MORBIMORTALIDADE POR ACIDENTE DE TRABALHO EM SANTA CATARINA: A EVOLUÇÃO DE 1996 A 2012



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Transcrição:

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EDITORIAL O processo histórico de desenvolvimento da área de saúde do trabalhador no Brasil deu ênfase à vigi de e em regimes especiais de emprego. Mesmo assim, lância em saúde, integrando ações, informações epi a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) se consdemiológicas e intervenções sanitárias, com o objetentes sobre a morbimortalidade na área. de explicação do processo saúdedoença, inspirado de Óbito (DO) da variável acidente de trabalho, o âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) incorporou um mecanismo que tornou possível avaliar melhor as prováveis circunstâncias dos óbitos ocorridos no exercíimpõe a necessidade de sistemas de informação ar quisa na área e a abrangência de seus resultados. No bojo do esforço para universalizar os registros de acidente e doenças laborais, no Sistema de No mundo e no Brasil, os números referentes à morbimortalidade por causas externas (violências e acidentes, incluído os acidentes de trabalho) são preocupantes. Em Santa Catarina, as causas externas em 212 foram, proporcionalmente, a terceira causa mais importante de óbito, contribuindo com 12,35% do total, sendo a primeira causa na faixa etária mais jovem (entre 2 e 49 anos), tornando esses agravos um importante problema que pode ser evitado no âmbito da saúde pública. Os sistemas de informação dedicados à questão da Saúde do Trabalhador (ST) no Brasil estão muito aquém da importância do trabalho na gênese do adoecimento e do óbito dos brasileiros. A estruturação de ações de vigilância epidemiológica e sanitária em Saúde do talhada na Lei nº 88/9, estabelecendo as ações que devem ser executadas pelo SUS (BRASIL, 199). à saúde do trabalhador, criandose mais uma fonte de informações sobre morbimortalidade ocupacional. ternas de acidentes e óbitos levou, também, à criação do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA). O VIVA, na modalidade inquérito, registra informações contes atendidas durante trinta dias em um ano, em serviços cionados em todo o país, com ênfase nas capitais. As informações sobre acidentes de trabalho e doenças ocupacionais divulgadas com maior regulari Previdência Social (INSS). Essas informações cobrem apenas parte do universo atendido pelo SUS, e revelam apenas a realidade da parte formalizada da população trabalhadora de interesse para a vigilância epidemiolóconhecidas há muito tempo, e foram agravadas pelo gica em saúde do trabalhador. Os dados são divulgados longo período de transição associado à implantação disponibilizados para consulta em seu portal. Apesar dos avanços do SUS na disponibilização de controle social e da gestão do trabalho. O sucesso informações na área da saúde do trabalhador, ainda das ações na área da saúde do trabalhador, entre persistem, especialmente nesta área, fragilidades na tanto, é limitado pela incapacidade do sistema, até informações precisas e úteis para a ação. O resultado dos fatores de risco ocupacionais, estabelecimento cação de recursos e do planejamento e execução das de medidas de controle, prevenção e avaliação dos pais problemas de saúde do trabalhador. Os estudos sobre saúde do trabalhador no Brasil sempre foram prejudicados pela fragilidade das infordade do trabalho formal, isto é, dos trabalhadores com dados disponíveis nos sistemas de informação do SUS. 2 Flávio R. L. Magajewski Médico DIVS/SUV/SES/SC Mara Beatriz M. Conceição Enfermeira DIVE/SUV/SES/SC Maurício Silva Assistente Social DIVS/SUV/SES/SC

