A VISÃO EDUCATIVA EM EDITH STEIN: FUNDAMENTOS PARA UMA EDUCAÇÃO INTEGRAL

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Transcrição:

A VISÃO EDUCATIVA EM EDITH STEIN: FUNDAMENTOS PARA UMA EDUCAÇÃO INTEGRAL Magna Celi Mendes da Rocha Doutorado em Educação: Psicologia da Educação- PUC-SP. PUC-SP APOIO FINANCEIRO: CAPES Palavras chave: Formação Humana. Antropologia Teológica. Educação Integral Existe sempre uma visão antropológica e cosmológica a guiar nossas ações, embora nem sempre sejam explicitadas. Elucidar essa questão é fundamental para quem deseja desenvolver um trabalho sério e consistente que alcance o ser humano em sua essência. Edith Stein insistia que a resposta à pergunta quem é o homem? era a primeira e mais necessária antes de qualquer ação educativa, sob o risco de se construir castelos no ar. No campo da educação, são abundantes as correntes teóricas, as propostas educativas que pretendem fundamentar e orientar os educadores em suas práticas cotidianas. Nas últimas décadas, sobretudo, os educadores brasileiros foram apresentados a uma diversidade de abordagens, muitas vezes sem o devido aprofundamento. As correntes pedagógicas alternam-se em suas visões de homem e mundo, umas com mais ênfase para aspectos biológicos e de desenvolvimento, outras mais voltadas a aspectos culturais, sociais, outras mais focadas em aspectos comportamentais, outras, ainda, consideram a relação entre aspectos biológicos e culturais. O ponto comum entre a quase totalidade das tendências pedagógicas contemporâneas, sob influência da psicologia, é a ausência de transcendência. Uma visão de ser humano em que a imanência prevalece, o que alguns autores chamam de imanentismo antropológico. À procura de referências para uma educação autenticamente integral, realizamos uma pesquisa bibliográfica baseada nos escritos pedagógicos de Edith Stein (Santa Teresa Benedita da Cruz / 1891-1942) que teve como objetivo identificar, descrever e discutir o sentido de formação na obra pedagógica de Edith Stein e contribuir, através da visão de pessoa humana e seu itinerário formativo para o que hoje chamamos de educação integral. Seus escritos pedagógicos, ainda pouco conhecidos, são fruto de uma intensa atividade pedagógica, como professora e conferencista, no espaço

de tempo compreendido entre os anos de 1923 a 1933, ano posterior à sua conversão à Igreja Católica e anterior à sua entrada no Carmelo. O conceito de formação é central na obra pedagógica de Edith Stein, que implica a pergunta como se forma o ser humano?, que deve ser precedida da resposta sobre quem é o ser humano? Apoiando-se na fenomenologia de Husserl e na visão aristotélico-tomista, Stein percorre um caminho filosófico, psicológico, antropológico, pedagógico e teológico para aclarar essas questões, chegando a conceber o ser humano como uma unidade indivisível de corpo, psique e espírito, que tem em si um potencial a desenvolver, podendo chegar à sua plena realização ou não. Stein questiona uma educação que não leve em consideração o ser humano completo, mas que se limite a fornecer um acúmulo de informações, visando apenas o desenvolvimento intelectual. Para Stein, essa escola é essencialmente uma filha do Iluminismo : O ideal de formação a ser alcançado era de um saber enciclopédico que devia ser o mais completo possível. Pressupunha-se que a alma não passava de uma tabula rasa em que deveria ser gravado o máximo, seja pela assimilação racional seja pela inserção na memória (STEIN, 1959/1999, p. 136). Falando sobre um novo plano de formação, afirma: Seria necessário desfazer-se completamente da ideia de que a escola deve transmitir um extrato compendioso de todas as áreas do saber de nosso tempo. Mais vale a tentativa de educar pessoas que sejam suficientemente inteligentes e esforçadas para serem capazes de apropriar-se de qualquer matéria que venha a ser importante para ela (STEIN, 1959/1999, p. 145). Stein considera ainda que a formação: É algo muito mais intrincado, mais misterioso e menos sujeito ao arbítrio que sonhava o Iluminismo. Como não contasse com os fatores de formação essenciais, seu sistema estava destinado ao fracasso. (STEIN,1959/1999, p. 139) Para Stein, a dissociação da integralidade do ser enquanto corpo-psique-espírito, reduziria a pessoa a uma vida unicamente instintiva. (BRUSTOLIN e TEIXEIRA, p. 36). Uma formação humana autêntica forma o homem de modo integral e o conduz à plena realização de si mesmo, em vista do bem comum, pois cada pessoa que se desenvolve de maneira harmoniosa contribui para o crescimento e desenvolvimento do mundo como um todo. A autora destaca a importância da dimensão relacional no processo formativo, visto que sozinha nenhuma pessoa é capaz de ter uma imagem

