essência na expressão pacta sunt servanda. O moderno direito o tem relativizado muito, permitindo a revisão dos contratos por várias razões. Princípio da relatividade dos efeitos do contrato Significa que os termos do contrato vinculam apenas as partes que nele interferiram, não podendo, em hipótese alguma, atingir terceiros, salvo no caso de transferência de direitos que devem ser assumidos pelos herdeiros universais (CC, art. 1.792) e nas estipulações em favor de terceiros.

PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL Possibilidade de Revisão dos Contratos - Pacta sunt servanda : regra geral - submissão das partes contratantes ao pactuado. - cláusula rebus sic stantibus: primeiro passo para a flexibilização dos contratos. Em algumas situações é injusto, ou mesmo impossível, exigir das partes o cumprimento do que havia sido pactuado, em especial quando há grave mudança na situação fática que deu origem ao contrato. - teoria da imprevisão: diz que a parte estará desobrigada de cumprir o pactuado no contrato se ocorrer grave alteração nas circunstâncias fáticas existentes ao tempo da contratação, tornando excessivamente oneroso, ou mesmo impossível, o cumpri- mento do contrato. resolução do contrato por onerosidade excessiva, com aplicação da teoria da imprevisão (ver CC, arts. 478, 479, 480).

FASES CONTRATUAIS FASE PRÉ-CONTRATUAL -Formação do contrato -Fase de negociação ou tratativas -Propostas e contrapropostas -Já exige respeito aos princípios especialmente a boa-fé objetiva -O contrato se considera constituído no momento da aceitação da proposta FASE CONTRATUAL -Fase de Execução -Cumprimento das obrigações estabelecidas no contrato. FASE PÓS-CONTRATUAL - Contrato já cumprido - Fase de consequências - Vícios redibitórios (art. 441) -Evicção (art. 447)

MOMENTO DA CONSTITUIÇÃO DO CONTRATO O contrato se considera constituído no momento da aceitação da proposta Contrato entre presentes - pessoas que estão no mesmo local, ou em condições de apresentar sua resposta de imediato (ex: por telefone, por whatsapp). Contratos entre ausentes pessoas que não se encontram no mesmo local, ou não conseguem responder imediatamente (ex: carta, telegrama, e-mail)

MOMENTO DA CONSTITUIÇÃO DO CONTRATO Teoria da cognição - considera constituído o contrato quando o proponente tem ciência da aceitação do oblato. Esta não é a teoria adotada pelo nosso Código. Teoria da agnição - ou teoria da declaração, considera que o contrato é formado quando o oblato aceita a proposta do policitante. Esta teoria prevê duas subteorias: - subteoria da expedição: considera constituído o contrato quando no momento em que o oblato expede a resposta para o policitante com sua aceitação (ex: por carta, e-mail). Regra geral, segundo o art. 434 - subteoria da recepção: considera constituído o contrato quando o proponente recebe a aceitação do oblato; no caso do artigo antecedente; se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; se ela não chegar no prazo convencionado. O caso do artigo antecedente, mencionado no inc. I, é o previsto no art. 433, o qual estabelece que não se considera realizada a aceitação se antes dela ou com ela chegar ao policitante a retratação do oblato.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS Contratos unilaterais e bilaterais contratos unilaterais: geram obrigações para apenas uma das partes. Não há contraprestação. Ex: doação pura e simples, depósito gratuito, do mútuo, comodato. contratos bilaterais ou sinalagmáticos: são aqueles que geram obrigações para ambas as partes. Obrigações recíprocas e simultâneas (sinalagma); cada uma das partes fica adstrita a uma prestação. Ex: compra e venda e depósito oneroso

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS Contratos gratuitos e onerosos Contratos gratuitos - geram vantagens para uma das partes e desvantagens para a outra. Uma das partes só tem vantagens no contrato e a outra só tem desvantagens. Exemplo: doação pura. Contratos onerosos: geram vantagens e desvantagens patrimoniais recíprocas para ambas as partes. Exemplo: compra e venda. Contratos comutativos: ao constituir o contrato cada uma das partes sabe exatamente qual a vantagem ou desvantagem que terá em razão dele. É o caso da compra e venda simples. Contratos aleatórios: as partes não sabem ao certo, no momento da constituição do contrato, qual a vantagem ou desvantagem que terão em razão dele. Exemplos: contrato de seguro; contrato de jogo, ou aposta.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS Contratos reais e consensuais contratos reais: só se consideram constituídos (perfeitos) quando da efetiva entrega da coisa que é seu objeto. Exemplo: contratos de empréstimo (mútuo e comodato), contrato de depósito. contratos consensuais: consideram-se constituídos pelo simples acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa. Exemplo: compra e venda.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS Contratos paritários e de adesão Contratos paritários: as partes se encontram em igualdade de condições perante os termos do contrato. É possível efetuar propostas de alteração de termos e cláusulas, na fase de negociação. contratos de adesão: as partes não estão em igualdade de condições perante as cláusulas contratuais. Uma das partes apresenta os termos do contrato já pré-definidos, e à outra só cabe concordar com aqueles termos (aderir), ou não realizar o negócio.