METODOLOGIA A pesquisa aqui apresentada foi delineada como Em relação aos dados referentes à mortalidade por acidentes de trabalho pesquisados no SIM, a população estudada foi a população ocupada, residente em Santa Catarina, no período compreendido A grande maioria dos óbitos registrados (95%) ocorreram entre trabalhadores do sexo masculino. Podemasculina relacionada ao trabalho mostrou tendência de redução entre 1996 e 21, oscilações até 28, quando houve o início de um período de crescimento feminino houve uma tendência para a estabilidade. entendida como aquela que, num determinado períqualquer forma. e como denominador a população ocupada do IBGE. O Os dados referentes às informações do SINAN foram analisados segundo os agravos da saúde do trabalhador, descritos na Portaria MS/GM nº 14/211, destacandose os acidentes graves e fatais no período de 27 a 213 (BRASIL, 211). Foram analisados no VIVA os dados dos inquéritos realizados nos municípios selecionados de Santa Catarina nos anos de 26, 27, 29, 21 e 211. ÓBITOS POR ACIDENTE DE TRABALHO 3 As taxas de mortalidade por acidente de trabalho 25 indicaram que o risco de morrer no trabalho foi maior 2 em Santa Catarina do que a média da Região Sul e do Óbitos por Acidente de Trabalho dos, com maior ênfase para Santa Catarina, que reverteu Masculino Feminino a tendência de redução registrada entre 23 e 29. Taxa de Mortalidade por Acidente de Trabalho, Brasil, Região Sul e SC, de 2 a 211 ocupada, Brasil, Região Sul e Santa Catarina, 2 a 211 Taxa de Mortalidade por Acid. de Trabalho Amostra de Domicílios. Óbitos por Acidente de Trabalho em SC por Faixa de Idade, de 1996 a 212 14 4 35 15 1 5 12 1 8 6 4 2 1996 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 Santa Catarina Região Sul Brasil ção ocupada segundo o sexo, Santa Catarina, 1996 a 212 Fonte: SIM/SES/SC. Taxa de Mortalidade por Acidente de Trabalho, Brasil, Região Sul e SC, de 2 a 211 12 por faixa etária no período de 1996 a 212. A maior concentração 1 de óbitos ocorreu entre trabalhadores entre 82 e 49 anos. É importante salientar a Santa ocorrência de 6% Mortalidade de óbitos por causas em violentas trabalhadores de 1996 em diante Catarina com menos de 6 Óbito por do Óbito e Sexo Região Sul 2 anos. Acidente Trabalho: Sim 4 Período:1996212 2 1996 1997 segundo a faixa 1998etária, Santa Catarina, 1996 a 212 1999 2 21 22 23 24 Óbitos por Acidente de Trabalho em SC por Faixa de Idade, de 1996 a 212 25 14 26 Óbitos por Acidente de Trabalho Óbitos por Acidente de Trabalho Taxa de Mortalidade por Acid. de Trabalho 12 1 8 6 4 4 35 3 25 2 15 1 5 Óbitos 2 SIM/SC TOTAL Fonte:SIM/SES/SC. 2 O detalhamento da mortalidade por causas 22 externas, na qual se enquadram os acidentes 21 23 de 24 trabalho, indicou que os acidentes de transportes (5%) e as quedas (22%) predominaram 25 26 como 27 causas de morte para quase três quartos 28 29 21 211 1996 1997 1998 1999 2 Masculino 21 22 23 24 Feminino 25 26 27 Brasil 3 M Ó A P Óbitos SIM/S 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 211 <1 a 1415 a 19 29 239 rabalho 12 1 <1 a 1415 a 19 29 239

