Proposta da área Científica para Laboratórios de Física Experimental Avançada

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Transcrição:

Proposta da área Científica para Laboratórios de Física Experimental Avançada Área Científica Físca de Partículas Módulos experimentais em laboratório de investigação: 4 tardes por grupo (8 h de contacto). Título da experiência Medida da vida média do muão e determinação da constante de Fermi (GF) Estudo da Resposta de um detector de Partículas Estudo da taxa e do tamanho de chuveiros de Raios Cósmicos Observação de muões atmosféricos a diferentes profundidades e inclinações Laboratório onde se realiza Responsável LabRC, LIP F. Barao, P. LabRC F. Barao, M. Orcinha LabRC F. Barao, P. LabRC, IST F. Barao, P. Número de grupos que acolhe ao longo do semestre Experiências permanentes a instalar no LFExp II: Módulos de 4 semanas, 4.5h por sessão semanal. Título da experiência Responsável

Descrição das experiências Medida da vida média do muão e determinação da constante de Fermi (GF) Os muões, com uma massa de cerca de 200 vezes maior que oas electrões, são partículas instáveis criadas pelas colisões dos raios cósmicos primários (principalmente protões) com a atmosfera terrestre. Os muões desintegram-se com um tempo de vida médio de cerca de 2.2 micro segundos, num electrão ou positrão e ainda dois neutrinos. O electrão ou positrão constituem o sinal detectável no decaimento. O objectivo do trabalho é medir o tempo de vida médio dos muões, utilizando montagens experimentais concebidas expressamente para esse efeito. Uma das montagens, é baseada num bloco de material cintilador onde fotões de cintilação são emitidos, seja pelo muão, seja pelo electrão ou positrão. Na outra montagem, é utilizada água onde fotões produzidos pelo efeito de Cerenkov são emitidos. A diferença de tempos entre os dois sinais rápidos permitirá fazer uma distribuição estatística dos tempos de desintegração que seguirá uma lei exponencial cuja constante de tempo consiste no tempo de vida médio do muão. Os sinais da passagem dos muões e electrões (positrões) são colectados independentemente por dois fotomultiplicadores, que convertem o sinal luminoso em sinal de tensão V(t) muito rápido com cerca de uma dezena de nanosegundos de largura. Os sinais devem de seguida ser passados por um módulo discriminador onde um limiar de tensão é aplicado a cada um dos sinais de forma a eliminar o ruído de fundo. De seguida deve ser a coincidência em tempo entre os dois sinais, que permitirá eliminar as coincidências fortuitas. Os sinais resultantes das coincidências temporais, são então usadas para a determinação do tempo de desintegração, com o auxílio de um TDC e estes armazenados num ficheiro para posterior análise. O tempo de desintegração pode ser usado de seguida para a determinação da constante física de Fermi, GF, que caracteriza a desintegração electro-fraca. O trabalho implica actividade de análise de dados usando a linguagem C++, tomando por base um conjunto de acontecimentos armazenados com eventual selecção prévia baseada em critérios a definir. Determinação do tempo de vida do muão e da constante de Fermi. Local da experiência: LabRC - Laboratório de Raios Cósmicos (último piso de Física) LIP Lab de Instrumentação e Partículas (Av Gama Pinto, Lisboa)

Estudo da Resposta de um detector de Partículas Um tipo de detector muito utilizado em Física de Partículas é o detector de efeito de cintilação. Neste tipo de detectores, a interacção da partícula carregada com o meio leva à deposição de energia e excitação do meio que é traduzida na emissão de luz de cintilação. Existem no Laboratório de Raios Cósmicos vários de detectores de cintilação e no trabalho aqui proposto, utilizar-se-á um detector de cintilação de um metro de comprimento acoplado a um fotomultiplicador, que converte o sinal de luz num sinal eléctrico temporalmente rápido. O sinal eléctrico correspondente à energia depositada é colectado por uma placa de aquisição desenvolvida pelo LIP, onde é feita uma amostragem temporal da amplitude do sinal. O objectivo do trabalho, é caracterizar a colecção de luz em função do local de passagem da partícula carregada (muões cósmicos) no cintilador de teste. Para a definição do local de passagem do muão cósmico, utilizar-se-ão dois cintiladores auxiliares de tamanho pequeno, colocados a uma certa distância um do outro e que funcionarão como telescópio de coincidências. O trabalho proposto implica utilizar uma pequena montagem com o cintilador de teste e o telescópio de coincidências, que deverá ser utilizado para definir a região de passagem dos muões no cintilador de teste. Devem ser feitas as coincidências dos sinais colectados pelos detectores de forma a eliminarem-se os sinais fortuitos. A magnitude dos sinais adquiridos é registada num ficheiro ROOT para posterior análise. A análise destes ficheiros implica o desenvolvimento e/ou utilização de código em C++. A análise a efectuar, deverá permitir a caracterização da colecção de luz pelo cintilador, e desta forma a sua eficiência em função da posição de atravessamento do muão no cintilador de teste. Os resultados obtidos poderão ser comparados com resultados simulados usando a técnica de monte-carlo. Local da experiência: LabRC - Laboratório de Raios Cósmicos (último piso de Física)

