G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s. Panorama da Situação da Infância e da Adolescência em Minas Gerais



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anorama da Situação da Infância e da Adolescência em Minas Gerais 1

2

Sumário Apresentação... 4 resença da Infância e Adolescência em Minas Gerais... 6 Educação... 13 A evolução da educação no público infanto-juvenil... 13 Condições do ensino... 20 Rendimento do sistema educacional... 26 Situação de Saúde da Criança e Adolescente no Estado de Minas Gerais... 30 Mortalidade Infantil... 30 roporção de mães adolescentes entre gestantes... 33 Garantia de Direitos... 38 Trabalho infantil... 38 Acolhimento institucional... 43 Bibliografia... 50 3

Apresentação A Constituição de 1988, dentre suas muitas conquistas democráticas, determinou a prioridade absoluta à infância. Esta prioridade não é casual. Em primeiro lugar, é dever e deve ser motivo de honra em qualquer sociedade a proteção de seus membros mais vulneráveis. or outro lado, o compromisso com o futuro nos obriga a assegurar que as pontes com as novas gerações sejam atravessadas com segurança. É este espírito que anima este estudo, ainda que modesto: avaliar em que medida Minas Gerais sociedade e estado têm conseguido proteger e promover suas crianças e adolescentes. ara tanto, recorrer-se-á a informações de diversas origens NAD, AD, DATASUS, CENSO EDUCACIONAL, entre outros que permitam apresentar um quadro sintético tanto da situação das crianças e adolescentes em Minas Gerais quanto do esforço e condições de atendimento a este público nos principais campos de direitos da infância e adolescência. Em primeiro lugar, faz-se uma avaliação da presença da infância em Minas Gerais, notando as mudanças no perfil demográfico da população e na taxa bruta de natalidade, apontando ainda as diferentes realidades regionais. A direção é de uma redução da participação de crianças e adolescentes na população, diferenças regionais relevantes e uma tendência de redução destas diferenças. Em segundo lugar, discute-se o panorama da educação no estado. O trabalho também aponta uma tendência geral de melhoria do acesso, do financiamento e do rendimento do sistema educacional, mas com bastante desigualdade e heterogeneidade entre níveis de ensino, zonas urbana e rural e regiões do estado. Em seguida, descrevem-se as condições de saúde da infância e adolescência no estado, abordando, a mortalidade infantil, gravidez na adolescência, cobertura vacinal, acompanhamento de saúde e aleitamento materno. or fim, abordam-se os principais aspectos de dois temas relacionados à garantia / violação de direitos que já foram objeto de estudos específicos: o trabalho infantil e o acolhimento institucional. 4

5

resença da Infância e Adolescência em Minas Gerais Minas Gerais, como de resto acontece no Brasil, vem passando por uma rápida transição demográfica, ocasionada pela combinação de queda na fecundidade e pelo aumento na expectativa de vida. Os gráficos da figura 1, abaixo demonstram este processo: Figura 1- irâmide Etária de Minas Gerais Fonte: NAD/ IBGE elaborado por Estado para Resultados (2009) Conforme se pode verificar, entre 2001 e 2008, a base da pirâmide demográfica de Minas Gerais se estreitou, com a população de 0 a 4 anos reduzindo sua participação na população de 8,9% em 2001 para 6,6% em 2008. No outro extremo da pirâmide, a população com idade acima de 70 anos ampliou sua participação na população, no mesmo período, de 4,1% para 5,2%, segundo a NAD 2008. Diante disto, pode-se investir mais per capita nas crianças sem ainda ser necessário deslocar recursos da mesma monta para atendimento aos idosos. Esta é a oportunidade histórica para a ampliação de esforços no atendimento à infância, janela de oportunidades que se fechará dentro de alguns anos, à medida que se ampliar a participação dos idosos na população, cujo cuidado exigirá, ao longo do tempo, alocação de recursos antes destinados à infância. A AD 2009 aponta a mesma tendência estreitamento da pirâmide etária, em decorrência da redução da fecundidade e aumento da longevidade -, mas também a 6

heterogeneidade da distribuição etária nas distintas regiões do estado de Minas Gerais, conforme a Figura 2 aponta. Figura 2 Estrutura etária da população por região de lanejamento e RMBH Minas Gerais, 2009 Fonte: Fundação João inheiro, 2010 7

Quando se observam os dados acima, percebe-se que, se em todas as regiões do estado, o perfil detectado na AD em 2009 é consistente com a tendência apontada pelas NAD, qual seja, a redução da proporção da população infanto-juvenil. No entanto, há de fato grande disparidade entre elas. Como extremos, temos o Oeste de Minas, o Triângulo e Campo das Vertentes, com as menores proporções de crianças de até 5 anos de idade. De outro lado, Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, com as porcentagens mais altas de participação desta faixa etária. A implicação disto é tão evidente quanto preocupante: as regiões mais pobres concentram, proporcionalmente mais crianças, o que indica que permanece a tendência de infantilização da pobreza, ou seja, há proporcionalmente mais crianças nas regiões mais pobres do que nas não pobres. Indica também que aqueles municípios que têm mais crianças para assistir, proteger e promover são também os municípios com menos recursos. E também mais idosos na migração por idade ativa. Entretanto, ao verificar tendências, a análise das taxas brutas de natalidade no estado e nas regiões indica prováveis mudanças neste quadro. Em primeiro lugar, uma tendência geral de queda da natalidade no estado. Em segundo lugar, diferenças significativas entre as regiões. Mas também uma tendência à convergência desta taxa. 8

Tabela 1 Taxa Bruta de Natalidade em Minas Gerais por Macrorregião de Saúde 2004-2008 2004 2005 2006 2007 2008 Minas Gerais 14,62 14,42 13,66 13,46 13,03 Macrorregião de Saúde 3101 Sul 13,46 13,23 12,78 13,10 12,41 3102 Centro Sul 13,85 13,52 12,97 12,64 12,44 3103 Centro 14,43 14,05 13,21 13,21 13,06 3104 Jequitinhonha 17,57 17,32 16,78 15,00 13,48 3105 Oeste 13,87 13,61 13,01 12,04 11,96 3106 Leste 14,06 14,69 14,14 13,73 13,85 3107 Sudeste 13,38 13,20 12,29 12,18 11,94 3108 Norte 17,11 16,89 16,01 15,47 13,99 3109 Noroeste 15,95 15,66 14,58 14,16 13,43 3110 Leste do Sul 16,03 15,47 14,55 14,69 13,53 3111 Nordeste 17,52 17,79 16,38 15,50 14,68 3112 Triângulo do Sul 13,94 14,20 13,74 13,68 13,28 3113 Triângulo do Norte 14,24 13,95 13,36 13,08 12,79 Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC Situação da base de dados nacional em 14/12/2009. A Taxa Bruta de Natalidade significa o número de nascidos vivos por mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico. Essa taxa é calculada pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). O SINASC foi sendo implantado gradualmente pelo Ministério da Saúde a partir de 1990 propiciando informações sobre nascidos vivos no país. O documento básico de obtenção dos dados é a Declaração de Nascido Vivo (DN), padronizada nacionalmente e distribuída pelo Ministério da Saúde. A cobertura atual do SINASC é estimada em 93%, Nas regiões Norte e Nordeste, a cobertura média é menor se comparada à regiões Sul e Sudeste, chegando à 75% (RISA, 2010). No Estado de Minas Gerais, entre os anos de 2004 e 2008 houve uma tendência de queda constante na Taxa Bruta de Natalidade. Em 2004, a taxa era de 14,62 nascimentos por mil habitantes, em 2008 caiu para 13,03. A redução pode ser acompanhada no gráfico 1. 9

