FORMAÇÃO DOCENTE: FORMALIDADE, LEGALIDADE, EXIGÊNCIA OU NECESSIDADE?



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Transcrição:

FORMAÇÃO DOCENTE: FORMALIDADE, LEGALIDADE, EXIGÊNCIA OU NECESSIDADE? Adriana Cristina Kozelski 1 Silvana Hammerschmidt 2 Introdução A sociedade atual exige, necessariamente, uma educação comprometida com mudanças e transformações sociais. Na mesma, encontra-se uma educação social e historicamente construída pelo homem a qual requer como essência no seu desenvolvimento uma linguagem múltipla, capaz de conter toda uma diversidade. A formação profissional constitui um processo que implica em uma reflexão permanente dos objetivos e das lógicas que indicam as concepções do educador enquanto sujeito que transforma e ao mesmo tempo é transformado pelas próprias contingências da profissão. Constantemente os educadores deparam com ameaças de afronto ao próprio planejamento curricular com novas propostas, novas tecnologias, novos tempos. Como salienta Myrtes, Um conceito chave que desponta nas propostas de formação é a profissionalização, embora seja necessário relativizar esse conceito, pois, a tentativa de enquadramento da profissão docente esbarra com várias dificuldades em virtude da natureza específica desse trabalho. Além de se tratar de uma profissão complexa, cuja as competências e habilidades não podem ser facilmente determinadas, a docência associa elementos de natureza técnica cientifica a outros de cunho ideológico, que implicam compromisso e participação social. Em outros termos, ela é contextualizada culturalmente, onde entram interesses de natureza política. (MYRTES, 2005, p. 66) Vivenciasse um momento de visão ampla e global do mundo e da própria história, que aponta caminhos necessários a busca de alternativas para indagações, 1 Mestre em Educação Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUC-PR 2 Mestranda em Educação - Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUC-PR

anseios dúvidas e desafios. Diante destas necessidades a formação docente torna-se um ato contínuo - por isso o termo Formação continuada. A formação hoje é uma necessidade constante na profissão do educador. A formação inicial é apenas um primeiro degrau ante os tantos desafios que impulsionam a busca de soluções ao longo da trajetória educacional. FERREIRA e REALI comentam que: Os programas de iniciação à docência, também denominados programas de indução, são aqueles voltados para os professores nas suas primeiras inserções profissionais. Têm como objetivo auxiliar o ingresso na profissão de um modo menos traumático, tendo em vista o conjunto de demandas que recaem sobre os profissionais iniciantes e que exigem mudanças pessoais, conceituais e profissionais. No geral, esses programas oferecem apoio e orientação, na perspectiva de promover a aprendizagem e o desenvolvimento da base de conhecimento profissional e auxiliar na socialização com a cultura escolar desses profissionais. (FERREIRA e REALI, 2008, p. 02) A partir das colocações acima, percebe-se que alguns professores saem da universidade apenas com um diploma. Não estão preparados para ensinar, não dominam o conteúdo, não conhecem as metodologias eficazes, faltam-lhes estímulos para enfrentar uma classe agitada, indisciplinada, apática e passiva. Para tanto a atuação docente na modernidade exige posturas certas e identificadas: A modernidade exige mudanças, adaptações, atualização e aperfeiçoamento. Quem não se atualiza fica para trás. A parceria, a globalização, a informática, toda a tecnologia moderna é um desafio a quem se formou há vinte ou trinta anos. A concepção moderna de educador exige "uma sólida formação científica, técnica e política, viabilizadora de uma prática pedagógica crítica e consciente da necessidade de mudanças na sociedade brasileira" (BRZEZINSKI, 1992, p. 83) É evidente a necessidade de aperfeiçoamento constante, permanente, visando preparar os profissionais de educação e automaticamente melhorar o atendimento às crianças de zero a seis anos. Frente aos desafios da sociedade globalizada é evidente que não se pode abrir mão de valores de solidariedade e construção coletiva, é preciso lutar contra os erros e a exclusão com intuito de construir juntos um novo futuro. Para isso é necessário muito empenho dos governos, elaborando uma política global de formação elevando os níveis da formação inicial, condições de trabalho, carreira e formação continuada.

