Experiência Pedagógica no uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle



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Transcrição:

Experiência Pedagógica no uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle Aline Marcelino dos S. Silva Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro UENF +55-22-27397852 Departamento de Pesquisa e Pósgraduação Instituto Federal Fluminense Campus Campos Centro +55-22-27375600 alinemarcelino@zipmail.com.br ABSTRACT This article describes an educational experience carried out with the development of a course and the use of tools such as discussion forum and chat done by a group of students belonging to a class of the Lato Sensu Postgraduation course in Teaching in the 21 st Century, offered by IFFluminense, using the virtual learning environment Moodle. From the knowledge acquired in the discipline "Educational Practices Building in Virtual Environment" it was proposed by this discipline professor, an activity in which each group of students drew up a course in Moodle environment. One group proposed a course on Basic Sanitation theme using the discussion forum and chat tools of the Moodle environment. In this sense, it was sought to analyze the participation of students in these communication tools in the light of concepts of Vygotsky's theory. The interaction, mediation and motivation students were concepts focused on this research, in the analysis of the students participation, who are teachers, since the proposed discipline aimed at providing access to Moodle environment as developers and participants in a course, for later, create their own courses, lesson plans, activities in Moodle environment and promote interaction, mediation and motivation among their students, from this lived experience. RESUMO Este artigo descreve uma experiencia pedagógica realizada com a elaboração de um curso e o uso das ferramentas fórum de discussão e chat por um grupo de alunos de uma turma do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Docência no Século XXI, do IFFluminense, utilizando o ambiente virtual de aprendizagem Moodle. A partir dos conhecimentos adquiridos na disciplina Construção de Práticas Educativas em Ambiente Virtual, foi proposta pela professora da disciplina, uma atividade em que cada grupo de alunos elaborasse um curso no ambiente Moodle. Um grupo propôs um curso sobre o tema Saneamento Básico, utilizando as ferramentas fórum de discussão e chat do ambiente Moodle. Neste sentido, buscou-se analisar a participação dos alunos nestas ferramentas de comunicação sob a luz de conceitos da teoria vygotskiana. A interação, a mediação e a motivação foram os conceitos focalizados nesta pesquisa, na análise da participação dos alunos, que são professores, uma vez que a proposta da disciplina visou proporcionar o acesso ao ambiente Luciana Rocha dos Santos Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF +55-22-27397852 lurochas@yahoo.com.br Arilise Moraes de A. Lopes Departamento de Pesquisa e Pósgraduação Instituto Federal Fluminense Campus Campos Centro +55-22-27375600 arilise@iff.edu.br Moodle como desenvolvedores e participantes de um curso, para posteriormente, criarem seus próprios cursos, planos de aula, atividades no ambiente Moodle e promoverem a interação, mediação e motivação entre seus alunos, a partir dessa experiencia vivenciada. Descritor de Categorias e Assuntos K.3.1 [Computer Uses in Education]: Collaborative learning. Termos gerais Experimentation, Theory, Verification. Palavras-chave Ambiente Moodle. Ferramentas de Comunicação. Experiência Pedagógica. Mediação. Interação. 