Gráfico 1 Taxa Bruta de Natalidade Minas Gerais 15 Taxa Bruta de Natalidade Minas Gerais 14,5 14 13,5 13 Minas Gerais 12,5 12 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC Situação da base de dados nacional em 14/12/2009. A taxa bruta de natalidade apresenta importantes limitações para estabelecer comparações entre diferentes grupos ou regiões, já que é fortemente influenciada pela estrutura etária de cada população. No entanto, apesar disto, permanecem os dois pontos aqui estabelecidos: a tendência geral de queda e de uma maior convergência entre as regiões, apesar das diferenças em estrutura etária apresentadas na seção anterior. No que tange as macrorregiões de saúde do Estado, no início da série - em 2004 - as de maior taxa bruta de natalidade eram Leste do Sul (16,02); Nordeste (17,52) e Jequitinhonha (17,57) e as de menor taxa eram Centro Sul (13,85); Sul (13,46) e Sudeste (13,38). Em 2008, Jequitinhonha deixou de ser a detentora da maior taxa, passando para a quarta posição. Nesse mesmo ano, a macro Nordeste ocupava a primeira posição, situação que se estabeleceu em 2007 e se manteve. A macrorregião Sudeste e Oeste foram em 2008 as regiões de menor taxa, com 11,94 e 11,96 respectivamente. De um modo geral, a diferença entre as Taxas Brutas de Natalidade nas macrorregiões diminuiu no período analisado 1, ou seja, os valores que distanciavam regiões de altas e baixas taxas brutas de natalidade diminuíram. Em 2004, a distancia em termos de taxa de 1 A taxa bruta de natalidade apresenta importantes limitações para estabelecer comparações entre diferentes grupos ou regiões, já que é fortemente influenciada pela estrutura etária de cada população. No entanto, apesar disto, permanecem os dois pontos aqui estabelecidos: a tendência geral de queda e de uma maior convergência entre as regiões, apesar das diferenças em estrutura etária apresentadas na seção anterior 10

natalidade entre a região de maior e menor taxa era de 4,19. No ano de 2008 essa diferença caiu para 2,05. A redução das diferenças inter-regionais pode ser observada no gráfico que segue. 11

Taxa Bruta de Natalidade FUNDAÇÃO JOÃO Gráfico 2 Taxa Bruta de Natalidade Macrorregiões de Saúde de Minas Gerais Taxa Bruta de Natalidade Macrorregiões de Minas Gerais 18,0 17,0 16,0 15,0 14,0 Sul Centro Sul Centro Jequitinhonha Oeste Leste 13,0 12,0 11,0 2004 2005 2006 2007 2008 Sudeste Norte Noroeste Triangulo do Sul Triangulo do Norte Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC Situação da base de dados nacional em 14/12/2009. Ou seja, podem-se perceber três tendências na análise da taxa bruta de natalidade no estado. Em primeiro lugar, uma tendência geral de queda da natalidade no estado. Em segundo lugar, diferenças significativas entre as regiões. Mas também uma tendência à convergência desta taxa, ou seja, de maneira geral, aquelas regiões com maiores taxas de natalidade foram também aquelas que mais intensamente a reduziram nos últimos anos, o que tende a relativizar os problemas de infantilização da pobreza mencionados mais acima. 12

Educação Dentre os direitos das crianças e adolescentes e também no conjunto das políticas e ações voltadas para este público, destaca-se a educação. Os últimos anos experimentaram mudanças importantes nas políticas educacionais. A quase universalização do acesso ensino fundamental importante e tardia conquista do país e a diminuição da pressão pela expansão da rede neste nível, decorrente tanto das mudanças demográficas mencionadas quanto de melhorias no fluxo do sistema, evidenciaram outros desafios para a política educacional. A ampliação da cobertura e do acesso nos níveis infantil e médio do ensino, os problemas de qualidade da oferta e da garantia de desempenho, a cultura da reprovação e seu efeito sobre o abandono e as intensas desigualdades socioeconômicas e regionais de oportunidades educacionais são desafios colocados para a garantia do direito á educação. A implantação do FUNDEB, a ampliação da obrigatoriedade do ensino, a instituição do piso salarial para professores, a retirada da educação da DRU - processos ainda em curso - são exemplos de intervenções cujos efeitos devem ser sentidos nos próximos anos. Em Minas Gerais, as prioridades de alfabetização, redução da distorção idade / série, ensino fundamental de nove anos, educação profissional e oupança Jovem são algumas das intervenções prioritárias neste campo. A evolução da educação no público infanto-juvenil Em primeiro lugar, deve-se avaliar as condições educacionais das crianças e adolescentes, em termos de acesso e realizações. Há vários indicadores sobre as condições educacionais da população. No entanto, para os objetivos aqui propostos, alguns deles não são tão úteis, como taxa de analfabetismo, anos médios de escolaridade da população, pois são medidas de estoque e avaliam os resultados e limites de políticas educacionais em várias gerações. Como o objetivo aqui proposto refere-se à situação recente das crianças e adolescentes, os indicadores a serem utilizados aqui serão apenas os que apresentam consistência com este objetivo. 13

