PT-LB-TX-0 1/8 1. INTRODUÇÃO / FINALIDADE DO MÉTODO O crômio é um metal de transição, duro, frágil, de coloração cinza semelhante ao aço. É muito resistente à corrosão. A forma oxidada hexavalente é natural no meio ambiente, enquanto que as formas 0 e 3+ são geralmente produzidas por processos industriais, principalmente na fabricação de ligas metálicas. Seu maior estado de oxidação é +6 (hexavalente), ainda que estes compostos sejam muito oxidante.o estado mais estável é +3 (trivalente)sob condições de redução. Os principais usos de cromo são no processamento metalúrgico de ferrocromo e outros produtos metalúrgicos, principalmente, aço inoxidável, e de uma maneira bem mais secundária, no processamento de refratários de tijolos de cromo e processos químicos para produzir ácidos de cromo e cromatos. Cromatos são usados na oxidação de vários materiais orgânicos, na purificação de químicos, na oxidação inorgânica, e na produção de pigmentos. Uma grande porcentagem de ácido crômico é usado em revestimentos. 2. NOME DO TESTE E SINONÍMIAS Determinação cromo em urina. 3. ABRANGÊNCIA Setor de Toxicologia. 4. PRINCÍPIO DO MÉTODO A determinação de cromo urinário é realizada por espectrofotometria de absorção atômica com forno de grafite. A espectrofotometria é o método de análise óptico mais usado nas investigações biológicas e físico - químicas. O espectrofotômetro é um instrumento que permite comparar a radiação absorvida ou transmitida por uma solução que contém uma quantidade desconhecida de soluto com a radiação absorvida ou transmitida por uma solução padrão de quantidade conhecida da mesma substância. Todas as substâncias podem absorver energia radiante. Mesmo o vidro, que parece completamente transparente, absorve comprimento de ondas que pertencem ao espectro visível. A água absorve fortemente na região do infravermelho. A radiação absorvida (absorbância) e o que é transmitida (transmitância) é direta e inversamente proporcional à concentração dos analitos em determinação. Quanto maior for a radiação absorvida, maior será a concentração do analito, quanto maior for a transmitância (o que passa pelo caminho óptico), menor será a concentração. A concentração destes obedece à Lei de Beer-Lambert-Bouguer, conhecida simplesmente como Lei de Beer, que fornece uma relação empírica que, na óptica, relaciona a absorção de luz com as propriedades do material atravessado por esta através da fórmula A = abc, onde A = absorbância, a = absortividade molar do analito, b = caminho óptico e c = concentração. A espectrofotometria de absorção atômica é o método de análise usado para determinar qualitativamente e quantitativamente a presença de metais. O método consiste em determinar a presença e quantidade de um determinado metal em uma solução qualquer, usando como princípio a absorção de radiação ultravioleta por parte dos elétrons que, ao sofrerem um salto quântico depois de devidamente excitados por uma chama de gás ar/acetileno (1800 a 2500 graus Celsius) ou em tubos de grafite, devolvem a energia recebida para o meio,