1. INTRODUÇÃO Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) são plataformas com múltiplos recursos que viabilizam o ensino a distância e por meio destes é possível disponibilizar materiais didáticos, questionários, tarefas, colaboração entre os atores através de mensagens, fóruns, perfis e ferramentas de administração do ambiente como criação de turmas, lançamento de notas, etc. [1]. Os AVAs de acordo com [2] oportunizam a construção do conhecimento através da interação entre os participantes, gerando discussões e troca de ideias no ambiente colaborativo, além de situações de busca de informações, trabalhos em grupo, discussões até mesmo em tempo real, gerenciamento e controle das atividades, a fim de superar os maiores desafios que são: participação e motivação nos cursos com atividades à distância. Ainda, segundo os autores, um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) é um espaço para interação entre professor e estudantes com uma interface teoria-prática mais interativa, sendo um ambiente dinâmico e dialógico-problematizador. O Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) é um exemplo de AVA bastante difundido em universidades, escolas e empresas públicas e privadas. De acordo com [3], o Moodle é uma plataforma de aprendizagem desenvolvida com o intuito de prover um sistema único, robusto, 825

seguro e integrado para a criação de cursos on-line e ambientes virtuais de aprendizagem personalizados. Além disso, o Moodle é uma plataforma com código aberto, sendo acessível para qualquer pessoa, empresa ou universidade. Neste contexto, justifica-se o uso de AVAs na prática educativa, entendendo ser a escola um espaço privilegiado de aprendizagem. Atualmente, é preciso encontrar caminhos de integração do humano ao tecnológico, do presencial ao virtual, em que todos possam aprender com os que estão perto e longe, conectados. Aprender em qualquer tempo e lugar, de forma personalizada e, ao mesmo tempo, colaborativa [4]. Este trabalho está baseado em uma proposta pedagógica apoiada no ambiente virtual de aprendizagem Moodle com alunos da Pós-graduação em Docência no Século XXI, na qual a disciplina ofertada buscou oferecer ferramentas que possibilitem levar para a sala de aula tecnologias que favoreçam o ensino e a aprendizagem. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo descrever um curso elaborado no ambiente Moodle por um grupo de alunos, na disciplina Construção de Práticas Educativas em Ambiente Virtual, do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Docência no Século XXI, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFFluminense), do qual a primeira autora deste artigo foi aluna no ano de 2014. A seção 2 apresenta os conceitos interação, motivação e mediação que serão focalizados nesta pesquisa com base na perspectiva teórica de Vygotsky. A seção 3 descreve os procedimentos metodológicos de um curso proposto pelos alunos, abordando o tema Saneamento Básico e a proposta de interações e mediações em um fórum de discussão e um chat proposto sobre o tema. Os resultados de atividades propostas no fórum de discussão e chat, por meio de motivações, interações e mediações são descritos na seção 4 e na seção 5 algumas considerações sobre a pesquisa são tecidas. 2. PERSPECTIVA TEÓRICA DE VYGOTSKY Vygotsky, psicólogo soviético, utiliza o sócio-interacionismo para descrever a situação em que o processo de ensino e aprendizagem ocorre por meio de relações estabelecidas. Sendo assim, o homem aprende ao se relacionar, interagindo com o outro [5]. A interação pode ser definida como a ação entre os envolvidos em um processo de ensino e aprendizagem [6]. Como apontado por Vygotsky, ao interagir o indivíduo recebe estímulos e a aprendizagem pode ocorrer [5]. Neste processo de aprendizagem, a motivação é identificada como um fator necessário. A motivação, na visão vygotskiana, é uma função psicológica. Para aprender é preciso estar motivado, o que pode ser realizado por meio de estímulos [5]. Em relação à mediação, [7] descreve a mesma como sendo o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, que deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento. O autor destaca a mediação por instrumentos e signos e a mediação humana [7]. Instrumentos, como os AVAs, proporcionam a mediação digital, uma nova forma de mediação do conhecimento que pode contribuir para o desenvolvimento do educando no processo de ensino e aprendizagem [8]. A mediação humana pode ser estabelecida por meio das relações entre professor e estudantes e entre os próprios estudantes. Na