Acesso A primeira dimensão para avaliação da garantia ao direito educacional refere-se ao acesso, ou seja, em que medida, a clientela de um determinado nível de ensino está de fato tendo acesso a este direito. Como se sabe, o nível fundamental, o único obrigatório e o que recebeu maior atenção das políticas educacionais de educação básica recentemente, é o que se encontra mais próximo da universalização. Segundo os dados da nad 2009, os mais recentes disponíveis, o acesso ao ensino fundamental em Minas Gerais encontra-se próximo da universalização, e tem-se mantido estável, conforme a Tabela 1. Tabela 2 - Taxas de Atendimento e Frequência Escolar por Faixas Etárias 2 (%) - Estado de Minas Gerais - 2001-2009 Taxas de Atendimento Taxa líquida de frequência Taxa bruta de frequência Anos 7 a 14 anos 15 a 17 anos Fundamental Médio Fundamental Médio 2001 97,0 78,8 94,8 37,5 120,8 79,3 2002 97,6 79,1 95,6 43,3 120,0 77,4 2003 97,9 79,5 95,9 46,8 118,1 83,5 2004 97,4 81,4 96,0 49,7 118,0 86,4 2005 97,8 80,8 95,9 50,7 117,0 85,7 2006 97,4 80,6 94,6 50,5 114,6 87,8 2007 98,1 81,2 94,9 51,1 116,8 85,9 2008 98,4 85,3 95,5 56,0 118,5 92,6 2009 98,2 84,8 96,6 54,4 119,7 92,6 Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esquisa Nacional por mostra de Domicílios (NAD), Minas Gerais, 2001-2009 Elaboração: Equipe de Desenvolvimento Humano (Fundação João inheiro - FJ) * considera a população de referência de 18 a 22 anos ** considera a população de referência de 18 a 24 anos. 2 Taxa de atendimento: pessoas das faixas etárias consideradas que freqüentam escola ou creche, em qualquer nível de ensino, e a população total nessa faixa; Taxa de frequencia liquida: razão entre o número de pessoas nas faixas etárias específicas que freqüentam o grau escolar apropriado a sua faixa e a população total nessa faixa etária; Taxa de freqüência bruta: razão entre o número de pessoas de qualquer idade que freqüentam graus escolares específicos e a população total na faixa etária que seria apropriada para cada grau escolar. 14

Tabela 3 Índices e indicadores selecionados de desenvolvimento humano: média de indicadores de freqüência dos 40% mais ricos e 60% mais pobres* em Minas Gerais, 2001-2004 e 2005-2008 2001-2004 2005-2008 60% + 40% + 60% + pobres ricos 100% pobres 40% + ricos INDICADORES / ÍNDICES 100% Taxa líquida de frequência (%) Fundamental 95,6 95,2 96,8 95,2 94,9 96,3 Médio 44,3 35,5 67,3 52,1 44,7 69,7 Superior 9,2 2,3 20,6 12,9 4,3 24,9 Taxa bruta combinada de freqüência(%) 80,9 77,1 90,5 85,6 81,3 96,6 Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esquisa Nacional por Amostra de Domicílios (NAD), Minas Gerais, 2001-2008 Elaboração: Equipe de Desenvolvimento Humano (Fundação João inheiro - FJ) * segundo a renda familiar per capita. A taxa de escolarização líquida no ensino fundamental em Minas Gerais permaneceu estável entre 2001 e 2009, ainda em que um nível bastante alto, e, em 2009, sofreu uma oscilação positiva, atingindo 95,6%. Nos outros níveis de ensino que compõem a educação básica, porém, o acesso encontra-se ainda distante da universalização. Vários fatores contribuem para isto: a não obrigatoriedade, a ausência histórica de mecanismos estáveis de garantia de financiamento, só equacionada com a aprovação do FUNDEB, a precariedade e o caráter semi-público de boa parte da rede de educação infantil, a ausência de coordenação federativa na área, entre outros. Também ainda distante da universalização encontra-se o ensino médio. A melhoria no acesso e no fluxo e conclusão do ensino fundamental ampliaram a demanda pelo ensino médio, pressionando a rede pública a aumentar a cobertura deste nível, principalmente da rede estadual, que no bojo do processo de reorganização recente do ensino público, vem assumindo a principal responsabilidade por este nível. 15

Tabela 4 - Taxa de freqüência líquida do jovem de 15 a 17 anos no ensino médio (%) - 2001, 2007 e 2008 Unidade Geográfica Ano 2001 2007 2008 Brasil 37,5 48 50,4 Sudeste 48,7 58,8 61,9 Minas Gerais 38 51,1 56 RMBH 46,7 55,6 62,5 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esquisa Nacional por Amostra de Domicílios (NAD), Minas Gerais, 2001-2008 Conforme a Tabela 3 acima demonstra, no Brasil, a taxa de escolarização líquida no ensino médio chega a cerca de metade dos jovens desta faixa etária. Apesar de ainda distante da universalização, o Brasil vem, nos últimos anos melhorando o desempenho neste nível, passando de 37,5% a 50,4%, entre 2001 e 2008. No caso de Minas Gerais, o acesso permanece superior ao brasileiro, mas significativamente inferior ao da região sudeste. or outro lado, o crescimento da taxa de escolarização líquida do ensino médio de Minas Gerais foi, entre 2001 e 2008, mais intenso do que o da região sudeste: enquanto a da região cresceu cerca de 29% no período, a taxa de Minas Gerais cresceu 47%. Entretanto, no caso do ensino médio em Minas Gerais, conforme mostra a tabela 3, a taxa de escolarização líquida apresenta-se bem abaixo daquela do ensino fundamental, chegando, em 2009 a 54%. or um lado, isto se deve à trajetória escolar anterior dos adolescentes. Em decorrência seja da entrada tardia no ensino fundamental, seja do ainda alto índice de reprovação neste nível, muitos adolescentes de 15 a 17 anos encontram-se ainda no nível fundamental e muitos jovens acima de 17 anos encontram-se no ensino médio, o que explica as diferenças entre as taxas de escolarização bruta e líquida em cada nível. Além disto e, em parte como decorrência dos elementos mencionados, a evasão no ensino fundamental ainda é alta e a taxa de conclusão, baixa. Ou seja, como é óbvio, sem melhorar o ensino fundamental, a universalização do ensino médio permanecerá distante. No entanto, no caso do ensino médio, há ainda um problema de acesso e cobertura. Quando se analisa a taxa de atendimento dos adolescentes de 15 a 17 anos, percebe-se 16

que, enquanto cerca de 98% das crianças de 7 a 14 frequentam escola, no caso dos adolescentes de 15 a 17, a taxa não atinge 85 %. Ou seja, em Minas Gerais pelo menos 15% dos adolescentes que deveriam freqüentar o ensino médio não têm acesso à escola em nenhum nível. A literatura aponta vários fatores para isto. Em primeiro lugar, a quantidade e distribuição das escolas para o ensino médio muitas vezes não é adequada, não estando as vagas disponíveis no município ou implicando deslocamentos custosos, em termos de tempo ou de transporte. Em segundo lugar, há o que se chama de custo de oportunidade, ou seja, à medida que a idade aumenta, aumentam as expectativas - próprias ou da família, por necessidade, desejo ou razões culturais de que o adolescente ingresse ainda que ilegalmente no mercado de trabalho, que passa a concorrer com a escola, em termos de tempo, interesse, dedicação e mesmo de capacidade física. Este último fator é potencializado pelos altos índices de reprovação do ensino brasileiro, que faz com que muitos adolescentes e jovens cheguem ao ensino médio em idades em que a pressão para o trabalho se soma ao desalento decorrente de uma ou mais reprovações e repetições de uma mesma série e conspiram contra a permanência e êxito escolar dos estudantes. or fim, a adolescência e transição para juventude é já uma etapa de maior independência e autonomia dos alunos, ainda que não do ponto de vista legal. ortanto, a permanência e o envolvimento escolar deste público tem, em parte, que ser conquistado: sem melhorar a qualidade e atratividade da escola, a meta de universalizar o ensino médio é difícil de alcançar. Deve-se notar, porém, que a taxa de freqüência líquida ao ensino médio aumentou significativamente no período de 2001 a 2009, em decorrência tanto da melhoria do fluxo (aprovação e permanência) no ensino fundamental quanto da própria expansão do acesso e da cobertura deste nível. 17

