OTIMIZAÇÃO DE VIGAS CONSIDERANDO ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS, DE UTILIZAÇÃO E DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS



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Transcrição:

OTIMIZAÇÃO DE VIGAS CONSIDERANDO ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS, DE UTILIZAÇÃO E DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS Eng. Civil Leonardo Roncetti da Silva, TECHCON Engenharia e Consultoria Ltda. Resumo Estuda-se a otimização para o menor custo, de vigas de concreto biapoiadas de seção retangular com armadura simples ou dupla. Através de um programa, determina-se a altura total e a largura mais econômica considerando quanto às disposições construtivas: dimensões mínimas da seção, taxas de armadura longitudinal e transversal, espaçamento mínimo horizontal e vertical entre barras, armadura de pele e cobrimento. Para a determinação da altura útil, considera-se os diâmetros nominais normalizados das barras e a distribuição destas em múltiplas camadas para a armadura tracionada e comprimida. Considera-se ainda os estados limites últimos e os estados limites de utilização. Compara-se os resultados da otimização utilizando-se as restrições de forma combinada, analisando-se a influência de cada uma. Conclui-se que a não consideração das disposições construtivas na otimização leva a resultados não ótimos quando da execução do projeto. 1. Introdução O dimensionamento de vigas de concreto armado é um processo iterativo, onde para cada seção estudada há varias condicionantes a serem atendidas, além da variação das cargas finais de cálculo, considerando o peso próprio. Considera-se então que o problema está resolvido quando encontra-se uma seção que satisfaça as condições estáticas e disposições construtivas, não levando-se em conta o custo da solução adotada. Mesmo com um programa comercial de cálculo estrutural, o processo de determinação de seções ótimas se torna muito lento, pois o mesmo não é feito automaticamente, devendo o engenheiro fazer todo o levantamento dos custos da viga calculada para cada seção desejada. Há portanto a necessidade de se criar ferramentas para que os projetos estruturais sejam desenvolvidos de maneira otimizada desde o início. A utilização da otimização das seções das vigas é plenamente aplicável em obras mesmo onde há restrições nas dimensões das mesmas, como por exemplo, imposições do projeto arquitetônico. Mesmo que estas restrições não permitam escolher a seção ótima, através das

curvas do custo em função das dimensões da seção, pode-se escolher a seção de menor custo que atenda todas as restrições. Quanto a diversidade de seções transversais em uso no mesmo pavimento, pode-se melhorar o controle da execução elaborando-se um Projeto de Formas, detalhando-se a fabricação e montagem de cada painel que comporá cada viga. Pode-se agrupar as vigas com carregamento semelhante e então determinar a seção ótima que satisfaça a viga mais solicitada do grupo e utilizar uma armação otimizada para as de menor solicitação. Em determinados casos pode-se mesmo fazer a utilização de seção ótima para cada viga do projeto, como por exemplo em vigas de fundações ou naquelas em não há limitação nem de altura nem largura. Ao se elaborar um projeto otimizado é necessário que os custos dos materiais utilizados representem a realidade de quem vai executá-lo. Além disso é importante identificar diferenciais estratégicos que o construtor pode ter, como por exemplo possuir equipamento próprio para forma, adoção ou não de um Projeto de Formas ou fornecedores diretos de determinados materiais. O nível de controle do construtor determinará o grau de complexidade que pode ser atingido na otimização. Industrias de pré fabricados, construtoras que possuem central de forma e armação, compra da armação pronta, por exemplo, permitem otimizar ao máximo a armação e formas sem prejuízo do tempo e qualidade da execução. 2. Considerações sobre as disposições construtivas Todas as disposições construtivas obedecem à NBR 6118 de 1980. O cobrimento adotado é de 2cm para todas as armaduras e a dimensão máxima do agregado é 19mm (brita 1). Quando não há armadura longitudinal de compressão, armaduras de montagem são inseridas. São estipuladas áreas de aço mínimas conforme a Norma para a armadura longitudinal de tração e transversal de cisalhamento, bem como para a armadura de pele em seções transversais com altura maior que 60cm. A armadura de cisalhamento tem área de aço e espaçamento constantes ao longo de todo o vão da viga, tendo o número necessário de ramos sempre par. Considerou-se como custo total da viga o custo do concreto, do aço e da forma, já incluindo a mão-de-obra, sem encargos sociais e BDI. Os custos destes materiais são uma média dos custos apropriados por algumas construtoras locais, em obras de edificações verticais, para uso residencial ou comercial.