A seguir apresentasse algumas reflexões a fim de compreender a formação dos professores, bem como, as conseqüências da adesão desta nas perspectivas dos tempos atuais. Desenvolvimento A formação continuada, nos dias atuais é necessária, pois por meio dela o professor pode acompanhar a evolução educacional, para isso é preciso compreender a epistemologia da formação, bem como as necessidades de aperfeiçoamento profissional. É preciso que constantemente voltamos o olhar para os apelos da atualidade, aos sinais de mudança e reformas educacionais. Primeiramente vamos entender o significado das palavras Educação, Formação e Formar. Educação Segundo Ferreira (1993, p.197), a etimologia da palavra educação provém dos vocábulos latinos, educare, educere, educationem e significa o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano e a sua inserção na sociedade, ou processo de aquisição de conhecimentos e aptidões que preparam o indivíduo para o mundo. O conceito de educação é mais amplo e complexo. Diz respeito ao desenvolvimento humano, em suas trajetórias de vida, desde o nascimento até a morte. O ato de educar não pode ser comparado a um trabalho repetitivo e formal como de uma empresa, onde é preciso apresentar o produto ao final de muito trabalho e esforço, mas ao contrário educar é interagir constantemente com seres humanos responsáveis pela continuidade das ações cidadãs, de relacionamentos saudáveis na sociedade onde convivem. Formar do Latim formare, de forma, significa criar, modelar, constituir, reunir os elementos, as partes de um todo, dando-lhe a aparência, o exterior. Imaginar, criar o seu estilo, a sua maneira de expressar. Dar a alguém os conhecimentos necessários para o desempenho de uma carreira, ofício (BUENO, 1974, p. 1443). Cabe aos educadores a reflexão e adesão de formas adequadas e que correspondam a transformação dos sujeitos diante das realidades e necessidades as quais exigem o momento e as finalidade dos projetos,dos currículos e dos planos de ação docente. Formação Segundo Bueno (1974, p.1442), etimologicamente a palavra formação vem do latim formationem e pode significar: ato ou modo de formar ou

constituir algo; criação; constituição; modo como uma pessoa é criada; educação ou conjunto de conhecimentos relativos a uma área científica ou exigidos para exercer uma atividade; instrução; ou de outra forma: conjunto dos cursos concluídos e graus obtidos por uma pessoa (formação acadêmica, formação técnica, etc.). A formação não se separa do ser humano. O professor como artífice desta experiência a qual pode ser considerando constantemente mutável e adaptável, não pode se separar dos questionamentos advindos das concepções neoliberais que o norteiam. Outro aspecto importante a ser considerado na formação de professores são as questões culturais, mestras na relação entre sujeito e a busca do conhecimento. Tantas vezes somos condicionados a aceitação pacata de uma cultura ideológica neoliberista que não permite a criticidade, a espontaneidade. Os meios de comunicação alucinantes contribuem para este processo de acomodação docente, fator que impede a busca de formação que questione e abra caminhos para novas visões educacionais. Paulo Freire (1979) entende que Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, o ser humano se educa em conjunto. De fato são nas experiências vividas que se identifica a união da teoria e da prática vivida, em parceria com os grupos com os quais convivemos em nosso dia-a-dia, e que nos oportunizam grande parcela de conhecimentos. As experiências que cada ser humano vive e contempla tem grande influência em sua própria formação e vida, ou seja, vamos nos formando segundo aquilo que aprofundamos diante das experiências vividas, porém ao possuirmos um senso comum das coisas segundo as experiências que vivemos, o conhecimento científicoteórico torna-se exercício constante, requer análise, comparações, experimentações, relação com a prática e nunca conclusões estabelecidas. Diante do contexto sócio-econômico que vivemos, cada vez mais exige-se qualificação, especialização diante da carreira profissional a que se opta. Porém percebe-se também a falta de apoio de instituições diante do auxílio ao profissional da Educação, para que assim possa adquirir novos conhecimentos, somados a sua prática pedagógica. Por outro lado em um percentual mínimo se observar que quando determinadas redes privadas investe na formação docente, o beneficiado é a própria instituição. Torna-se necessário conciliar a política de governo quanto à formação docente continuada com metodologias implementadas desde os cursos preparatórios da formação do profissional, ou seja, é preciso despertar no indivíduo já na sua formação

inicial uma prática de pesquisa e reconhecimento pela importância do ato de permanentemente atualização. A formação docente é uma área de conhecimento científico ou investigativo, que busca aprofundamentos individuais e coletivos ligados a equipe gestora, aos projetos comuns, a cultura local, ao currículo, normas e leis educacionais, e certamente aos interesses e necessidades do grupo de professores, tudo em vista da qualidade educacional dos alunos. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática. (FREIRE, 1991, p, 58). Mesmo supondo que o professor tenha recebido adequada formação, a atualização é uma exigência da modernidade. Tabus caem, métodos são questionados, conceitos são substituídos, o mundo da ciência, do trabalho, da política, da empresa caminha velozmente para mudanças de padrões e exigências. Se o diploma abre as portas do mercado de trabalho, não garante a permanência nele. No contexto destes acontecimentos apresenta-se a necessidade da formação continuada, seja, nas áreas educacionais ou as que dela demandam. Rodrigues e Esteves apontam algumas características da formação continuada: Uma ruptura com o individualismo pedagógico, ou seja, em que o trabalho e a reflexão em equipe se tornam necessários; uma análise científica da prática, permitindo desenvolver, com uma formação de nível elevado, um estatuto profissional; um profissionalismo aberto, isto é, em que o acto de ensino é precedido de uma pesquisa de informações e de um diálogo entre os parceiros interessados (RODRIGUES e ESTEVES, 1993, p. 66) Podemos complementar sobre as etapas de formação da vida de um professor segundo as concepções de Garcia (1999) de quem advém à ideia de Sharoon Feiman (1983) distingue fases no aprender-ensinar e que é relevante na formação do professor: Fase de pré-treino: Inclui as experiências prévias de ensino que os candidatos a professor viveram geralmente como alunos, as quais podem ser assumidas de forma acrítica e influenciar de um modo inconsciente professor. Fase de formação inicial: É a etapa de preparação formal numa instituição específica de formação de professores, na qual o futuro professor adquire conhecimentos pedagógicos e de disciplinas acadêmicas, assim como realiza as práticas de ensino.

