RELATO REFLEXIVO COMO PRÁTICA DE DESENVOLVIMENTO DE LETRAMENTO EM LÍNGUA INGLESA

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Transcrição:

RELATO REFLEXIVO COMO PRÁTICA DE DESENVOLVIMENTO DE LETRAMENTO EM LÍNGUA INGLESA Nome dos autores: Meiry Raquel de Queiroz 1 ; Miliane Moreira Cardoso Vieira 2 RESUMO A presente investigação analisa textos do gênero textual relato reflexivo, produzidos por alunos mestres (acadêmicos estagiários) do curso de licenciatura em Letras/Inglês da Universidade Federal do Tocantins, para verificar os aspectos lexicogramaticais, mas especificamente os processos usados no mesmo gênero, com o objetivo de compreender como os acadêmicos do curso de licenciatura concebem o que são relatos reflexivos. Para alcançar tais objetivos foi utilizado como arcabouço teórico a Linguística Sistêmico-Funcional de Halliday (1994) e Halliday e Matthiessen (2004), pois essas perspectivas possibilitam a realização de uma análise contextual e linguística conforme objetivamos. Para tanto, este trabalho configura nas bases da abordagem de pesquisa qualitativa-interpretativa e também quantitativa. A partir dos dados, verificamos que os processos materiais e relacionais apresentaram maiores números de uso, ao invés, dos mentais, dos relacionais e dos comportamentais, implicando que os alunos mestres necessitam de orientações mais precisas para que dominem o gênero textual relato reflexivo. Palavras-chave: relato reflexivo; alunos mestres; LSF INTRODUÇÃO A partir de pressupostos teóricos da Linguística Sistêmico-Funcional de Halliday (1994) e Halliday e Matthiessen (2004), este trabalho objetiva investigar e analisar textos do gênero relato reflexivo, para verificar a ocorrência de processos no gênero, buscando compreender como os acadêmicos do curso de licenciatura concebem o uso destes processos na constituição dos relatos reflexivos. Esta pesquisa constituiu-se na geração de dados e na revisão da bibliografia sobre a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), discutidos juntamente com o grupo de pesquisa Práticas de Linguagens em Estágios Supervisionados PLES. A revisão bibliográfica incluiu também leituras sobre o gênero de texto relato reflexivo e o processo de desconstrução de 1 Graduanda do curso de Letras e bolsista UFT; Campus de Araguaína; e-mail: raquelmrq2010@hotmail.com. 2 Orientadora: Professora Miliane Moreira Cardoso Vieira do Curso de Letras Inglês da Universidade Federal do Tocantins; Campus de Araguaína; e-mail: milianevieira@uft.edu.br Página 1

Martin (1999). Também foram realizadas análises de processos existentes nos relatos reflexivos escritos em inglês, nos possibilitando ter uma visão mais ampla acerca das escolhas para melhor compreender seus significados. Os resultados obtidos nos fazem apontar uma forma de ensino do gênero relato reflexivo, para que os acadêmicos possam realizar uma escrita mais competente e exercendo a verdadeira função social do gênero. Com isso, também fundamentaremos esta análise a partir do processo de desconstrução proposto por Martin (1999), que consiste em um modelo de ensino de gêneros textuais que possibilita uma reflexão profunda em relação a todos os aspectos que constituem um gênero como: contexto, função social, organização estrutural e características linguísticas. MATERIAIS E MÉTODOS Esta investigação foi realizada a partir do método qualitativo e quantitativo. O corpus de investigação é composto por 08 textos do gênero relato reflexivo produzidos ao fim da disciplina de Estágio Supervisionado em Língua Inglesa II, que é constituído de discussões teóricas e práticas acerca do ensino, composto de cinco observações e vinte e cinco regências de aula, para obtenção de nota final da mesma disciplina. O corpus foi produzido por alunos do 6º período do curso de Letras/Inglês da Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus de Araguaína. Tal grupo foi escolhido devido este estágio proporcionar a grande parte dos acadêmicos as primeiras experiências docentes, possibilitando a eles reflexões mais ricas e críticas. RESULTADO E DISCUSSÕES Para autores como Ryan (2011), o gênero relato reflexivo acadêmico consiste em uma produção escrita em que cada acadêmico apresenta suas reflexões a partir de um olhar crítico sobre diferentes aspectos, principalmente acerca de experiências vividas em um tempo passado. Nos cursos de Licenciatura no âmbito da UFT estes acadêmicos, aqui chamados de alunosmestre, devem apresentar reflexões sobre: as teorias estudadas, as práticas desenvolvidas por ele e pelo professor regente (em caso de observação), a sala de aula e de todo o ambiente escolar, ou seja, realizam uma reflexão crítica sobre as experiências vividas durante a Página 2