Óbitos por A ção ocupada, Santa Catarina, 21 a 212 Óbitos por Acidente de Trabalho por CausasExternas em SC, Principais Causas de 21 a 212 Óbitos por Acidente de Trabalho 2 45 4 35 3 25 2 15 1 5 <1 a 14 15 a 19 2 a 29 3 a 39 4 a 49 5 a 59 6 e + Faixa Etária Transportes Quedas Esmagamento, Impactos, Explosões, etc. Outros Corrente elétrica Causas Externas sa que mais prevalece entre as selecionadas, com mais de 55% do total. As mortes por esmagamento, tendência de crescimento no período. Os óbitos por Óbito por do Óbito e Causas Externas Acidente Trabalho: Sim Período:21212 21 211 212 Santa Catarina, Total 1996 a 212 Fonte: SIM/SES/SC. Óbitos por Acidente de Trabalho com Transporte em SC, por Diferentes Tipos de Transporte, de 1996 a 212 12 1 8 Óbitos por Acidente de Trabalho 6 4 2 1 9 9 6 A n A evolução dos óbitos por acidente de trabalho conforme o meio de transporte envolvido indicou Os acidentes fatais envolvendo meios de transporte pesados, que foram dominantes nos anos de 1996 e 1997, apresentaram queda expressiva até o ano de 21, quando se estabilizaram, mas voltaram a envolvendo motociclistas, com crescimento sistemáposição de primeiro lugar entre os óbitos nos dois Os óbitos ocorridos em decorrência de acidente de trabalho com outros meios de transporte (ônibus, ciclistas e pedestres), embora ainda estejam em segundo lugar, tem apresentado relevante queda 8 nos Óbitos por Acidentes de Trabalho em SC, por Causas Comuns à Industria da Construção, de 1996 a 212 que apresentaram queda na década de 9 e certa Fonte: SIM/SES/SC. Os óbitos por acidentes de trabalho em quedas de ríodo. Destacase o alto número de outros, que com pada, Santa Catarina, 1996 a 212 transporte na população ocupada Santa Catarina, 1996 a 212 Fonte: SIM/SES/SC. A avaliação mais focada das causas de óbito por que somaram 41% do total das principais causas de óbitos, indicou que os óbitos causados por quedas Fonte: SIM/SES/SC. A comparação do número de acidentes de trabalho segundo bases de dados diferentes exige cautela, pois as bases pesquisadas (SIM e Previdência Social) não tem a mesma cobertura. O SIM, por ser um registro universal de óbitos, tem maior abrangência inclusive no âmbito dos eventos relacionados ao trasua maior cobertura. Já os registros da Previdência Social incluíram apenas a população trabalhadora com vínculo formal. 4

queda no período de 1996 a 21 e de estabilidade SIM foi de rápido e importante crescimento, enquanto AGRAVOS DA SAÚDE DO TRABALHADOR REGISTRADOS NO SINAN EM SANTA CATARINA, DE 27 A 212 A Portaria MS/GM 14/211 estabeleceu as doenças Gráfico 8 Óbitos por acidentes de trabalho segundo SIM e AEPS, Santa Catarina, 1996 a 212 SINAN (BRASIL, 211), conforme tabela 1. Os acidentes de trabalho com exposição à material biológico contribuíram acidentes graves. O incremento total dessa base de dados, Tabela 1 Notificações de agravos de saúde do trabalhador, Santa Catarina, 27 a 212 dência Social (AEPS). A taxa de mortalidade por acidente de trabalho da Previdência caiu 44%, de 22 a 212. O mesmo indicador no SIM mostrou estabilidade de 22 21, ultrapassando em 212 o indicador da Previ Gráfico 9 Taxas de Mortalidade por Acidente de Trabalho, Santa Catarina, 22 a 212 *Exposição relacionada ao trabalho. Ao avaliarmos a distribuição de todos os agravos da saúde do trabalhador, observouse que os acidentes ocorridos com trabalhadores residentes nos municípios de Blumenau, Florianópolis, Joinville, Cricipelo menos um registro de agravo com trabalhador Taxa de Mortalidade por Acidente de Trabalho 16 14 12 1 8 6 4 2 SIM AEPS Figura 1 Distribuição por município de residência dos agravos de saúde do trabalhador, Santa Catarina, 27 a 212 Fonte: SIM/SES/SC; Previdência Social Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS). A 5