Fase de iniciação: Esta etapa corresponde aos primeiros anos do exercício profissional do professor, durante os quais os docentes aprendem na prática, em geral através de estratégias de sobrevivência. Fase da Formação permanente: Última fase inclui todas as atividades planificadas pelas instituições, ou até pelos próprios professores de modo a permitir o desenvolvimento profissional e aperfeiçoamento do seu ensino. Um dos fatores preocupantes referentes às universidades corresponde aos espaços de conhecimento formativo e de preparação para atuar na prática, pois os mesmos por vezes não direcionam a pesquisa, a leitura e ao aprofundamento científico. Vasconcellos confirma: Formação deficitária é dificuldade em articular teoria e prática: a teoria de que dispõe, de modo geral, é abstrata, desvinculada da prática e, por sua vez a abordagem que faz da prática é superficial, imediatista não crítica. (1995, p. 19) O ser humano reproduz aquilo que recebe, assim torna-se necessário as qualificações e estudos constantes como forma de estímulo as novas idéias. Observando a formação docente do ensino público percebemos um impasse ao que se trata oferecer e receber aprofundamentos, Por um lado educadores que se queixam não receberem oportunidades maiores de auxílio a sua formação, por outro os responsáveis pelas qualificações, argumentam perceber grande descaso de educadores frente à busca por novos conhecimentos. A verdade sempre esta relacionada a questão financeira, o que move o ser humano no mundo neoliberalista/capitalista, também envolve os educadores, a questão de orçamentos. Questionar a responsabilidade social atribuída aos profissionais da educação é responsabilidade de todos, pois destas dependem outros seres humanos propensos constantemente as influências de pensar, agir, reagir e relacionar-se frente às situações sociais do tempo. Um ponto de vista crítico em relação à formação de professores apresenta-se em DOYLE, (1990) apud GARCIA, (1999 p, 3) quando a caracteriza como um conjunto de experiências fracamente coordenadas, concebidas para manter os professores preparados para escolas primárias e secundárias Relacionasse esta posição com o problema que atinge parte dos professores, do desinteresse com relação a própria formação.

Os professores são constantemente manipulados por estratégias ideológicas o que os impede de desenvolver sua criticidade, demonstrando em suas práticas meras reproduções. A Formação Continuada tem entre outros objetivos, propor novas metodologias e colocar os profissionais a par das discussões teóricas atuais, com a intenção de contribuir para as mudanças que se fazem necessárias para a melhoria da ação pedagógica na escola e consequentemente da educação. É certo que conhecer novas teorias, faz parte do processo de construção profissional, mas não bastam, se estas não possibilitam ao professor relacioná-las com seu conhecimento prático construído no seu dia-a-dia (NÓVOA, 1995; PERRENOUD, 2000). Araújo afirma que: A Educação Continuada deve ser entendida como processo constituído por práticas cotidianas de reflexão sobre o trabalho que o professor desenvolve, além de compreender, também, que essa denominação oferece-nos uma possibilidade mais abrangente para obtermos visão mais integrada da educação. (2000, p.34) Contrapondo a idéia acima, podemos dizer que o verdadeiro objetivo da formação de professores é de pensar historicamente na libertação das ideologias, o senso crítico para conviver na sociedade capitalista globalizada e consequentemente na diferença de convivência que carrega o ser humano, afinal segundo Garcia (1999) a formação seria: O contexto e processo de educação dos indivíduos para que se tornem professores eficazes ou melhores professores (GARCIA 1999, p. 26) A formação continuada de professores conduz para transformação da escola em espaço de troca e de reconstrução de novos conhecimentos. Parece importante ressalta que a educabilidade do ser humano, numa formação que se dá num continuum, mas não existe um ponto que possa finalizar a continuidade desse processo. Assim, a formação continuada é, em si, um espaço de interação entre as dimensões pessoais e profissionais em que aos professores é permitido apropriarem-se dos próprios processos de formação e dar-lhes um sentido no quadro de suas histórias de vida. (MARIM, 2002) mas, não é o simples fato de estar na escola e de desenvolver uma prática escolar concreta que garante a presença das condições mobilizadoras de um processo formativo. É necessário que o profissional educador tenha em mente sua constante atitude de reflexão para perceber o que faz ligação de sua teoria com a prática. (HEPP, 2008)

