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Transcrição:

SOFRIMENTO PSÍQUICO NA ADOLESCÊNCIA Marcia Manique Barreto CRIVELATTI 1 Solânia DURMAN 2 INTRODUÇÃO: Durante muitos anos acreditou-se que os adolescentes, assim como as crianças, não eram afetadas pela depressão, já que, supostamente, esse grupo etário não tinha problemas vivenciais. Hoje reconhecemos que adolescentes são tão suscetíveis à depressão quanto os adultos e que ela é um distúrbio que deve ser encarado seriamente em todas as faixas etárias. Nas últimas décadas observou-se um aumento muito grande no número de casos de depressão na adolescência. Os adolescentes se deparam com várias situações novas e pressões sociais, favorecendo condições próprias para que apresentem flutuações do humor e mudanças expressivas no comportamento. Alguns, entretanto, mais sensíveis e sentimentais, podem desenvolver quadros francamente depressivos com notáveis sintomas de descontentamento, confusão, solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia. Esse quadro pode indicar depressão, ainda que os sentimentos de tristeza não sejam os mais evidentes (BALLONE, 2003). OBJETIVOS: Identificar os sentimentos dos adolescentes diante da depressão e seu conhecimento sobre a mesma. Fornecer subsídio aos profissionais de enfermagem de como identificar a depressão no adolescente, prestando assistência específica e encaminhando para serviço especializado. METODOLOGIA: Esta é uma pesquisa qualitativa, exploratória, descritiva, realizada junto a adolescentes atendidos pelo CAPSI (Centro de Atendimento Psicossocial Infantil) no Município de Cascavel. A pesquisa exploratória segundo Lakatos; Marconi (1996, p. 77) tem como objetivos, desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, [...] modificar e clarificar conceitos. Para Minayo 1 Enfermeira formada pela Universidade Estadual do Paraná UNIOESTE. R: Oliva, 1590, Jardim Universitário, Cascavel Pr, Fone (045) 3324-0260, e-mail: marciacrivelatti@yahoo.com.br 2 Enfermeira. Mestre em Assistência de Enfermagem. Docente do Colegiado de Enfermagem na UNIOESTE, Cascavel, Pr.

(2002, p.21) a pesquisa qualitativa preocupa-se com as ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser quantificado, [...] trabalha com atitudes. A amostra constituiu-se de 6 adolescentes com idade entre 12 e 18 anos, escolhidos conforme disponibilidade e presença destes no local estudado, durante o mês de agosto de 2004. Esta foi realizada somente com aqueles adolescentes cujos pais concordaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Como instrumento de coleta de dados utilizamos a entrevista semi-estruturada contendo 10 perguntas abertas e 2 fechadas. Os dados foram analisados à luz do referencial teórico. RESULTADOS: Os adolescentes entrevistados nesta pesquisa foram caracterizados quanto ao sexo, idade, raça, escolaridade, renda familiar, tempo e tipo de tratamento: intensivo (I), semi-intensivo (SI), não intensivo (NI) e uso de drogas. O sexo feminino prevaleceu nesta população, sendo cinco meninas para um menino o que reforça as estatísticas que dizem que a depressão é um transtorno comum com prevalência entre as mulheres (CARDOSO; LUZ, 1999). Considerando a idade, a depressão entre adolescentes tem aumentado nas últimas décadas, neste sentido Kolb (1976, p, 123) destaca que, a idade na qual uma pessoa desenvolve um distúrbio mental representa um índice de sua tolerância à frustração ou ao conflito. Houve predomínio da raça branca (5 entrevistados) em relação à raça negra (um entrevistado). A escolaridade varia em função da idade, temos estudantes do ensino básico, fundamental e médio, sendo que a maioria (4 entrevistados) cursam o primeiro grau. Quatro dos entrevistados estão em tratamento há até 3 meses, e duas há mais de um ano. A renda familiar variou entre 1 e 3 salários mínimos, baseados nisso, constatamos que estes adolescentes pertencem à famílias pobres, um fator que exerce forte influência sobre a saúde mental. Alguns pesquisadores consideram que a classe baixa da população tem maior risco para transtornos psiquiátricos porque enfrentam maiores problemas diários que a classe alta, têm menor poder de resolutividade destes problemas e com isso passam por prolongados períodos de estresse (STUART; LARAIA, 2001). Dentre os entrevistados, apenas um, refere usar álcool esporadicamente. O uso de álcool pode funcionar como um método de lidar com os problemas de personalidade, de relacionamentos, problemas financeiros, enfim tudo o que contribuiu de alguma forma para o surgimento do sofrimento psíquico (KOLB, 1976).