Tabela 5 - Taxa de freqüência líquida do jovem de 0 a 6 anos no ensino médio (%) - 2001, 2007 e 2008. Unidade Geográfica Ano 2001 2007 2008 Brasil 34,9 46,9 45,8 Sudeste 36,6 50,8 49,5 Minas Gerais 32,8 47 45,1 RMBH 36,4 49 52,3 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esquisa Nacional por Amostra de Domicílios (NAD), Minas Gerais, 2001-2008 Deve-se notar também o grave problema de cobertura e acesso que a educação infantil enfrenta no país e no estado. Mesmo em 2008, nem metade das crianças de 0 a 6 anos tinha acesso à educação, conforme mostrado na Tabela 4. or outro lado, nota-se que, no período entre 2001 e 2008, houve uma expansão significativa no acesso a este nível. A paulatina inclusão das crianças na escola aos seis anos, bem como a inclusão das creches no Fundeb provavelmente respondem por pelo menos parte desta expansão. No entanto, o desempenho de Minas Gerais na garantia de acesso a este nível, que em 2008 atendia a 45,1% da clientela, encontra-se inferior ao desempenho nacional e também da região Sudeste, conforme demonstra a tabela acima. Além disto, parte importante da cobertura neste nível é privada, conveniada ou não com o setor público e, em proporção significativa, não gratuita. A importância da educação infantil e da escolarização precoce é bastante conhecida, tanto para a trajetória escolar futura da criança, quanto para as condições de inclusão das mulheres no mercado de trabalho sem prejuízo do desenvolvimento e socialização de seus filhos. É, portanto, fundamental um esforço específico para a ampliação da cobertura de creches e educação infantil. É preciso notar também que a realidade apontada de maneira geral para Minas Gerais pode esconder as importantes e significativas diferenças regionais do estado. De fato, de acordo com a AD 2009, se toma a taxa de escolarização líquida como indicador de acesso à educação básica, as distintas regiões mostram desafios de monta variada para a garantia do direito à educação de crianças e adolescentes, conforme mostra o Gráfico X3: 3 É importante notar uma diferença metodológica aqui. No caso da AD, as taxas de escolarização do ensino fundamental já incorporam a extensão deste nível, que se inicia agora aos 6 anos de idade. ortanto, o cálculo da escolarização na educação infantil considera a idade de 0 a 5 anos e o a taxa relativa ao ensino fundamental considera a idade inicial como 18

Gráfico 3 Taxa líquida de escolarização por região de planejamento, RMBH Minas Gerais, 2009 Fonte: Fundação João inheiro, 2010 A análise do gráfico 2 permite apontar duas características da escolarização nas regiões do estado. Em primeiro lugar, fica claro que todas as regiões do estado apresentam a mesma ordenação no acesso à educação básica: o ensino fundamental apresenta as maiores taxas de escolarização, seguidas pelo ensino médio e depois pela educação infantil, que não chega a 40% em nenhuma região do estado. Em segundo lugar, enquanto a taxa de escolarização referente ao ensino fundamental apresenta valores mais altos e mais próximos, os outros dois níveis fundamental e médio apresentam maior variação entre as regiões. É importante notar novamente a necessidade de expansão da cobertura e acesso à educação infantil, de maneira geral muito baixas, mesmo em regiões mais abastadas do estado 6 e não 7 anos. Isto explica, pelo menos em parte, as taxas comparativamente mais baixas apresentadas pela AD em relação às NADS, acima. 19

Condições do ensino Após a análise do acesso à educação básica em Minas Gerais, trata-se de avaliar em que condições está-se dando esta oferta. Quanto a este aspecto, uma primeira discussão refere-se ao investimento educacional em Minas Gerais. Como se sabe, a relação entre investimento e desempenho ou qualidade da educação não é automática nem direta. A produtividade do gasto educacional depende de vários fatores, que incluem prioridades na alocação dos recursos, estratégias adotadas e também eficiência na gestão. Entretanto, sem investimento, tampouco se consegue qualidade ou, dito de outra forma, os investimentos são condição necessária, ainda que não suficiente para a qualidade e equidade educacionais. Deste ponto de vista, uma análise dos gastos médios per capita com educação dos municípios, por região, permite avaliar os avanços, limites e disparidades regionais na educação. É o que sem encontra no Gráfico 3. Gráfico 4 Gastos médios com educação dos municípios de Minas Gerais por região de planejamento 2003 a 2007 R$ 400,00 R$ 350,00 R$ 300,00 R$ 250,00 R$ 200,00 R$ 150,00 2003 2004 2005 2006 2007 Campo das Vertentes Central Mineira Jequitinhonha Metropolitana de Belo Horizonte Noroeste de Minas Norte de Minas Oeste de Minas Sul/Sudoeste de Minas Triângulo Mineiro/Alto aranaíba Vale do Mucuri Vale do Rio Doce Fonte: Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) / FJ O gráfico aponta também três características do investimento educacional. Em primeiro lugar, uma tendência, em praticamente todas as regiões, de aumento do gasto educacional per capita nos municípios. Em segundo lugar, a significativa desigualdade regional do gasto, em desvantagem para as regiões mais pobres do estado, como Jequitinhonha e 20