teoria estruturada por Vygotsky, o papel do mediador humano é definido a partir da compreensão da importância das relações sociais no desenvolvimento [9]. O professor possui um papel importante para o desenvolvimento individual do estudante. Para que a mediação ocorra é preciso que o professor estabeleça uma relação de diálogo com os estudantes e crie situações em que estes possam expressar suas idéias [8]. O papel dos estudantes também tem destaque. O estudante aprende aquilo que ainda não é capaz de fazer sozinho e lhe é acessível via colaboração e orientação do professor ou de um colega [7]. Desta forma, os conceitos: interação, motivação e mediação, (identificados na perspectiva teórica de Vygotsky) serão destacados na análise da participação dos alunos nas ferramentas fórum de discussão e chat, propostas no curso. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia dessa pesquisa partiu, inicialmente, dos conhecimentos adquiridos sobre o funcionamento da plataforma e dos recursos por ela oferecidos para a elaboração de um curso, durante a disciplina Construção de Práticas Educativas em Ambiente Virtual do curso de Pós-graduação em Docência no Século XXI. Dentre os recursos disponíveis nesta plataforma, foram propostas tarefas para serem realizadas no fórum de discussão e no chat por todos os alunos, de maneira a conhecerem essas ferramentas e foram a base e a fonte de dados necessárias para a viabilização desse trabalho. Após o conhecimento dos recursos oferecidos no Moodle, na disciplina ministrada, foi proposto que os alunos desenvolvessem um curso, como uma atividade prática nesta plataforma, direcionado aos demais alunos da mesma turma de Pósgraduação. Desta forma, os alunos foram separados em grupos por atividades afins que realizavam em seu cotidiano como professores e proposto que cada grupo de alunos elaborasse uma proposta de curso sobre um tema escolhido pelo mesmo, utilizando alguns dos recursos que propiciaram conhecimentos durante a disciplina em que foi apresentada e utilizada ferramentas do ambiente Moodle. Descreve-se a proposta do grupo de alunos que escolheu o tema Saneamento Básico. A escolha do tema Saneamento Básico foi decorrente dos problemas que afetam as cidades do país, assim como Campos dos Goytacazes/RJ. O grupo desenvolveu o curso abordando este tema, utilizando as ferramentas recursos e atividades. Com a ferramenta recursos, criou-se uma página de texto simples (Figura 1), apresentando o título do curso proposto, inserindo uma imagem, que é definida como rótulo, recurso que tiveram acesso na aprendizagem das ferramentas, inserção de texto justificado, e links a arquivos de textos. Figura 1. Página do curso proposto no Moodle Com a ferramenta atividades criou-se um fórum de discussão e um chat. Estes recursos propiciam a qualquer professor que queira levar para a sala de aula uma proposta pedagógica alternativa, aprofundar o conhecimento dos alunos por meio dos recursos disponibilizados, bem como interações tanto no fórum de 826

discussão como em um chat proposto. Criada a página do curso, inserido as ferramentas de comunicação, foi proposto um chat e um fórum para discussão do tema sugerido. Sendo que, dois outros grupos deveriam participar. O professor da disciplina definiu quem seriam os integrantes que deveriam participar do fórum de discussão e chat de cada curso proposto. Os integrantes foram definidos na medida do possível, por áreas afins ao tema proposto. As tarefas do curso abordando o tema Saneamento Básico, foram planejadas para uma semana e são descritas na Tabela 1. Tabela 1. Tarefas do curso proposto no Moodle Tarefas Prazo Leitura de textos para discussão 17/05 à 24/05 Chat 21, 22 e 23/05 Fórum de discussão 17/05 à 24/05 Apresentou-se o tema e um texto foi disponibilizado na plataforma para que os dois grupos de alunos inseridos no curso proposto tivessem acesso ao assunto, para fundamentar o planejamento de uma aula. A proposta do fórum de discussão estava relacionada ao planejamento de uma aula. Neste, os alunos deveriam apresentar estratégias de ensino e aprendizagem sobre