TÍTULO: OS LUGARES DA ARGUMENTAÇÃO EM PROVÉRBIOS: UMA COMPARAÇÃO ENTRE AS LÍNGUAS INGLESA E PORTUGUESA. CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: LETRAS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE FRANCA AUTOR(ES): TICIANO JARDIM PIMENTA, MARIA FLÁVIA FIGUEIREDO ORIENTADOR(ES): MARIA FLÁVIA FIGUEIREDO
RESUMO Os provérbios condensam reflexões e conhecimentos acerca dos mais variados temas da existência humana. São, mais frequentemente, utilizados no discurso oral com a finalidade de transmitir uma verdade geral, um legado cultural ou sabedoria popular; podem, no entanto, ser encontrados também na modalidade escrita e no âmbito artístico. São utilizados de maneira impessoal, ou seja, não constituem um discurso elaborado por quem os fala, mas, sim, pelos conhecimentos acumulados de seu povo. Outra característica é a sua atemporalidade, pois, ainda que se modifiquem estruturalmente ao longo do tempo e se adaptem à língua de determinada região, eles estão presentes desde, praticamente, o início da civilização. A universalidade é outra importante característica dos provérbios; diz respeito ao seu uso por diversos povos em regiões geográficas distintas, apresentando muitas vezes estruturas análogas em diferentes idiomas. Assim, o presente estudo busca identificar se essa última característica, a universalidade, pode ser também aplicada ao caráter argumentativo dos provérbios. Com este objetivo, faremos uma análise qualitativa com cunho retórico de dez provérbios que possuem temas e cargas semânticas correspondentes em língua portuguesa e inglesa, a fim de verificar se as estratégias argumentativas neles contidas são análogas. A análise retórica se fundamentará em proposições que são utilizadas para fortalecer a adesão de um auditório a valores específicos, chamados de lugares da argumentação. São espaços virtuais de fácil acesso, conhecidos e estudados desde a Antiguidade, neles encontramos argumentos que visam à re-hierarquização das crenças e dos valores de um determinado auditório. Para tanto, no que tange ao arcabouço teórico, nos embasaremos nos escritos de Aristóteles (2015), Ferreira (2010), Abreu (2001), Souza (2001), entre outros. INTRODUÇÃO Ainda que tenham sofrido modificações na forma como são vistos e encarados pelas sociedades, registros textuais comprovam a existência do que, nos dias atuais, é conhecido como provérbio e existem desde o terceiro milênio a.c. Os provérbios são fonte de conhecimentos acumulados por meio da observação das diversas realidades humanas que produziram formulações de cunho moral e prático com a finalidade de advertir, orientar e instruir sobre como devemos agir nas mais variadas circunstâncias de nossa existência. Portanto, os provérbios abrangem
múltiplos temas como: sentimento, condição e comportamento humano, natureza, política, tempo, medicina, matéria, etc. A manutenção de sua característica atemporal tem como principal alicerce o uso oral; uma vez que são transmitidos não somente de geração em geração, mas, também, de região para região. Nesse processo, sofre alterações em sua estrutura e se adapta ao idioma de chegada. Isso se torna possível por meio do uso de recursos estilísticos e retóricos, tais como: metáforas, rimas, métrica e ritmo particulares, assonância, aliteração, dentre outros, que possibilitam sua fácil memorização. Outra característica importante é a sua impessoalidade, uma vez que o conhecimento contido nos provérbios não é advindo do orador, mas, sim, do conhecimento acumulado por seu povo. Por fim, como já mencionado, os provérbios não possuem barreiras geográficas ou linguísticas, apresentando muitas vezes formas e sentidos equivalentes em diferentes línguas, dificultando, assim, a delimitação de sua origem, ligando-a a determinado povo e/ou região, esse fato evidencia sua característica universal. Os lugares da argumentação têm sua importância reconhecida e são alvos de reflexão desde a retórica antiga sistematizada por Aristóteles. São definidos como espaços virtuais de fácil acesso para possibilitar ao orador o uso de argumentos que visem à re-hierarquização das crenças e valores de um auditório. Sob a óptica da nova retórica, os lugares foram reduzidos a dois grandes grupos; os lugares de quantidade e os lugares de qualidade. Contudo, são também destacados os lugares da ordem, do existente, da essência e da pessoa. (cf. FERREIRA, 2010 e ABREU, 2001). OBJETIVOS Esta pesquisa tem como principal objetivo a busca por deferir se a característica de universalidade proverbial também pode ser observada na retórica, mais especificamente, nos lugares da argumentação através de uma análise qualitativa. METODOLOGIA Nossa pesquisa se fundamentará em um levantamento bibliográfico de teorias relacionadas à retórica e à paremiologia, lançaremos mão ainda, de leituras extras de áreas diversas que possam agregar conhecimentos que colaborem com os resultados finais acerca do tema proposto. A teoria estudada, para alcançar os
objetivos propostos, será aplicada à análise de dez provérbios existentes em língua portuguesa e seus respectivos correspondentes em língua inglesa. Tais análises observarão os provérbios e sua relação com os lugares da argumentação com a finalidade de alcançar o objetivo desta pesquisa. Depois de concluídas estas etapas, compilaremos os resultados obtidos em um artigo para que possa ser apresentado à comunidade científica. DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS ESPERADOS Nossa pesquisa encontra-se em sua etapa inicial. Dessa maneira, está em processo de apoderamento dos conceitos advindos das áreas de paremiologia e retórica, com base na bibliografia levantada. Até o presente momento, conseguimos compreender e delimitar o que são a antiga e a nova retórica; construir subsídios para a análise retórica principalmente no que diz respeito aos lugares da argumentação por meio de sua identificação e delimitação. No que concerne a paremiologia, pudemos atestar o valor social, cultural e político que é próprio dos provérbios, além de perceber a vasta extensão dos temas abordados por eles; além de suas características atemporais, impessoais e, especialmente, universais. Através da análise do corpus e dos resultados obtidos, esperamos contribuir com a expansão dos estudos teóricos em retórica, ampliando, dessa maneira, sua relação com a paremiologia; uma vez que são escassas as pesquisas que correlacionem ambos os temas tão presentes nas interações humanas e importantes para ela. FONTES CONSULTADAS ABREU, Antônio Suárez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 4. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2001. ARISTÓTELES. Retórica das paixões. Prefácio Michel Meyer. Introdução, notas e tradução do grego Isis Borges B. da Fonseca. São Paulo: Martins Fontes, 2000. FERREIRA, Luiz Antonio. Leitura e persuasão: princípios de análise retórica. São Paulo: Contexto, 2010. OBELKEVICH, James. Provérbios e História Social. In BURKE, Peter e PORTER, Roy. (org). História Social da Linguagem. Trad. Álvaro Hattnher. São Paulo: Unesp, 1998, p.44-81. SOUZA, Josué Rodrigues de. Provérbios & Máximas em 7 idiomas. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.