Gasto per capita FUNDAÇÃO JOÃO Mucuri. Em terceiro lugar, a tendência de ampliação do gasto educacional não apontou uma tendência mais clara de convergência entre as regiões: de maneira geral, permanece o mesmo padrão de desigualdade regional no gasto educacional dos municípios. O Gráfico 4 permite outra avaliação desta realidade. O gráfico apresenta a relação entre o gasto per capita no ano de 2007 e a porcentagem do orçamento dos municípios destinada à educação no mesmo ano 4. Gráfico 5 Relação entre gasto per capita e porcentagem do orçamento destinado a educação dos municípios de Minas Gerais, por região de planejamento - 2007 400,00 380,00 360,00 340,00 320,00 300,00 280,00 260,00 240,00 19,32 21,19 21,89 22,26 22,09 22,48 21,98 Ano 2007 22,96 22,96 23,41 23,72 19,00 20,00 21,00 22,00 23,00 24,00 25,00 26,00 Esforço orçamentário em atividades de educação (%) 2000 a 2007 25,70 Central Mineira Jequitinhonha Metropolitana de Belo Horizonte Noroeste de Minas Norte de Minas Oeste de Minas Sul/Sudoeste de Minas Triângulo Mineiro/Alto aranaíba Vale do Mucuri Vale do Rio Doce Zona da Mata Campo das Vertentes Fonte: Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) / FJ O gráfico 4 mostra que o ordenamento do esforço educacional entre as regiões é distinto daquele do gasto per capita, evidenciando que, em vários casos, a desigualdade na dimensão do investimento educacional decorre não necessariamente ou não apenas da baixa prioridade atribuída a esta política, mas também nas desigualdades econômicas e orçamentárias dos municípios de cada região. Assim, às vezes mesmo um esforço educacional menor pode resultar em um gasto educacional relativamente alto (por exemplo, no caso da região do triângulo) e vice-versa (como ocorre no caso da região do Jequitinhonha), reflexo das desigualdades econômicas e fiscais entre as regiões do estado. 4 Esta variável pode ser vista como um indicador do esforço educacional médio dos municípios de cada região. 21

Outra dimensão importante das condições de ensino é a qualificação docente, pela centralidade que o professor apresenta no processo educacional. Apesar da dificuldade em definir e medir esta dimensão5, a porcentagem de docentes com curso superior tem sido a mais utilizada, tanto pela disponibilidade da informação quanto pelo fato de que costuma ser uma medida indireta da qualidade da oferta educacional. Deste ponto de vista, a tabela 5 apresenta informações importantes para o estado. Tabela 6 - Funções Docentes e Nível de Formação Brasil Sudeste - Minas Gerais Macrorregiões de Minas Gerais 2002-2006 Região Geográfica ercentual de rofessores com Formação Superior - Ens. Fundamental 2002 2006 ercentual de rofessores com Formação Superior - Ens. Médio ercentual de rofessores com Formação Superior - Ens. Fundamental ercentual de rofessores com Formação Superior - Ens. Médio Brasil 53,54 89,30 73,53 95,44 Sudeste 68,80 95,26 86,06 97,73 Minas Gerais 61,66 93,75 80,58 94,24 Alto aranaíba 51,55 95,24 79,67 96,63 Central 49,02 88,62 73,47 87,95 Centro Oeste de Minas 59,16 89,12 78,27 91,18 Jequitinhonha/Mucuri 31,61 85,77 66,19 80,32 Noroeste de Minas 48,50 86,76 78,70 92,03 Norte de Minas 29,65 77,56 61,99 80,25 Rio Doce 39,33 88,96 71,36 91,71 Sul de Minas 65,47 96,34 81,51 94,85 Triangulo 63,47 95,09 79,66 97,15 Zona da Mata 49,75 94,53 77,09 95,00 Fonte: MEC/INE Notas: 1)O mesmo docente pode atuar em mais de um nível/modalidade de ensino e em mais de um estabelecimento. 2) O mesmo docente de ensino fundamental pode atuar de 1ª a 4ª e de 5ª a 8ª série. 5 Além da formação incial do docente, há várias dimensões relevantes para seu desempenho, como experiência, rotatividade, motivação, expectativas em relação aos alunos, formação em serviço, atualização, entre outros. 22

A tabela 5 permite avaliar a evolução recente, de 2002 a 2006, do estado quanto a este indicador. Em primeiro lugar, Minas Gerais encontra-se nos dois anos, em uma situação melhor que a média brasileira para esta variável, mas pior que a média da Região Sudeste, no ensino fundamental; no nível médio, no ano de 2006 a posição do estado é ligeiramente inferior também à média do Brasil. Em segundo lugar, há, no período uma evolução significativa deste indicador, tanto em Minas Gerais quanto no país, refletindo também o aumento geral do acesso da população ao ensino superior. Em terceiro lugar, nota-se também aqui a desigualdade regional da qualificação de professores, sempre em desfavor das regiões mais pobres, como Jequitinhonha, Norte etc. No entanto, a evolução da qualificação docente apresenta uma característica positiva, principalmente no ensino fundamental. Neste nível, além de um avanço geral importante na qualificação docente em todas as regiões, há uma diminuição da desigualdade. O desvio-padrão6 do indicador entre as regiões reduziu-se de 12,3 pontos percentuais em 2002 para 6,5 pontos em 2006. Além disto, em 2002, a região com maior porcentagem de professores com curso superior apresentava valores 2, 20 vezes maiores do que os daquela a com menor porcentagem; em 2006 esta diferença era de 1,24 vezes. Ou seja, há uma melhoria da qualificação docente e redução da desigualdade deste indicador. Finalmente, note-se, pela tabela 6, que os recursos disponíveis para as escolas são ainda muito desigualmente distribuídos. Apesar dos avanços significativos, ainda havia, em 2006, um grande número de escolas de ensino fundamental e médio que não dispunham de biblioteca, que é um recurso básico de apoio à educação. No que tange aos recursos mais tecnológicos, como laboratório de informática ou acesso à internet, o acesso é ainda mais limitado. É de se ressaltar a diferença entre as escolas de ensino médio e as de ensino fundamental e também as diferenças entre as redes estadual e municipais. Como os dados disponíveis referem-se a 2005 e 2006, provavelmente houve avanços significativos neste campo, já que iniciativas governamentais variadas têm focado tanto as bibliotecas escolares quanto a ampliação do acesso aos recursos tecnológicos por parte de estudantes e estabelecimentos de ensino. Ainda assim, deve-se prestar atenção nas desigualdades de acesso tanto a bibliotecas quanto aos recursos tecnológicos (e 6 O desvio padrão é uma medida de dispersão e mede a diferença média (neste caso, de qualificação docente) entre um caso (uma região) e outro. 23

principalmente, ao seu uso pela escola), que são cada vez mais centrais para o processo de aprendizagem e para o exercício da cidadania. 24