o tema para uma aula do 6º ano do Ensino Fundamental, já que o tema em estudo integra o currículo mínimo deste ano de escolaridade. Desta forma, os tutores (alunos que desenvolveram o curso) e alunos participantes do curso proposto, poderiam se aproximar da prática profissional. No chat foi proposto que os alunos discutissem sobre os problemas relacionados à falta de Saneamento Básico com o objetivo de compreender o tema. A ferramenta chat foi utilizada em quatro horários distintos e em três dias, estipulados pelo grupo, propondo discussões sobre a problemática do tema em questão. As atividades foram baseadas nos parâmetros de [10], ao afirmarem que atividades, como as propostas no curso, devem incluir situações problemáticas que despertem o interesse dos estudantes. A tarefa fórum de discussão foi disponibilizada por uma semana e os resultados desta tarefa foram analisados neste trabalho. Também, trechos das postagens do chat foram apresentados, como forma de evidenciar a interação proporcionada pela ferramenta. Assim, o passo seguinte foi a análise das participações de cada aluno por meio dos extratos de suas falas nas postagens, de acordo com a teoria da análise de conteúdo [11]. Por meio da análise de conteúdo, realizou-se a leitura das mensagens apresentadas no fórum de discussão, estas foram classificadas em categorias que possibilitaram discutir os resultados desta pesquisa. As contribuições destacadas do chat também serão apresentadas na seção seguinte. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Realizou-se a análise das respostas do fórum, de acordo com a técnica de análise de conteúdo de [12] no qual dois grupos de alunos da turma de Pós-graduação em Docência no Século XXI, compostos de 11 alunos, que foram os participantes desta atividade, após a leitura de um texto sobre os problemas relacionados à falta de Saneamento Básico, apresentado em uma página simples da plataforma Moodle. No fórum de discussão, 11 alunos apresentaram estratégias de ensino e aprendizagem para o trabalho com o tema Saneamento Básico. Foram totalizadas 18 postagens, incluindo as postagens do tutor, primeiro autor deste trabalho. Assim, contou-se com a participação de três tutores no fórum de discussão, buscando fazer a mediação com os alunos. A questão proposta no fórum de discussão foi apresentar estratégias para o processo de ensino e aprendizagem do tema Saneamento Básico. Na análise dos dados, os alunos, que no cotidiano, são professores, foram categorizados pela letra A, seguidos de uma sequência numérica: <A1, A2, A3... A11> e os tutores, pela letra T, seguidos de uma numeração:<t1, T2 e T3>. A Figura 2 apresenta uma interface do fórum de discussão do curso criado pelo grupo. Figura 2. Mensagens do fórum proposto no Moodle De acordo com as respostas dos alunos, quatro categorias foram elaboradas e, em seguida, realizou-se a classificação. Algumas respostas foram classificadas em mais de uma categoria. As categorias são apresentadas na Tabela 2. Tabela 2. Respostas do fórum classificadas em categorias Categorias Número de respostas Estudo da realidade 10 Questões de cidadania 2 Questões pedagógicas 4 Tecnologia 5 De acordo com a Tabela 2, dez respostas enfatizaram a importância do estudo da realidade, sugerindo como estratégia de ensino, uma aula de campo, para conhecer os problemas relacionados ao saneamento básico do seu bairro e de seu município. Visitas a aterro sanitário também foram propostas, a 827

fim de estimular o pensamento crítico sobre o tema. Desta forma, apresentam-se a falas de A1, A2 e T1 sobre esta categoria, retiradas do fórum de discussão. A1:<Olá! Iniciaria este tema com uma aula além dos muros da escola. Assim, os educandos teriam a oportunidade de observar lugares em que o saneamento básico do município estão precários e em seguida seria muito mais fácil discutir e se posicionar sobre o assunto. Até mais!>. A2:<Ótima sugestão A1!Esta proposta confirma a tese de que o aluno aprende com o concreto. Além disso, é ótima oportunidade para os alunos manifestarem-se criticamente.