incluem, além das ocorrências graves e fatais, os que envolveram crianças e/ou adolescentes. A evolução desses acidentes segundo o sexo indicou que o número de homens acidentados no período correspondeu a Tabela 2 Evolução dos acidentes grave de acordo com a parte do corpo atingida por faixa etária, Santa Catarina, 27 a 213 Gráfico 1 Evolução dos acidentes graves segundo sexo, Santa Catarina, 27 a 213 Em relação aos acidentes graves segundo o vínculo de trabalho, os registros formais predominaram. Entretanto, é importante salientar a sensibilidade do SINAN para discriminar acidentes ocorridos com outros grupos de trabalhadores, o que contribui para a pers Gráfico 12 Distribuição dos acidentes graves segundo situação no mercado de trabalho, Santa Catarina, 27 a 213 na faixa etária de 18 a 29 anos concentrou o maior número de acidentes graves. É importante destacar o grande número de acidentes graves registrados em menores entre 12 e 17 anos que proporcionalmente corresponderam a 11,9% do total. Gráfico 11 Distribuição dos acidentes graves segundo faixa etária, Santa Catarina, 27 a 213 evoluíram para óbito, incapacidade parcial e incapacidade permanente totalizaram 15% dos registros. Gráfico 13 Distribuição dos acidentes graves segundo evolução dos casos notificados, Santa Catarina, 27 a 213 A tabela 2 mostra que no total dos acidentes graves registrados pelo SINAN, a mão e o membro respondendo 5% dos acidentes. Na faixa etária com menores de 18 anos, o pé foi a segunda parte do cor 6

AGRAVOS DA SAÚDE DO TRA BALHADOR REGISTRADOS NO VIVA EM SANTA CATARINA taxa brasileira (6,6), do Rio Grande do Sul (6,3), São Paulo (5,3), e Rio de Janeiro (4,6), e inferior a taxa de Minas Gerais (7,9), Paraná (7,9) e Espírito Santo (1,4). Tradicionalmente no Brasil, assim como em Santa Catarina, as informações sobre saúde e trabalho são relacionados ao trabalho atendidos nos serviços de urgência e emergência selecionados. Tabela 3 Proporção de atendimentos por acidentes e violências relade urgência e emergência, Florianópolis/SC, 26, 27, 29 e 211 Fonte: MS/SVS/VIVA. Gusmão e Hospital Universitário. ***Dados coletados no Hospital Gov. Celso Ramos e Unidades de Pronto Atendimento UPA s Norte e Sul. do VIVA em 21. Neste ano, houve grande prevalência de eventos relacionados ao trabalho. Em Chapecó a proporção dos acidentes em relação ao total foi de quase 43%, conforme tabela 4. Tabela 4 Proporção de atendimentos por acidentes relacionados ao Joinville, SC, 21 * ** Fonte: MS/SVS/VIVA. Jesser Amarante Farias. ** Chapecó Dados coletados no Hospital Regional do Oeste. DISCUSSÃO Comparando dados de mortalidade do ano de 212 com a Região Sul e Sudeste do Brasil, Santa Catarina apresentou, segundo a Previdência Social, taxa de mortalidade por acidentes de trabalho de 7,7 óbitos/1. trabalhadores segurados, superior a SIM, que tem mecanismo capaz de discriminar o óbito comum do causado durante o período de trabalho, provada neste estudo, quando o SIM captou crescimento de 37% na mortalidade ocupacional entre o ano de 29 e 212 (de 6,5 para 8,9 óbitos/1. trabalhadores ocupados), enquanto as informações da Previdência Social mostraram queda das taxas de mortalidade de 13,7 para 7,7 óbitos no mesmo período. Esta queda sugere que o aumento de 62% do trabalho formal no período se deu com trabalho de menor risco, contribuindo para aumentar a população que compõem o denominador da taxa de mortalidade sem correspondente contribuição nos óbitos. O aumento da taxa de mortalidade por acidentes de trabalho indicado pelo SIM sinaliza que essa base de tais dos trabalhadores que a da Previdência Social, pois inclui os óbitos sofridos por todos os indivíduos, inde Entretanto, a redução de trabalhadores no mer ções de trabalho desse grupo de trabalhadores. O tos cresceram de 27 a 212, situação também dede mortalidade de 21 a 212. Não é possível deixar de destacar o número elevado de óbitos na faixa etária de 5 a 19 anos (269) detectados pelo SIM, indicando a face violenta do agregado etário incluir os trabalhadores de 18 e 19 anos, é provável que importante parcela desses óbitos tenha ocorrido com menores de 18 anos, que na sua maioria estão no mercado informal de trabadado captado pelo Sinan também reforça a ideia de exposição precoce ao trabalho perigoso: 11,9% dos formação ocorreram em menores de 18 anos. Considerando que o IBGE destaca Santa Catarina como triste detentor de uma das maiores taxas de trabalho trabalho perverso em nosso meio. 7