PT-LB-TX-0 2/8 voltando assim para a sua camada orbital de origem. A energia devolvida na forma de um fóton de luz, por sua vez, absorve a radiação ultravioleta emitida pela fonte específica (cátodo ôco) do elemento químico em questão. Dessa forma, elétrons que estão contidos na solução, e que sofrem também um salto quântico e que não pertencem ao mesmo elemento que constitui o cátodo ôco que está sendo usado no momento, não serão capazes de causar uma interferência, isso porque eles absorvem apenas radiação com comprimento de onda referente ao elemento químico do qual fazem parte. Na espectrometria de absorção atômica em forno de grafite (GFAAS Graphite Furnace Atomic Absorption Spectrometry), a função do forno de grafite é promover a excitação do átomo para que seus elétrons possam emitir fótons de luz. Este equipamento possui uma câmara interna (contatos de grafite) onde são colocados os tubos de grafite, onde o amostrador automático injetará a amostra. Este tubo sofrerá mudanças de temperatura determinadas pela rampa de aquecimento específico para esta análise. A amostra sofre desidratação (secagem) nos dois primeiros degraus da rampa, excitação eletrônica no terceiro degrau, pirólise no quarto degrau e limpeza na última etapa da rampa. Em algumas análises por GFAAS, é recomendado o uso de maodificadores químicos de matriz. Os modificadores químicos têm grande influência nas análises realizadas por GFAAS. Estes compostos são introduzidos junto com as amostras a fim de reduzir significativamente os efeitos da matriz. Os modificadores convertem o analito em uma forma menos volátil, permitindo maiores temperaturas de pirólise. Weltz et al. (1992) propuseram o uso da mistura de Pd e Mg como modificador universal devido a sua capacidade de estabilizar a maioria dos elementos determinados por GFAAS. Alguns determinações de metais em urina não precisam usar modificadores, pois suas matrizes não causam interferências significativas. 5. APLICAÇÃO CLÍNICA O cromo apresenta-se sob diversos estados de oxidação, entretanto somente ao cromo VI (cromados) são atribuídos efeitos tóxicos para o homem. Pode penetrar no organismo através da pele provocando dermatite de contato, eczema alérgico e ulcerações características na pele exposta. No globo ocular ocorrem conjuntivites e ceratites do epitélio superficial da córnea. As exposições repetidas ao metal podem levar à perfuração do septo nasal, sendo esta normalmente precedida por alterações do olfato e sangramento. Pode ocorrer também rinite, laringite e pneumoconioses. A exposição crônica pode provocar anemia severa. Além de danos renais e hepáticos. A exposição ocupacional ao cromo está associada, principalmente, ao câncer de trato respiratório. 6. AMOSTRA a) Tipo de amostra Urina: Urina de início de jornada de trabalho, de final de jornada de trabalho ou amostra aleatória. b) Quantidade mínima 2 ml de urina.
PT-LB-TX-0 3/8 c) Restrições e critérios para rejeição de amostras Amostras com volume inferior a 2,00 ml ou com creatinina urinária inferior a 0,3 g/l. d) Condições de acondicionamento das amostras e seu período de guarda As amostras devem ser coletadas em frascos coletores ou em tubos coletores e acondicionadas de 2 o C a 8 o C por 7 dias ou a congeladas por 30 dias. e) Procedimentos de tratamento ou pré-tratamento da amostra As amostras devem ser acidificadas com ácido nítrico numa proporção aproximada de 100 ul do ácido para 10 ml de urina. f) Preparo do paciente Vide o PO Orientação de Preparo e Coleta de Amostras Biológicas (cód. PO-LB-CO-005). g)transporte da amostra Vide o PO Manuseio de Transporte de Amostras Biológicas (cód. PO-LB-CO-0). 7. BIOSSEGURANÇA Utilizar o EPI (Equipamento de Proteção Individual) comum a toda área técnica sendo eles: jaleco, luva, pro-pé e touca, conforme descrito no PO Orientações de Biossegurança (Cód. PO-LB-CQ-001) em vigor. 8. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS a) Equipamentos ADVIA 1800 Siemens Analyst 600 PerkinElmer b) Materiais Pipeta de volume variável de 100 a 1000 ul; Pipeta de volume variável de 10 a 100 ul Ponteiras para as pipetas citadas acima; Balão volumétrico de 50 ml; Balão volumétrico de 1000 ml; Tubos de grafite (THGA Graphite Tubes); Tubos de contato (THGA Contact Set);