Estudo da taxa e do tamanho de chuveiros de Raios Cósmicos Os Raios cósmicos primários de muito alta energia interagem no topo da atmosfera terrestre originando chuveiros de partículas. Estes chuveiros, primeiro descobertos pelo físico francês Pierre Auger, propagam-se na atmosfera a velocidades próximas da luz como um conjunto coerente de partículas. O objectivo deste trabalho experimental é estabelecer a evidência deste fenómeno usando detectores de partículas instalados no telhado do Departamento de Física junto ao Laboratório de Raios Cósmicos (LabRC). A área detectável coberta pelos chuveiros de partículas depende da energia da partícula primária que originou o chuveiro. Por isso, a distância entre os detetores componentes da rede de detecção definem a energia mínima de detecção. O trabalho centra-se no uso de detectores do tipo cintilador para registar a chegada de partículas. Com uma configuração de vários detectores é possível estabelecer uma coincidência temporal na chegada das partículas e definir a existência de um chuveiro de partículas. Devem ser realizadas aquisições de dados recolhidos pela rede de detectores, para diferentes distâncias entre estes. Os dados são registados num ficheiro ROOT e a sua posterior análise será realizada em C++. O resultado principal consiste na elaboração da curva da taxa de coincidências em função da distância dos detectores. Poderão também ser realizados estudos de variabilidade da taxa de coincidências com o tempo. Local da experiência: LabRC - Laboratório de Raios Cósmicos (último piso de Física) Observação de muões atmosféricos a diferentes profundidades e inclinações Os muões, com uma massa de cerca de 200 vezes maior que oas electrões, são partículas instáveis criadas pelas colisões dos raios cósmicos primários (principalmente protões) com a atmosfera terrestre. Os muões desintegram-se com um tempo de vida médio de cerca de 2.2 micro segundos, num electrão ou positrão e ainda dois neutrinos. O electrão ou positrão constituem o sinal detectável no decaimento. O objectivo deste trabalho é medir, usando um telescópio de muões, os fluxos de muões atmosféricos à superfície da Terra (no terraço do DF) e a sua dependência angular.

Adicionalmente, a medida será realizada nas caves do DF de forma a avaliar o impacto da matéria existente no edifício na medida dos fluxos. O trabalho faz uso de um telescópio de muões constituído por dois cintiladores acoplados a dois fotomultiplicadores, que registam a passagem de muões. Estabelece-se assim uma coincidência temporal entre os dois cintiladores, que permite a definição do evento passagem do muão e o seu tagging temporal. O telescópio pode ser apontado em diferentes direcções. Pode-se assim determinar a taxa média de muões em função da inclinação. Pode-se ainda deslocar o telescópio de muões para as caves do DF e aí realizar aquisição de dados que permitam verificar o efeito da matéria atravessada nos fluxos de muões. Os dados podem ser registados num ficheiro ROOT e a sua análise posterior realizada com o auxílio de macros em C++. Pode ainda ser realizada a modelização numérica da atenuação dos muões atmosféricos com a matéria, de forma a obter-se uma previsão dos fluxos com a profundidade. Obtenção dos fluxos de muões atmosféricos a diferentes profundidades e a diferentes inclinações. Derivação da lei de atenuação angular dos muões atmosféricos. Comparação das observações em profundidade com as previsões da modelização numérica.