disciplina de Estágio Supervisionado Obrigatório. Na Universidade Federal do Tocantins, os relatos reflexivos (micro gênero) são textos que integram os relatórios de estágio (macro gênero), utilizados para obtenção de nota final da disciplina da referida disciplina. Assim, para analisar tais textos utilizamos como arcabouço a Linguística Sistêmico- Funcional (LSF), pois se caracteriza como uma teoria social que procura compreender o processo de comunicação humana a partir da observação do uso social da língua. A LSF também oferece uma metalinguagem com ferramentas capazes de realizar uma análise tanto léxico-gramatical quanto contextual de textos orais e escritos. Dessa forma, nessa investigação realizamos análises dos processos existentes nos relatos reflexivos. Processos são elementos léxico-gramaticais que integram o campo de transitividade segundo a descrição gramatical da LSF. Aqui a transitividade é compreendida como uma categoria gramatical que representa as ideias e experiências humanas, pois estas são entendidas como uma sequência de eventos ligados diretamente a atos de agir, dizer, sentir, ser e ter. Dessa forma, a mesma é responsável pela materialização desse conjunto de atividades através dos tipos de processos, com cada tipo modelando uma fatia da realidade (CUNHA e SOUZA, 2007, p. 53). Essa ocorre através dos principais papéis de transitividade conhecidos por: processos, participantes e circunstâncias, que por sua vez, estão relacionados a quem pratica a ação, a quem e em que circunstância. Cunha e Souza (2007, p. 55) enfatizam que Processos são os elementos responsáveis por codificar ações, eventos, estabelecer relações, exprimir ideias e sentimentos, construir o dizer e o existir; realizam-se através dos sintagmas verbais. Assim na LSF, processo é o núcleo da transitividade, pois este determina os participantes e, as circunstâncias são associadas diretamente a ele. Pode-se classificá-los em seis tipos diferentes: materiais, mentais e relacionais que são considerados principais, e os processos comportamentais, verbais e existenciais que são considerados secundários devido estarem as margens das fronteiras dos processos principais que, funcionam como intermediações para manter os traços dos processos principais. Os processos materiais representam ações concretas e a ideia de que alguém ou alguma coisa faz algo. Os mentais são processos de sentir, pensar, ver, ou seja, refletem atividades não no mundo exterior, como os materiais, mas no mundo da mente (GOUVEIA, 2009, p. 31). Os relacionais expressam a noção de ser ou de estar, estabelecendo conexões entre mensagens para identificá-las ou classificá-las de acordo com a vinculação de um fragmento de uma Página 3

experiência a outra. Já os processos verbais expressam o dizer, ou seja, representam o comunicar e o apontar. Os processos existenciais expressam algo que existe ou acontece. Os processos comportamentais são responsáveis por construir os comportamentos humanos e são expressos por atividades psicológicas, fisiológicas e verbais como ouvir e assistir, respirar e dormir. São, em parte, ação, em parte sentir (CUNHA e SOUZA, 2007, p. 60). Mesmo sabendo que a transitividade na LSF ocorre a partir da seleção de processos, participantes e circunstâncias nesta investigação nos limitamos à analisar apenas os processos, pois a partir da observação destes é possível identificar as experiências e os conteúdos existentes nos textos, de forma codificada, atribuindo suportes suficientes para a compreensão dos significados globais dos mesmos. Devemos lembrar que, os alunos mestres, autores dos textos que aqui foram analisados, encontravam-se em fase de desenvolvimento e letramento da Língua Inglesa e não tiveram acesso a nenhum modelo estrutural do gênero em questão, somente observaram amostras de textos escritos por outros acadêmicos em língua materna e desenvolveram os seus relatos. Assim, observamos na análise que os processos materiais apresentaram maiores números de uso, em vez, dos mentais, dos relacionais e dos comportamentais, implicando que os alunos mestres Utilizam o gênero para descreverem aspectos relacionados à descrição de ações ao invés de refletirem sobre as mesmas, como mostra a tabela abaixo. Materiais Relacionais Mentais Comportamentais Existenciais 173 118 104 16 1 Tabela 1: Ocorrência de processos nos relatos reflexivos. Observando os dados de pesquisa verificamos que os processos relacionais e materiais se sobressaíram aos demais. Ao refletimos sobre essas escolhas de processos, podemos compreender que a função de refletir frente aos fatos e experiências não tem sido desenvolvida corretamente pelos alunos mestres, produtores dos textos. Isso pode representar um fator negativo acerca dos significados que o gênero se propõe a expressar, pois sua função social é levar o autor a refletir sobre si mesmo em diferentes contextos e sobre diferentes questões. Página 4

CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim, com os resultados finais apresentados compreendemos a real necessidade do ensino desse gênero no âmbito acadêmico. Dessa forma, sugerimos a utilização do processo de desconstrução de Martin (2011) como uma forma de auxiliar os professores no ensino do mesmo, pois o processo em questão possibilitará aos acadêmicos conhecimentos sobre a organização estrutural e linguística, além levá-los a refletir sobre sua função social e acadêmica. Isso poderá tornar a escrita do gênero relato reflexivo mais significativa e não será mais vista apenas como mais um texto para obtenção de nota final de uma disciplina. Dessa forma, compreender como alunos mestres concebem suas concepções sobre os relatos reflexivos a cerca de sua estrutura e as escolhas lexicogramaticais que realizam é importante para que possamos buscar mudanças que promovam melhorias para o ensino de Língua Inglesa e para o ensino do gênero. LITERATURA CITADA BAIN, J. D.; BALLANTYNE, R.; MILLS, C.; LESTER, N. C. Reflecting on practice: student teachers perspectives. Flaxton, N D: Post Pressed, 2002. CUNHA, M. A. F; SOUZA. M. M. Transitividade em uso. Rio de Janeiro: Lucema, 2007. GOUVEIA, C. A. M. Texto e Gramática: Uma Introdução à linguística Sistêmico-Funcional. Matraga, Rio de janeiro, v. 16, n. 24, jan/jun. 2009. HALIDAY, M.A.K. Introduction to Functional Grammar. 2th ed. London: OUP, 1994. HALLIDAY, M.A.K.; MATHIESSEN, C.M.I.M. An introduction to Functional Grammar. 3th ed. London: Arnold, 2004. RYAN, Mary. Improving reflective writing in higher education: a social semiotic perspective. Disponível em: http://eprints.qut.edu.au/37751/3/37751a.pdf. Acessado em 08 de novembro de 2013. ROGERS, R. Reflection in higher education: a concept analysis. Innovative Higher Education 26, n. 1. p. 37-57, 2001. "O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT Página 5