3. Dimensionamento e detalhamento O cálculo das armaduras longitudinais de tração e compressão é feito através de um processo iterativo, dispondo as barras em camadas, quando necessário, em função do espaçamento máximo entre as barras e o espaço útil para dispô-las na seção. Calcula-se o centro de gravidade das armaduras, tendo-se então os valores exatos de d (altura útil) e d para esta situação, fazendo-se novamente o cálculo das áreas de aço com estes valores. O processo finaliza quando as áreas de aço de iterações sucessivas são iguais. O programa utiliza a simplificação permitida pela NBR 6118 de considerar os esforços concentrados no centro de gravidade das armaduras longitudinais, desde que a distância deste centro ao ponto da seção da armadura mais afastado da linha neutra, medida normalmente a ela, for menor que 5% da altura total da seção. Caso não seja satisfeita esta condição, esta seção transversal para efeitos de otimização é descartada. O programa calcula o espaçamento mínimo entre barras horizontais e verticais considerando a dimensão máxima do agregado, o diâmetro da barra ou espaçamentos não menores que 2cm. Há ainda a opção de se deixar espaços para a passagem do vibrador, tanto na armadura de tração como de compressão. Caso não haja necessidade de armadura de compressão, é adicionada uma armadura de montagem para os estribos com o mesmo diâmetro destes. No cálculo da armadura de cisalhamento é verificada a tensão na biela comprimida. As flechas são calculadas considerando os efeitos da fissuração e da fluência no meio do vão, assim como a abertura de fissura. Para a geração das curvas Custo x Altura Total, para várias larguras da seção, o programa permite escolher quais critérios serão considerados na otimização, assim como a altura e largura inicial e final. 4. Análise dos resultados Para este trabalho considerou-se uma viga biapoiada com vão de 6,0m, carga permanente de,8 kn/m excluindo o peso próprio e carga acidental de kn/m. O peso próprio da viga é automaticamente calculado pelo programa para cada seção estudada. Os custos dos materiais, incluindo a mão de obra, são os seguintes: concreto fck Mpa, 164,85 R$/m3; aço CA-50, 1,58 R$/kg; formas, 18,69 R$/m2.

Inicialmente gerou-se as curvas Custo x Altura Total (Figura 1), para várias larguras da seção consideradas exeqüíveis, levando-se em conta apenas os estados limites últimos, não considerando nenhuma disposição construtiva. Curvas Custo x Altura total 440 4 Custo (R$) 400 380 360 340 Largura 3 300 280 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 Altura Total (cm) Figura 1 Gráfico sem considerar as disposições construtivas Gerou-se em seguida as curvas Custo x Altura Total (Figura 2) considerando os estados limites últimos e as disposições construtivas. As seções consideradas inexeqüíveis ou que não podiam atender a alguma disposição construtiva foram descartadas. Curvas Custo x Altura total 450,00 430,00 Custo (R$) 4,00 390,00 370,00 350,00 330,00 3,00 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 Altura total (cm) Figura 2 Curvas considerando as disposições construtivas

Em seguida, além das seções inexeqüíveis ou que não podiam atender a alguma disposição construtiva, foram descartadas aquelas que não atendiam ao Estado Limite de Deformação Excessiva, isto é, apresentavam flechas maiores que as flechas admissíveis (Figura 3). Curvas Custo x Altura total 450,00 430,00 Custo (R$) 4,00 390,00 370,00 350,00 330,00 3,00 50 55 60 65 70 75 80 Altura Total Figura 3 Curvas considerando as disposições construtivas e flechas O próximo passo foi considerar as restrições anteriores, mas aumentando-se a armadura tracionada da viga para que as tensões atuantes fossem diminuidas até atender às flechas admissíveis (Figura 4).

Curvas Custo x Altura total 455,00 435,00 Custo (R$) 4,00 395,00 375,00 355,00 335,00 3,00 45 50 55 60 65 70 75 80 Altura Total Figura 4 Curvas c/ aumento da área de aço p/ diminuição das deformações Ao se adotar tal artifício, verificou-se um aumento muito acentuado nos custos das seções que antes não atendiam o critério da flecha, notadamente nas seções de largura menor. Além disto os custos mínimos não foram afetados pois as alturas totais ótimas encontradas anteriormente já satisfazem o critério de deformação. Tentando satisfazer o critério das flechas admissíveis, poucas seções conseguiram ser armadas sem desobedecer às disposições construtivas, toda elas com um custo elevado. Analisou-se a influência da bitola utilizada na armadura longitudinal no custo mínimo das seções (Figura 5). Para o exemplo estudado verificou-se que o aumento da bitola diminui sensivelmente o custo mínimo da viga. A exceção para a viga de largura cm já era esperada devido ao elevado número de camadas necessário para acomodar as barras de maior diâmetro, mesmo assim a bitola ideal não foi a de menor diâmetro.