CONTRATOS EM ESPÉCIE COMPRA E VENDA Contrato de Compra e Venda Contrato pelo qual uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir a outra (comprador) o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente. Elementos: coisa, preço e consentimento.

CONTRATOS EM ESPÉCIE COMPRA E VENDA Cláusulas Especiais da Compra e Venda Retrovenda: o vendedor fica com o direito de reaver, em até 3 anos, a coisa vendida, mediante a devolução do preço recebido e demais acessórios, se houver. Só recai sobre bens imóveis (art. 505). Preempção ou preferência: o comprador fica na obrigação de oferecer ao vendedor a coisa comprada, se algum dia vier a pretender vendê-la. Prazo de exercício: 180 dias para móveis e 2 anos para imóveis (art. 514). Havendo notificação, o direito caducará, em 3 dias (móvel), ou 60 dias (imóvel). (arts. 513/514) Venda a contento: fica subordinada à condição de somente se tornar definitiva se o comprador ficar satisfeito com a coisa que lhe foi vendida (CC, art. 509). O direito decorrente da venda a contento é pessoal, ficando o comprador na condição de comodatário até que se manifeste em aceitá-la (CC, art. 511). Prazo para aceitação livremente pactuado.

CONTRATOS EM ESPÉCIE COMPRA E VENDA Cláusulas Especiais da Compra e Venda Da venda com reserva de domínio (CC, art. 521): o vendedor reserva para si a propriedade até que o preço esteja integralmente pago, muito comum nas vendas a prestação. Só terá efeitos contra terceiros se registrada. Só recai sobre coisas infungíveis (CC, art. 523). Da venda sobre documentos (CC, art. 529): a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e de outros documentos exigidos pelo contrato, ou no silêncio deste, pelos usos

CONTRATOS EM ESPÉCIE PERMUTA Contrato de troca ou permuta: CC, art. 533 Contrato por meio do qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, sem envolver dinheiro. Em regra cada um dos contratantes arcará com metade das despesas havidas com o instrumento de troca (CC, art. 533, I). É possível a permuta entre ascendente e descendentes desde que os valores dos bens trocados sejam iguais (CC, art. 533, II) Se os valores forem diferentes, deve haver consentimento expresso dos outros herdeiros, sob pena de nulidade.

CONTRATOS EM ESPÉCIE DOAÇÃO Contrato de doação (arts. 538 a 564) Uma pessoa transfere, por liberalidade, bens ou direitos a outra pessoa que os aceita. A doação apresenta os seguintes elementos: - contratualidade: a doação confere direitos pessoais entre doador e donatário não sendo hábil a transferir a propriedade; - vontade do doador de fazer uma liberalidade proporcionando ao donatário certa vantagem à custa de seu patrimônio; aceitação do donatário: pode ser tácita ou expressa; mas em se tratando de doação sujeita a encargo, a aceitação deverá ser necessariamente expressa.

CONTRATOS EM ESPÉCIE DOAÇÃO Espécies de doação doação pura e simples: sem existência de qualquer condição presente ou futura, sem encargo ou termo (CC, art. 540); doação com encargo ou modal: o donatário tem uma incumbência que pode ser em proveito de terceiro ou do interesse geral doação remuneratória: a causa da liberalidade é o desejo de recompensar serviços pres-tados pelo donatário ao doador doação condicional: depende de evento futuro e incerto; doação a termo: quando há termo inicial e/ou final;

CONTRATOS EM ESPÉCIE DOAÇÃO Revogação da doação A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, além dos demais casos pelos quais se revogam todos os contratos. Pode também ser revogarda se o donatário deixar de executar o encargo desde que ocorra em mora (CC, arts. 564 e 1.639). Revogam-se por ingratidão as doações em que o donatário atentou contra a vida do doador; cometeu ofensa física contra o doador; injuriou gravemente ou caluniou o doador; recusou-se em ministrar alimentos ao doador quando lhe era possível fazê-lo (art. 557). Não se revoga a doação por ingratidão quando as doações forem puramente remuneratórias; as que forem oneradas com encargo; as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; as feitas para determinado casamento (art. 564).