>. T1:<Ótimas contribuições, A1 e A2!Uma aula de campo aproximaria o aluno da realidade>. É importante salientar que, por meio da ferramenta fórum de discussão, os alunos foram capazes de refletir sobre o tema Saneamento Básico e a prática pedagógica e, assim, expor suas sugestões de estratégia de acordo com a proposta do fórum de discussão, como na fala de A1. A fala de A2 mostra uma interação entre os colegas por meio de uma concordância e posterior justificativa sobre a utilização deste tipo de estratégia. Neste contexto, também se salienta a fala de T1, na qual busca promover a mediação entre os colegas durante a discussão, reforçando as ideias apresentadas. A4 propôs utilizar o Estatuto da Criança e do Adolescente em uma aula sobre o tema em estudo, com o objetivo de que conheça seus direitos e deveres sobre o meio ambiente e, assim, exerça sua cidadania. Destaca-se sua fala: A4:<Muito boas colocações de vcs... Acredito ser de grande valia apresentar aos alunos o ECA.., para que possam entender melhor seus direitos e compreender o dever do Estado para com os mesmos...>. Neste contexto, T1 justifica e estabelece interação com a fala de A4. T1:<...As questões, política e social, também devem ser exploradas, para que o estudante possa desenvolver a sua formação como cidadão crítico>. A professora da disciplina esperava esta interação na proposta do uso do fórum. Ela argumentou que a partir dela, o professor, que faz o papel de aluno neste fórum de discussão, na sua sala de aula é capaz de promover a interação entre os seus alunos, a partir dessas experiências vivenciadas. O fórum de discussão possibilita a partir de um conteúdo a ser abordado fomentar a criticidade e a tomada de atitudes sobre assuntos e problemas que estão presentes na realidade dos estudantes, como é o caso do Saneamento Básico explorado entre os alunos que são professores. Ainda nas interações dos alunos, quatro respostas enfatizaram questões pedagógicas, como nas falas de A7 e A10. A7:<Achei muito interessante a proposta de vocês...>. A10:<É A1, essa complementação nada mais é que aprendizagem colaborativa, olha aí ela de novo. É assim que a aprendizagem ocorre, com a complementação das ideias em direção a um objetivo. Abraços, A10>. Outras cinco postagens mencionaram estratégias de ensino e aprendizagem através do uso de tecnologias. Neste caso, citou-se como proposta a construção de um blog para expor e discutir os problemas observados em uma aula de campo, além do uso do software Google Earth para mapear áreas a serem visitadas. Assim, as falas, a seguir, de A5, e T2 exemplificam a categoria Tecnologia. A5:<...Poderíamos também fazer um blog da turma com os resultados obtidos>. T2:<Uma ótima estratégia para o mapeamento das informações levantadas, seria a visualização do município, bairros e até ruas, através do Google Earth...>. Verifica-se que A5 e T2 identificam que o trabalho com tais tecnologias redesenham a sala de aula, configurando novas formas de ensinar e aprender. Assim, é possível afirmar que, por meio das respostas destes participantes, houve a interação ao discutirem sobre uma proposta e estabelecerem conexões durante as falas. Uma reflexão sobre essa abordagem é que esses alunosprofessores podem a partir dessa experiência, promover um fórum de discussão com seus alunos, fazendo uso de blog ou Google Earth, entre outras tecnologias. A mediação estabelecida pelos tutores também é um aspecto a ser destacado. O tutor também é capaz de fazer interrogações e, assim, promover as discussões. Três tutores ficaram responsáveis pela mediação no fórum. Destaca-se a seguir, um trecho da fala de T1 sobre uma das respostas relacionadas ao estudo da realidade. T1: <Ótimas contribuições, A1 e A2!...>. Os alunos também demonstraram a interação nas falas, como no seguinte trecho da fala de A2. A2:<Ótima sugestão, A1! Esta proposta confirma a tese de que...