Tabela 7 - ercentual de escolas com acesso a recursos (biblioteca, internet, lab. Informática), 2002-2006 ercentual de Escolas com Acesso a Recursos (Biblioteca; Internet; Lab. Informática) Brasil Sudesta Minas Gerais Macrorregiões de Minas Gerais 2002-2006 Ensino Fund. Biblioteca Muni cipal Ensino Médio Esta dual Muni cipal 2002 2006 Laboratório Informática Ensino Ensino Fund. Médio Esta dual Muni cipal Esta dual Muni cipal Acesso à internet Biblioteca Laboratório Informática Ensino Ensino Ensino Ensino Ensino Ensino Fund. Médio Fund. Médio Fund. Médio Esta dual Muni cipal Esta dual Acesso à internet 1 Ensino Fund. Ensino Médio Estadual Brasil 55,9 12,0 77,3 59,6 20,2 3,3 43,4 20,4 25,1 3,5 38,8 11,5 51,1 14,1 63,7 49,1 37,5 8,1 56,9 30,9 43,1 7,4 59,7 22,5 Sudeste 64,3 28,4 83,4 83,6 30,9 10,1 61,4 57,3 47,4 17,4 63,9 43,2 44,1 24,9 49,2 75,8 58,6 21,9 74,6 66,1 60,2 27,2 74,3 57,0 Minas 78,3 26,6 95,3 89,0 19,4 3,3 43,7 53,6 9,77 2,6 17,9 36,6 76,9 30,2 90,5 90,4 27,4 9,4 45,6 55,9 20,1 6,5 31,7 43,2 Fonte: Inep 1 dados de 2005 Muni cipal Esta dual Muni cipal Esta dual Muni cipal Esta dual Muni cipal Esta dual Muni cipal Esta dual Muni cipal Esta dual Muni cipal 25

Rendimento do sistema educacional Além do acesso e das condições de oferta, outra dimensão relevante para avaliação das condições educacionais é o rendimento do sistema educacional, geralmente medido pelas taxas de aprovação/reprovação, distorção idade/série e abandono, dentre outras. Quanto à distorção idade/série, ou seja, a proporção de alunos de uma etapa educacional cuja idade é maior do que a esperada para os estudantes desta etapa, o gráfico 5, retirado da AD 2009, mostra que nosso sistema educacional ainda deixa a desejar no que concerne a capacidade de garantir aos alunos um percurso educacional adequado. Já no primeiro ano do ensino fundamental, um pouco menos do que 15% dos alunos encontravam-se fora da idade esperada, evidenciando o freqüente ingresso tardio dos estudantes no ensino fundamental. Gráfico 6 Taxa de Distorção Idade-Série no Ensino Fundamental - Minas Gerais, 2009 Fonte: Fundação João inheiro, 2010 26

O gráfico 6 mostra como, de maneira geral, os alunos da zona rural encontram-se (como ocorre com a maioria dos indicadores educacionais) em significativa desvantagem, sendo a taxa de distorção maior para eles em praticamente todos os casos. ode-se notar também que a transição dos anos iniciais (antiga 4ª série) é uma etapa crítica para as crianças e para o sistema educacional. Neste período a distorção aumenta tanto na zona urbana quanto rural e, na etapa seguinte, reduz-se para seguir aumentando até o último ano do ensino fundamental. Como hipótese (não testada, mas plausível) para explicar este comportamento, pode-se apontar que, na passagem para a segunda etapa do ensino fundamental, a evasão é maior entre os alunos já com algum atraso escolar, o que explicaria em parte que no ano seguinte a taxa de distorção seja menor 7 e reforçaria a conexão entre reprovação, atraso escolar e abandono e o caráter deletério da cultura da repetência. A desvantagem da população rural repete-se também no ensino médio 8. 7 É certo que é preciso cautela com esta análise, pois não se trata do comportamento de uma mesma coorte ao longo dos anos, mas de diferentes coortes em várias etapas, por isto o caráter especulativo da hipótese. 8 Note-se que, segundo a AD 2009, a distorção é maior no primeiro ano do ensino médio do que nos anos seguintes, o que pode indicar que a evasão atinge mais os estudantes com atraso escolar ou também que a coorte que chegou ao ensino médio em 2009 apresentava um perfil distinto, em que talvez a maior permanência na escola permitiu que os alunos com atraso chegassem em maior proporção a este nível de ensino. ortanto, será a série histórica da AD que permitirá uma interpretação menos especulativa dos dados. 27

Gráfico 7 Taxa de distorção idade-série no ensino médio Minas Gerais, 2009 Fonte: Fundação João inheiro, 2010 Outra medida para avaliar o rendimento do sistema educacional é a taxa de reprovação, que é uma medida de eficiência do sistema educacional. ara avaliá-la, será utilizada também a AD 2009. O gráfico 7 demonstra que a taxa de reprovação encontra grande variação entre as regiões e tende a aumentar ao longo do ensino fundamental em quase todas as regiões do estado. arte importante da distorção idade-série deve-se seguramente aos níveis ainda altos de reprovação anual. Deve-se destacar que, já no ano de ingresso no ensino fundamental, agora aos 6 anos de idade, 7% das crianças são reprovadas 9, taxa que supera os 10% nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. A reprovação tem efeitos duvidosos sobre o aprendizado 10 e seguramente deletérios para a longevidade educacional dos alunos. Isto ocorre por vários motivos. Em primeiro lugar, pode-se afirmar que, se a educação é um investimento das famílias no futuro de 9 Na organização que vigorava até poucos anos atrás (escolaridade obrigatória e início do ensino fundamental aos sete anos de idade), este dado indicaria que as crianças estariam sendo reprovadas na educação infantil. 10 Apesar da visão corrente do senso comum sobre a educação, está longe de ser demonstrado empiricamente tanto internacionalmente quanto para o caso brasileiro a eficácia e eficiência da repetência, em termos de ganhos de aprendizagem. 28

seus filhos, este investimento apresenta um custo de oportunidade tanto maior quanto mais precárias forem as condições socioeconômicas da família: enviar seus filhos à escola significa abrir mão de sua contribuição econômica ou para o cuidado da casa ou dos irmãos mais novos. Custo este que aumenta com a idade. As reprovações têm o efeito de tornar este custo ainda mais alto e freqüentemente interromper o percurso educacional dos adolescentes antes da conclusão do ensino fundamental ou do médio. Além disto, é uma sinalização de desestímulo e de imputação e introjeção de expectativas piores em relação a sua capacidade e suas possibilidades educacionais. Tabela 8 ercentual de alunos reprovados segundo região de planejamento em RMBH e nível de ensino Minas Gerais, 2009 Escolaridade Norte Rio Doce Zona da Mata Noroeste Central Sul Triângulo Alto aranaíba Centro- Oeste Jequiti/Mucuri RMBH Ensino Fundamental 5,8 15,1 10,5 9,2 10,3 10,2 10,4 10,5 8,4 11,3 9,3 9,7 1ºano/3ºperíodo 6,5 11,1 9,9 6,5 10,7 6,5 3,3 8,4 6,7 7,8 6,8 7,0 2ºano/1ªsérie 6,3 21,7 7,8 14,9 7,2 6,2 8,0 11,3 6,3 8,1 10,9 8,9 3ºano/2ªsérie 4,2 11,1 0,9 6,1 9,5 3,5 10,3 4,7 7,4 2,6 6,7 7,0 4º ano/3ª série 1,0 9,1 4,6 1,3 4,8 5,8 9,0 8,0 1,3 5,8 7,7 5,9 5º ano/4ªsérie 4,1 15,1 11,2 8,7 10,6 3,7 7,0 8,2 10,0 20,9 13,8 9,6 6º ano/5ª série 3,6 10,7 15,6 12,9 8,9 13,1 15,0 10,6 10,5 18,3 10,0 12,5 7º ano/6ª série 3,4 20,9 13,1 12,2 14,4 15,3 7,9 12,3 10,3 16,7 11,7 11,7 8º ano/7ªsérie 5,0 16,1 14,9 8,6 9,4 12,0 10,2 22,0 5,5 14,1 9,2 11,7 9º ano/8ª série 14,9 13,6 13,0 3,1 11,1 23,7 13,2 10,7 16,4 7,4 21,7 13,4 Ensino Médio 8,1 14,6 17,5 17,7 16,3 16,1 17,1 14,0 20,2 13,0 15,4 14,0 1º ano 2,2 11,1 21,2 18,6 25,6 18,9 15,2 20,1 31,8 16,0 21,7 19,9 2º ano 13,0 21,7 19,3 17,1 13,1 13,2 11,7 10,2 14,3 7,9 11,3 13,1 3º ano 7,6 11,1 7,5 14 10,6 10,6 15,9 7,8 3,7 10,1 9,2 8,1 Fonte: Fundação João inheiro, 2010 Minas Gerais 29