8 A inserção da mulher no mercado de trabalho, que tem crescido gradativamente há várias décadas, parece ter sido seletiva em Santa Catarina, privile giando mais as atividades com menor incidência de óbitos. A situação oposta ocorre com a inserção mas culina, que predomina nas atividades onde há maior o risco de acidentes graves, determinando maior número de óbitos no sexo masculino. A natureza das causas prevalentes de trânsito e quedas sugerem que as melhorias da segurança no trânsito e da segurança na indústria da construção civil produziriam impacto sobre a maioria dos óbitos registrados. A redução nos acidentes de transporte de 1998 a 21 pode ser explicada pelo efeito da aplicação da legislação contida no novo Código de Trânsito Brasi leiro (BRASIL, 1997), que incorporou gradativamente o hábito de utilização de cinto de segurança entre os motoristas. O aumento do número de óbitos em to dos os tipos de transporte observado a partir de 29 a 212 tem possivelmente associação com o aumento considerável na frota geral de veículos em circulação no Estado, 354% de 1996 a 212. Considerando apenas as motocicletas e motonetas, as 15.898 unidades registradas em 1996, transformaramse em 938.529 em 212, um incremento de 622%. Os dados coletados no SIM sugerem que os tra dentes e óbitos no trânsito maior do que os demais motoristas, devido ao maior tempo de exposição aos riscos nas vias públicas. As normas de segurança no condutores de veículos. O ritmo e a carga de trabalho dos motociclistas precisam ser melhor avaliados, bem como a capacitação para direção defensiva. mento possuem vínculos com a economia informal e, nal, o que torna a intervenção nesse problema uma equação mais complexa. O crescimento no número de óbitos causados por responsável pela ampliação da força de trabalho em 6% no período estudado, segundo dados do IBGE. Apesar da existência de normas de segurança que ção neste ramo da indústria, que, além disso, abriga grande informalidade nos vínculos de trabalho. A Indústria da Construção é um setor que evoluiu na modernização dos processos de trabalho, mas por mão de obra não especializada, resiste às medidas de ampliação da segurança no trabalho. mostrou a possibilidade de melhoria da qualidade e exemplo, são importantes indicadores para orientar o infância e da adolescência, restringindo o acesso dessa faixa etária vulnerável ao trabalho perigoso. Os dados apresentados referentes ao SINAN tem que ser interpretados considerando a baixa sensibilidade deste quanto aos agravos de saúde do trabaagravos de saúde do trabalhador no SINAN, pois os protocolos referentes a cada agravo não foram implantados em todos os municípios do Estado. Há capacitação desde 211, mas ocorreram apenas em 13 municípios, focada em três dos 11 agravos: acidentes graves, fatais e com crianças e adolescentes; acidentes com exposição a material biológico; e intoxicação exógena ocupacional. bém ressaltaram a magnitude dos problemas associados à saúde do trabalhador no dia a dia do SUS. A constatação é que de 2% a 42,8% dos atendimentos realizados em serviços de urgência e emergência de promoção e prevenção na área de Saúde do Trabalhador. Ao mesmo