>. Nesta, uma aluna comentou a fala de outra participante do fórum. Por meio das respostas dos participantes no fórum, observou-se a comunicação permitida pelo AVA Moodle devido à diversidade de respostas, organizadas em quatro categorias. No fórum de discussão houve, uma comunicação assíncrona, na qual a flexibilidade proporcionada por esta ferramenta possibilitou a interação entre os alunos. Desta forma, foi possível verificar o papel ativo dos alunos do curso, ao interagirem, responderem e comentarem as respostas dos colegas. Assim, é possível afirmar que a ferramenta fórum de discussão colaborou para a discussão e construção de conhecimentos sobre a temática abordada e possibilitou que também se vivenciasse o uso da ferramenta e as possibilidades de interações que é possível promover. A plataforma Moodle pode ser identificada com um ambiente que favoreceu estímulos aos alunos, além disso, a motivação destes pôde ser identificada, já que esta é um fator necessário para que ocorra a interação e a construção de conhecimentos, observadas nas falas dos alunos. Em relação ao chat, seis alunos participaram e os três tutores promoveram a orientação, a fim de que os problemas relacionados à falta de saneamento básico fossem discutidos nos três momentos de chats propostos. Os horários e dias propostos buscaram atender a disponibilidade dos alunos. A proposta do uso do chat foi em função dos alunos vivenciarem uma outra ferramenta de comunicação, só que síncrona e as possibilidades que ela oferece para ser usada em ações de ensino e aprendizagem. Foram propostos dias e horários diferentes em função dos alunos que são 828

professores não poderem participar todos juntos. O chat teve como objetivo que os alunos conhecessem a ferramenta e a possibilidade de usarem em suas práticas pedagógicas. Assim, descrevem-se alguns extratos de falas ocorridos nos chats promovidos. O primeiro chat foi proposto no dia 21 de maio no turno da noite. Neste, duas alunas e dois tutores participaram. As seguintes mensagens, sobre os problemas relacionados à falta de saneamento básico, são destacadas no primeiro horário do chat: A10:<Não querem tratar do problema...>. T1:<Sim, e os órgãos responsáveis sempre afirmam que a culpa é da população>. O segundo horário do chat foi proposto no dia 22 de maio no turno da manhã. No mesmo houve a participação da aluna A1 e da tutora T1. A interação na conversa também foi observada no segundo chat, como nas falas a seguir: T1:<Muitas doenças são transmitidas por água contaminada, e a população desconhece este fato>. A1:<o pior é que tem muitas fossas que ainda não foram feitas dentro dos padrões>. Já no terceiro horário do chat, houve a participação das alunas A2 e A6 e da tutora T1. Considera-se uma boa participação neste chat, apesar do pequeno número de alunos. Em apenas uma hora de conversa, as alunas e as tutoras trocaram duzentas mensagens discutindo sobre os problemas identificados no cotidiano pela falta de Saneamento Básico. Descrevem-se, a seguir, os extratos das falas com as interações e mediações ocorridas. A6:<Em muitos bairros, o esgoto é a céu aberto tornando quase insuportável permanecer ali...>. T1:<Concordo. O esgoto é o problema mais evidenciado pela população>. A2:<Vocês estão falando sobre algum problema específico?>. T1:<Estamos falando da falta de tratamento de esgoto>. As mensagens extraídas das falas dos alunos nas participações dos chats evidenciaram a interação deles devido à riqueza de comentários sobre o tema discutido. A interação foi identificada entre os alunos, incluindo os tutores, por meio de suas colocações e observações. Para que os alunos discutissem sobre o tema, assume-se que estes estavam motivados com o uso da ferramenta, assim como com o tema e a proposta do chat. O chat possibilitou uma comunicação síncrona, em que os momentos estabelecidos para discussão favoreceram o diálogo dos participantes. Neste contexto, salienta-se que os diferentes horários para a participação no chat colaboraram para a participação dos estudantes e, consequentemente, para o desenvolvimento de um trabalho colaborativo, que os mesmos podem fazer com seus alunos. A mediação digital pôde ser identificada no uso das ferramentas fórum de discussão e chat, pois estas podem são consideradas instrumentos intermediários nas discussões. De acordo