Situação de Saúde da Criança e Adolescente no Estado de Minas Gerais Esta seção procurará descrever as condições de saúde de crianças e adolescentes de Minas Gerais, bem como sua evolução recente no estado e nas diferentes regiões. A análise se concentrará nos nascimentos com baixo peso, na mortalidade infantil no estado e no problema da gravidez precoce 11. Mortalidade Infantil Conforme pode-se verificar, apesar das limitações do indicador, de maneira geral, a mortalidade infantil experimentou tendência clara de queda na década: a taxa reduziu-se em pouco mais de um quarto, caindo de forma constante de 18,7 em 2001 a 13,8 por mil em 2009, segundo o caderno de indicadores do programa Estado para Resultados (Minas Gerais, 2010). A queda corresponde também à tendência mais geral do país, que tem sido a da melhoria paulatina deste indicador. 11 Alguns destes dados, principalmente quando desagregados para regiões do estado, têm que ser tomados com cautela. Como são produzidos a partir de registros administrativos de atendimento na rede de saúde, os valores assumidos pelas taxas são influenciados pela cobertura e acesso ao atendimento em saúde e pela qualidade e confiabilidade dos procedimentos de registro. Assim, por exemplo, um aumento da cobertura e do acesso do sistema de saúde, principalmente a populações vulneráveis pode implicar aumento em certas taxas registradas. No entanto, pelo menos em parte, o aumento da taxa refletirá antes a melhoria da cobertura do sistema de saúde e uma redução no subregistro do que um agravamento do problema. 30

Tabela 9 Taxa de Mortalidade Infantil em Minas Gerais, 2001-2009 Ano Óbitos Nascidos Vivos Mortalidade Infantil (%) 2001 5.597 298.538 18,7 2002 5.113 284.558 18 2003 5.001 284.904 17,6 2004 4.680 277.691 16,9 2005 4.586 277.468 16,5 2006 4.349 266.143 16,3 2007(1) 3.860 259.505 14,9 2008(2) 3.718 260.568 14,3 2009(2) 3.392 245.857 13,8 Fonte: SES-MG Notas: (1) Dados atualizados em relação ao Caderno de Indicadores 2009; (2) Dados preliminaresapurados em 29/04/2010. Obtido em Minas Gerais (2010) Dada a preocupação com as condições de saúde das populações e regiões particularmente vulneráveis, o rograma Estado para Resultados calculou a taxa também para a Região Grande Norte, que inclui as macrorregiões de saúde Jequitinhonha, Leste, Nordeste e Norte de Minas. Tabela 10 - Taxa de Mortalidade infantil no Grande norte de minas Gerais, 2001-2009 Ano Óbitos Nascidos Vivos Mortalidade Infantil (%) 2001 1.328 71.501 18,6 2002 1.305 67.720 19,3 2003 1.324 70.189 18,9 2004 1.314 66.254 19,8 2005 1.280 67.354 19,0 2006 1.218 64.195 19,0 2007 1.048 60.686 17,3 2008 (1) 1.005 61.321 16,4 2009 (1) 903 55.183 16,4 Nota(1): dados parciais apurados em 29/04/2010 Fonte: SES - MG Obtido em Minas Gerais (2010) No caso do Grande Norte, a situação é menos nítida, em que pese, como se alertou, que de maneira geral parte das oscilações da taxa pode ser explicada pelas variação na qualidade dos registros e do atendimento. Em se tomando os dados acima, da Tabela 10, nota-se, por um lado, que só a partir de 2006 a taxa apresenta queda em todos os anos e, 31

de qualquer modo, menos acentuada do que o que ocorreu no resto do estado. or outro lado, ao fim do período, a taxa ainda se encontrava significativamente mais elevada do que a de Minas Gerais. Como se sabe, a taxa de mortalidade infantil reflete diversas dimensões das condições de vida (alimentação, saneamento, escolaridade) de uma população ou região, bem como a cobertura, acesso e qualidade do atendimento à saúde a elas oferecido. Assim, mesmo com a cautela que o uso deste indicador recomenda, os dados mostram que se o período recente apresentou a melhoria da mortalidade infantil no estado e também no Grande Norte, é preciso um esforço maior para que esta melhoria permaneça como tendência e beneficie igualmente, em termos de intensidade e ritmo, as diferentes regiões do estado. 32

roporção de mães adolescentes entre gestantes Tabela 11 - - roporção de mães adolescentes (10-19 anos) entre gestantes Brasil Sudeste Minas Gerais Macrorregiões de Saúde de Minas Gerais 2004-2007 Unidade Geográfica 2004 2005 2006 2007 Brasil 21,85 21,78 21,49 21,11 Sudeste 17,90 17,96 17,85 17,58 Minas Gerais 18,59 18,82 18,80 18,72 Macrorregião de Saúde 3101 Sul 17,79 18,31 18,80 18,59 3102 Centro Sul 15,96 15,87 16,08 17,28 3103 Centro 15,82 15,89 15,90 15,87 3104 Jequitinhonha 23,03 23,24 23,87 23,45 3105 Oeste 16,94 16,70 16,89 16,79 3106 Leste 18,70 19,30 19,37 19,18 3107 Sudeste 17,16 17,60 17,54 17,50 3108 Norte 23,30 23,38 23,15 23,51 3109 Noroeste 21,61 22,43 21,97 21,57 3110 Leste do Sul 18,03 19,05 18,84 18,92 3111 Nordeste 25,45 26,11 25,40 24,89 3112 Triângulo do Sul 22,59 21,42 21,54 21,49 3113 Triângulo do Norte 20,70 20,61 20,21 19,86 Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos SINASC O Estado de Minas apresenta uma proporção de mães adolescentes superior em comparação à região Sudeste, porém, abaixo da média nacional. Nas três esferas nacional; regional e estadual a variação na proporção de mães adolescentes, entre 2004 e 2007 foi pequena. ara o caso de Minas Gerais, houve uma elevação bastante ligeira nessa proporção, passando de 18,59% em 2004 para 18,72% em 2007. As macrorregiões Norte; Jequitinhonha e Nordeste eram as de maior proporção de mães adolescentes em 2004 e continuaram a ser em 2007. Em todas as macrorregiões, a proporção cresceu. As macrorregiões de menor proporção em 2004, Centro (15,82%) e Centro Sul (15,96%) também assistiram ao crescimento na proporção de mães adolescentes, a região Central permaneceu como a de menor porcentagem, a macrorregião Centro Sul, por sua vez, teve um crescimento maior, alcançando 17,28% em 2007. 33