tempo, os inquéritos realizados indicam que esta nova estratégia de abordagem representa um novo instrumento de conhecimento da para acompanhar a realidade dos acidentes de trabalho em nosso meio. CONCLUSÃO O SIM foi responsável pelo dobro dos registros de óbitos por acidente de trabalho no ano de 212, quando comparamos os dados desse sistema com os da Previdência Social. A Rede Nacional de Atenção a Saúde do Trabalhador (RENAST), com seis Centros de Referência Regional e um Estadual em Saúde do Trabalhador em Santa Catarina, especialmente por estar alinhada com as diretrizes universalistas do SUS, tem como missão

desenvolver estratégias que conduzam a mudanças BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 14, de 25 de na realidade de saúde do trabalhador do mercado lação nacional, conforme o disposto no Regulamento Saniinformal. A atuação sobre o mercado informal exige tário Internacional 25 (RSI 25), a relação de doenças, geral, alertando para os riscos da contratação desses serviços, são necessárias decisões no campo da e serviços de saúde. contribuir para a migração desse setor para a formalidade e para a mudança cultural necessária à adoção de ambientes e processos de trabalho seguros. Os gastos públicos e privados decorrentes dos acidentes e óbitos causados pelo trabalho são um, Brasília, DF, 26 saudelegis/gm/211/prt14_25_1_211.html>. Acesso em: 23 abr. 214. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.823, de 23 de balhador e da Trabalhadora. Brasí gov.br/bvs/saudelegis/gm/212/prt1823_23_8_212. nessa área, reduzindo a magnitude de um problema html>. Acesso em: 24 abr. 214. que ceifa milhares de vidas todos os dias em todo o BRASIL. Ministério da Previdência Social. : 212. Brasília, DF: MPS, 212b. cial212/>. Acesso em: fev. 214. vinte e nove horas em Santa Catarina. Segundo o economista José Pastore (211), o custo dos prejuízos causados por acidentes e doenças relacionados BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em ao trabalho alcança R$ 71 bilhões anuais no Brasil. Trabalhador e da Trabalhadora (BRASIL, 212a), passa necessariamente pelo sucesso na melhoria dos sistema de informação em saúde do trabalhador. A evolução dos sistemas de Informação hoje disponí Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva): 29, 21 e 211. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 213. Disponível em: lancia_violencia_acidentes.pdf>. Acesso em: abr. 214. 214. de redução da morbimortalidade. PASTORE, José. O custo dos acidentes e doenças do trabalho no Brasil. Brasília, DF, 2 out. 211. Disponível em: REFERÊNCIAS Acesso em: abr. 214. BRASIL. Ministério da Saúde. Informações de Saúde (TABbr/DATASUS/index.php?area=2>. Acesso em: fev.214. BRASIL. Lei nº 8.88, de 19 de setembro de 199. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. União www.planalto.gov.br/ccivil_3/leis/l88.htm>. Acesso em: 23 abr. 214. Código de Trânsito Brasileiro., Brasí gov.br/ccivil_3/leis/l953.htm>. Acesso em: 25 abr. 214. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva): 26 e 27. Brasí NOBRE, L.; SANTANA, V.; WALDVOGEL, B. C. Acidentes de Trabalho no Brasil entre 1994 e 24: uma revisão. Ciência, Rio de janeiro, v. 1, n. 4, p. 841855, out./dez. 25. SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Infordef>. Acesso em: fev. 214. SANTA CATARINA. Departamento Estadual de Trânsito. Esveiculos>. Acesso em: fev.214. SANTA CATARINA. Diretoria de Vigilância Epidemiológica. com_content&task=blogcategory&id=123&itemid=147>. Acesso em: abril. 214. bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/viva_vigilancia_violencias_acidentes.pdf>. Acesso em: abr. 214. 9