CONTRATOS EM ESPÉCIE EMPRÉSTIMO Contrato de empréstimo: (arts. 579 a 585) Uma das partes se obriga a entregar um objeto à outra, que terá a obrigação de restituí-lo em espécie ou gênero. O empréstimo é gênero de que são espécies o comodato,também denominado empréstimo de uso e o mútuo, empréstimo de consumo.

CONTRATOS EM ESPÉCIE COMODATO Comodato Empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Completa-se com a tradição do objeto (contrato real). Sua forma é livre, não necessita de ato solene, podendo ser até verbal. Extinção do comodato: - termo final do prazo ajustado entre as partes ou após o uso da coisa; - resolução em virtude da inexecução; - resolução unilateral, reconhecida pelo juiz; - distrato - morte do comodatário; e - alienação da coisa emprestada

CONTRATOS EM ESPÉCIE COMODATO Comodato - deveres Obrigações do comodatário: - conservar como se fosse sua a coisa emprestada, sob pena de responder por perdas e danos. -devolver a coisa ao final do contrato - comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante (CC, art. 582). Obrigações do comodante -não exigir a coisa emprestada antes do prazo ajustado (CC, art. 581); - pagar as despesas extraordinárias feitas pelo comodatário com a conservação da coisa em urgência; - responsabilizar-se perante o comodatário, pela posse útil e pacífica da coisa objeto de comodato, se procedeu dolosamente - não tem responsabilidade pela evicção ou vícios redibitórios pois este pressupõe contrato comutativo e oneroso, o que não é o caso.

CONTRATOS EM ESPÉCIE MÚTUO Do mútuo Contrato real, gratuito ou oneroso, de empréstimo de coisa fungível, perfazendo-se com a tradição do objeto e terminando com a restituição da coisa emprestada. O domínio da coisa emprestada passa a ser do mutuário. O mútuo é sempre unilateral, seja gratuito ou oneroso. Extinção: pelo implemento do termo convencionado; pelo inadimplemento; pelo distrato; pela resilição unilateral por parte do devedor (CC, art. 133); ou pela ocorrência de algum modo terminativo previsto no contrato.

CONTRATOS EM ESPÉCIE DEPÓSITO Contrato de depósito (arts. 627 a 652) Uma pessoa pessoa (depositário) recebe de outra (depositante) coisa móvel, para guardar, proteger e ao final devolver. Normalmente é gratuito, mas pode ser oneroso (art. 628). Quando gratuito é unilateral. Quando oneroso é bilateral.

CONTRATOS EM ESPÉCIE MANDATO Contrato de mandato (arts. 653 a 692) Uma parte recebe de outra poderes para praticar atos, ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato (CC, art. 653), Pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito (CC, art. 656). Contrato consensual e bilateral gera deveres para o mandatário (art. 667) e para o mandante (art. 675). Pode ser gratuito ou oneroso (art. 658: mandato de advogado é oneroso) Exige capacidade genérica tanto do outorgante como do outorgado. Os absolutamente incapazes não podem nem ser mandantes nem mandatários. Os relativamente incapazes podem outorgar mandato se assistidos por seu representante legal, devendo a procuração ser por instrumento público. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante só tem ação contra ele conforme as gerais aplicáveis às obrigações contraídas por menores.

CONTRATOS EM ESPÉCIE FIANÇA Contrato de fiança (arts. 818 a 839) Uma ou mais pessoas se obrigam por outra a satisfazer a obrigação, caso o devedor não a cumpra. Poderá efetivar-se mediante a entrega de bens móveis ou imóveis. Há dois contratos: o principal, entre devedor e credor, e um acessório, entre fiador e devedor (afiançado). É unilateral (só gera obrigações para o fiador); gratuito (o fiador não tem vantagem); formal, pois só se dá por escrito (art. 819).

CONTRATOS EM ESPÉCIE FIANÇA Não podem prestar fiança: - o cônjuge casado, exceto na separação total, sem a concordância do outro; - o emancipado, porque a fiança o obriga por dívida alheia; - administradores de sociedades e companhias só podem prestar fiança com poderes expressos para tanto; - mandatário só poderá prestar fiança se cláusula expressa o autorizar. O credor não será obrigado a aceitar fiador que não seja pessoa idônea, domiciliada no município em que esteja se obrigando à fiança e que não possua bens suficientes para cumprir a obrigação. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, o credor poderá exigir a sua substituição.

CONTRATOS EM ESPÉCIE FIANÇA Benefício de ordem ou de excussão O fiador demandado pelo pagamento tem o direito de exigir que sejam primeiro executados os bens do devedor. Esse benefício não se aplica: se houver expressa renúncia; se o fiador se obrigou como principal pagador; se o devedor for insolvente ou falido; se a obrigação é mercantil.

V