global de si. (BRUSTOLIN e TEIXEIRA, p. 40). Podemos definir como finalidade do trabalho formativo individual do ser humano: o que ele deve ser pessoalmente, trilhar o seu caminho e realizar a sua obra. Seu caminho não é o caminho que se escolhe arbitrariamente e, sim, o caminho pelo qual Deus o leva. Quem quiser levar alguém ao desenvolvimento de sua individualidade precisa levar à confiança na providência divina e à disposição de prestar atenção a seus sinais e de segui-los. (STEIN,1959/1999, p. 222-223) Considera necessária uma antropologia que integre a teologia e a filosofia. Aliás, Stein defende que o conhecimento teológico é irrenunciável para a pedagogia. Considera São Tomás de Aquino um grande expoente nessa questão, pois no seu pensamento a antropologia assume uma posição central, uma vez que, para ele, o ser humano é um microcosmo que unifica em si todos os reinos do mundo criado. A relação com Deus também assume papel central: Uma doutrina geral do ser humano não pode limitar-se ao ser criado, mas deve levar em consideração a diferença entre o ser criado e o ser incriado e a relação que ocorre entre eles. Portanto, seria incompleta e inadequada, como fundamento da pedagogia, uma antropologia que não levasse em consideração a relação do ser humano com Deus (STEIN, 1932-33/2000, p. 63). A formação humana é, portanto, um processo que atinge o ser humano por inteiro, não devendo ser excluída nenhuma de suas dimensões, sob o risco de se oferecer uma pseudoformação. A formação resulta do processo educativo; e a educação é o ato diligente em formar a pessoa. (SBERGA, 2014, p. 21) A educação é um evento que acontece no aqui e no agora, mas não tem seu fim apenas terreno, o transcende. Uma proposta educacional a partir desses princípios deveria ter como objetivo auxiliar o homem a atingir seu fim último, sua plenitude, seu potencial, em um processo de contínuo aperfeiçoamento, capaz de favorecer que cada pessoa humana descubra sua missão pessoal, seu caminho, sua via: Não se podem educar os homens para uma mesma finalidade, segundo um esquema geral. Dar espaço à especificidade da criança é um meio essencial para individuar a orientação interior ao fim (STEIN, 1932-33/2000, p. 52). Todo trabalho educativo, em Stein visa formar o ser humano à plena realização de si mesmo, num processo que acontece de dentro para fora, como atualização de suas

potencialidades, ainda que essa plenitude que cada ser humano é chamado a realizar só seja realmente conhecido por Deus: O verdadeiro educador é Deus, o único a conhecer cada homem singular em profundidade, a ter diante dos olhos o fim de cada um e a saber de quais meios tem necessidade para conduzi-lo ao fim. Os educadores humanos são só instrumentos nas mãos de Deus. (STEIN, 1932-33/2000, p. 50) Essa afirmação não pode ser interpretada como uma desvalorização do trabalho do educador, que passa a ser visto como instrumento nas mãos de Deus. Tal premissa é uma grande responsabilidade diante do mistério e da dignidade que se esconde em cada ser humano, independente de condição social, racial, sexual ou cultural. Para Stein, todo ser humano traz em si uma marca da eternidade e anseia por ela. Uma educação que vise apenas o imediato, o terreno, o provisório, não corresponde ao desejo mais profundo dos seres humanos. Não contribui para que cada um realize seu próprio caminho, sua própria via, mas ao contrário, busca uma padronização ou uma competitividade na qual os seres humanos não se reconhecem mais como irmãos, como vindos de uma mesma raiz. CONSIDERAÇÕES FINAIS A obra pedagógica de Edith Stein, embora não tão conhecida como seus escritos filosóficos e religiosos, oferece um rico aporte para pensar a educação de modo integral. A formação (Bildung) é uma atividade que visa atualizar as potencialidades já contidas na pessoa. É um processo que ocorre do interior para o exterior. Forma-se bem quando todas as dimensões do ser humano, corporal, psíquica e espiritual são consideradas e orientadas, para que cheguem à sua plena realização. A autora oferece ainda uma alternativa para uma visão reducionista de ser humano em que a relação do homem com Deus como elemento constitutivo da formação humana é relegada, quando muito, ao plano privado e subjetivo, mas sobretudo como algo acessório e periférico, podendo ainda ser tratado ainda como algo do campo da superstição. Edith Stein rompe, apoiada em autores clássicos, com a ideia de uma ciência sem Deus. Reivindica uma metafísica cristã como aporte necessário para a compreensão do ser humano e para uma verdadeira reforma educacional, sobretudo da educação

católica. A proposta pedagógica e formativa de Edith Stein bebe diretamente nas raízes do cristianismo. Uma proposta que começa aqui, mas que não tem um fim terreno. Trata-se de um processo que visa conduzir o ser humano para o fim último, a vida eterna. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRUSTOLIN, L. A. e TEIXEIRA, P.E.L. A Educação em Edith Stein: Breve análise histórica e Conceitual, In. PERETTI, C. e DULLIUS, V. F. A arte de educar por uma pedagogia empática em Edith Stein. Curitiba: Prismas, 2018 SBERGA, A. A. A formação da pessoa em Edith Stein. São Paulo: Paulus, 2014. STEIN, E. La strutura della persona humana. Tradução de M. D Ambra. Roma: Città Nuova, 2000. (Publicação original de 1932/33). A mulher: Sua missão segundo a natureza e a graça. Tradução Alfred J. Keller. Bauru: EDUSC, 1999. (Publicação original de 1959).