A partir da leitura e análise dos conteúdos das falas dos entrevistados, extraímos três categorias, sendo elas: Percepção da doença; Conhecimento sobre a doença; Relacionamento familiar frente ao diagnóstico. Diante da primeira temática Percepção da doença, a percepção da depressão pelo adolescente ou por sua mãe ocorre sempre associada aos sintomas provocados pela doença e pelas alterações no comportamento em geral, como explicitam as seguintes falas: [...]. Tinha muita fome, [...] muita vontade de dormir [...] (Entr.1). [...] Não tinha vontade de brinca, [...] nem de ir pra escola, muita vontade de chorar [...] (Entr.2). [...]. Comecei a ficar irritada, nervosa [...] (Entr.3). [...]. Eu me trancava muito, comecei a ficar nervosa, agressiva [...] (Entr.5). Os discursos também revelam vários acontecimentos relacionados aos pais, irmãos e relacionamentos interpessoais com acentuado fator estressante na vida dos adolescentes. Percebemos que grande parte dos adolescentes tem problemas que vão além das alterações fisiológicas, psicológicas e emocionais, e que não estão preparados para absorver e entender estes acontecimentos sofrem fortes conseqüências do estresse ambiental e familiar que contribuem para a ocorrência de episódios depressivos. Conhecimento sobre a doença, torna-se nítida a falta de conhecimento sobre a doença. [...] Não sei. Pra mim depressão é isso, essa vontade de comer e de dormir que eu sinto o dia inteiro [...] (Entr.1). [...] Não sei nada sobre a depressão. [...] pra mim depressão é uma coisa boa [...] (Entr.2). [...] Não sei te dizer o que é depressão, acho que é uma doença [...].(Entr.3). [...] Eu não sei dizer ou explicar o que é depressão [...] (Entr.4). Os adolescentes tendem a considerar como depressão somente o sintoma, não têm conhecimento sobre o porquê destes sintomas. Neste sentido Stuart; Laraia (2001, p. 156). Afirmam que, o grau de instrução exerce influência sobre a capacidade de uma pessoa de interagir com outros de modo eficaz, [...] as pessoas com um nível escolar abaixo da oitava série são mais vulneráveis à demência que os sujeitos com segundo grau ou mais. Relacionamento familiar frente ao diagnóstico, observamos que a maioria dos adolescentes vivem algum tipo de conflito familiar. [...] Sou muito nervosa em casa [...] minha mãe briga comigo também [...] (Entr.1). [...] eu não gosto do meu padrasto [...].(Entr 2). [...] meus pais são separados, [...] ele e minha mãe brigam, [...] ele tem outra família [...] (Entr.3). [...] Tenho medo de perder minha mãe, [...] (Entr.3). [...]. Há uns sete meses meu irmão se matou [...] (Entr.4). [...] Não tenho contato com meu pai, [...]. Moro só com a minha mãe, ela trabalha o dia todo, [...], não gosto dos meus vizinhos eles

implicam comigo [...] (Entr.6). A família constitui-se num sistema dentro do qual evoluem as fases de crescimento e desenvolvimento humano, ela é mediadora entre o indivíduo e a sociedade, é nela que o adolescente aprende a perceber o mundo e a situarse nele. Mas isso nem sempre se dá de forma harmoniosa, o que vemos na realidade muitas vezes é o oposto, pois os conflitos e os problemas dentro da organização familiar são muito comuns e geralmente esta falta de harmonia leva a problemas emocionais, ao abandono dos filhos, à saída de um dos membros da família e principalmente a transtornos mentais (WAIDMAN; JOUCLAS; STEFANELLI, 1999). CONCLUSÃO: Essa fase de conflitos da adolescência tende a ser superada, quando este consegue obter equilíbrio entre os impulsos interiores e os estímulos do ambiente exterior, conquistando uma consciência coletiva e agindo de modo a adquirir sua cidadania. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho fomos compreendendo como ocorrem as mudanças características desta idade e como estas podem influenciar no surgimento do sofrimento psíquico, especialmente a depressão. Evidenciamos conhecimento fragmentado por parte dos atores sociais referente à depressão os quais a definem através do relato de sintomas da doença e alterações comportamentais. Relatam que desempenham um papel social que não tem bem definido qual sua função na sociedade, o que gera nestes os sentimentos de inutilidade, insegurança e confusão. O relacionamento familiar emergiu como temática complementar durante as entrevistas, visto que o adolescente convive com uma série de conflitos familiares que o predispõe a depressão. Percebemos que o enfermeiro pode centralizar suas ações tanto na prevenção como no tratamento, exercendo sua função de educador e prestando assistência de enfermagem, individualmente ou como membro de uma equipe interdisciplinar, buscando auxiliar no diagnóstico e tratamento precoce. REFERÊNCIAS: BALLONE, G. J. Depressão. In: Psiquiatria Geral. Disponível em <http://www.psiqweb.med.br/deptexto.html>, atualizado em 2003. Acessado em 08/05/04, as 23:45 hs. CARDOSO, M. LUZ, R. L. Depressão: a luta contra a doença da alma. Revista Veja, n.13. ano. 32. 1591.ed. 31 mar/99. Pg. 94-101.

KOLB, M. D. Psiquiatria clínica. 9.ed., Rio de Janeiro: Interamericana, 1976. LAKATOS, E. M. MARCONI, M. A. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996. MINAYO, M. C. de S. (org) Teoria, método e criatividade. 21.ed. Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2002. STUAR, G. W. LARAIA, M. T. Enfermagem psiquiátrica: princípios e práticas. Trad. Dayse Batista. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. WAIDMAN, M. A. P. JOUCLAS, V. M. G. STEFANELLI, M. C. Família e doença mental. In: Revista do Grupo Família, Saúde e Desenvolvimento. Curitiba: UFPr, n. ½, v.1. p. 27-31. Jan/dez, 1999.