com as falas dos estudantes, a mediação humana também é destacada por meio das relações estabelecidas nas discussões do fórum e do chat. Por fim, considera-se que a interação, a motivação e a mediação, focalizadas pelo teórico Vygostky no processo de ensino e aprendizagem e, destacadas nesta pesquisa, foram identificadas nas atividades propostas no AVA Moodle durante um curso proposto na disciplina Construção de Práticas Educativas em Ambiente Virtual. As interações online entre aluno e aluno ou aluno e tutor no fórum de discussão permitiu interações online assíncronas por meio do envio de mensagens. O chat permitiu interações online síncronas entre os mesmos. O aluno pode fazer uso dessas ferramentas para que discutisse e desenvolvesse suas idéias com outros colegas e o tutor, tendo sempre, como foco discutir as estratégias de ensino para o plano de aula elaborado, como arcabouço teórico, os recursos pedagógicos oferecidos. No que se refere ao tutor, à concepção clara do processo de construção do conhecimento e o domínio da metodologia a ser utilizada aliada ao uso adequado dos recursos de comunicação, podem promover um processo de aprendizagem dinâmico a partir da reflexão e análise conjunta de diversas perspectivas, buscando desenvolver conceitos em profundidade e possibilitando que os alunos sejam protagonistas desse processo. Assim, ao levar para a sala de aula, essa experiência de uso de AVA, podem ser sugeridas aos alunos, atividades por meio das quais o tutor (professor da turma) possa concretizar a mediação pedagógica como no curso proposto no Moodle. Essas atividades são caracterizadas por: (i) uso intenso das ferramentas de comunicação; (ii) protagonismo do aluno ao apresentar suas expectativas em relação ao curso e características pessoais; (iii) busca de uma maior cordialidade, proximidade e cumplicidade entre os participantes, criando as bases para o desenvolvimento de um trabalho cooperativo; (iv) contato contínuo para promover o incentivo; e (v) o acompanhamento ininterrupto do caminho percorrido pelos alunos, por meio da avaliação dos planejamentos elaborados, da análise da utilização do ambiente, do esclarecimento das dúvidas, etc. Assim, é nesse processo que ocorre a mediação e interação. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A busca por novas estratégias de ensino e aprendizagem de conteúdos, a serem abordados na sala de aula, devem ser uma prática docente cotidiana, pois, por meio delas objetiva-se contribuir com a aprendizagem dos alunos. As estratégias citadas pelos participantes do fórum, relacionadas ao estudo da realidade, a questões de cidadania e à utilização de tecnologia, evidenciaram a participação ativa dos alunos, que são professores, em diferentes situações de aprendizagem. É importante destacar que a valorização do curso, proposto pelos alunos, apesar de planejada para um curto período e com poucas atividades, foi identificada em mensagens do fórum. No chat, os alunos também participaram ativamente apresentando suas colocações sobre o tema. A participação nas atividades pode ser associada à mediação digital proporcionada por estas ferramentas. A proposta da utilização do fórum e do chat favoreceu a interação e a comunicação entre o tutor e os demais participantes. As mensagens extraídas do fórum também evidenciaram a relevância do tema em estudo, além da importância de buscar estratégias de ensino e aprendizagem que garantam a participação ativa de alunos e, consequentemente, a formação de cidadãos mais críticos. As tecnologias também foram destacadas nas postagens como recursos importantes na organização didática da aula. 829