PT-LB-TX-0 4/8 Lâmpada de cátodo oco de cromo. c) Reagentes: Ácido nítrico P.A. Solução padrão de cromo 1000 mg/l. 9. CALIBRAÇÃO A calibração deste ensaio deve ocorrer sempre que o analista ou técnico da bancada julgar necessário. Para tanto, soluções-padrão deverão ser utilizadas para a confecção da curva de calibração. Os controles aquosos ou urinários (urina batizada ou urina-controle comercial) serão analisados no início da corrida analítica para validação da calibração. 10. CONTROLE DE QUALIDADE a) Interno Deve-se realizar o controle interno conforme descrito no Plano da Qualidade do Setor. b) Externo O controle externo será realizado conforme descrito no Plano da Qualidade do Setor. 11. PROCEDIMENTO TÉCNICO Preparação da amostra: a. Aliquotar 400 ul da amostra de urina e transferir para o copo de análise do carrossel do amostrador (sample cup) do AA 600. b. A este copo, adicionar 400 ul da solução de ácido nítrico 0,2%. c. Organizar os copos com as amostras, padrões e brancos de calibração e de amostra no carrossel e levá-lo ao equipamento. Preparação de soluções: Solução de ácido nítrico 0,2%: Aliquotar 2 ml de ácido nítrico concentrado e transferir para balão volumétrico de 1000 ml. Avolumar com água ultrapura. Solução estável por 30 dias à temperatura ambiente. Preparação de soluções-padrão: Solução-padrão de cromo 1000 ug/l em HNO3 0,2 %: Aliquotar 50 ul do padrão de cromo 1000 mg/l e transferir para o balão de 50 ml. Avolumar com ácido nítrico (HNO 3 ) 0,2%. Solução estável por 30 dias à temperatura ambiente.
PT-LB-TX-0 5/8 Solução-padrão de cromo 10, 20 e 40 ug/l: Aliquotar respectivamente 0,5 e 1 ml da solução-padrão de cromo 1000 ug/l e transferir para balão volumétrico de 50 ml. Avolumar com ácido nítrico HNO 3 0,2%. Solução estável por 30 dias à temperatura ambiente. Solução-controle aquosa de cromo 5,00 e 15,00 ug/l (5 e 15 ppb): Aliquotar respectivamente 0,25 e 0,75 ml da solução-padrão de cromo 1000 ug/l e transferir para balão volumétrico de 50 ml. Avolumar com ácido nítrico HNO 3 0,2%. Solução estável por 30 dias à temperatura ambiente. Solução-controle urinária de cromo 5,00 e 15,00 ug/l: Aliquotar respectivamente 0,25 e 0,75 ml da soluçãopadrão de cromo 1000 ug/l e transferir para balão volumétrico de 50 ml. Adicionar 100 ul de ácido nítrico HNO 3 P.A. e avolumar com pool de urina previamente testada e livre de cromo. Solução estável por 30 dias à temperatura ambiente. Branco dos padrões e da amostra: Será o próprio ácido nítrico 0,2%. Condições do espectrofotômetro: Comprimento de onda: 357,9 nm Fenda: 0,7 L Corrente da lâmpada: 15 a 25 ma Programação do forno (rampa de aquecimento): ETAPA TEMP. o C RAMP. TIME (s) HOLD TIME (s) INTERNAL FLOW GAS TYPE SECAGEM 110 5 10 250 Normal SECAGEM 130 5 20 250 Normal EXCITAÇÃO 1400 10 20 250 Normal PIRÓLISE 2200 0 5 0 Normal LIMPEZA 2450 1 5 250 Normal a) Limites de Detecção/Sensibilidade: 0,5 ug/l. b) Linearidade: 20,00 ug/l. c) Intervalo reportável (CRR): 20,00 ug/l. Diluir até obter resultado dentro da linearidade. d) Valor crítico: 30 ug/g creatinina e) Especificidade: Não se aplica f) Carryover : O teste do carryover para a análise do cromo urinário foi satisfatório, não havendo carreamento significativo para este analito. 12. CÁLCULOS Os resultados deverão ser expressos em ug/g de creatinina urinária. Portanto, deve-se dividir o resultado do paciente, obtido do espectrofotômetro (expresso em ug/l), pela sua respectiva creatinina urinária (expressa em g/l);