Custo Mínimo x Bitola da armadura longitudinal Custo Mínimo (R$) 355,00 350,00 345,00 340,00 335,00 330,00 325,00 3,00 3,00 3,00,0,0 14,0 16,0 18,0,0 Bitola (mm) Figura 5 Custos mínimos em função das diversas bitolas A Tabela 1 mostra resumidamente os custos mínimos para cada largura estudada e a altura correspondente, para as diversas considerações feitas no Trabalho. A primeira restrição (ELU) só leva em conta a resistência ao momento fletor e esforço cortante. Nota-se então uma grande diferença quando se introduz as disposições construtivas como restrição. A diferença na altura ótima varia de 16 a 48%. Adicionando-se as demais restrições, deformações e fissuração, nota-se que não houve praticamente nenhuma mudança na altura ótima. Isto se deve ao fato de que as seções ótimas atendendo às disposições construtivas, atendem aos outros critérios. Quanto a Influência da armadura dupla, analisando-se os resultados verificou-se que a altura total ótima para cada largura estudada, só foi igual a altura mínima para armadura simples em um caso, embora fosse sempre maior que esta. Nos demais casos a altura ótima é até 6% maior que a altura mínima para armadura simples. É necessário analisar se existem valores de momentos fletores onde a armadura dupla torna-se mais econômica que a armadura simples. Verificou-se que quando a armadura não atende a exigência de que a distância do centro de gravidade da mesma ao ponto da seção da armadura mais afastado da linha neutra deve ser menor que 5% da altura total da seção, também não atende ao critério da flecha máxima.

Tabela 1 Custos mínimos e alturas ótimas Largura da Seção Restrições (acumuladas) Custo Altura Custo Altura Custo Altura Custo Altura mínimo ótima mínimo ótima mínimo ótima mínimo ótima Estados limites últimos 285,70 46 293,92 46 306,76 47 328,79 44 Disposições Construtivas 318,85 68 326,00 63 326,34 55 342,72 51 Deformações 318,85 68 326,00 63 326,97 58 352,08 53 Deformações atenuadas 318,85 68 326,00 63 326,97 58 354,08 56 Fissuração (w = 0,3) 318,85 68 326,00 63 326,97 58 354,08 56 5. Conclusões A principal conclusão deste Trabalho foi que os valores ótimos determinados sem levar em conta as disposições construtivas diferem significativamente daqueles que as consideram. Portanto para uma aplicação prática em um projeto, se forem utilizados os primeiros resultados não teremos as vigas otimizadas pois a construção das mesmas leva em conta as disposições construtivas. Pode-se dizer ainda que a escolha da seção através de curvas sem consideração das disposições construtivas levarão a um dimensionamento menos econômico apesar de apresentarem custos inferiores. Na aplicação prática em projeto, verificou-se ser mais simples utilizar as curvas de custo que gerar 1 ou 2 valores ótimos para cada seção. As curvas permitem buscar a seção de menor custo que atenda as restrições externas (arquitetura, instalações etc.) do projeto, uma vez que estas curvas já consideram as restrições internas (estabilidade, deformação e outros). 6. Trabalhos futuros Este trabalho mostra a necessidade de se criar modelos que levem em conta as restrições a que as vigas estão sujeitas no projeto e execução e que os estudos de otimização doravante desenvolvidos levem em conta estas restrições, levando a resultados mais realistas. É necessário também estender esta técnica para um número maior de aplicações e situações, determinando a influência dos parâmetros envolvidos na determinação de seções ótimas. 7. Considerações e melhorias futuras Quanto ao programa, deve-se fazer a otimização dos algoritmos de cálculo para uma geração mais rápida das curvas de custo. Escolha de bitolas que levem a uma disposição das camadas mais favorável possível, tendo-se a opção de se usar uma ou mais bitolas diferentes, dependendo do controle de fabricação da armação. Considerar as informações da laje que apoia sobre a viga, para se determinar precisamente qual a área de forma real desta. No caso

deste trabalho não se considerou nenhum desconto, que é o caso de vigas para apoio direto de lajes pré-fabricadas. Quanto ao método de dimensionamento e detalhamento, deve-se considerar a diminuição da taxa de armadura longitudinal nas seções com momentos fletores reduzidos bem como os comprimentos de ancoragem nos apoios. Cálculo das deformações por um método mais exato, considerando a fissuração ao longo de todo o vão. Adoção de expressões menos conservadoras para a avaliação do estado limite de fissuração. Quanto ao parâmetros envolvidos, o custo da forma adotado é um valor médio de toda a forma da obra., isto é, pilar, viga e laje. O ideal seria apropriar o custo da forma destinada somente à confecção das vigas, que tem certas particularidades em relação ao restante das formas. 8. Referências Bibliográficas 1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Projeto e execução de obras de concreto armado, NBR 6118. Rio de Janeiro, 1980. 2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Barras e fios de aço destinados a armadura para concreto armado. NBR 7480. Rio de Janeiro, 1996. 3. COELLO, Carlos Coello, Farrera, F. A. Use of genetic algorithms for the optimal design of reinforced concrete beams. New Orleans, Tulane University, [199-] 4. COELLO, Carlos Coello. Uso de algoritimos genéticos para para el deseño óptimo de armaduras. New Orleans, Tulane University, 1994. 5. FUSCO, P. B. Técnicas de armar as estruturas de concreto. São Paulo: Pini, 1995 6. SHEHATA, Ibrahim A. E. M., Grossi, Breno F. Otimização de viga de concreto armado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, 40, 1998, Rio de Janeiro, 1998. 7. SUSSEKIND, J. C. Curso de Concreto, v. 1, Editora Globo, Porto Alegre, 1981.