Além da interação, a mediação e a motivação foram conceitos da teoria vygotskiana ressaltados nesta pesquisa. Por meio do sóciointeracionismo, os alunos foram capazes de estabelecerem relações e participarem das atividades propostas de forma satisfatória, o que favorece em levar esta experiência para as suas salas de aula. No fechamento desta atividade, pela professora da disciplina, foi discutida a importância de os professores terem acesso a ferramentas do ambiente Moodle e poderem criar uma atividade para seus alunos. Discutiram-se, também, o papel de cada aluno na condição de tutor e/ou aluno do curso proposto e as interações promovidas por eles, através das ferramentas fórum de discussão e chat. Ressaltou-se que o uso dessas tecnologias quando levadas para a sala de aula, possibilita uma nova abordagem dos conteúdos a serem propostos. A experiência realizada com os alunos da Pós-graduação em Docência no Século XXI do IFF Campus Campos-Centro foi enriquecedora para a formação profissional destes por ter proporcionado a elaboração de uma proposta de curso em um ambiente virtual de aprendizagem. Apenas participar de cursos à distância não proporciona ao professor-aluno a dimensão do que é desenvolver uma aula/proposta de um curso em AVA. Esta experiência permitiu ao aluno vivenciar esta situação para que possa fazer uso, com competência, em sua prática docente, das ferramentas oferecidas de acordo com a proposta pedagógica a que se propõe. Toda essa experiência na disciplina oferecida teve como objetivo favorecer processos de ensino e aprendizagem com as ações promovidas no Moodle. Quando esses alunos, que em sua maioria são professores, se propuserem a trabalhar com AVAs e neles construírem para seus alunos, uma aula, um projeto, uma atividade, espera-se que possibilitem aos mesmos o uso de ferramentas que permitam a interação para a construção do conhecimento e os professores sejam os mediadores desse conhecimento, uma vez que passaram por este processo enquanto alunos. 6. REFERENCIAS [1] VILAÇA, M. L. C. (2013) Ambientes virtuais de aprendizagem: tecnologia, educação e comunicação. Cadernos do CNLF, CiFEFiL: Rio de Janeiro, v.17, n.10. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xvii_cnlf/cnlf/10/cadcnlf_x VII_10. pdf#page=16>. Acesso em: 09 set. 2015. [2] SONEGO, A. H. S. & AMARAL, É. M. H. (2012) O Uso do Moodle como Ferramenta de Ensino Colaborativo: um Estudo Focado no Wiki, IEEE-RITA, v.7, n.4, nov. Disponível em: <http://rita.det.uvigo.es/201211/uploads/ieee- RITA.2012.V7.N4.pdf>. Acesso em: 18 set. 2015. [3] LIMA, R. M. & GUERRA, L. T. B. & FIORIN, A. (2015) Educação Ubíqua: Um Modelo de Adaptação para o Moodle, Revista Eletrônica Argentina-Brasil de Tecnologias da Informação e da Comunicação, v.1, n.3. Disponível em: <http://revistas.setrem.com.br/index.php/reabtic/article/view/ 80/39>. Acesso em: 18 set. 2015. [4] MORAN, J. M. (2010) A distância e o presencial cada vez mais próximos, Caderno Educação Folha Dirigida. Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/moran/wpcontent/uploads/2014/01/proximos.pdf>. Acesso em: 18 set. 2015. [5] PRIMO, A. (2001) Ferramentas de interação em ambientes educacionais mediados por computador, Educação, v.24, n. 44, p. 127-149, 2001. Disponível em:<http://www.pesquisando.atravesda.net/ferramentas_inter acao.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2015. [6] VYGOTSKY, L. S. (2007) A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes. [7] GARCIA, S. C. (2006) Objetos de aprendizagem: investindo na mediação digital do conhecimento, In: Círculo de Estudos Linguísticos do Sul, 7. 2006, Pelotas. Anais... Pelotas: UCPel/UFPel, 2006. p. 1-8. Disponível em: <http://www.celsul.org.br/encontros/07/dir2/17.pdf >. Acesso em: 18 ago. 2015. [8] KOZULIN, A. (2003) Psychological Tools and Mediated Learning. In: KOZULIN, A.; GINDIS, B.; AGEYEV, V. S.; MILLER, S. M. (Ed.). Vygotsky s educational theory in cultural context. New York, USA: Cambridge University Press, p. 15-38. [9] REGO, T. C. (2010) Vygotsky: uma perspectiva históricocultural da educação. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes. 138 p. [10] BRASIL (1998) Secretaria de Educação Fundamental, Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais, Brasília, MEC/SEF, 436 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransversais.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015. [11] FRANCO, M. L. P. B. (2008) Análise de conteúdo, 3ed, Brasília: Líber Livro Editora. [12] BARDIN, L. (2007) Análise de conteúdo, Lisboa: Edições 70. 830