PT-LB-TX-0 6/8 Ex: Resultado do cromo no equipamento= 10 ug/l; Resultado da creatinina urinária = 2,0 g/l; Resultado do cromo corrigido: 5 ug/g creatinina. O valor dos resultados do cromo que estiver abaixo do seu limite de detecção deve ser digitado da seguinte forma: < valor do limite de detecção/quantificação do analito. Para os resultados de creatinina urinária abaixo de 0,3 g/l, deve-se repetir o ensaio; caso persistam os resultados, deve-se solicitar nova amostra. 13. REGISTROS DOS RESULTADOS Conforme descrito no Plano da Qualidade do Setor. 14. PROCEDIMENTOS EM CASO DE RESULTADOS ANORMAIS Conforme descrito no Plano da Qualidade do Setor. 15. VALORES DE REFERÊNCIA Referência: Até 5 ug/g creatinina, (NR-7, 1994, MT / Br); Valor Crítico / IBMP (Índice Biológico Máximo Permitido): 30 ug/g creatinina (NR-7, 1994, MT / Br); Fonte do valor de referência: NR-7, 1994, MT / Br 16. INTERFERÊNCIAS Não são comuns interferentes na análise de cromo urinário por espectrofotometria de absorção atômica por forno de grafite. Porém, é possível que haja contaminação externa da amostra por sais de cromo utilizados na área de trabalho. Para evitar tal evento, deve-se orientar o colaborador a realizar a devida lavagem das mãos no momento da micção. 17. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA a) Bibliografia ANDREWS, Larry S.; SNYDER, Robert. Toxic Effects of Solvents and Vapors. In: ANDUR, Mary O. et al (org.) Casarett and Doull s Toxicology: The Basic Science of Poisons. 4. Ed. São Paulo, SP: Pergamon 1991. p. 681-713 BRASIL.
PT-LB-TX-0 7/8 Norma Regulamentadora. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Disponível em: http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_07_at.pdf.in: www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/default.asp. Acesso em 23 set. 2010. Sauerhoff S. T., Grosser, Z. A., Carnrick, G. R. The Determination of Chromium and Cadmium in Urine by Graphite Furnace Atomic Absorption. The Perkin-Elmer Corporation, 761 Main Avenue, Norwalk, CT 859-0219 USA b) Documentos Complementares Manual do equipamento automatizado Plano da qualidade do setor de Toxicologia (Cód. PQ-LB-TX-001) PO Orientações de Preparo e Coleta de Amostras Biológicas (Cód. PO-LB-CO-005). PO Manuseio de Transporte de Amostras Biológicas (Cód. PO-LB-CO-0). PO de Orientações de Biossegurança (Cód. PO-LB-CQ-001) 18. HISTÓRICO DAS REVISÕES Pg. Natureza da Revisão Data da Revisão Versão Responsáveis 3 Controle de Qualidade 25/07/2011 01 Luiz Artur 3 Controle de Qualidade 28/02/2012 02 Luiz Artur 2 Reagentes 22/02/2013 03 Luiz Artur 2 Preparação de Amostra 22/02/2013 03 Luiz Artur 3 Cálculo e Liberação dos Resultados 22/02/2013 03 Luiz Artur 3 Controle de Qualidade 22/02/2013 03 Luiz Artur 2 Preparo das Soluções 05/08/2013 04 Luiz Artur 3 Preparo dos Padrões 05/08/2013 04 Luiz Artur 3 Cálculo e Liberação dos Resultados 05/08/2013 04 Luiz Artur 3 Controle de Qualidade 05/08/2013 04 Luiz Artur 1-8 Pop recodificado, codificação anterior PT-LB-TX-413 05/08/2013 1-10 1-8 Procedimento adequado para atender ao item 5.3 da Norma PALC, versão 2013 Procedimento adequado para atender ao item 5.3 da Norma PALC, versão 2013 Após Pré auditoria. 04 Ana Regina e 01/08/2014 05 27/01/2015 1-8 Procedimento revisado e sem alterações. 26/10/2015 19. REGISTRO DE TREINAMENTO
PT-LB-TX-0 8/8 DATA NOME COMPLETO ASSINATURA