Tabela 12 roporção de mães adolescentes Estabelecendo ano base (2004) em 100% roporção de mães adolescentes (10-19 anos) entre gestantes Brasil Sudeste Minas Gerais Macrorregiões de Saúde de Minas Gerais 2004-2007 Unidade Geográfica 2004 2005 2006 2007 Brasil 100,00 99,68 98,67 98,23 Sudeste 100,00 100,34 99,39 98,49 Minas Gerais 100,00 101,24 99,89 99,57 Macrorregião de Saúde 3101 Sul 100,00 102,92 102,68 98,88 3102 Centro Sul 100,00 99,44 101,32 107,46 3103 Centro 100,00 100,44 100,06 99,81 3104 Jequitinhonha 100,00 100,91 102,71 98,24 3105 Oeste 100,00 98,58 101,14 99,41 3106 Leste 100,00 103,21 100,36 99,02 3107 Sudeste 100,00 102,56 99,66 99,77 3108 Norte 100,00 100,34 99,02 101,56 3109 Noroeste 100,00 103,79 97,95 98,18 3110 Leste do Sul 100,00 105,66 98,90 100,42 3111 Nordeste 100,00 102,59 97,28 97,99 3112 Triângulo do Sul 100,00 94,82 100,56 99,77 3113 Triângulo do Norte 100,00 99,57 98,06 98,27 Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos SINASC Considerando o ano base de 2004 é possível perceber que não houve alterações substanciais na proporção de adolescentes (10-19 anos) grávidas em praticamente nenhuma das macrorregiões de saúde de Minas Gerais, assim como no estado como um todo, na região Sudeste e no Brasil. Na maioria das unidades geográficas houve pequena redução, nenhuma que alcançasse 2%. equenas elevações ocorreram nas macrorregiões Leste do Sul e Norte. Na macrorregião Centro Sul ocorreu a maior elevação, 7,46%. 34

Tabela 13 - roporção de mães adolescentes (10-19 anos), estabelecendo maior percentual em cada ano como 100% entre gestantes Brasil Sudeste Minas Gerais Macrorregiões de Saúde de Minas Gerais 2004-2007 Unidade Geográfica 2004 2005 2006 2007 Brasil 85,85 83,42 84,61 84,81 Sudeste 70,33 68,79 70,28 70,63 Minas Gerais 73,05 72,08 74,02 75,21 Macrorregião de Saúde 3101 Sul 69,90 70,13 74,02 74,69 3102 Centro Sul 62,71 60,78 63,31 69,43 3103 Centro 62,16 60,86 62,60 63,76 3104 Jequitinhonha 90,49 89,01 93,98 94,21 3105 Oeste 66,56 63,96 66,50 67,46 3106 Leste 73,48 73,92 76,26 77,06 3107 Sudeste 67,43 67,41 69,06 70,31 3108 Norte 91,55 89,54 91,14 94,46 3109 Noroeste 84,91 85,91 86,50 86,66 3110 Leste do Sul 70,84 72,96 74,17 76,01 3111 Nordeste 100,00 100,00 100,00 100,00 3112 Triângulo do Sul 88,76 82,04 84,80 86,34 3113 Triângulo do Norte 81,34 78,94 79,57 79,79 Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos SINASC ara comparar, em um mesmo ano, as regiões entre si, tomou-se a cada ano da série, a região de maior taxa como 100 e as taxas das outras regiões foram recalculadas em relação a ela. Em se tratando da análise vertical, a macrorregião Nordeste permanece durante toda série como a de maior proporção de mães adolescentes entre o total das gestantes. No início da série a diferença entre o maior e o menor percentual era de 37,84%, em 2007 essa diferença passou a ser de 36,24%, ligeira redução. Outra dimensão importante das condições de saúde das crianças é o acesso ao acompanhamento de saúde e à vacinação. A AD 2009 abordou estas dimensões. No que concerne a vacinação, o estado apresenta quadro bastante positivo, conforme o gráfico 7 abaixo demonstra. 35

Gráfico 8 ercentual de crianças com esquema vacinal básico em dia Minas Gerais, 2009 Fonte: Fundação João inheiro, 2010 De fato, é importante ressaltar a quase universalização da cobertura. Em nenhuma região do estado o percentual de crianças com esquema vacinal em dia é inferior a 95%, chegando a 99% em mais de uma região. Neste caso, ressalvado que as variações são pouco expressivas, note-se ainda a peculiaridade de que os menores percentuais não se encontram nas regiões mais vulneráveis do estado. Já no que se refere ao acompanhamento de saúde das crianças com até sete anos de idade, a AD 2009 mostra um quadro bem menos homogêneo e também não tão positivo, conforme o gráfico 8. 36

Gráfico 9 - ercentual de crianças mineiras que fazem acompanhamento com equipe de saúde Minas Gerais, 2009 Fonte: Fundação João inheiro, 2010 No caso do acompanhamento por equipe de saúde, pouco mais da metade das crianças mineiras são hoje atendidas. Além disto o percentual de atendimento é comparativamente heterogêneo entre as regiões, variando entre 68,5% na região central e cerca de 46% no Rio Doce. Ou seja, se a cobertura vacinal está bem próxima da universalização, o direito ao acompanhamento das condições de saúde ainda não está garantido a todas as crianças do estado. que: Finalmente, no que se refere ao aleitamento materno, o relatório da AD 2009 afirma Em relação ao aleitamento materno exclusivo, 47,5% das crianças mineiras atingem a meta mínima recomendada pela Organização Mundial de Saúde, de que esse tipo de aleitamento seja oferecido até os seis meses de idade. No estado, houve variações em relação a esse indicador. As maiores taxas estão nas regiões do Vale do Rio Doce (59,5%), Noroeste (57,2%) e Norte (57,1%); a menor, na região da Zona da Mata (41,7%). (Fundação João inheiro, 2010 p. 58) 37