A formação não deve abranger apenas o professor de sala de aula, mas todos os profissionais da educação comprometidos com a transformação da escola que temos. Considerações Finais Apesar da formação de professores passar por etapas é um ato contínuo que requer busca, procedimentos didáticos e pedagógicos comuns, e certamente faz parte da conduta ética do verdadeiro profissional da educação. A formação continuada não pode ser concebida como acumulação (de cursos, palestras, seminários, etc. de conhecimentos técnicos), mas sim por meio de um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal e profissional, em interação mútua. E é nessa perspectiva que a renovação da formação continuada vem procurando caminhos novos de desenvolvimento (CANDAU, 1997, p.64) Diante dos desafios sociais da contemporaneidade, em que os avanços científicos e tecnológicos já não são mais privilégios de um país, mais de toda massa populacional impulsionada pela globalização, levando essa, a mudanças e transformações rápidas que atingem todas as áreas da nossa vida: social, cultural, econômica, política, pedagógica, etc. a concepção de professor pesquisador, reflexivo, crítico e transformadora ganha certa urgência como proposta de formação, visto que todo este movimento atinge, especialmente, os modos de produção e aquisição do conhecimento, os modos como desenvolvemos nossas habilidades e competências. Em suma, a sociedade vem mudando vertiginosamente e a escola precisa estar preparada para acompanhar, enfrentar e superar estes desafios. A escola, nas pessoas da equipe gestora, não pode deixar de suas incumbências oferecer e conduzir o processo e a contínua oportunidade de sua equipe docente estar em contato com os processos de formação. É coerente neste processo a mesma equipe respeitar as diferenças e capacidades individuais de cada professor, como pessoa humana, profissional, assim também salientar que a formação se baseia nos interesses dos participantes adaptadas ao contexto de conhecimento fomentando a participação e reflexão. O professor como adulto que é e de sua responsabilidade tornar a aprendizagem que recebe significativa diante da aprendizagem autônoma a qual relaciona seus

conceitos já existentes com as mudanças do tempo presente em uma perspectiva de futuro. Referencias Bibliográficas ARAÚJO, I. A. de. Educação continuada na escola: traços, trilhas e rumos da coordenação pedagógica. Brasília: Ed. UNB, 2000. BUENO, Francisco da Silveira. Grande dicionário etimológico-prosódico da língua portuguesa. São Paulo: Editora Brasília, 1974. v. 2. BRZEZINSKI, Ria. Notas sobre o currículo na formação de professores: teoria e prática. UNB, 1994. CANDAU, V. M. F. Formação continuada de professores: tendências atuais. In: CANDAU, V. M. F (Org.). Magistério: Construção cotidiana. Petrópolis /RJ: Vozes, 1997, p. 51-68. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. FERREIRA, Liliam Ap.; REALI, Aline Maria Medeiros. R. Aprendendo a Ensinar a ser Professor: contribuições e desafios de um programa de iniciação à docência para professores de educação física. Disponível em: www.anped.org.br/reunioes/28/textos/gt08/gt08183int.rtf acesso em: agosto/2010 FREIRE, Madalena. A Formação Permanente. In: Freire, Paulo: Trabalho, Comentário, Reflexão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1991. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, RJ, 6ª edição, 1979 GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de professores para uma mudança educativa. Tradução NARCISO Isabel. Barcelona, Porto, 1999. HEPP, Izabel Cristina Uaska. A formação continuada na escola: Treinar para reproduzir ou formar para transformar? Dissertação de Mestrado. UFSM Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria RS, 2008. MARIN, Alda Junqueira. Formação de professores: novas identidades, consciência e subjetividade. IN: In: TIBALLI, Elianda F. Arantes, CHAVES, Sandramara Matias (orgs.). Concepções e práticas de formação de professores: diferentes olhares. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. p. 57-73 ( Trabalhos apresentados no XI ENDIPE Goiânia Goiás, 2002). NÓVOA, Antônio. Formação de professores e profissão docente. In: Nóvoa, A. (coord.). Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1995

PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul LTDA, 2000. RODRIGUES, Angela & ESTEVES, Manuela. A análise das necessidades na formação de professores. Porto Editora, 1993. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Para onde vai o Professor? Resgate do Professor como Sujeito de Transformação. São Paulo: Libertad, 1995. (Coleção Subsídios Pedagógicos do Libertad; v. l).